GRAFFITI – SAÍDA 3: FICÇÃO CIENTÍFICA COM FINAL SURPRESA EM ÁLBUM NACIONAL

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Capa de “Saída 3”, obra escrita e desenhada pelo artista plástico e quadrinista Guga Schultze
 
Há algumas narrativas que dizem a que vieram nos minutos finais. Um caso recente é o filme “Arraste-me para o Inferno”, de Sam Raimi. O longa renasce no encerramento. Há um quê disso em “Saída 3” (108 págs., R$ 20), quarto álbum da “Coleção 100% Quadrinhos”, produzida pelo grupo da revista independente “Graffiti 76% Quadrinhos”.

A obra, escrita e desenhada por Guga Schultze, constroi uma trama de ficção científica, tema raro em produções brasileiras mais longas, como esta. Mas é no final, nas duas últimas páginas, que o autor dá o recado da história e revela o surpreendente motivo de tudo o que o leitor acompanhou até então.

Claro que o desfecho não será revelado aqui. Omitir a conclusão da narrativa faz parte do acordo não declarado entre leitor e jornalista, algo inerente às resenhas. O que se pode adiantar é que a história se passa numa região fictícia, dominada por uma força poderosa e maligna, mantida em segredo.

O assunto corre o risco de vir à tona quando um grupo de soldados cai numa armadilha e é obrigado e investigar uma enigmática e mística construção, mantida no deserto. O contato da equipe armada com o que há nos escuros corredores do local leva aos fatos que serão trabalhados no final.

“Saída 3” é o primeiro álbum em quadrinhos de Schultze. Antes, havia feito quadrinhos para a mineira Graffiti e outra obra independente, “A Guerra dos Imundos”, de 1998. A visita dele uma narrativa de mais fôlego marca uma boa estreia, tanto no texto quanto nos seus desenhos marcantes, que evidenciam o lado artista plástico dele.

A obra mantém a qualidade vista nos três títulos anteriores da coleção: “Um Dia, Uma Morte”, “O Relógio Insano” e “A Comadre do Zé”, lançado no início do ano. O grupo da Graffiti tem acertado na escolha de seus autores e mostra um caminho a ser seguido pelas editoras, que começam a olhar com mais cuidado para produções assim. 
>> BLOG DOS QUADRINHOS – por Paulo Ramos

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