TEX WILLER – 60 ANOS DE AVENTURAS PELO VELHO OESTE


Ele não é um homem morcego, não é um homem de aço, não é um espírito que anda, não é um príncipe de um reino submarino, não é o conquistador de um mundo distante, não é o rei das selvas e nem mesmo um fantasma voador. Ele e seus amigos não são um quarteto fantástico, ou mesmo uma liga da justiça. Ele não é um cavaleiro solitário, nem mesmo um deus do trovão!

Ele não é um homem invisível, nem tem os poderes de uma aranha. Seria quem sabe um homem de ferro? Ele não é um investigador do pesadelo ou mesmo um detective do impossível. Ele não leva uma mortífera machadinha de pedra ou uma pistola de raios e nem mesmo um coelhinho encardido faz parte de seu arsenal.

Ele não é o homem mais rápido da terra e nem tem uma bateria de poder verde. Ele não leva um escudo com a bandeira da América e nem tem um sentido de radar.
Ele não é “aquele que não se lembra”, apesar de às vezes chamarem-no de Águia da Noite! Ele não tem uma prancha de surf voadora ou mesmo um avião invisível.
Quem é este homem então? Porque ele esta entre nós há tanto tempo? Qual o seu mistério?

O ano era 1948, o lugar Milão, Itália. Conta a lenda que G.L. Bonelli estava nesses tempos, trabalhando em dois projectos: um deles, uma série de um personagem mascarado, vivendo nos tempos dos mosqueteiros, quase um Pimpinela Escarlate e o outro, um tanto menos elaborado, cujo protagonista era um cowboy que a principio se chamaria TEX KILLER.

lenda de Tex começou quase por acaso, silenciosamente. Naqueles tempos de produção frenética, G.L. Bonelli, graças a sua imensa criatividade, desenvolvia diversos títulos para a casa editorial Audace. Séries como Furio, Ipnos, Occhio Cupo, Yuma Kid, Hondo ou Judok dão ideia do quanto Bonelli era prolífico. Colecções com temas como Fantasia, Western, Capa e espada, Policial, Ficção Cientifica, todas passaram pelas mãos do Pai de Tex.

Voltando um pouco no tempo, encontramos em fins 1947 outro factor determinante para o futuro nascimento e sucesso de Tex Willer. Dona Tea Bonelli entra em contacto com Aurelio Galleppini para lhe oferecer trabalho em sua editora.
Logo após aceitar, Galep entra em contacto com G. Luigi e começam a trabalhar em Occhio Cupo. Neste personagem Galep mostrou todo seu esmero como artista, empregando o melhor da sua arte e rendendo homenagem a dois grandes mestres dos quadradinhos: Harold Foster e Alex Raymond.

O outro projecto dos dois artistas era uma pequena revistinha, em formato de tiras, cujo apelo principal era apresentar muitas páginas por pouco preço, uma aventura ambientada no velho oeste, cujo protagonista seria um cowboy fora da lei, violento e aventureiro. Nem Bonelli e muito menos Galep apostavam no sucesso do personagem. Porém o que se viu foi que pouco a pouco o titulo conquistou os leitores e cada vez mais foi se firmando no mercado italiano.
Além destes dois gigantes, G.L e Galep, o terceiro responsável pela carreira de sucesso do Ranger foi sem duvida Sergio Bonelli. Assumindo o posto de Editor, Sergio foi quem cimentou a mística do Ranger com uma série de decisões editoriais acertadas.

Falar da lenda de Tex é falar também de Giovanni Ticci, desenhador que deu rosto definitivo ao Ranger. Foi com Ticci que Tex atravessou os anos 70 e 80 e consolidou sua marca. O seu é um Tex maduro, forte, elegante, pura explosão de força e energia. Seus magníficos cenários de amplos horizontes, canyons, pueblos marcaram toda uma geração de leitores.

O facto de ter ficado por mais de vinte anos nas mãos únicas de seus criadores (Bonelli e Galep) foi uma tremenda vantagem para consolidar as características do personagem. Com um férreo controle, tanto do argumento quanto da parte artística Tex manteve-se coerente com as suas características inicias. Foi aos poucos caindo no gosto do público leitor italiano e conquistando uma legião de fieis leitores que acabaram por transformar o titulo no fenómeno de vendas e um dos mais longevos heróis de papel.

Tex transcendeu o universo do papel. Ele é uma figura viva, real.
Desde a sua criação, aos dias actuais, uma pequena adequação aos novos tempos fez-se necessária, mas mudou muito pouco como personagem sem abrir mão de sua essência.
Isto graças à mão firme de Sergio Bonelli.
Um personagem não se mantém 60 anos num mercado como o dos quadradinhos sem que seus méritos vez ou outra sejam questionados. Já se disse do Tex que ele é um personagem violento, que muitas vezes é racista, reaccionário, anti feminista, autoritário… que as suas aventuras são lineares, que a fórmula de suas aventuras não mudou, não acompanhou os novos estilos.

Porém a tudo isto Tex responde com suas vendas e suas constantes republicações, sejam em formatos comuns, sejam em livros especiais luxuosos. E, talvez, o mais importante, respondem por ele os milhares de fãs não somente no Brasil mas também ao redor do mundo.
Tex já chegou a vender mais de meio milhão de cópias, tem mais de 7 edições diferentes em banca, mais de uma dezena de livros especiais e encadernados, já gerou mais de uma centena de artigos em diversas mídias e por último, motivou o surgimento de varias listas e paginas na web.

Uma vez, GeanLuigi disse: “Qual é o segredo do sucesso do Tex? O coração e a violência. Meus textos talvez não sejam alta literatura, mas são a expressão de sentimentos. Da eterna luta do Bem contra o Mal, da razão e emoção! E as pessoas gostam e entendem isto.”. “Tex é um simpático justiceiro, que leva a sua lei a quem de direito. Para ele, quem está errado, está errado, não importa que seja um medalhão coronel do exército, um político esquenta cadeira de Washington ou o ganancioso comerciante que destrói toda uma aldeia índia para lucrar algumas pepitas de ouro.”

E ele tem razão. Quando lemos uma aventura de Tex, submergimos em seu universo talvez com um pouco de inveja, seus pards e amigos são como queríamos que fossem nossos amigos, seus inimigos, apesar de malvados, não deixam de ter certa honra, mais que os verdadeiros inimigos que podemos ter em nossa sociedade seu mundo, apesar de violento, tem uma inocência que o nosso perdeu à muito, um mundo onde o valor, a honra, a amizade, a lealdade e a justiça ainda significam algo e valem muito mais que o dinheiro ou o sucesso. Um mundo onde o bem sempre vença e o mal punido. È uma utopia, mas por acaso, não desejamos que fosse assim no nosso mundo real? E este é o mundo do Tex, os fãs o conhecem e desfrutam dele e é por isso que tentamos cada vez mais divulgá-lo, para que todos o conheçam.

OS PARDS

KIT CARSON (Cabelos de Prata): O mais antigo e fiel amigo de Tex Willer, praticamente seu “irmão mais velho”. Companheiro do corpo dos Texas Rangers, Carson é uma figura mítica dentro da série, responsável por muitos momentos cómicos e também emocionantes. Seu pessimismo é lendário e motivo de “apostas” com Tex. Kit Carson é muito respeitado entre os índios, tanto como grande guerreiro como também por sua astúcia. Um caneco de cerveja bem gelada, um bife suculento com uma montanha de batatas frita e uma torta de mel, são tudo que este velho guerreiro deseja depois de um longo dia de cavalgada ao lado de seu fiel pard

JACK TIGRE (Tiger Jack): Irmão de sangue de Tex, o fiel representante de sua raça e da tribo navajo. Tem por Tex, uma profunda estima e amizade. Tigre é um grande caçador e guerreiro, sua profunda habilidade com armas brancas e grande experiência em combate corpo a corpo o fez ser um professor natural para o filho de Águia da Noite. Tigre sempre leva um afiado punhal e um rifle Winchester.

KIT WILLER (Falcão Pequeno): Filho de Tex com Lilyth, neto do grande chefe Nuvem Vermelha, traz todas as características de seu pai, coragem, audácia, bravura, e os traços característicos de raça de sua mãe. Com o pai aprendeu o domínio das armas de fogo e com seu “tutto” Tiger, o uso da faca e machadinha. Admirado pelos jovens da tribo navajo, Kit orgulha-se de seu nome indígena e está sempre ao lado de seu povo.

O MUNDO DE TEX:

El Morisco, Gross-Jean, Cochise, Montales, Jim Brandon, Pat Mac Ryan, Tom Devlin, Ely Parker, são alguns dos muitos amigos que Tex foi conquistando durante os anos.

Os inimigos de Tex: Brennan & Teller, El Muerto, Mefisto, Yama, El Carniceiro, Mah-Shay, a feiticeira Mitla e o Diablero, Proteus, o Tigre Negro, Vindex, o Louco do Deserto, Ruby Scott, o pistoleiro que venceu Tex, Zenda, Jack Thunder…

Os autores de Tex: G. L. Bonelli, Guido Nollita, Claudio Nizzi, Mauro Boselli, Decio Canzio, Antonio Segura, Giancarlo Berardi, Gianfranco Manfredi, Pasquale Ruju e Tito Faraci.

Os principais desenhadores do Ranger: Galep, Letteri, Nicolò, Ticci, Fusco, Gamba, Muzzi, Capitanio, Monti, Civitelli, Giolitti, Marcello, Della Monica, Ortiz, Venturi, Villa. Bernet, Font, De La Fuente, Blasco, Magnus, Sommer, Ortiz, Kubert, Repetto, Garcia Seijas…

Então quem é Tex Willer?

Tex desde o seu início esteve ligado ao cinema. Conta-se que Galep se inspirou em Gary Cooper, o homem duro, o cowboy por excelência de Hollywood, para dar rosto e corpo ao Ranger.
E vendo fotos de Gary Cooper e comparando com os primeiros desenhos de Tex, ninguém pode duvidar disto.

Se formos pensar que Bonelli e Galep buscavam inspiração entre outras coisas em filmes de western, podemos dizer que Tex foi John Wayne em Nos Tempos das Diligências! (* título brasileiro)

Ele é Kid, um jovem foragido da justiça, mas amigo do Xerife local, que o quer proteger contra uma quadrilha que há pouco havia assassinado seu irmão.
Um Tex jovem, impetuoso, bravo e heróico.
O autor Claudio Nizzi fez uma homenagem a este filme com a aventura Lobo Pequeno, Diabos Vermelhos e Ataque Final (Tex nºs 247, 248 e 249 da editora Globo).

Também foi James Stewart no filme Winchester 73 (* título brasileiro).
Aqui é um Tex mais maduro, acompanhado de seu fiel companheiro Kit Carson.
Ele é um infalível atirador, que está à caça de um homem. Irá tentar fazer sua justiça, mesmo que para isso coloque sua vida em risco.
Um ataque de índios rebeldes coloca-o ao lado de uma mulher indefesa e mais uma vez ele tem de lutar ao lado dos soldados.

E finalmente Tex teve o seu próprio filme, produzido originalmente para a televisão estreou, no entanto nos cinemas em 1985.
Protagonizado por Giuliano Gemma como Tex Willer, Willian Berger como Kit Carson e Carlos Mucari como Tiger Jack, foi filmado em Espanha.

Trazia na sua sinopse o seguinte: “Investigando o misterioso desaparecimento de carregamentos de armas, Tex e seus amigos descobrem a existência de um grupo de fora da lei que estão vendendo as armas roubadas aos índios yaqui, uma tribo que adora o deus asteca Xiuhtecutli, que prega uma revolta contra o homem branco. Vencê-los não será fácil, pois o bruxo a serviço do tenebroso deus dispõe de uma estranha substância capaz de mumificar qualquer ser vivo que entre em contacto com ela”.

O filme foi abominado pela critica e, o mais importante, pelos fãs de Tex. No princípio Bonelli e Galep apoiaram o projecto, inclusive há fotos de Bonelli com Giuliano Gemma e o próprio Gean Luigi aparece no filme. Assim que o filme estreou e se viu o resultado final, ambos os criadores quiseram ficar o mais longe possível do mesmo, e até mesmo Galep se recusou a fazer o cartaz do filme.

Apesar de ser baseado em uma óptima aventura do Ranger: Tex – El Morisco, nºs. 101, 102 e 103 da série italiana e nºs 40, 41 e 42 da série brasileira, o filme não reflecte em nada o mundo e os personagens de Tex. Pode-se dizer sem erro que o Tex do filme, em nada se parece com o Tex dos fumetti. Em definitivo Tex ainda está à espera do filme que merece.

Durante sessenta anos Tex nos tem levado a mergulhar em um mundo conhecido e ao fazermos isso parece que estamos indo de encontro a velhos amigos. Como quando éramos crianças e ficávamos ouvindo velhas histórias, antigos causos, contados por nossos pais ou avós, aquecidos pelo fogo.

Esta é uma aventura que não terá fim, levará anos para terminar…
Que o CONTINUA NO PROXIMO NÚMERO siga aparecendo por muito tempo ainda!LONGA VIDA A TEX WILLER.
>> TEX WILLER – por Jesus Nabor Ferreira

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