DIVULGADA A CAPA BRASILEIRA DE BATTLESTAR GALACTICA

sexta-feira | 31 | outubro | 2008

Esta é a capinha da quarta temporada de “Battlestar Galactica” a qual será dividida em dois volumes. Esta é a imagem do primeiro volume que terá três discos e dez episódios os quais serão:

Titulo Original Titulo em Português
He That Believeth in Me Por que Acreditar
Six of One Seis de Um
The Ties That Bind Laços de União
Escape Velocity Em Alta Velocidade
The Road Less Traveled (1) Caminhos não Trilhados
Faith (2)
Guess What’s Coming to Dinner? Adivinhe quem vem para Jantar?
Sine Qua Non Sine Qua Non
The Hub Criação
Revelations Revelações

Os episódios terão formato 1.78 windescreen anamórfico, com áudio inglês e português, 2.0 Dolby Digital e legendas em português para a região 4, com um total de 490 minutos, aproximadamente. Este primeiro volume chega no dia 3 de dezembro com o valor sugerido de R$79,90. O box brasileiro será disponibilizado antes que o americano. Por lá, o box está previsto para ser lançado no dia 6 de janeiro.

Capa americana

Infelizmente não teremos nenhum material Extra e não há previsão do lançamento do filme “Razor” no Brasil. Nos EUA, que também irá lançar a quarta temporada em dois volumes, está prevista uma enchurrada de material nos Extras, entre eles duas versões do filme “Razor” (a exibida na TV com 88 min. e a estendida com 101 min.) além de cenas excluídas, trailer, os minisódios de “Razor”, comentários de Ronald D. Moore e Michael Taylor, video blogs de David Eick, documentários e matéria sobre a trilha sonora da série.

A distribuidora Universal ainda não tem informações sobre a presença de Extras no segundo volume da quarta temporada que somente será lançado no Brasil e EUA após a exibição na TV americana dos episódios restantes que encerram a série, que ocorrerá em 2009.
>> TV SÉRIES – por Fernanda Furquim


O VENTO, A AREIA E O NADA: “AREIA NOS DENTES”, DE ANTÔNIO XERXENESKY

sexta-feira | 31 | outubro | 2008

Antônio Xerxenesky conduz o leitor ao inevitável clichê da montanha-russa de sentimentos: numa página, altíssimas gargalhadas; na seguinte, a torcida pelo casal; mais à frente, uma vontade descomunal de duelar. Ou então de saber para onde o vento leva a areia.

Em certos instantes, os mortos precisam voltar à vida. É uma vontade natural de possuir, mas como entender sua origem? O gaúcho Antônio Xerxenesky nos dá um exemplo raro no Brasil com seu romance de estréia, o Areia nos dentes (Não Editora, 2008). Como solucionar as próprias dúvidas utilizando limites às vezes extra-humanos? É um livro que testa seus personagens em diversos instintos, que faz com que o leitor se lembre de que, para estar limpo, talvez seja preciso se manter sujo.

Sozinho de esposa e sem contato com o filho, um homem decide escrever sobre seus antepassados que viveram no povoado de Mavrak. Debaixo de um calor suportável apenas num faroeste, os integrantes das famílias rivais Ramírez e Marlowe viviam em constante tensão, sempre à beira de um novo duelo. E tudo era levado nesse limite da paz mavrakiana até que Martín Ramírez fora misteriosamente assassinado na noite em que vasculhava o porão da casa dos Marlowes. Assim, o povoado fora dominado por uma gradual suspeita, especialmente de Miguel, pai de Martín, sobre a família inimiga. Afinal, como não suspeitar, se eles eram os únicos (únicos?) que poderiam ter visto o jovem após sair correndo daquele porão?

Os Marlowes negaram o tempo todo a autoria do assassinato e se voltaram ainda mais contra os Ramírez no momento em que descobriram que um xerife chegaria ao povoado. Segundo eles, Miguel teria enviado uma carta ao governo, pedindo a presença de alguém que conseguisse impor um mínimo de ordem a Mavrak. A necessidade de suspeitarem uns dos outros é um dos motivos de viverem ali. Sem um estopim para tal divisão, esse e tantos outros povoados seriam feitos do nada. E, como escrito no próprio livro, “há algo mais assustador que o nada?” Não existem mocinhos ou vilões: o que está sob o duelo até de olhares é a honra. O reservado xerife Thornton chega à cidade para entender que tamanho poder tem a honra de um nome.

Com a definitiva ausência de seu irmão, Juan Ramírez se viu na obrigação de, a partir dali, defender a família. Também por pressão implícita de seu pai, o rapaz começou a entender o real funcionamento de se viver num povoado sem ordem, sem leis e dominado em parte por pessoas que poderiam lhe matar sem razões muito graves. Assim, esse novo “defensor” ganha mais espaço na trama, lhe é garantido mas não ainda confiado o papel de herói, aquele que fará justiça. Juan parece apenas querer construir sua vida, abandonar o que lhe fora imposto por gerações.

Mas novos acontecimentos necessitavam de resposta e alguns poderiam não ter relação entre si. Como lidar com algo que pode acabar a qualquer momento? E a narração anda por caminhos semelhantes também do lado de fora. O semi-herói se transforma no suposto protagonista do livro e, neste momento de observações mentais de seu personagem, Xerxenesky dá à narrativa um ritmo sem possibilidade de abandono por parte do leitor.

Juan sentia o tempo como a areia. Por mais que desejasse voltar atrás e reconstruir o passado para alcançar o presente ideal, sem erros ou desvios, seria necessário que cada grão de areia retornasse à sua posição original de três, quatro anos atrás. [pág. 74]

Miguel já não suportava mais esperar que algo fosse feito sobre a morte de seu filho. Então, finalmente, confiou a Juan a coragem que não sabia se tinha e o encarregou de uma missão que seria capaz de resolver todos (todos?) os mistérios a rondar Mavrak. E qual melhor momento para incluir zumbis na história do que depois de uma missão em segredo? Foi quando se pôde entender a origem daquela sensação: sim, a de que os mortos precisam voltar à vida. E de que nem na morte há segredos.

Consciência de cenário
Ao mesmo tempo em que narra, Juan, o homem que escreve sobre suas origens, se vê no inevitável rumo de encontrar seu presente e tentar entender os destinos que escolheu sem muito pensar. O que mais pode ter herdado de Juan Ramírez, seu pretenso herói, além do nome? Enquanto alguns personagens dentro da história conseguem solucionar os fatos — ou pensam que o fazem —, Juan, a cada linha escrita, se dá conta de que seus próprios fatos podem já não ter solução e compreende que o que escreve tem mais semelhança com a realidade do que deveria. Mas qual realidade? E quanto do nada dela faz parte?

Rezaria antes de dormir na esperança de uma resposta. Porém, sua razão já lhe dizia que não haveria resposta, apenas silêncio. Deus havia sido sepultado para Thornton. Quiçá, em seguida, Deus se tornaria como um morto-vivo para o ex-xerife, um tormento que reapareceria do nada, em espasmos, e lhe recordaria de uma época de idealismo que nunca regressará. [pág. 135]

Ele tem a consciência de cenário e presenças o tempo todo, e modifica sutilmente os rumos sempre que é provável sair deles. Reconhecendo o talento literário de Juan, simultaneamente o faço com o de Antônio Xerxenesky, que, logo em seu primeiro romance, demonstra não só preferência pelo gênero como seu provável domínio, tendo a chance de se firmar como um ótimo romancista com o tempo sempre a favor. Por mais que os fãs (como eu) dos filmes de Sergio Leone, por exemplo, estejam familiarizados com algumas situações e estruturas de diálogos, o autor conduz, com autenticidade, o leitor ao meu inevitável clichê da montanha-russa de sentimentos: numa página, altíssimas gargalhadas; na seguinte, a torcida pelo casal; mais à frente, uma vontade descomunal de duelar com o primeiro que avistar. Ou então de saber para onde o vento leva a areia.

Os pontos negativos de Areia nos dentes são alguns detalhes que poderiam ser melhorados na narrativa, muitos deles apenas preferências minhas. Mas não tiram, de forma alguma, a qualidade, na minha opinião, indiscutível que o romance possui. Posso até dizer que é um livro exemplar para quem está começando. É o exemplo que eu seguiria se quisesse ser escritora: saber o lugar exato das palavras, quando ascender e deslocar um personagem e dar o equilíbrio que estes e outros aspectos exigem a cada capítulo.
>> LE MOND DIPLOMATIQUE – por Renata Miloni

Baixe um capítulo para degustação


O TERROR DO PIXU!

sexta-feira | 31 | outubro | 2008

"Pixu" é uma minissérie independente em duas partes com participação de Becky Cloonan, Vasilis Lolos, Fábio Moon e Gabriel Bá.

É possível contar qualquer tipo de história em Quadrinhos, assim como podemos contar histórias dos mais diferente gêneros. Nós gostamos de histórias mais intimistas, sobre relacionamentos, urbanas, com um toque de realismo fantástico, como chamam, mas sabemos que existem outros gêneros que podem explorar algumas peculiaridades da linguagem, outros ritmos, talvez até atrair outro público.

Nossa tira na Folha é uma tentativa de explorar outras abordagens e atingir outros públicos, quem sabe chamá-los para nossas histórias, ou apenas mostrar algo diferente das outras tiras do jornal. Ela se chama Quase Nada e é publicada todo domingo na Ilustrada.

Este ano, fizemos uma história de terror, o PIXU, novamente com a Becky Cloonan e o Vasilis Lolos. Não é porque gostamos de histórias de amor que não podemos explorar as sombrias possibilidades que o terror oferece. Aliás, é legal demais. Fizemos em duas partes. A primeira, lançamos na Comic Con de San Diego. A segunda ficou pronta agora.

Por enquanto, o PIXU só foi publicado (auto-publicado) em inglês, mas logo seu terror chegará por aqui também.
>> 10 PÃEZINHOS – por GABRIEL BÁ


CHEGA AO FIM UMA BEM-SUCEDIDA FASE DOS X-MEN

sexta-feira | 31 | outubro | 2008

Uma característica comum nos quadrinhos de super-heróis é a identificação dos leitores com determinado personagem (há assim os fãs de Super-Homem, Homem-Aranha, Batman ou Wolverine). Além disso, muitas vezes os leitores elegem fases favoritas, nas quais determinada equipe de autores ficou a cargo de uma revista. Um bom exemplo disso foram os anos em que a revista Uncanny X-Men foi produzida por Chris Claremont e John Byrne. Por sua qualidade e importância, muitos consideram este período, entre 1977 e 1981, como o melhor dos heróis mutantes da Marvel. Mais recentemente, outra fase dos “filhos do átomo” mereceu atenção especial dos fãs.

Escrita por Joss Whedon (o criador do seriado Buffy, a caça-vampiros) e desenhada por John Cassaday (ilustrador da série Planetary), a revista Astonishing X-Men foi lançada nos Estados Unidos em 2004. A popularidade dos autores envolvidos e o sucesso da série motivaram a Marvel a investir em edições alternativas, coletâneas e reedições em capa-dura. No Brasil, essas HQs foram publicadas a partir de 2005, nas páginas da X-Men Extra. Para quem não acompanhou a publicação mensal, a Panini lançou recentemente Os Surpreendentes X-Men Volume 1, coletânea em capa cartonada, que traz os doze primeiros capítulos da revista original.

Trazendo os X-Men “sob nova direção” (com Ciclope e Rainha Branca no comando), a fase de Whedon e Cassaday tem como característica a volta a elementos de aventuras tradicionais do grupo de mutantes (como o retorno de personagens e algumas situações que lembram antigas histórias). Já na HQ de estréia isso pode ser notado, por exemplo, no nostálgico retorno de Kitty Pryde à Mansão-X e na violenta rusga de Ciclope e Wolverine, por causa da falecida Jean Grey. E há o próprio visual da série, que se aproxima mais dos desenhos clássicos dos anos 70 e 80, do que das estilizações dos anos 90 e das influências cinematográficas dos últimos anos.

Após vinte e quatro edições, a fase de Whedon e Cassaday chegou ao fim neste ano com a edição especial Giant-Size Astonishing X-Men n°1, lançada por aqui na X-Men Extra n°82. Com a participação especial de outros heróis Marvel, como Quarteto Fantástico, Dr. Estranho, Homem de Ferro e Homem-Aranha, a trama mostra os X-Men mais uma vez às voltas com a iminente destruição do mundo. Mas, ao mesmo tempo em que enfrentam a ameaça alienígena, Ciclope, Rainha Branca, Fera, Wolverine e Colossus empenham-se para salvar a amiga Kitty Pryde. Com elementos futuristas e mais diálogos do que ação, esse epílogo estendido de Whedon, no entanto, deixa algo a desejar.

O que chamou minha atenção para Giant-Size Astonishing X-Men n°1 foi a dinâmica ilustração de sua capa dupla (que vemos nesta postagem e foi reproduzida pela Panini na X-Men Extra n°82). Contudo, esta aparente cena de combate, com os X-Men à frente e vários outros mutantes e heróis Marvel seguindo-os, na verdade não aparece em nenhum momento da HQ. Além disso, os desenhos de Cassaday tropeçam em alguns quadros, ficando aquém do que ele mostrou ao longo da série (e no geral não comparável à qualidade de seu trabalho em Planetary). Para quem quiser conferir, X-Men Extra n°82 tem 100 páginas, sendo vendida por R$6,90.
>> MAIS QUADRINHOS – por Wellington Srbek


“AGNES QUILL”: MAIS UMA HISTÓRIA EM QUADRINHOS RUMO AO CINEMA

sexta-feira | 31 | outubro | 2008

De acordo com a Variety, a Paramount adquiriu os direitos de filmagem de Agnes Quill: An Anthology of Mystery, HQ escrita por Dave Roman. O diretor anunciado é Thor Freudenthal (Um Hotel Bom pra Cachorro). Evan Spiliotopoulos está encarregado do roteiro. A HQ foi publicada em 2006 nos EUA pela SLG Publishing.

Na história, a jovem protagonista completa 16 anos e herda a fortuna do seu avô, além da habilidade dele de se comunicar com os mortos. Com isso, todos os fantasmas da assombrada cidade de Legerdemain vão à procura de Agnes – alguns querem favores, outros desejam vingança, alguns só querem companhia, ou mesmo um pouco de aventura. Com a ajuda (ou embaraço) dos novos amigos, Agnes segue investigando casos misteriosos.
>> HQ MANIACS – por Andréa Pereira


PREACHER: SAM MENDES SERÁ O DIRETOR DA ADAPTAÇÃO PARA O CINEMA

quinta-feira | 30 | outubro | 2008


Segundo o The Hollywood Reporter, a Columbia Pictures adquiriu os direitos da adaptação ao cinema da HQ Preacher, popular série da Vertigo. O estúdio também confirmou Sam Mendes (Revolutionary Road, Estrada para Perdição, Beleza Americana) na direção do filme. Os produtores serão Neal Moritz e Jason Netter.

Anteriormente, Preacher seria adaptada para a televisão através de uma série pela HBO. Mark Steven Johnson, diretor de Demolidor e Motoqueiro Fantasma, escreveu o roteiro do piloto da série e o diretor do episódio seria Howard Deutch. Vale lembrar que Johnson havia revelado que alguém estava no processo de conseguir os direitos para tornar a HQ em um filme.

A Columbia não informou quem será o roteirista da adaptação e nem o elenco da produção. Portanto, novidades devem surgir nos próximo dias.

Preacher (criado por Garth Ennis e Steven Dilon) conta a história de Jesse Custer, um ex-pastor que foi possuído por uma entidade sobrenatural que lhe confere o poder de fazer com que qualquer pessoa o obedeça. Essa entidade (chamada Gênesis) é fugitiva do Paraíso e os anjos a procuram para prendê-la novamente. Quando descobrem que ela e Jesse Custer se tornaram um só, a objetivo passa a ser matá-lo. Para isso ressuscitam um matador do século XIX, o Santo dos Assassinos e enviam em seu encalço.

O destino faz com que Jesse venha a encontrar sua ex-namorada, Tulipa e junto dela o personagem mais excêntrico da revista, o vampiro irlandês Cassidy. Ambos passam a acompanhá-lo em sua fuga tanto da polícia quanto do Santo.

No fim do primeiro arco de histórias, Custer confronta um dos anjos e extrai dele as informações que lhe faltavam para compreender toda a situação, como o origem de Gênesis (o filho mestiço de um anjo e um demônio). Ao perguntar porque o próprio Deus não conserta a situação o anjo conta que deus teria desistido da humanidade e abandonado o céu.

A partir desse momento, Custer decide o que fazer de sua vida. Ele toma a insólita decisão de procurar por Deus em pessoa e lhe cobrar explicações. Na busca pelo seu objetivo encontra os mais diversos obstáculos: assassinos seriais, a polícia, o próprio santo e organizações secretas como o Graal.
>> HQ NEWS – por Júnior


SPARTACUS VIRA SÉRIE DE TV

quinta-feira | 30 | outubro | 2008
O canal Starz, o mesmo que lançou a série “Crash”, prepara uma nova versão da história de “Spartacus”. Foi autorizada a produção de 13 episódios desta série que tem como produtores executivos Sam Raimi, Rob Tapert, ambos de “Hércules” e “Xena”, e ainda Joshua Donen, de “Legend of the Seeker”.

Segundo o The Hollywood Reporter Steven S. DeKnight, de “Smallville”, será o roteirista principal. Esta será a primeira série dramática a ser produzida pelo canal, e a segunda dramática a ser exibida, sendo “Crash”, produzida pela Lionsgate em parceria com o canal, a primeira.

As filmagens serão feitas na Nova Zelândia, onde Raimi e Tapert filmaram “Hércules” e “Xena” e onde “Legend of the Seeker” está sendo produzida. A estréia está prevista para o final do primeiro semestre de 2009. Cada episódio está orçado em 2 milhões de dólares. A distribuição doméstica e internacional será da Worldwide Distribution.

Famoso pela produção cinematográfica dos anos 60 estrelada por Kirk Douglas e dirigida por Stanley Kubrick, Spartacus foi um soldado romano que ao desertar foi transformado em escravo. Ele se tornaria mais tarde o líder de uma revolta de escravos que ocorreu em 73 A.C. com a participação de mais de 120 mil pessoas.

O personagem e sua história já ganhou sete versões entre cinema e TV. A primeira “Spartacus”, foi em 1913 na Itália, que lançou uma nova produção em 1953, com o título de “Spartaco Sins of Rome”. Mas, foi em 1960 que o público assistiu à produção estrelada por Kirk Douglas, a qual se tornaria a mais famosa até hoje. Em 1964, uma nova versão, “Spartacus and the Ten Gladiators”, também feita na Itália com co-produção da Espanha e da França. Em 1977, foi lançado no cinema a produção filmada do Balé Bolshoi apresentada nos palcos da antiga União Soviética. Em 2003 foi a vez da França apresentar sua versão e, em 2004, a história do escravo chegou à TV em um telefilme estrelado por Goran Visnjic, de “Plantão Médico/ER”.

A revolta liderada pelo escravo é o ponto principal da trama dos filmes já produzidos sobre ele, tendo em vista que sua vida pessoal, antes ou depois da revolta, é desconhecida. De qualquer forma, a idéia é desenvolver o personagem em torno da situação de escravidão, que o levaria a uma situação de revolta.

O filme de Kubrick e a versão para a TV de 2004, tiveram como base o livro de mesmo nome escrito por Howard Fast. Na versão dos anos 60, o personagem era o perfeito herói, sem defeitos e com um grande senso do que era certo ou errado. Na versão mais recente, o personagem suavizou sua postura heróica e corrigiu algumas distorções históricas. Embora nada tenha sido dito a este respeito, é bem provável que a obra seja consultada pelos roteiristas e produtores. O canal Starz pretende trazer a história do escravo com um visual gráfico que lembre as HQ e os video games.


Segundo representantes do canal para o jornal The Hollywood Reporter, a produção será voltada exclusivamente para o público da TV a cabo. Apontando os filmes “300” e “Sin City” como inspiração para a produção, é bem provável que a minissérie “Roma” também seja usada pelos produtores como referência nas situações de sexo e violência. Tal qual os filmes mencionados, os cenários serão virtuais.

A série também deverá contar com atores desconhecidos compondo o elenco. Tendo em vista se tratar de um canal pequeno e os gastos com a produção de cada episódio, não seria viável contratar atores conhecidos ou famosos para compor o elenco e “sugar” metade do orçamento da produção com seus salários geralmente milionários.
>> TV SÉRIES – por Fernanda Furquim


TERRA INCOGNITA: SEGUNDA EDIÇÃO JÁ ESTÁ NO AR

quarta-feira | 29 | outubro | 2008

TERRA_INCOGNITA_02

OU BAIXE AQUI!

Seguindo em movimento uniformemente acelerado nas pegadas da primeira edição, o segundo número de TERRA INCOGNITA começa com um conto cormac-mc-carthy-krav-magá: Agora e Na Hora de Nossa Morte, de Octavio Aragão, designer, ilustrador e criador do shared universe Intempol, não é para fracos. Mesmo. Leia por sua conta e risco.

O segundo conto é O Planeta Negro, flash fiction de Ana Cristina Rodrigues. Atual presidente do CLFC e editora do SOMNIUM, um dos mais antigos e conceituados zines de FC do Brasil, agora exclusivamente na Web, Ana Cristina nos traz uma visão black-hole-sun do amor e suas conseqüências em poucas (e duras e poéticas) palavras.

O terceiro conto traz outro escritor de volta da Zona Fantasma: o alistair-crowley-alan-mooreano Lucio Manfredi, escritor e co-roteirista das minisséries globais ” A Casa das Sete Mulheres” e “Um Só Coração” e autor da novela cyberpunk e do romance Abismos do Tempo. Infelizmente, suicidou seu blog O Franco-Atirador, mas ressuscitou no dia seguinte (pra que três dias, afinal?) e se juntou ao coletivo Anoitan.

Fechamos a edição com uma resenha de Accelerando, clássico pós-cyber de Charles Stross, que de quebra é entrevistado por Jacques Barcia. A novela Lagostas, traduzida por Ludimila Hashimoto (a excelente tradutora de A Voz do Fogo, de Alan Moore) é a primeira do romance fix-up Accelerando, que pode ser lido de graça na Web no original aqui – e que temos o prazer de publicar pela primeira vez no Brasil.

Até o mês que vem! – Os Editores


BATMAN & CORINGA: A DUPLA FACE DE JANUS

quarta-feira | 29 | outubro | 2008


No livro “Psicologia em curta-metragem” criei um enredo através do qual o cinema deita no divã e, por sua vez, o divã se projeta na tela. Este “mix” de sociodrama e psicodrama permite ao leitor (e a mim) a liberdade artística e de leitura que mergulha na subjetividade de observador e observado.

“Batman – O cavaleiro das trevas” é um rico acervo para a discussão de como o poder midiático, encarnado em Hollywood, manobra, meio que a deriva, o psiquismo da sociedade e interpenetra na cultura, pretendendo ditar regras, leis, normas e condutas a um mundo que enxerga caótico e que se vê, de outro lado, preso na paranóia, gingando entre os perigos reais e o fantasmático, tudo em vertiginosas transformações, muito mais de formas do que conteúdos, do eterno dilema: o significado do Bem e o Mal, na vida efêmera.

Dito assim, classicamente, abrimos as cortinas e o espetáculo se inicia.

Psicólogo: – Boa tarde Cristopher Nolan!

Cristopher Nolan: Doutor não consigo dormir desde que sinto não ter caracterizado o êxito de Harvey Dent, com quem me identifico, eis que a tese central do meu filme é retirar a luta épica da fabulação e, no concreto, assegurar o código de valores no campo do possível e, romanticamente, com Rachel Dawes o casal emblemático. Gotham City, como você sabe, é a preliminar de Nova York, o microcosmo e a capital do mundo, portanto tudo acontece na instância cósmica. Aqui, nesta sala, devo lhe confessar meu ódio e desespero pelo Coringa, esta figura abjeta que não consigo trabalhar com isenção estética, mesmo porque, para mim, o anarquismo é a filosofia do Mal. Qualquer desordem me remete à perversidade e, por isto, precisa ser condenada, punida.

Psicólogo: – Mas Cristopher sua obra não admite ambivalência de interpretações, uma certa relativização de Ética?

Cristopher Nolan: – Concessão, doutor, para seduzir a opinião pública.

Psicólogo: – Devo ouvir, agora, o Coringa.

Heath Ledger: – Minha morte é a “Piada Mortal”, de Alan Moore. Nela, o Coringa conseguiu a internalização maldita de Batman. Se pretendi, na minha vida e numa visão de trabalho, provocar uma reflexão sobre o idealismo da bandeira negra da anarquia, Kropotkin, Bakunine, acabei introjetando o senso de culpa desta civilização decadente e hipócrita em que polícia, justiça, as instituições são erguidas contra a liberdade pessoal, o desejo lúdico de inspirar a satisfação e o prazer. O pastor “cowboy” homossexual era a explosão da rigidez puritana em “O segredo de Brokeback Mountain”. Doutor, a heresia máxima democrática é o revelado, e este é tão complexo que Batman não pode domesticar.

Psicólogo: – Christian Bale ou Batman?

Batman: – Desde o início, deixei de lado o corpóreo. A vingança da morte dos meus pais tem uma definição e nitidez do heróico e o prosaico só pode perturbar, como, freqüentemente, acontece. O Coringa, por tudo isto e muito mais escrito na noite dos tempos, tem seu destino traçado. A reparação se faz pela morte, e com todas as nuances e sutilezas. É isto que importa, o resultado terminal, o triunfo do Bem.

Psicólogo: – Assim, com esta segurança inabalável?

Batman: – Simples, assim.

Psicólogo: – Ficaria melhor, ironicamente, no idioma do Império reducionista como o Google. Cinzento, Batman, não?

Batman: – Não doutor. Branco ou preto.

Neste dia, fechei o consultório com “mauvaise conscience”. Até onde ouví-los e permitir a catarse, até onde filmá-los, até onde emprestar som e fúria retira as algemas e abre as portas da Caverna?

Talvez, sonhar seja atravessar as águas em tumulto, com a vela acesa.

Publicado na Revista OAB-MG – 4ª Subseção – Set / Out 2008
Jacob Pinheiro Goldberg é psicanalista, doutor em psicologia, advogado e escritor. Entre outros livros, publicados no Brasil e no exterior, se destacam “Psicologia em Curta-metragem”, “Psicologia da Agressividade” e “Magia Wignania”.
>> CRONOPIOS – por Pinheiro Goldberg


ENCONTRO VAI DEBATER PRODUÇÕES ACADÊMICAS SOBRE QUADRINHOS

quarta-feira | 29 | outubro | 2008


Um encontro que será realizado no fim da semana em Guarulhos, na grande São Paulo, vai pôr em pauta produções acadêmicas sobre quadrinhos produzidas no último ano.

O 3º Seminário de Pesquisa em História em Quadrinhos será realizado na sexta-feira e no sábado no Unifig, Centro Universitário Metropolitano de São Paulo. É a primeira vez que o encontro tem dois dias de discussão.

O evento terá exposições de pesquisadores que já estudam a área e de autores de trabalhos de conclusão de curso e de mestrado. Entre os assuntos em pauta, há temas atuais, como o papel dos quadrinhos na internet e a literatura em quadrinhos, redescoberta no Brasil nos últimos anos. Veja a programação:

Sexta-feira, 31 de outubro

  • 19h30 – A importância dos quadrinhos para os cursos universitários e o de Artes: o caso Unifig; expositores: Gazy Andraus, Denis Basílio de Oliveira e Martins Nunes (todos da Unifig)
  • 20h10 – O Observatório de HQ USP e a pesquisa de história em quadrinhos; expositores: Roberto Elísio dos Santos (USCS) e Waldomiro Vergueiro (USP)
  • 20h40 – Os quadrinhos japoneses e seu espaço no Brasil; expositora: Leila Rangel da Silva (graduação da Unesp)
  • 21h30 – Grupo de trabalho Geohistória Em Quadrinhos; expositor: Leonardo Pregnolato (graduação da Unifig); na seqüência, o trabalho Ideologia em Quadrinhos: Maus – uma não-ideologia?; expositor: Ana Carolina Macedo (graduação da Unifig)

Sábado, 1º de novembro

  • 08h30 – HQ e fanzines nos cursos universitários de graduação e pós-graduação em educação. O caso da Umesp; expositor: Elydio dos Santos Neto (Umesp) e Marta Regina Paulo da Silva (Umesp, doutoranda em educação pela Unicamp)
  • 09h30 – Da prosa para os quadrinhos: O preço, de Neil Gaiman (TCC) e A metamorfose da linguagem: Análise de Kafka em Quadrinhos (mestrado pela UFPR); expositor: Lielson Zeni
  • 10h15 –Debate com o público
  • 11h00 – Historia em quadrinhos: impresso vs. Web; expositor: Anselmo Gimenez Mendo (NEXZ Design)
  • 11h30 – HQtrônicas: perspectivas das histórias em quadrinhos hipermidiáticas; expositor: Edgar Franco (UFG)
  • 12h00 – Debate com o público

O 3º Seminário de Pesquisa em Histórias em Quadrinhos é promovido pelo Observatório das Histórias em Quadrinhos da Universidade de São Paulo. Parte dos expositores e dos mediadores dos debates pertence ao grupo da USP. A proposta é que o encontro seja realizado a cada ano em uma universidade diferente. O primeiro, em 2006, foi realizado no atual USCS, em São Caetano do Sul, no ABC paulista. O segundo, no ano seguinte, ocorreu na Universidade Metodista de São Paulo, em São Bernardo do Campo, também na região do ABC.
>> BLOG DOS QUADRINHOS – por Paulo Ramos

                                                              ***

Serviço – 3º Seminário de Pesquisa em Histórias em Quadrinhos. Quando: 6ª (31.10) e sábado (01º.11). Horário: 6ª a partir das 19h30; sábado, às 8h30. Onde: Unifig, Centro Universitário Metropolitano de São Paulo, em Guarulhos. Endereço: rua Dr. Solon Fernandes, 155, Vila Rosália, Guarulhos. Quanto: de graça.</span>


WORLD OF WARCRAFT EM QUADRINHOS PELA PANINI

quarta-feira | 29 | outubro | 2008

A Panini lança neste final de mês a primeira edição da minissérie em três edições World of Warcraft, inspirada no famoso jogo da Blizzard.

Os fãs de games encontrarão diversão também nas páginas dos quadrinhos. A Editora Panini lança a primeira parte, de uma série de três edições mensais, de World of Warcraft. A saga foi inspirada no jogo online de mesmo nome, no qual o usuário faz amigos e inimigos num mundo virtual denominado Azeroth. As histórias, publicadas originalmente pela Editora Wildstorm em 2007 nos EUA, foram escritas por Walter Simonson (Thor), com desenhos do artista fracês Ludo Lullabi e criaram muita expectativa nos fãs devido ao sucesso do game. O lançamento será inicialmente em São Paulo e Rio de Janeiro e estará nas bancas a partir do dia 31 de outubro.

A exemplo do clássico O Senhor dos Anéis, World of Warcraft é uma aventura voltada para os fãs de jogos de RPG e leitores de quadrinhos, admiradores de mundos fantásticos. Na trama, um homem sem memórias é escravizado por orcs e terá que sair em busca do seu passado, encontrando no caminho diversas raças do universo fantástico do jogo. O personagem logo vai se ver em disputa com as duas principais forças do jogo: a Aliança e a Ordem.

World of Warcraft #1 tem 60 páginas no formato 17 x 26 cm e custa R$ 5,90. As edições #2 e #3 terão 52 páginas e custarão R$ 5,50. A distribuição é setorizada.

Sobre o jogo World of Warcraft:
World of Warcraft foi lançado em 2004, sendo o quarto jogo de uma série iniciada em 1994 pela Blizzard Entertainment, ampliando os cenários do universo de Warcraft. O jogo ficou conhecido por proporcionar ao usuário transitar num mundo virtual formado por druidas, caçadores, paladinos, goblins e magos. O sucesso do jogo foi impressionante e não tardou a surgir a idéia de produzir uma história em quadrinhos sobre esse mundo fantástico. O roteirista Walter Simonson debateu cada passo do roteiro com a Blizzard para garantir que a trama fosse fiel à mitologia do jogo.
>> ANIME PRÓ


JACK, O ESTRIPADOR: A VERDADEIRA HISTÓRIA

terça-feira | 28 | outubro | 2008

Brasileiro disseca os crimes cometidos pelo mítico assassino Jack, o estripador e contesta a tese de best-seller sobre o caso policial

RETRATO FALADO Ilustração publicada no jornal londrino Police Gazette em 1888 retrata Jack, o Estripador

A tenebrosa história de um dos criminosos mais famosos do mundo é contada com riqueza de detalhes no livro Jack, o estripador – a verdadeira história, 120 anos depois (Geração Editorial, 239 págs, R$ 39,90), do paulistano Paulo Schmidt. Após dois anos de pesquisa, o autor reuniu um rico material sobre as pistas deixadas pelo assassino que jamais teve sua identidade descoberta. Em 1888, no bairro de Whitechapel, em Londres, um homem matou, degolou e cortou em pedaços o corpo de cinco prostitutas. Na galeria de suspeitos estiveram mais de 20 pessoas, entre elas algumas célebres, como o ator Richard Mansfield, que na época interpretava a peça Dr. Jekyll and Mr. Hyde e estava tão convincente como o maléfico Mr. Hyde que foi denunciado mais de uma vez à polícia. Outro investigado foi o inglês Joseph Merrick (conhecido como Homem-elefante devido a uma rara enfermidade). Até mesmo a família real esteve na mira da Justiça: o príncipe Alberto Vítor, neto da rainha Vitória, foi formalmente nomeado suspeito, segundo o pesquisador.

A mais recente versão para os fatos, até então, fora elaborada pela autora americana Patricia Cornwell em seu best-seller Retrato de um assassino – Jack, o estripador – caso encerrado. Escritora e fundadora do Instituto de Ciência e Medicina Forense da Virgínia, ela defende a tese de que Jack, o estripador foi o pintor impressionista alemão Walter Siekert, com base em uma mal explicada análise do DNA de cartas atribuídas ao criminoso – seria igual ao que foi encontrado numa carta enviada por Siekert. Schmidt desclassifica a tese de Patricia, que considera “absurda”, e no seu trabalho reuniu provas históricas e traçou diversos caminhos que poderiam ter sido percorridos pelo criminoso. “E que o leitor tire a sua própria conclusão”, diz ele, que pela primeira vez traz à tona o perfil de cada uma das vítimas, e reproduz as acusações que recaem sobre cada suspeito.

Schmidt não poupa o leitor das fotos mortuárias das moças – estão no livro com uma precisa descrição forense dos ferimentos sofridos. Ao final, traça um breve perfil de Jack: “Um homem branco, de estatura baixa ou média, na casa dos 30, de aparência distinta e respeitável. O mais provável é que não fosse oriundo das classes populares.”
>> ISTO É – por Natália Rangel


ANTECESSOR DE HARRY POTTER CHEGA AO QUINTO VOLUME

terça-feira | 28 | outubro | 2008

Sai o quinto volume da série “Os Mundos de Crestomanci”, da inglesa Diana W.Jones, livro tão esperado como os de Harry Potter 

Chega às livrarias, finalmente, o quinto “Os Mundos de Crestomanci”, da inglesa Diana Wynne Jones, autora que, 25 anos atrás, já encantava as crianças da Inglaterra com suas histórias de bruxinhos órfãos, mágicas surpreendentes e histórias cheias de reviravoltas sobre universos paralelos.

Em “Mil mágicas”, Diana traz várias histórias deslumbrantes com o personagem principal, o misterioso Crestomanci, mais alto, charmoso e cheio de novos amigos. Feiticeiros, bruxas, taumaturgos, bruxos, faquires, mágicos, mandingueiros, magos, xamãs, bruxos e adivinhos são os convidados desta obra. No meio deles, um inimigo poderoso,  que joga sujo e não tem medo das conseqüências.

No mundo do faz de conta o bom é se divertir, imaginar as cenas, deixar se envolver pelas maluquices dos personagens que provocam risadas, interação e a delícia proporcionada pelo fantástico prazer da literatura.

A criatividade delirante da autora,  que foi aluna de J.R.R. Tolkien (O Senhor dos Anéis) e professora de J.K. Rowling, é a principal característica que os críticos apontam na veterana autora inglesa – que  é considerada também uma espécie de precursora das histórias que acabaram levando à criação de Harry Potter, o bruxinho que virou fenômeno mundial.


Curiosidade

Nos Mundos de Crestomanci há universos paralelos de fantasia e encantamento. Para controlar tudo isto que a magia proporciona, Diana criou o mago Crestomanci, personagem que tem nove vidas e lidera o estranho e poderoso universo.

A coleção que surgiu 26 anos atrás já levou ao delírio milhares de crianças. Na década de 1990 o registro da venda de mais de um milhão de exemplares – a comprovação da conquista por leitores de todas as idades.

Aqui no Brasil a séria foi lançada em 2001, com tiragem de 20 mil exemplares para o primeiro volume da série, “Vida Encantada”, à qual se seguiram “As vidas de Christopher Chant”, “Os Magos de Caprona” e “A semana dos bruxos”. 
>> GERAÇÃO EDITORIAL

Veja abaixo a Coleção “Os mundos de Crestomanci”

por ordem de publicação.

Vida Encantada

É o primeiro livro da série. Com este mundo onde a magia é tão comum quanto a matemática – e duas vezes mais perigosa em mãos erradas. Neste mundo com vários universos paralelos, um menino mago com nove vidas vive uma aventura com sua irmã, uma bruxinha superdotada. Uma literatura de qualidade para todas as idades, em livro para rir e se emocionar.

As Vidas de Christopher Chant

A história se passa 25 anos antes do primeiro livro, mostrando as origens da magia na vida do personagem principal. Mais uma vez a imaginação rola solta, em um livro que tem o poder mágico de – em mãos de crianças ou adultos – não ser largado até que se chegue ao seu final.

 
Os Magos de Caprona

A magia e o encantamento continuam neste terceiro volume da série. Agora, a história gira em torno de duas famílias inimigas, os Montana e os Petrocchi. São famílias de mágicos que se vêem diante do mesmo problema: um terrível mago que quer acabar com a cidade. “Os Magos de Caprona” prova mais uma vez o talento de Diana Wynne Jones, cujas histórias já renderam dois filmes.

A Semana dos Bruxos

Apesar de nos mundos de Crestomanci a magia pipocar, a bruxaria é proibida. E as crianças-bruxas são caçadas nas escolas. Por isso, quando um bilhete aparece entre dois cadernos que o Sr. Crossley corrigia, dizendo “alguém nesta sala é bruxo”, arma-se a maior confusão! Claro que qualquer um poderia ter escrito aquilo de brincadeira; mas podia ser verdade, afinal o Internato de Larwood é uma escola para órfãos de bruxos. Só Crestomanci pode resolver o impasse, nessa aventura que vai deixar os leitores roendo unhas até chegar o final!

Mil Mágicas  

O mundo de Crestomanci é vizinho ao nosso. No sentido mais literário de que a diferença entre os dois lugares é a magia. Neste ambiente, feiticeiros, bruxas, taumaturgos, bruxos, faquires, mágicos, mandingueiros, magos, xamãs adivinhos e muitos outros, até a mais humilde bruxa, praticam a magia, muitas vezes sem controle. Por isso, o importante papel do mago mais forte que não deixa ninguém usar os poderes de forma incorreta. O personagem forte que organiza este mundo encantando é o onipotente “Crestomanci”. É para ler e se divertir com os contos, entre eles o do Feiticeiro Feliz que era apaixonado por carros e cometia várias loucuras. O azarado de nascença perdeu a magia porque aprontava muito e entrou para a vida do crime acreditando que seria a única saída, mas isto até passar por muitos apertos, como a fuga de um policial.

Quem é Diana Wynne Jones?

Diana Wynne Jones nasceu em agosto de 1934, em Londres. A infância foi conturbada pelos problemas originados na Segunda Guerra Mundial. Privada de ter acesso a bons livros, ela decidiu que poderia escrever boas histórias com sua fértil imaginação e criatividade.

Diana tinha dislexia, por isso os pais não apoiaram quando ela pensou em ser escritora. Pela força de vontade e superação ainda na adolescência ela concluiu dois contos. Concluiu o ensino superior em St Anne’s College de Oxford, participou de seminários, palestras e neste período conheceu John Burrow, que é professor de Inglês na Universidade Bristol. Formou então uma família feliz, casou em 1956 e tem três filhos. A autora já coleciona mais de 40 livros, o primeiro publicado em 1973. Para ela, mágica não é algo que flutua sobre o que está enraizado na natureza humana. As coisas  consideradas como mito ou história de fada estão muito presentes na vida das pessoas. “As pessoas se comportam como madrinhas ímpias. Todos os dias”.


O FANTASMA DE JOAN BURROUGHS

terça-feira | 28 | outubro | 2008


Não acredito em fantasmas. Acredito que os mortos têm uma sobrevida em nossa mente, uma existência residual que independe deles, da pessoa que foram. Continuam em nossa memória como imagens autônomas, indiferentes à dissolução da pessoa que lhes deu origem. Vem daí a tradição da literatura fantástica em mostrar imagens que se libertam do espelho e ganham vida própria, a sombra que se desprende do corpo, a figura que sai da pintura.

 

Como dizia Drummond, em “Convívio”, “eles não vivem senão em nós, e por isso vivem tão pouco; tão intervalado; tão débil”. Esse poema sempre me lembra um poema (“Dream Record: June 8, 1955”) que Allen Ginsberg escreveu sobre Joan Burroughs, a esposa do seu amigo, o escritor William Burroughs. Joan morreu de maneira patética quando o casal morava no México. William tinha mania de revólveres, estava bêbado, e quis brincar de Guilherme Tell. Pôs um copo sobre a cabeça de Joan e tentou acertar um tiro nele. Acertou a testa da esposa, que morreu na hora. Burroughs comentou, na velhice, que isto foi um dos impulsos para que ele se tornasse escritor. Escreveu (talvez) para que um dia fosse julgado por outras ações além dessa.

 

Diz Ginsberg que adormeceu bêbado e sonhou com Joan Burroughs, sentada num banco do jardim, e seu rosto tinha readquirido a beleza que tinha, “uma beleza estranha devido ao sal e à tequila, antes do tiro na testa”. Os dois começavam a conversar. Joan pedia notícias dos amigos – e Ginsberg respondia, como acontece em todo reencontro de quem não se vê há muito tempo. “O que Burroughs anda fazendo agora? / Bill continua na Terra, agora anda pelo Norte da África. / Ah, e Kerouac ainda mantém / o mesmo gênio “beat” de antes, / com cadernos cheios de budismo. / Tomara que ele se acerte, riu ela. / E Huncke, ainda está na cadeia? Não, / a última vez que o vi estava em Times Square. / E como está Kenney? Casado, bêbado / e bronzeado, no Leste.  E você? Novas paixões / no Oeste…”

 

Diz Ginsberg que nesse momento percebeu que era um sonho, e perguntou-lhe: “Joan, que tipo de conhecimento têm / os mortos? Você ainda ama / os mortais que conheceu? / Lembra o quê, de nós? / E ela se desvaneceu à minha frente – e no instante seguinte / tudo que vi foi sua lápide manchada pela chuva / com um epitáfio ilegível / sob um galho retorcido / de uma árvore, entre o mato selvagem / de um cemitério esquecido no México”.

 

Nunca vi um fantasma, e acredito que nunca verei.  Mas já me ocorreu sonhar com alguém morto e só lembrar dessa morte lá pelo meio do sonho. Meu cuidado, então, era para continuar agindo normalmente, para que a pessoa não percebesse que já tinha morrido. Ao conversar com os mortos, tocar no assunto da morte é como tocar numa bolha de sabão. Eles desaparecem, porque uma pergunta é algo muito sólido e muito brutal para o que são, e os arremessa de volta para o lugar, dentro de nós, de onde vieram
>> CRONÓPIOS – por Bráulio Tavares


NOVO TRAILER DE ANJOS DA NOITE 3

segunda-feira | 27 | outubro | 2008


Um novo trailer do filme Underworld: Rise of the Lycans está disponível em seu site oficial. O vídeo permite que se tenha uma prévia de como será o último capítulo da luta entre os vampiros e os Lycans, no terceiro filme da franquia Anjos da Noite.

Confira em www.entertheunderworld.com.

O terceiro filme da saga mostrará a trama pelo ponto de vista dos Lycans, os lobisomens. Michael Sheen volta ao papel de Lucian, o líder dos Lycans. Sua luta para libertar sua raça será o mote principal do roteiro. Ele terá o apoio de sua amada, a vampira Sonja, que será interpretada por Rhona Mitra. Outro que está de volta é Bill Nighy, novamente no papel do ameaçador líder vampiro Viktor.

O roteiro é de Danny McBridge, que também roteirizou os dois primeiros filmes, além de ter feito uma ponta no primeiro. Patrick Tatopoulous, que antes somente cuidava dos efeitos especiais dos monstros da franquia, agora ocupa o cargo de diretor, anteriormente ocupado por Len Wiseman, que desta vez será só produtor-executivo.

Anjos da Noite (Underworld) é uma franquia cinematográfica que acompanha a secular batalha entre vampiros e lobisomens, raças que têm suas origens na mesma família de imortais.
>> HQ MANIACS – por Alexandre D´Assumpção


EDIÇÃO DEFINITIVA DE WATCHMEN SERÁ LANÇADO NO BRASIL

segunda-feira | 27 | outubro | 2008


A Panini Comics anunciou a data de lançamento da Edição Definitiva de Watchmen, a clássica graphic novel de Alan Moore e Dave Gibbons. A versão nacional de Absolute Watchmen sairá em março de 2009 para coincidir com o filme dirigido por Zack Snyder.

A versão brasileira será lançada nos mesmos moldes da Edição Definitiva de Batman – O Cavaleiro das Trevas, com capa dura, papel nobre, várias páginas de extras e as 12 edições da minissérie original, recoloridas pela equipe da WildStorm FX sob a supervisão do colorista original John Higgins e o ilustrador Dave Gibbons.

O material adicional da edição americna inclui 48 páginas com artes conceituais de Gibbons, amostras do roteiro de Alan Moore, a proposta original do criador, layouts da capas e muito mais. No total, a edição dos EUA tem 464 páginas indispensáveis em qualquer coleção. A Panini Comics ainda não informou se os extras da edição brasileira serão os mesmos da americana. Confira ao lado a edição americana (clique na imagem para ampliá-la).

Vale ressaltar que a edição Absolute Watchmen está esgotada nos Estados Unidos. A DC Comics está reimprimindo uma tiragem de 1 milhão de edições para novembro, também preparando-se para o filme.
O filme estréia em 6 de março de 2009
>> HQ NEWS – por Júnior


SUPERNATURAL EM PRETO E BRANCO

segunda-feira | 27 | outubro | 2008


Muito bom o episódio de Supernatural que foi ao ar nos EUA nesta semana. Foi um especial, totalmente em preto e branco e que não tem ligação com a mitologia da série. É um episódio solto, que pode ser visto por qualquer pessoa e a diversão também é garantida para todos.

A diferença do episódio, que se chama “Monster Movie” já se faz notar no logotipo da Warner, em preto e branco e com um ar de coisa antiga. Daí, os créditos aparecem com letras que lembram os filmes de terror dos anos 30/40, inclusive com música de suspense ao fundo. Quando começa mesmo, vemos Sam e Dean no Chevy 67, com trovões espocando e o climão de terror.

Os irmãos chegam à Pensilvânia, durante a Oktoberfest local, atraídos pelo assassinato misterioso de uma jovem. Ela teria sido morta por um vampiro, já que tem a marca de dois dentes no pescoço. Sam e Dean se passam por agentes do FBI (Angus e Young, pegou?) e saem dando uma olhada no que pode ter acontecido. Os dois começam a encontrar uns caras meio estranhos, uma mulher com uma mania esquisita e tudo passa a lembrar um pouco Arquivo X. Há até um diálogo bem bacana com relação a isso.

Conforme vai rolando a história, a aventura vai ficando mais e mais bizarra e divertida. Há a participação de uma garçonete bonita, de um personagem estranho e de um vilão ainda mais estranho.

“Monster Movie” é uma grande brincadeira/homenagem aos clássicos filmes de terror da Universal (nem é a primeira vez que Supernatural faz isso, mas dessa vez foi a melhor). Em especial Drácula (com Bela Lugosi), a Múmia, Lobisomem, O Fantasma da Ópera e até uma pitadinha de O Monstro da Lagoa Negra. É diversão total para quem é fã desse tipo de produção. E o mais bacana de tudo é que – como já foi dito – foi filmado em preto e branco, o que deu uma atmosfera muito bacana. Sem dúvida é um dos melhores momentos da série, apesar de não ter ligação com toda a mitologia de Supernatural. O que é até bom, afinal dá aquele respiro.
>> V OITÃO


SIMPSONLÂNDIA

segunda-feira | 27 | outubro | 2008

O que torna Os Simpsons uma criação especial é que além dos desenhos animados, histórias em quadrinhos e toys, há uma série de outras obras que buscam explicar, expandir e enriquecer a família e os outros habitantes da cidade criada por Matt Groening.

Tudo começou em 1991 com o The Simpsons Uncensored Family Álbum. Um álbum em formato grande com fotos, bilhetes e recortes que trazem muitas informações divertidas sobre Homer, Marge, Bart, Lisa e Maggie, com destaque para a árvore genealógica da família Simpson e da família Bouvier (da Marge).

Em 1993 foi a vez do Bart Simpson’s Guide to Life, dividido em capítulos como Escola, Comida, Trabalho & Dinheiro, Arte & Cultura, Ciências, Sexo, Pais e Lei & Ordem. Aborda muitos temas interessantes, como: Questões perturbadoras para perguntar ao seu professor (Alguma dessas informações é pertinente à vida real? ), Pirâmide de alimentos segundo Bart (no topo está o sorvete triplo de chocolate, seguido pelo sorvete duplo de chocolate e o sorvete de chocolate), O trabalho e como evitá-lo a qualquer custo (o lema de Bart: 99% de inspiração e só 1% de transpiração), Como deixar seus pais malucos (Diga a eles que os ama tanto que você jamais sairá de casa), Colocando suas fobias a seu serviço ou O maravilhoso mundo dos monstros.

Pois agora os Simpsons ganharam uma série de pequenos livros que esmiúça a personalidade e a vida de cada um dos principais personagens da série. É The Simpsons Library of Wisdom (A Biblioteca Simpson de Sabedoria), editada pela Harper Collins, com dois livros novos por ano. Já saíram os títulos dedicados ao Homer, ao Bart, à Lisa, ao Krusty, ao garoto Ralph Wiggum e o Livro do Comic Book Guy (Cara da Loja de Quadrinhos) de Cultura Pop

Aqui, a equipe de desenhistas e roteiristas dos Simpsons usou toda sua imaginação e criatividade para desenvolver uma infinidade de assuntos que tornam cada um dos habitantes do universo criado por Groening mais real e interessante. Todos os livros têm seções fixas, como as 40 melhores e 40 piores coisas, um dia na vida, a casa dos sonhos e o que cada personagem tem dentro do cérebro, além de uma série de outros específicos:

E se Ralph Wiggum fosse eleito presidente?
Os melhores quadrinhos do Comic Book Guy.
Os filmes fracassados de Krusty.v O guia do Bart de sobrevivência na escola.
Coisas que parecem comida para Homer, mas não são.
Cerebrolândia, o parque de diversões de Lisa Simpson.

A coleção tem o Livro do Moe e o Livro de Ned Flanders da Fé já a caminho e muitos outros anunciados: Livro do Homer da Preguiça, Livro de Marge e Homer da Felicidade Conjugal, Livro do Chefe Wiggum de Crime e Castigo, Guia do Otto dos Anos 1960 etc.

Só é preciso reservar bastante tempo para mergulhar nesses pequenos livros e se divertir muito com esse pessoal de Springfield.
>> TERRA MAGAZINE – por Claudio Martiini


AS KENNINGAR

sábado | 25 | outubro | 2008


Jorge Luís Borges comenta em vários ensaios uma curiosa formação lingüística que ele aprendeu na poesia da Islândia, e que são as chamadas “kenningar” (ao que parece, é “kenning” no singular, “kenningar” no plural). O ensaio mais didático, e mais acessível ao leitor brasileiro, é “As kenningar”, no volume História da Eternidade (Ed. Globo). As kenningar são epítetos obrigatórios que os poetas da Islândia utilizam para descrever tudo, desde uma paisagem até um animal, desde uma arma até um veículo. São símbolos obrigatórios, por assim dizer, ou metáforas verbais consagradas a tal ponto pelo uso e pela tradição que espera-se de um poeta que volte a usá-las, que as conheça e respeite, que as repita, que crie variantes.

Borges nos fornece naquele ensaio uma longa lista de kenningar cuja compilação, confessa ele, lhe proporcionou “um prazer quase filatélico”. Alguns exemplos: “tempestade de espadas” significa batalha, “repouso das lanças” quer dizer paz, “lua dos piratas” é o escudo, “país dos anéis de ouro” é a mão, “o suor da guerra” é o sangue, “o irmão do fogo” é o vento. Os poetas islandeses repetiam as expressões antigas e criavam novas – a enumeração de Borges registra dez imagens desse tipo para dizer “espada”.

O que são as kenningar? Para mim, são clichês, são lugares-comuns. Não digo isso em tom pejorativo, mas para tentar equacionar essa duas qualidades aparentemente contraditórias, a fagulha poética e a cansativa repetição. O excesso de uso embota a lâmina da linguagem, e eis aqui uma boa kenning em língua portuguesa, não é mesmo? Cada metáfora desse tipo nos provoca um choquezinho-elétrico agradável nos nervos sensíveis à poesia, quando a encontramos pela primeira vez, mas com cada repetição o efeito decai em proporção geométrica. O clichê fica oco, vazio, mera repetição mecânica, e irrita o leitor mais calejado, que está tropeçando nele pela centésima vez.

Existem kenningar de segundo grau, que são combinações mais complexas de fórmulas já existentes; daí dizer-se que os reis generosos ou perdulários são “os que desprezam a neve do posto do falcão”, porque o “posto do falcão” é a mão, e a “neve da mão” é a prata: os reis generosos distribuem a prata como se ela não tivesse valor. Diz o órfão-platense-do-Prêmio-Nobel (tá vendo, caro leitor? A gente pega o jeito rapidinho): “Lua-dos-piratas é uma fórmula que não se deixa substituir por ´escudo´ sem perda total. Reduzir cada kenning a uma palavra não é isolar uma incógnita: é anular o poema.”

As kenningar não são estranhas ao processo espontâneo de fabricação de clichês em nossa língua brasileira, e não me refiro às elucubrações literárias, mas à língua das esquinas, dos botequins e dos radinhos de pilha. Todos nós sabemos que quando o esquadrão da Gávea adentra o tapete verde do templo do futebol, é para ensinar ao onze cruzmaltino, pó-de-arroz ou da estrela solitária como se pratica o esporte bretão dentro das quatro linhas.
>> MUNDO FANTASMO – por Bráulio Tavares


QUADRINHOS E RECEPÇÃO

sábado | 25 | outubro | 2008

O travesti nazista Bruno, de Frank Miller: Desconcerto

A teoria da recepção é um pressuposto bastante novo. Começou a ser estudada há menos de 40 anos. Ela examina o papel do leitor na literatura. Como assim, o leitor? Trata da obra vista da perspectiva do leitor, não do autor ou do texto como outras teorias literárias já estudaram. A Teoria da Recepção vai buscar as deduções que o leitor vai fazer quando exposto a um determinado texto.

Podemos usar essa mesma teoria nos quadrinhos. É o leitor quem completa a história fazendo a ligação entre um quadro e outro. Ele próprio, conforme o ritmo que ele mesmo estabelece para sua leitura, vai estabelecendo as conexões implícitas no texto e nas imagens em seqüências. Ao longo da narrativa o leitor vai fazendo deduções e comprovando suposições usando de seu conhecimento de mundo e do contexto em que está inserido.

Diz Terry Eagleton: “Na Teoria da Recepção, o leitor ‘concretiza’ a obra literária, que em si mesma não passa de uma cadeia de marcas negras organizadas numa página” – ou de diversos quadros coloridos, balões brancos e marcas negras, no caso dos quadrinhos – “Sem essa constante participação do leitor, não haveria obra literária”.

Shade, o Homem-Mutável, de Peter Milligan: Leitura orgásmica

Quando defrontado por uma obra literária, o leitor preenche os ‘hiatos’ presentes nela. Nos quadrinhos ele preenche também as ‘calhas’ ou ‘sarjetas’. Para o teórico polonês Roman Ingarden a obra literária existe apenas como schemata, ou seja, uma série de direções gerais dadas pelo autor para os leitores. O leitor abordará a obra com seus pré-entendimentos do mundo e, se a obra for bem realizada, segundo Wolgang Iser, da Escola da Constância, estes entendimentos – também chamados de preconceitos –, serão mudados. Para Iser, a obra eficiente gera uma nova consciência crítica no leitor, mudando seus códigos e expectativas habituais. As obras devem desconfirmar nossos hábitos. Desconcertar.

Claro que nem todo leitor está preparado para ser “desconcertado” e absorver a nova realidade apresentada pelo livro. Pois como dissemos antes o leitor é formado pelas suas experiências anteriores e pelo contexto em que se insere. Um quadrinho de Frank Miller com travestis nazistas certamente chocaria uma freira de uma maneira que ela não poderia absorver a experiência da leitura. Ou ainda Lost Girls, de Alan Moore, que traz experimentações sexuais de todas as formas abalaria os supostos defensores da moral e dos bons costumes. A escatologia de um Garth Ennis ou a crueza de Warren Ellis não serão experiências tão transformadoras quando lidas por conservadores. E o que dizer dos quadrinhos undergrounds?

O leitor deve concretizar a obra à sua maneira, mas de forma que encontre coerência em tudo isso. Seja na exclamção que entende que os meios de Ozymandias são justificados pelos fins em Watchmen ou seja na sensação associativa-dissociativa que certas obras de Grant Morrisson nos levam, como Flex Mentallo ou Kid Eternidade, que precisamos de mais de uma leitura atenta para construirmos significados. Obras desconstruídas, calcadas nas sensações, como as de Morrisson, ou de seus seguidores como Peter Milligan em Shade, o Homem Mutável, que detonam a identidade cultural segura do leitor, são para o crítico francês Roland Barthes ao mesmo tempo uma bênção da leitura e um orgasmo sexual.

Sabe-se hoje que nenhuma leitura é inocente e feita sem pré-conceitos. Como diria o crítico americano Stanley Fish,a leitura não é a descoberta do que significa o texto – ou o desenho, a imagem, o quadro, a composição da página –, mas um processo de sentir aquilo que ele nos faz.
>> SPLASH PAGES – por Guilhermes Mee


O LOBISOMEM EM NOVA MINISSÉRIE DA MARVEL

sexta-feira | 24 | outubro | 2008


Em janeiro a Marvel Comics lança Dead of Night Featuring Werewolf by Night, nova minissérie estrelada pelo Lobisomem da editora. Os roteiros são de Duane Swiercynski e a arte de Mico Suayan. Você pode conferir ao lado a capa da primeira edição, com arte de Patrick Zircher.

O Lobisomem, chamada nos EUA de Werewolf By Night, foi criado por Gerry Conway e Mike Ploog e apareceu pela primeira vez em Marvel Spotlight vol. 1 #2. Ele nasceu Jacob Russoff, em Medias, na Transilvânia, Romênia, filho de Gregor e Laura Russolff. Jacob herdou do pai a maldição da licantropia, que se manifestou pela primeira vez quando ele já morava nos EUA e tinha mudado seu nome para Jack Russell.

Na nova minissérie, Jack é apresentado como um homem normal, que tem uma esposa e espera pela chegada do seu primeiro filho, mas essa normalidade dura exatos 28 dias de cada mês, porque no 29º dia Jack se torna uma criatura incontrolável e sedenta de sangue.
>> HQ MANIACS – por Leandro Damasceno


“SECRET INVASION” E STEPHEN KING LIDERAM VENDAS DE QUADRINHOS NOS EUA

sexta-feira | 24 | outubro | 2008

E Watchmen continua fazendo sucesso

A sexta edição (de oito) de Secret Invasion, da Marvel, foi a HQ mais pedida à distribuidora Diamond Comics no mês de setembro nos EUA – e ainda puxou as séries New Avengers e Mighty Avengers para o Top 5. O evento é o mais rentável do ano – e a DC sofre por nem ter um episódio de Final Crisis este mês para se afirmar.

A Marvel ainda é apoiada pelo ilustre Stephen King, com o início de duas minisséries baseadas no mestre literário: a primeira mini da adaptação de A Dança da MorteThe Stand: Captain Tripps – ficou na oitava posição e a terceira de A Torre NegraThe Dark Tower: Treachery – ficou na nona.
À DC, só resta comemorar que Watchmen continua na liderança da lista de coletâneas e graphic novels, com ótimos pedidos. As notícias sobre o filme vão manter a HQ vendendo bem até o ano que vem, pelo jeito – só falta sair logo a edição brasileira.

O mercado de quadrinhos como um todo teve um ganho de 2% em relação a setembro do ano passado. Os resultados de terceiro trimestre, porém, foram 4% menores em relação ao mesmo período em 2007. A Marvel domina o mercado com 50,92% em exemplares (e 45,31% em dólares), empurrando a DC para 28,47% em exemplares (e 27,29% em dólares).
>> OMELETE – por Érico Assis

Confira os 300 gibis e as 100 graphic novels ou coletâneas mais pedidos em setembro nos EUA.


XENA, A PRINCESA GUERREIRA E ASH, DE “A NOITE ALUCINANTE” SE ENCONTRAM NOVAMENTE

sexta-feira | 24 | outubro | 2008


A Dynamite Entertainment lançou nesta semana uma segunda minissérie estrelada por Xena e Ash Williams. Intitulada Xena/Army of Darkness: What, Again? (Xena/Uma Noite Alucinante: O Quê, De Novo?), essa nova mini é escrita por Brandon Jerwa e Elliot Serrano, com desenhos de Miguel Montenegro.

Como a primeira minissérie mostrava Ash no mundo de Xena, os escritores disseram que era óbivo trazer agora Xena e seu elenco de coadjuvantes para o mundo de hoje. “As ações de Ash no passado modificaram as coisas e veremos como essa cadeia de mudanças afetou o presente e, como descobriremos mais à frente, o futuro”, disse Jerwa.

Ele também disse que essa história se encaixa dentro da cronologia da série regular Army of Darkness, publicada pela Dynamite.

Se você acha a idéia dessa mini tão absurda e desnecessária quanto parece, pode ir se preparando porque os escritores garantiram que estão preparando o terreno para mais um encontro, que fecharia a trilogia Xena/Army of Darkness.

A série de filmes Uma Noite Alucinante mostra Ash Williams (Bruce Campbell) enfrentando um exército de mortos-vivos trazidos a nosso mundo por meio de um livro chamado Necronomicon. Os três filmes foram dirigidos por Sam Raimi, o mesmo da franquia cinematográfica do Homem-Aranha. Após o lançamento do terceiro filme da série, originalmente intitulado Army of Darkness, a saga de Ash foi transportada para os quadrinhos primeiro em uma adaptação do final da trilogia pela Dark Horse. Anos mais tarde, Ash foi o protagonista de algumas minisséries pela Devil´s Due. Após curto período, Ash montou casa definitiva na Dynamite Entertainment. Em 2007, encontrou os Zumbis Marvel na minissérie Zumbis Marvel – Uma Noite Alucinante, publicada no Brasil pela Panini Comics nas páginas da revista Marvel MAX.

Xena: A Princesa Guerreira é uma personagem criada por Robert Tapert que estreou como coadjuvante na série de TV Hércules. Ela foi vivida pela atriz neozelandesa Lucy Lawless, que ganhou sucesso internacional com o papel. O plano original era que a personagem fizesse apenas uma aparição especial em Hércules, mas o sucesso lhe rendeu uma série própria, que se tornou cult em pouco tempo, principalmente entre a comunidade lésbica, já que Xena e sua parceira de batalha Gabrielle são vistas como ícones do movimento. Desde que surgiu, Xena apareceu em videogames, quadrinhos, livros, entre várias outras mídias. Em 2007, a Dynamite adquiriu os direitos da publicação de quadrinhos baseados na personagem.
>> HQ MANIACS – por Leandro Damasceno


STAR TREK – KLINGONS: HERANÇA DE SANGUE

sexta-feira | 24 | outubro | 2008


Jornada nas Estrelas – Klingons: Herança de Sangue (Devir, 16,5 x 24,0 cm, 164 páginas, R$ 45,00) marca a volta dos quadrinhos da famosa série ao Brasil.

Com roteiro de Scott Tipton e David Tipton, e arte de David Messina, a edição reúne alguns dos mais famosos confrontos da Federação dos Planetas Unidos, mas contados do ponto de vista de seus maiores adversários: os Klingons.

Acompanham diversos extras, como um capítulo inteiro escrito em Klingon e um breve manual técnico de uma das naves mais temidas do Universo: o Cruzador de Batalha Klingon D-7.

Uma boa chance de matar as saudades do Capitão Kirk, Sr. Spock, Dr. McCoy e toda a tripulação da USS Enterprise, que voltam as telas do cinema em uma nova produção, no próximo ano.
O livro é uma publicação da Devir.
>> UNIVERSO HQ – por Marcelo Naranjo


“MUNDO COMICS”: NOVA OPÇÃO PARA OS AMANTES DA CULTURA POP

sexta-feira | 24 | outubro | 2008


Acaba de ser lançado mais uma opção para os amantes das HQs e cultura pop. Trata-se da revista digital Mundo Comics. A publicação online vem com a missão de cativar novos leitores a entrar no universo das Histórias em Quadrinhos e do cinema, divulgar o trabalho de novos artistas que estão despontando no mercado brazuca e valorizar as obras nacionais de qualidade. Além de trazer sempre as últimas novidades dos Quadrinhos, do cinema mundial e de temas relacionados. Tudo isso com uma linguagem leve, fácil e descontraída.

A Mundo Comics, com a tentativa de produzir um conteúdo diferenciado, traz em seu quadro profissionais do mercado editorial aliado à participação efetiva dos fãs de HQ e até mesmo dos leitores, que contribuem com o processo de construção da revista.
>> BIGORNA – por Márcio Baraldi

Confira a primeira edição gratuitamente aqui.


TROCAR PONTO POR PINTO PODE SER UM DESASTRE

quinta-feira | 23 | outubro | 2008

E não apenas ponto por pinto. O contrário também. Ou trocar peito por peido. Força por forca. E os exemplos seriam infinitos. Já vi disso um tanto. Uma letrinha aqui e outra ali, pronto. Uma tragédia. Se o olho não é bem acostumado a desacelerar a mirada, as letras se infiltram entre as frestas e não saem. Só aparecem depois que a obra está impressa. Parecem praga. Sempre escapa um acentozinho, uma cedilhazinha, um rr, um ss, um u no lugar de l. É assim mesmo. E tem gente que faz disto a profissão: bloquear as escapulidas. Mas quem pensa que o serviço de revisão de textos só depende de regra gramatical e de decoreba em dicionário, está enganado até a medula. “Olhadinha” básica qualquer um dá. Basta se achar em condição. E esse é um problema de técnica, sim, mas também de experiência. Pergunte-se a qualquer editor mais velho o que ele acha. É tiro e queda. Revisor bom é peça rara.

A profissão do revisor não é assim tão simples. Tem lá suas nuanças. Ora o nome muda, ora o jeito se altera, assim como a remuneração. Vez ou outra alguém sai com aquele estereótipo do gramático chato. Quando alguém descobre que você é revisor, trata logo de tomar alguma destas atitudes: a. fala menos na sua frente; b. não escreve mais para você; c. começa a pedir desculpas no final dos textos; d. passa a monitorar a fala muito além do normal; e. faz perguntas esdrúxulas, como se você tivesse a obrigação de ser um dicionário de exceções ambulante.

Não raro param você no corredor para “dar aquela olhadinha” no convite de aniversário, no santinho da tia morta, se bobear, até na placa do carro. Ou reparam em qualquer placa na rua para pedir explicações sobre se aquilo “pode” ou “não pode”.

Também não faltam lendas: a do cara que pôs na porta da oficina de bikes “conserto bicicleta e pinto”. Ou a do açougueiro que achou melhor especificar: “vende-se frango-se”. Vai saber. Há livros sérios sobre isso, esse “português popular”, mas também há lendas em todo canto do Brasil.

A figura do revisor é transparente. Parece que não está lá, mas está. Não fosse ela e a vida poderia ser pior, ao menos a leitura mais atravancada. Mas se o revisor tenta desobstruir o caminho do leitor, ao autor não soa tão bonzinho. Há autor que não viva sem um desses fiéis escudeiros, mas há, de outro lado, até grupo de extermínio formado por autores encapuzados loucos pela pele do revisor maldito.

Quando o livro é bom e bem-escrito, o mérito é do autor, claro. E de quem mais poderia ser aquele gênio? Mas quando o livro é mal-escrito, estão lá os créditos de revisão e preparação que não mentem nunca. A culpa é de um desatento, mal-amado, invejoso, sabotador de autores indefesos. É isso. Vez ou outra, o revisor ganha posto de autoridade, principalmente quando o dono do livro se acha incapaz. Mas quando é advogado, jornalista, professor, Deus acuda o coitado. Um embate de egos e gramáticas rola dramático no palco dos textos escritos.

Os tipos são os mais diversos. Há o revisor-colaborador, realmente preocupado em ajudar, uma espécie de ponte entre autor e leitor, cujo tapete vermelho é o texto, tratado com carinho e consideração. O infeliz vive acobertado pelo mau hábito da escola de dizer, a vida inteira dos estudantes, que o que existe é uma trinca super-heróica: autor, texto e leitor. Esquecem-se, comumente, de dizer que entre uns e outros, aí, bem nesse meio, tanta outra gente põe sua mãozinha.

Há o tipo sádico, revisor que quer cortar, limar, banir, amassar. Revisor que não se contenta em dar uns retoques de maquiador, pinçando apenas pelinhos espalhados aqui e ali. Não, este tipo sádico quer ver autor morto, quer fazer buraco sem anestesia, quer competir.

Revisor não tem glamour. Em geral, se torna o que é por acaso. Um acaso bom, diga-se, já que este é um mercado eternamente em expansão. É só fazer a conta: quantas pessoas você conhece que escrevem bem? E quantas escrevem muito bem? E quantas pensam que escrevem bem? E dessas nuanças há muitas. Nem vale a pena compor aqui uma escala, um degradê de possibilidades. O negócio é que o revisor age aí, na oportunidade que surge da escrita capenga da maioria. E mesmo assim ele não é imprescindível, não. Tanto livro, jornal, revista, folheto que se publica sem o menor asseio. A metáfora da limpeza é condenável, mas fazer o quê? Ainda assim, muito editor de livro importante pensa que é só dar uns tapinhas nas costas dos livros que os problemas caem como poeira no chão. Não querem pagar “só para alguém ler”. Ou até querem, mas vão pagar mal, alegando que “é só uma olhadinha”.

Revisor existe há muito tempo. Muito mais do que se pode pensar. Revisor é uma espécie dessas que parecem extintas, mas que quando menos se espera, renascem dos grafites e das canetas. Quem diria que a internet ajudaria a dar mais fôlego a esse cara? Tudo bem que agora mais equipadinho, mas dono de práticas centenárias. Revisor merece até ser protagonista de livro importante. É necessário ler História do cerco de Lisboa, do abertíssimo José Saramago, para entender melhor em que universo vive um revisor. A última palavra é do autor, o livro também tem lá sua autônoma autoridade, mas está ali um revisor que deixa ver bem quem é esse cara. Em geral, na vida real, uma mulher.

Revisor empreendedor tem empresa própria e emite nota fiscal. Cumpre prazos e nunca tem final de semana. Trabalha em casa, é certo, mas tem lá suas descompensações. Do cliente viciado, que não deixa passar nada sem aquela consultadinha, nem que seja por telefone, até aquele cliente que surge do nada e quer o serviço para ontem. Em geral, aliás, é para ontem, se não para anteontem. Os prazos estão todos estourados, mas a vida não está ganha. Passa na porta de casa o moço com a família, indo para a praia, mas deixa o pacote grosso nas mãos do revisor, na sexta à noite, que é para dar tempo de revisar para segunda. Não é isso? Tem de respeitar. E apesar de tudo isso, lá vem o moço, com cheiro de protetor solar, na segunda cedo. A questão é: posso dar cheque pré-datado? O serviço do revisor deveria ser pré-datado também, não é, não?

Que relação é essa que acontece ali, entre o texto e o leitor profissional? E que papo é esse de “leitor profissional”? O que meu olho faz que o dos outros não aprendeu a fazer? E olha que o olho é o de menos. Pior é o que é necessário saber. Está aí o Rafa, revisor desta coluna, que não me deixa mentir.

Que o revisor precisa saber a norma, a dita “língua padrão”, isso todo mundo sabe. Mas e quando não precisa? Pior: e quando não pode? Como é que fica? Certa vez uma revisora “limpou” todas as marcas de oralidade de um texto escrito para uma peça de teatro. É tão trágico quanto encher de solecismos uma dissertação de mestrado. E a revisora que queria “corrigir” a linguagem de um livro infantil narrado por uma rã? Mais triste do que quando trocam ponto por pinto e peito por peido, não é, não?
>> DIGESTO CULTURAL – por Ana Elisa Ribeiro


CONHEÇA A MINISSÉRIE “MERLIN”

quinta-feira | 23 | outubro | 2008

Colin Morgan como Merlin

Merlin

Criada por Julian Murphy e Johnny Capps, ambos de “Hex”, além de Jake Michie e Julian Jones, com base nas lendas do Rei Arthur, a minissérie narra a juventude de Merlin o Mago que segundo a lenda teria auxiliado o jovem Arthur a tornar-se rei da Ingalterra. Produzida pela independente Shine Limited para a BBC1 a minissérie de 13 episódios estreou no dia 20 de setembro. Esta produção começou a tomar forma em 2006 mas somente iniciou as filmagens este ano em Wales, Inglaterra, e na França, utilizando efeitos especiais em CGI.

Bradley James como Arthur

Até o momento foram exibidos cinco episódios. A estréia conquistou uma média de 6.65 milhões de telespectadores, caindo para 4.92 milhões em seu segundo episódio. O terceiro reconquistou parte de sua audiência, tendo 5.76 milhões e o quarto foi para 6.3 milhões de telespectadores.

A minissérie transformou Merlin e Arthur em jovens quase da mesma idade, contrariando a lenda na qual Merlin seria muito mais velho que o futuro rei. Aqui, a história tem início com o jovem Merlin (Colin Morgan) mudando-se para Camelot, onde deverá treinar com Gaius (Richard Wilson) sua mágica. Lá, ele se tornar servo do arrogante Principe Arthur (Bradley James) e conhece um dragão (John Hurt) que lhe revela seu destino: proteger Arthur da bruxa Nimueh (Michelle Ryan, de “Bionic Woman”), inimiga do Rei Uther (Anthony Head, de “Buffy, a Caça-Vampiros”) do reino de Albion, antigo nome da Grã-Bretanha.

Michelle Ryan como a bruxa Nimueh

No elenco também estão Angel Coulby, como Gwenevere, Katie McGrath, como Morgana, e Santiago Cabrera, de “Heroes”, como Lancelot. A produção está prevista para estrear nos EUA em janeiro de 2009.

A verdadeira existência do Rei Arthur e de todos os personagens que fazem parte de sua lenda é debatida até hoje por historiadores. Suas histórias surgiram como lendas e como parte do folclore, tendo pouquíssimas informações sobre ele em livros de histórias.

Acredita-se que tenha surgido pela imaginação de Geoffrey of Mommouth, em seu livro “Historia Regum Britanniae” publicado em 1138, no Século XII. Alguns apontam que o autor teria utilizado informações de uma lenda já existente, outros, que os personagens surgiram de sua imaginação. Sempre que retratado, Arthur e seus amigos aparecem lutando contra bruxas, dragões e outras figuras mágicas em um reino fantástico.

Anthony Head como o Rei Uther

Sua história foi publicada com maior riqueza de detalhes em 1485, no livro “Le Mort D´Arthur”, que incluiu Lancelot e o Santo Graal nas histórias do Rei Arthur. Acredita-se que o personagem Merlin tenha tido como base Myrddin Wyllt, também conhecido como Merlinus Caldornensis ou Ambrosius Aurelianus, um guerreiro que venceu uma importante luta contra os anglo-saxônicos no Século V e que tinha como irmã a jovem Gwendydd. Ele teria ficado louco após testemunhar tantos horrores nos campos de batalha que afastou-se da civilização e refugiou-se na floresta. Lá tornou-se mago e profeta, tendo previsto sua própria morte.
>> TV SÉRIES – por Fernanda Furquim


EMO BOY: NINGUÉM SE IMPORTA COM NADA MESMO, ENTÃO POR QUE TODOS NÓS NÃO MORREMOS LOGO?

quinta-feira | 23 | outubro | 2008


Independente de como surgiu o termo emo, e do que ele realmente significava ou queriam dizer seus idealizadores, a situação atual é mais ou menos como será descrita. Emo torrnou-se elemento de identificação e bandeira levantada para uma geração que se considera ainda pior que algo totalmente inútil, que se considera diferente de todo mundo quando vê uma pessoa na rua, e que, entendendo o princípio de que as coisas só tendem a piorar, tem como solução o suicídio. Exceto que, por não se matarem, continuam se lamentando eternamente. O personagem Emo Boy, de Steve Emond (SLG Publishing, US$ 13,95), ilustra isso em Nobody Cares About Anything Anyway, So Why Don´t We All Just DIE? (“Ninguém se importa com nada mesmo, então por que todos nós não morremos logo?” ).

Em edição muito bem preparada, da frase de efeito imediato no subtítulo até o destaque da palavra Emo no nome do personagem e do autor, passando pela tonalidade de capa e toda a simbologia implícita, o livro certamente se destaca nas prateleiras de qualquer loja. O próprio autor aparece apresentando o personagem, como numa forma de apresentação teatral, que remete a obra autobiográfica do quadrinhista J.M. De Matteis, Brooklin Dreams, e até a Piada Mortal, clássico do Batman assinado por Alan Moore e Brian Bolland. A seguir, entram as histórias curtas do Emo Boy, que exploram todo o atual fenômeno de manifestação cultural. Ressaltando sentimentos que sempre existiram na vida de qualquer pessoa, consecutivamente mal interpretados em letras como “ontem me senti tão triste, pensei que iria morrer”, “você sabe que eu adoro quando as notícias são ruins, e por que é tão bom me sentir tão triste”, “eu pensei a vida não presta, ela não gosta de mim”, “Você deveria ver minhas cicatrizes”, “é uma idéia que existe na cabeça e não tem a menor pretenção de acontecer”, e o fenômeno Kurt Cobain, viver abaixo da fossa virou a maior onda.

Emo Boy, e fica estabelecido desde o início que se trata, para todos os efeitos e propósitos, de um super-herói, começa sua jornada numa seqüência de versos musicais imaginários que ressaltam e engrandecem toda a nobreza de se sentir a pior pessoa do mundo e desejar a qualquer preço a própria morte, ainda que seja preciso escrever muitos poemas sobre ficar sozinho num quarto escuro durante o processo. A relação do Emo Boy com o ideal do super-herói e logo estabelecida, quando ele aparece deslocado usando óculos, e seria rejeitado por uma garota. Invertendo a ordem natural, quando ele iria adquirir poderes e enganar a garota para que ela se apaixonasse por sua outra identidade gerando um triângulo amoroso que não pode ser rompido, acontece algo diferente. Os poderes são o fato de ele se tornar ainda mais emo, e a garota detonar o saco escrotal do Emo Boy, humilhar e desprezar o Emo Boy para que ele se sinta cada vez pior, e ainda mutilar seu corpo com altas doses de escatologia.

O romance gráfico e sua narrativa são estruturadas na forma de histórias curtas, em estilo caricato que surpreende em momentos oportunos com a utilização do exagero grotesco e surrealista, a insinuação de que Emo Boy poderá se matar no final – virgem, claro – e sacadas como uma garota dizendo “eu não sou dos Goonies”, Emo Boy traumatizado com a imagem de Tom Selleck pelado e uma referência sutil e muito mais apropriada do que se julgara até então do obscuro e cultuadíssimo filme Donnie Darko. A relação com super-heróis é retomada diversas vezes. Até mesmo o fenômeno Efeito Borboleta pode ser vislumbrado em vários momentos da saga. A evolução com outras tribos é estabelecida, levando a crer que gerações futuras acharão tudo isso muito estranho, e não deve parar tão cedo. Diversos quadrinhistas de renome na cena autoral norte-americana marcam presença em pin-ups, como Elaine Hornby, Meg Hunt e Ross Campbell.

Um fenômeno como Emo Boy, que segue os passos de Emily- The Stange e Lenore – The Cute Dead Little Girl, assumindo status de marca e referência para a tribo que o originou, com camisetas e produtos licenciados, ainda que a humilhando cada vez mais – já que é isso mesmo que desejam, merece atenção. O choque entre o cult e o mainstream, em que ninguém sabe como resultará, e todas as hipóteses devem ser consideradas, está evidente. Lembrando as profecias de Warren Ellis, de que mudaria a indústria de quadrinhos, e de Grant Morrison e Mark Millar, que salvariam os super-heróis, estão em confronto, mesmo que nenhum dos três seja especificamente responsável por isso. Não vale revelar aqui se Emo Boy corta os pulsos e qual seu destino final. Peter Parker já usou franjinha em Homem-Aranha 3, ao som da música que ainda deve estar em suas cabeças. Tente se esforçar ao máximo para esquecer isso agora, e ficar repetindo várias vezes o quanto sua vida sempre foi muito bonitinha.
>> ALMANAQUE VIRTUAL – por Marcus Vinicius de Medeiros


E O PRÊMIO FNAC NOVOS TALENTOS VAI PARA…

quarta-feira | 22 | outubro | 2008


1º LUGAR – ANDRÉ FIGUEIREDO MÛLLER (“Alados”), nasceu em Cascavel (PR) em 1988, com 10 anos foi para Curititba, onde vive até hoje. Artistas favoritos: Alphonse Mucha, Akira Toriyama, Will Murai, Jamie Hewlett e Bobby Chiu. Ele é aluno da Universidade Tecnológica do Paraná. Mantém um blog em http://andrefm.blogspot.com/


2º LUGAR – LUENDY MACIEL DE AGUIAR (“Aquarela”), nasceu no Amazonas e mora em Curitiba (PR) há 7 anos. Atualmente, faz Iniciaçâo Científica no Laboratrio de Animação Interativa da UFPR (Universidade Federal do Paraná), onde pesquisa linguagens de HQ e HQtrônicas (Webcomics).

3º LUGAR – VICTOR GÁSPAR CANELA (“Alquimia”), nasceu em Jundiaí (SP) em 1986, onde vive até hoje. Formou-se em Cinema pela Universidade Federal de São Carlos, em 2007. Começou a desenhar em 2008. Gosta do Woody Allen, do Laerte e dos Beatles. Atualmente, é aluno da Quanta Academia de Artes (SP).


O QUADRINHISTA ARGENTINO LINIERS EM SÃO PAULO

quarta-feira | 22 | outubro | 2008

 

O quadrinista argentino Liniers dá um pulinho do lado de cá, em São Paulo, nesta quarta-feira, para o lançamento de seu primeiro livro em português: “Macanudo”, pela editora Zarabatana Books. O livro reúne tiras de humor fundamental, ora filosófico, ora reflexivo, ora irônico, ora poético, ora bom mesmo. Dá para ler algumas delas, na língua do autor, aqui.
Os horários e locais para se cruzar com Liniers, em São Paulo, estão no desenho acima, feito por ele, mas, na dúvida, aqui vai: de 14h às 17h, o argentino autografa livros na Livraria HQ Mix (Pça. Roosevelt 142, Centro. Tel.: 11 3258 7740), que, aliás, faz seu primeiro aniversário esta semana, com programação interessante todo dia. Veja no final do post.
Depois, a partir das 19h, Liniers corre para a livraria FNAC de Pinheiros (Av. Pedroso de Morais 858. Tel.: 11 4501 3000), onde bate papo com o público e responde a perguntas do quadrinista Eloar Guazzelli Filho e do jornalista Eduardo Nasi. A filial da livraria francesa também tem programação especial para esta semana, pois promove o 4º festival de quadrinhos da FNAC, o “HQ o quê?”. Veja, no final do post, a programação para os próximos dias.

LIVRARIA HQ MIX (primeiro aniversário)
DIA 23 DE OUTUBRO, QUINTA–FEIRA
LANÇAMENTO E NOITE DE AUTÓGRAFOS
15h: PUBLICAÇÕES E PRODUTOS DE MERCHANDISING ARGENTINOS POR LINIERS. 17h30m: DEPOIS DA MEIA NOITE #3 POR LAUDO, VIGNOLE E ALEXANDRE SANTOS.
“FERCOM! #4” POR FERNANDO SANTOS. CONTOS DA MADRUGADA A PARTIR DAS 24h EM HOMENAGEM AO ANIVERSÁRIO DA HQMIX LIVRARIA, O QUARTO MUNDO (COLETIVO INDEPENDENTE DE QUADRINISTAS NACIONAIS) PRODUZIRÁ UMA PUBLICAÇÃO CONJUNTA ENTRE SEUS MEMBROS. A REVISTA COLETIVA TERÁ COMO PRETEXTO CENTRAL O SUPOSTO FIM DO MUNDO PREVISTO POR ALGUNS CIENTISTAS DEVIDO AO ACELERADOR DE PARTÍCULAS LOCALIZADO NA FRANÇA. COMO MOTE, OS MEMBROS DO QUARTO MUNDO, ENTÃO, PRODUZIRÃO SUA “ÚLTIMA” REVISTA INDEPENDENTE, A SER DISPONIBILIZADA NO FINAL DO EVENTO, COMO POSSÍVEL PROVA QUE SOBREVIVEMOS AO FINAL DO MUNDO, OU QUE AO MENOS MORREREMOS FAZENDO AQUILO QUE AMAMOS.

DIA 24 DE OUTUBRO, SEXTA–FEIRA
LANÇAMENTO E NOITE DE AUTÓGRAFOS
19h30m: “AÚ, O CAPOERISTA” POR FLÁVIO LUIZ. 21h30m: -“GRAFFITI #18” POR FABIANO BARROSO, PIERO BAGNARIOL, RAFAEL SOARES e PABLO PIRES. CONTOS DA MADRUGADA A PARTIR DAS 24h COM O QUARTO MUNDO (COLETIVO INDEPENDENTE DE QUADRINISTAS NACIONAIS).

LIVRARIA FNAC (4º HQ o quê?)

DIA 23 DE OUTUBRO, QUINTA–FEIRA, 19H
Mesa-redonda: Publicação independente, uma saída para o mercado dos Quadrinhos?
O cenário de quadrinhos brasileiros tem melhorado bastante, tanto pelo aumento de produção, quanto pelo aumento de qualidade. E muito disso se deve a uma forte produção de quadrinhos independente, que hoje no Brasil, representa 90% do que é publicado. Os quadrinhistas Edu Mendes, Will, Cadu Simões, Marcos Venceslau e Daniel Esteves discutem se os independentes serão a solução para os problemas do mercado editorial.
DIA 24 DE OUTUBRO, SEXTA–FEIRA, 19H
Bate-papo: As atuais mudanças e transformações dos Quadrinhos no Brasil.
O editores da HQM Editora falaram sobre a nova safra de autores, a produção de quadrinhos nacionais e como as editoras enxergam este mercado. Além disso, os editores Carlos Costa, Artur Tavares e Leonardo Vicente falarão sobre próximos lançamentos da editora programados para 2008 e 2009. A mediação será feita pelo jornalista Paulo Ramos, do Blog dos Quadrinhos.

OFICINAS NO SÁBADO

Das 12 às 15 horas
Comics Power: uma nova metodologia de produção de quadrinhos.
O cartunista e jornalista indiano Sharad Sharma desenvolveu a metodologia Comics Power (Poder das HQs), cuja proposta é mostrar que, através dos quadrinhos, todos podem auxiliar na mobilização social e na luta por direitos. Com esse método qualquer pessoa pode montar uma HQ a partir de sua história de vida. A dinâmica é simples e acessível à maior parte das pessoas, mesmo as que não sabem ler e escrever. Hoje, sua metodologia está presente no Sri Lanka, Finlândia, Moçambique e Brasil. Inscrições (11) 3579-2039. vagas limitadas.

Das 16 às 18 horas
A narrativa nos quadrinhos: Marcelo Campos.
O que diferencia as Histórias em Quadrinhos de qualquer outra mídia são as ferramentas de linguagem específicas que criaram esta forma de expressão, aprimoradas através dos anos por centenas de artistas no que chamamos de narrativa ou storytelling. A intenção desta oficina é apresentar uma base desta estrutura de linguagem, seus símbolos gráficos e um pouco da evolução do que chamamos sintaxe. Inscrições (11) 3579-2039. vagas limitadas.

Das 18 às 20 horas
Fanzine: Will.
Oficina com o ilustrador e designer gráfico Will. O objetivo desta atividade é analisar, através da teoria e prática, o processo de concepção das publicações de fãs. Analisando algumas das atuais publicações e também aquelas que fizeram a história do gênero, procuraremos vivenciar situações reais da criação deste popular veículo de comunicação. A intenção é oferecer instrumentos ao fanzineiro, futuro profissional dos quadrinhos ou da área editorial, para que ele possa criar e apresentar um material com conteúdo editorial e de informação coerentes e também com qualidade gráfica compatível com as atuais tecnologias de impressão. Com apostila. Inscrições (11) 3579-2039. vagas limitadas.


EYE CANDY: JAMES JEAN E AS CAPAS DE ‘FÁBULAS’

terça-feira | 21 | outubro | 2008

A imagem está na vertical porque seria uma vergonha diminuí-la para caber aqui. Então vira o pescoço (ou o monitor) aí, porque vale a pena. Esta é a capa de Fables Covers by James Jean – Vol. 1, provavelmente o livro mais importante do ano para quem curte arte e quadrinhos, que sai nos EUA entre o final de outubro e o começo de novembro.

O volume reune todas as capas até agora da série de quadrinhos Fables, da DC/Vertigo (‘Fábulas’ aqui no Brasil, onde sai pela editora Pixel), criadas pelo artista e ilustrador James Jean. As capas de Jean já renderam 4 prêmios Eisner de melhor capista, e tiveram um impacto no mundo dos quadrinhos parecido com o que o Dave McKean provocou nos anos 80 e 90 com as capas de Sandman, também da Vertigo. Agora o artista anunciou que vai deixar a série para se dedicar somente a projetos pessoais. A última capa criada por ele vai ser a da edição 81, que deve sair em janeiro.
>> ULTRA – por André Sirangelo


TURMA DA MÔNICA JOVEM ENTRE OS MAIS VENDIDOS EM LIVRARIAS

terça-feira | 21 | outubro | 2008

No último domingo, fez cinco semanas que a revista Turma da Mônica Jovem #1 figura na lista de livros de ficção mais vendidos do jornal O Estado de S.Paulo. A lista é levantada por meio de dados fornecidos por grandes livrarias de São Paulo (mais de 80 lojas) e é publicada aos domingos no Caderno 2/Cultura.

Nesta semana, a revista ocupa a sexta posição e, na semana passada, a versão adolescente dos personagens de Mauricio de Sousa ficou com impressionantes dois lugares na lista, o sexto para a edição #2 e o nono para a revista de estréia.

Esse é um fato importante, pois são raras as vezes em que histórias em quadrinhos entram em listas nacionais de mais vendidos dos grandes veículos impressos como Folha de S.Paulo, O Estado de S.Paulo, O Globo (que na semana passada listou na categoria infantil as edições #1 e #2 de Turma da Mônica Jovem, respectivamente em terceiro e primeiro lugares), Veja etc. Quando os quadrinhos aparecem, são casos como os livros da argentina Maitena ou, em listas mais alternativas, livros como Calvin, 300 de Esparta, algum Sandman, entre outros medalhões.

Mas esses são materiais projetados desde o nascimento para serem best-sellers. Eles têm todo um trabalho comercial diferenciado para atingir as livrarias e se destacarem nelas. Já Turma da Mônica Jovem é um material de banca, com um perfil diferente. Uma revista como esta aparecer na lista é um sinal de que as coisas estão mudando. O ponto de venda, o perfil do leitor e até a mentalidade de quem faz as listas.

Apesar de tudo, cabe uma ressalva para o jornal O Estado de São Paulo, que tem publicado a lista com um erro de grafia no sobrenome de Mauricio de Sousa. Todas as semanas o nome do artista vem sendo grafado com “z”. E, vale lembrar, a lista está no mesmo caderno que publica as tiras diárias dos estúdios do artista.
>> UNIVERSO HQ – por Zé Oliboni


A CARTA TRAZ O CARTEIRO: “PARTÍCULAS DE DEUS”

terça-feira | 21 | outubro | 2008

Há uma expressão muito usada em inglês, “the tail that wags the dog”, o rabo que balança o cachorro. Usa-se muito para indicar qualquer caso em que o efeito produz a causa, ou o empregado manda no patrão, ou algo que devia ser um mero complemento acaba ganhando mais importância do que a parte principal. O livro Partículas de Deus de Scott Adams (o criador das tirinhas de “Dilbert”, de sátira ao mundo da informática) tem um episódio que ilustra de forma interessante este conceito. Nele, um entregador dos Correios leva um pacote até o endereço de destino, onde é recebido pelo dono da casa. “Trouxe este pacote para o sr.”, diz o carteiro. O homem retruca: “Você tem certeza de que foi você que trouxe o pacote? Pois eu acho que foi o pacote que trouxe você até aqui, porque sem esse pacote e esse endereço escrito nele você jamais teria vindo até a minha casa.”

É a mesma inversão que sempre me chamou a atenção nos versos iniciais do poema “Indicações”, de Carlos Drummond: “Talvez uma sensibilidade maior ao frio, / desejo de voltar mais cedo para casa. / Certa demora em abrir o pacote de livros / esperado, que trouxe o correio.” Os coleguinhas de pendores mais gramaticais podem argumentar que se trata apenas de uma inversão, aceitável, da ordem normal da frase (“…que o correio trouxe”), mas este verso, escrito desta forma, me chamou a atenção para o fato indisputável de que, se os carteiros trazem as cartas do ponto de vista físico, são as cartas que trazem os carteiros num sentido mais amplo do termo.

Podemos visualizar essa dupla questão com mais facilidade se pensarmos numa imagem mais simples. Um homem viaja a cavalo. É ele quem leva o cavalo, ou o cavalo quem o leva? Mais uma vez temos as duas respostas, ambas verdadeiras. Ou um motorista que dirige um carro – o que dá um nível a mais à velha frase de pára-choque: “Dirigido por mim, guiado por Deus”.

Talvez isto possa nos ajudar a encarar a velha questão do livre arbítrio. Somos livres para decidir, ou Deus já decidiu por nós? Fazemos a nossa vontade, ou já está tudo escrito-nas-estrelas? Permitam-me os coleguinhas religiosos fazer uma comparação meio herética – o Livre Arbítrio Cósmico e o Futebol. Digamos que o Livro do Destino prevê tudo que vai acontecer, mas apenas numa escala “macro”, enquanto que nós temos a ilusão de estar fazendo o que nos dá na telha. O Livro do Destino, meus camaradinhas, diz qual vai ser o resultado da partida. Treze 3, Campinense 1. A correria, os esbarrões, o esforço, o esfalfamento dos jogadores, tudo isto lhes dá a ilusão de que são eles que estão decidindo os acontecimentos, mas na verdade o Livro do Destino está preocupado apenas com o placar final de cada jogo. Quem faz o gols, a que hora, de que jeito… são bobagens irrelevantes para o Grande Plano Cósmico. E é nessa dimensãozinha irrelevante que funciona nosso limitado livre arbítrio, que se define nossa vida, e que acontece nossa felicidade.
>> MUNDO FANTASMO – por Bráulio Tavares


“HQ O QUÊ? 4º FESTIVAL DE QUADRINHOS DA FNAC” (SP)

segunda-feira | 20 | outubro | 2008

de 20 a 25 de outubro


 O “HQ O QUÊ?” tem mostrado o forte papel dos quadrinhos como incentivador da leitura, instrumento educativo e parte fundamental da produção literária e artística do Brasil. Durante uma semana, o universo dos quadrinhos é discutido, com um tema diferente por dia com desenhistas, editores, jornalistas e profissionais especializados em forma de palestras, bate-papos e oficinas, para quem é amante de quadrinhos e para profissionais que buscam ingressar no mercado de trabalho. A curadoria é de Silvio Alexandre.

 

Dia 20/10 (2ª feira), às 19h:

Cláudio Seto, o Samurai dos Quadrinhos

Cláudio Seto foi o primeiro artista brasileiro a utilizar o traço característico do mangá em publicações nacionais. Isso ocorreu na década de 60. Ele publicou histórias de samurais e ninjas, numa época em que ninguém sabia direito o que significavam esses termos. Seu personagem O Samurai, sairá este ano em um álbum pela Devir. Para falar sobre quem lançou o estilo mangá no país, teremos um bate-papo com a professora e pesquisadora Sonia Luyten; e o escritor e jornalista Gonçalo Júnior.

 

Dia 21/10 (3ª feira), às 19h:

Prêmio Fnac Novos Talentos: anúncio oficial dos ganhadores

Neste encontro serão anunciados os ganhadores do Prêmio Fnac Novos Talentos – Quadrinhos com coquetel e atrações especiais (http://www.fnac.com.br/premiofnacnovostalentos). Teremos, também, a exibição do premiado documentário Dossiê Rê Bordosa de César Cabral, feito em animação stop-motion, que investiga as razões por trás da decisão do cartunista Angeli de matar uma de suas mais famosas criações, a diva underground Rê Bordosa. O filme conta com depoimentos de Angeli, Laerte, Toninho Mendes (editor da revista Chiclete com Banana), e as vozes de Grace Gianoukas como Rê Bordosa e Paulo César Pereio como Bibelô.

 

Dia 22/10 (4ª feira) , às 19h:

Bate-papo com o artista argentino Liniers, o mais recente fenômeno dos quadrinhos

Conversa descontraida e informativa com Ricardo Liniers, respondendo questões do quadrinista Eloar Guazzelli Filho e do jornalista Eduardo Nasi, sobre o atual momento dos quadrinhos na Argentina e no mundo. Lançamento do álbum “Macanudo”, com suas tiras poéticas, irônicas e reflexivas no Brasil pela Zarabatana Books.

 

Dia 23/10 (5ª feira), às 19h:

Mesa-redonda: Publicação independente, uma saída para o mercado dos Quadrinhos?

O cenário de quadrinhos brasileiros tem melhorado bastante, tanto pelo aumento de produção, quanto pelo aumento de qualidade. E muito disso se deve a uma forte produção de quadrinhos independente, que hoje no Brasil, representa 90% do que é publicado. Os quadrinhistas Edu Mendes, Will, Cadu Simões, Marcos Venceslau, Daniel Esteves e Flávio Luiz discutem se os independentes serão a solução para os problemas do mercado editorial.

 

Dia 24/10 (6ª feira), às 19h:

Bate-papo: As atuais mudanças e transformações dos Quadrinhos no Brasil.

O editores da HQM Editora conversam sobre a nova safra de autores, a produção de quadrinhos nacionais e como as editoras enxergam este mercado. Além disso, os editores Carlos Costa, Artur Tavares e Leonardo Vicente falarão sobre os próximos lançamentos da editora programados para 2008 e 2009. A mediação será feita pelo jornalista Paulo Ramos, do Blog dos Quadrinhos.

 

 OFICINAS

 Dia 25/10 (Sábado), das 12 às 15 horas

Oficina: Comics Power – uma nova metodologia de produção de quadrinhos

O cartunista e jornalista indiano Sharad Sharma desenvolveu a metodologia Comics Power (Poder das HQs), cuja proposta é mostrar que, através dos quadrinhos, todos podem auxiliar na mobilização social e na luta por direitos. Com esse método qualquer pessoa pode montar uma HQ a partir de sua história de vida. A dinâmica é simples e acessível à maior parte das pessoas, mesmo as que não sabem ler e escrever. Hoje, sua metodologia está presente no Sri Lanka, Finlândia, Moçambique e Brasil. Inscrições (11) 3579-2039. vagas limitadas.

  

Dia 25/10 (Sábado), das 16 às 18 horas

Oficina: A narrativa nos quadrinhos – Marcelo Campos

O que diferencia as Histórias em Quadrinhos de qualquer outra mídia são as ferramentas de linguagem específicas que criaram esta forma de expressão, aprimoradas através dos anos por centenas de artistas no que chamamos de narrativa ou storytelling. A intenção desta oficina é apresentar uma base desta estrutura de linguagem, seus símbolos gráficos e um pouco da evolução do que chamamos sintaxe. Inscrições (11) 3579-2039. vagas limitadas.

 

 Dia 25/10 (Sábado), das 18 às 20 horas

Oficina de Fanzine – Will

Oficina com o ilustrador e designer gráfico Will. O objetivo desta atividade é analisar, através da teoria e prática, o processo de concepção das publicações de fãs. Analisando algumas das atuais publicações e também aquelas que fizeram a história do gênero, procuraremos vivenciar situações reais da criação deste popular veículo de comunicação. A intenção é oferecer instrumentos ao fanzineiro, futuro profissional dos quadrinhos ou da área editorial, para que ele possa criar e apresentar um material com conteúdo editorial e de informação coerentes e também com qualidade gráfica compatível com as atuais tecnologias de impressão. Com apostila. Inscrições (11) 3579-2039. vagas limitadas.

  

 

FNAC Pinheiros

Av. Pedroso de Morais, 858 – Pinheiros (SP)
Fone
: (11) 4501-3000

 ENTRADA FRANCA


HQMIX LIVRARIA COMEMORA ANIVERSÁRIO COM FESTA

segunda-feira | 20 | outubro | 2008


No espaço de um ano, a Livraria HQMix (Praça Roosevelt, 142 – São Paulo/SP) se firmou como um importante espaço para os autores das artes gráficas, fãs e colecionadores.

E, celebrando seu primeiro aniversário, a livraria promove uma semana de eventos, de 20 até 26 de outubro.

As publicações nacionais e estrangeiras serão vendidas com descontos.

Começando o aniversário, no dia 20, a jam session Segunda Temporada, com uma HQ coletiva, na qual um artista termina uma parte e o outro continua, e assim por diante, sempre mantendo as características pessoais um, mas integrada a uma produção coletiva.

Ainda no dia 20, a 1ª Jornada da Poesia em São Paulo. Estes dois eventos se estendem por toda a semana.

No dia 22, lançamento e autógrafos de Macanudo #1, com o argentino Liniers.

No dia 23, Publicações e produtos de merchandising, por Liniers; e os lançamentos de Depois da Meia-Noite #3, por Laudo, Vignole e Alexandre Santos; e Fercom! #4, de Fernando Santos.

Ainda no dia 23, Contos da Madrugada, com o coletivo Quarto Mundo produzindo uma obra conjunta.

No dia 24, os lançamentos e noite de autógrafos de AÚ, O Capoeirista, de Flávio Luiz, e da Graffiti #18, por Fabiano Barroso, Piero Bagnariol, Rafael Soares e Pablo Pires. E ainda a continuação dos Contos da Madrugada.

A partir das 20h, vários artistas farão a caricatura dos clientes.

No dia 25 de outubro, lançamento e noite de autógrafos de Pimenta do Reino por Ala Voloshyn e Mario Dimov Mastrotti; Powertrio por Rafael Albuquerque, Mateus Santolouco e Eduardo Medeiros; Muertos por Daniel Pereira dos Santos e Micróbio por Koblitz.

E ainda as caricaturas, a partir das 20h.

No dia 26, o lançamento de Contos da Madrugada, e o Coquetel de Aniversário.

Outros eventos fazem parte da semana de aniversário da HQMix Livraria. Para informações, entre em contato no fone (11)3258-7740.
>> UNIVERSO HQ – por Marcelo Naranjo


GABRIEL BÁ GANHA MAIS UM PRÊMIO INTERNACIONAL

segunda-feira | 20 | outubro | 2008

 
Foi divulgada neste fim de semana a lista de vencedores do Scream 2008, prêmio do canal de TV Spike para filmes, seriados e quadrinhos de sci fi, horror e fantasia. E tem brasileiro no meio: o paulista Gabriel Bá, que venceu na categoria “Melhor artista de comic book” pela série “The Umbrella Academy” (acima), que será publicada em breve no Brasil pela Devir. O segundo arco de histórias com o grupo de superseres começa a sair nos EUA, pela Dark Horse, em novembro.

A HQ, escrita por Gerard Way, vocalista da banda My Chemical Romance, concorria também na categoria “Melhor comic book”, mas perdeu para “Y, o último homem”, série publicada no Brasil na revista “Pixel Magazine”. Mas o grande vencedor do Scream 2008 foi um filme e não uma HQ: “Batman: o cavaleiro das trevas”, que faturou 12 das 29 categorias do prêmio. Veja a lista completa de vencedores aqui.

Este parece ser o ano dos gêmeos Gabriel Bá e Fábio Moon. Depois de vencerem o Prêmio Eisner em três categorias (saiba mais aqui), a série “The Umbrella Academy” venceu o Prêmio Harvey como “Melhor nova série” e os irmãos ganharam o Prêmio Jabuti na categoria “Melhor livro didático e paradidático de ensino fundamental ou médio” pela adaptação de “O alienista”, de Machado de Assis, para os quadrinhos.

Como se não bastassem os quatro prêmios, eles ainda tiveram duas obras (“O alienista” e “Meu coração não sei por quê”) incluídas na lista do PNBE deste ano. A quantidade de adaptações literárias para os quadrinhos incluída na lista rendeu matéria de capa da Megazine que circula amanhã. Além de “O alienista”, vale destacar os livros “Domínio público”, editado por Lin e Mascaro; “Os lusíadas”, de Fido Nesti; “O beijo no asfalto”, de Arnaldo Branco e Gabriel Góes; e “O cabeleira”, de Leandro Assis, Hiroshi Maeda e Allan Alex. A reportagem é de Paula Dias.
>> GIBIZADA – por Télio Navega


SHERLOCK HOLMES JÁ TEM DATA DE ESTRÉIA

segunda-feira | 20 | outubro | 2008


Uma boa notícia para os fãs de Sherlock Holmes e do Dr. Watson. A Warner Bros. anunciou a data de estréia do novo filme do detetive de Sir Arthur Conan Doyle. O filme, dirigido por Guy Ritchie, está previsto para estrear, nos EUA, dia 20 de novembro de 2009.

Sherlock Holmes, produção da Warner Bros. e Village Roadshow, traz Guy Ritchie na direção. Robert Downey Jr. será Holmes, Rachel McAdams será Irene Adler, seu interesse amoroso, Mark Strong será o vilão Blackwood e Jude Law será o Dr. Watson.

O novo filme é inspirado numa HQ ainda não publicada, criada pelo produtor Lionel Wigram. A idéia do projeto é mostrar um Holmes mais aventureiro e cortar certas situações maledicentes que sempre o cercaram.
>> HQ MANIACS – por Leo Santos


GAME OVER: UMA AMEAÇA VIRTUAL, DE ROSANA RIOS

domingo | 19 | outubro | 2008

"Game Over: Uma Ameaça Virtual", de Rosana Rios. Giz Editorial, Coleção Universo Fantástico, 93 pág. Capa e ilustrações de Rosana Rios.

Artur, o “Tuco”, é um garoto apaixonado por jogos de computador. Costuma testar novidades no velho computador do pai, que ele reformou e modernizou, e agora guarda feliz em seu quarto. É um jovem normal, que estuda e mora com a família, e curte um sentimento romântico por Viviane, uma colega de escola que trabalha meio período numa locadora de jogos de um shopping.

 

Ambos disputam a primazia pelo talento em disputar jogos, e Viviane aproveita essa qualidade para conseguir mais clientes para a loja onde trabalha. A história começa com um telefonema da moça para Artur, reclamando que o jogo que vem testando a está perturbando muito, e ela não consegue passar do primeiro nível.

O jogo foi encontrado num velho CD caído atrás de uma prateleira da loja. Ele transporta o jogador para um ambiente onírico e viciante. No dia seguinte ao telefonema, Tuco descobre que a amiga foi levada pelos pais a um hospital, porque mergulhou num sono profundo, semelhante a um coma. Decidido a ajudá-la, e a decifrar o mistério que cerca o jogo e pode ter causado a doença da amiga, Artur vai à casa dela e consegue obter o jogo Death Tour: Um Desafio para Mestres.

Após jogar por horas, Tuco só consegue alcançar o primeiro nível. Trata-se de um joguinho simples, tipo RPG: o jogador escolhe um personagem para ser um alter ego e atravessar uma terra perigosa, chamada Vale Sangrento, e descobrir uma fortaleza onde deve libertar prisioneiros das masmorras. Apesar de ser uma história antiga, de mais de dez anos, Tuco não consegue avançar na aventura, mas não desiste. Empenhado em descobrir o mistério do game que causou a doença de Viviane, o jovem empreende uma investigação que o coloca na pista do próprio criador dos jogos, um certo R. Aparecido Torres, e também de um psiquiatra chamado Dr. Uther, que trabalha com jovens que apresentam distúrbios de comportamento, incluindo dois casos de jogadores que entraram em coma e morreram depois de jogar Dearth Tour.

Usando de vários estratagemas e se valendo de sua habilidade como jogador, Arthur enfim alcança o segundo nível, onde uma grande surpresa o aguarda. O terceiro nível provoca um aprofundamento da consciência do jogador para dentro do jogo, piorando as situações de risco e de perigo. Numa realidade paralela criada pelo velho Torres, Artur vai necessitar de toda a sua coragem para encontrar sua amada, libertá-la e vencer o Raptor, o alter ego do criador do jogo, que aprisiona participantes que conseguiram chegar ao terceiro nível, mantendo suas consciências cativas até que seus corpos morram.

Cheia de termos, referências e informações sobre o universo dos jogos de computador, esta história fala a língua dos jovens a quem se destina e ressalta a competência antenada de uma das melhores autoras infanto-juvenis da atualidade.

Rosana Rios tem mais de 90 títulos publicados em vinte anos de carreira. Polivalente, foi professora, roteirista de TV e de quadrinhos, autora teatral. Sua literatura é ágil, inteligente e atualizada, perfeitamente integrada ao universo dos jovens de hoje. Vencedora de vários prêmios literários, foi capaz de criar uma fábula moderna, plena de aventura, amizade, lealdade, esperteza, coragem e amor. Qualidades que todos desejamos legar às futuras gerações.
>> TERRA MAGAZINE – por Finisia Fideli


TERCEIRO LIVRO DE “ERAGON” CHEGA EM NOVEMBRO NO PAÍS

domingo | 19 | outubro | 2008

“Brisingr” é o terceiro volume da saga “O Ciclo da Herança”, de Christopher Paolini

Livro virou filme da Fox em 2006


O terceiro livro da série “O Ciclo da Herança”, do escritor Christopher Paolini, chegará às livrarias brasileiras no dia 22 de novembro. “Brisingr” é continuação da saga iniciada por “Eragon” e “Eldest”, cujo primeiro livro virou filme da Fox em 2006.

“Brisingr” foi lançado no final de setembro nos EUA e vendeu 550 mil exemplares em um único dia. No Brasil, a história é publicada pela Rocco, a mesma editora de Harry Potter no país.

A história conta as aventuras de um garoto que acha uma pedra, mas descobre que se trata de um ovo de dragão. A partir daí, passa a se preparar para virar um cavaleiro. No volume a ser lançado em novembro, Eragon se depara com o desafio de salvar Katrina das garras do rei Galbatorix.

Os livros de Paolini já venderam cerca de 15 milhões, a mesma quantidade da série vampiresca “Crepúsculo”. No entanto, o autor impactou o mercado editorial por conta de sua idade, já que tinha 20 anos quando lançou o primeiro livro em 2003.
>> ABRIL


TAIKODOM: DESPERTAR

domingo | 19 | outubro | 2008

Dois terrestres lutam para se adaptar ao futuro em meio a uma guerra estelar entre facções humanas.

BEM-VINDO AO TAIKODOM

“Ressurrectos” como Santiago e Carrera são considerados cidadãos de segunda classe, reeducados para suportar minimamente um choque do futuro bem mais brutal e avassalador do que o imaginado por Alvin Toffler. A humanidade conquistou as estrelas, extinguiu a miséria, derrotou a morte. Os dois amigos devem pensar que morreram e ressuscitaram no Paraíso, certo? Errado. Porque a singela utopia futurista começa aos poucos a revelar seu lado distópico sombrio

No livro Taikodom: Despertar, baseado no Universo Ficcional Taikodom, João Marcelo Beraldo utiliza cenas, ambientações, tramas e personagens que habitam o primeiro game massivo online 100% brasileiro. Mais que compartilhar elementos que os leitores poderão conhecer a fundo no romance e encontrar ao vivo ingame, Beraldo nos brinda com a narrativa vívida e movimentada de um conflito que põe em risco a prosperidade e a expansão da humanidade espaço adentro.  

Para quem quiser saber mais, pode encontrar o primeiro capítulo e mais informações CLIQUE AQUI

Conheça também: TAIKODON – Game Massivo Online 100% Brasileiro.


O CORINGA RETORNA PELAS MÃOS DE BRIAN AZZARELLO

domingo | 19 | outubro | 2008

O blog Vulture, da New York Magazine, fez um slideshow com cinco páginas da nova HQ do Coringa, o velho inimigo do Batman que ganhou interpretação fantástica de Heath Ledger em “The dark knight”. Veja aqui. Escrito por Brian Azzarello e ilustrado por Lee Bermejo, o gibi sai na semana que vem nos EUA e traz um Coringa visualmente bastante parecido com o de Ledger. Aqui, no blog Newsarama, você confere outras quatro páginas da mesma história. Parece promissor. Resta saber quando a Panini publicará por aqui.

Por falar em Batman, o compositor do tema do seriado de TV com o personagem, aquele dos anos 1960, faleceu no último sábado. Neal Hefti tinha 85 anos e, segundo seu filho, faleceu devido a um ataque cardíaco. Aqui você lê o obituário publicado no Washington Post. Hefti vivia na Califórnia e chegou a trabalhar com gente como Count Basie e Frank Sinatra. Além do tema da clássica série com os afetados Adam West e Burt Ward, ele também fez, dois anos depois, em 1968, o tema do filme “Um estranho casal”, com Jack Lemmon e Walter Matthau dirigidos por Gene Saks
>> GIBIZADA – por Télio Navega


ANJOS CAÍDOS

domingo | 19 | outubro | 2008

Harold Bloom às vezes é um velho ranheta, sobretudo quando se mete numa de suas frequentes diatribes spenglerianas contra a decadência da civilização ocidental ou quando veste o manto do esnobe e, confundindo gosto pessoal com juízo de valor, se recusa a ver os méritos de autores populares que o desagradam, como Stephen King e J. K. Rowling. Outras vezes, confesso que tenho mais simpatia por seu mau humor, como quando ele investe sua verve sarcástica contra a praga dos estudos culturais, um filho bastardo do pós-modernismo que dominou a crítica literária nas últimas décadas, reduzindo tudo a um documento sociopolítico.

Independente de aplaudirmos ou discordarmos, ler Bloom é sempre uma experiência enriquecedora, que nos arrasta para um turbilhão de referências, provocações e idéias instigantes, uma metralhadora giratória ágil, impelida por um impulso daimônico capaz de atravessar milênios de cultura literária em um único parágrafo, às vezes uma única linha. Não bastasse sua erudição em carne viva, ele é ainda um autoproclamado “gnóstico dos nossos dias” que, ao arsenal habitual dos críticos, junta conceitos extraídos da cabala, do sufismo e do gnosticismo como ferramentas para iluminar e amplificar a nossa compreensão da experiência.

Anjos Caídos, seu último livro lançado no Brasil, é Harold Bloom em sua melhor forma, um azougue gnóstico que, a pretexto de examinar uma figura literária, interroga a essência da condição humana: “Anjos – caídos ou não caídos – para mim só fazem sentido se representam algo que foi nosso e que temos o potencial de nos tornar de novo.”

Para mim também.
Logo no início do livro, Bloom esclarece que vai se ocupar dos anjos caídos não como objeto de crença, mas como uma figura literária. “Pode-se provocar um grande sentimento de injúria”, explica, “com a observação verdadeira de que o culto ocidental a seres divinos é baseado em vários exemplos distintos, porém relacionados entre si, de representação literária.”

É uma delimitação de terreno prudente, ainda mais numa época como a nossa, de ânimos religiosos exacerbados e conservadorismo galopante, mas não é inteiramente sincera, uma vez que Bloom está menos interessado num estudo acadêmico sobre a evolução da imagem do anjo do que em questionar seu significado arquetípico – expressão que ele não usa, aliás, mas que espreita no horizonte de cada um de seus parágrafos densos e compactos:

“Pessoalmente, concordo com os gnósticos, que diziam que caímos quando nós, os anjos e o cosmos fomos todos criados simultaneamente. Segundo o relato gnóstico, que também foi adotado por cabalistas e sufistas, nunca houve anjos ou homens não-caídos, nem mulheres nem mundos não-caídos. Chegar a existir como ente definido era ter abandonado o que os ortodoxos chamavam de Abismo original, mas os gnósticos chamavam de Mãe e Pai Ancestral. O anjo Adão foi um anjo caído logo que pôde ser distinguido de Deus.”

Uma consequência direta dessa premissa, como o próprio Bloom destaca algumas páginas adiante, é despojar o adjetivo caído de qualquer conotação moral. A queda torna-se sinônimo do vir-a-ser e o orgulho luciferino que a motiva nada mais é que o impulso em direção a uma existência independente. Entendemos o quanto a ambivalência desse impulso não se deixa circunscrever por um maniqueísmo simplório se nos lembrarmos que o nome filosófico clássico para esse impulso era principium individuationis.

“Mesmo que anjos tenham sido sempre metáforas de possibilidades humanas irrealizadas ou frustradas”, diz Bloom, “precisamos entender melhor o que estas metáforas  indicam.” Para responder a essa questão, ele se volta não para o mito da queda dos anjos ou para o relato épico que Milton compôs desse evento em O Paraíso Perdido (e que levou Blake a dizer que Milton estava do lado de Satã e não sabia), mas para o episódio bíblico da luta de Jacó com o Anjo, que alguns comentaristas identificam como Samael, o Anjo da Morte.

Bloom analisa o episódio à luz das idéias de Ibn-Arabi, um dos grandes místicos da tradição sufi (e que, por algum motivo, ele grafa Harabi): “Para Harabi, que seguiu fontes místicas judaicas nessa interpretação, era melhor falar não de um combate com ou contra o Anjo, mas sim de um combate para/pelo Anjo, porque o Anjo não pode se tornar uma verdadeira pessoa como forma sem a intercessão de um agonista humano.” Dessa fábula, ele extrai a conclusão: “Anjos caídos, demônios e diabos são meramente figuras grotescas e fascinantes se não pudermos fazer nenhum uso deles para nossas próprias vidas.”

O anjo é, então, um potencial que devemos lutar para realizar, a fim de que ele possa se encarnar em nossa existência individual. Em termos junguianos, que Bloom certamente recusaria, ele é o Si-mesmo que se realiza no mundo por meio da consciência e do ego. Mas, se o Si-mesmo precisa assumir as limitações de um eu para assumir uma forma concreta, se (para usar a metáfora cristã) o Verbo deve se fazer carne, ele só o faz a custa de trocar a eternidade inefável pela morte que inevitavelmente acompanha a consciência: “Em relação à morte, outrora fomos o Adão imortal, mas, assim que ficamos sujeitos à morte, nos tornamos o anjo caído, pois é isto que significa a metáfora de um anjo caído: a esmagadora consciência da própria mortalidade.”

E é aqui que as duas interpretações da luta de Jacó com o Anjo confluem: lutar pelo anjo, pela realização do anjo, é ao mesmo tempo lutar contra a morte, uma luta paradoxal, já que é quando o anjo se realiza que a morte advém: “O dilema de ser aberto a anseios transcendentais, mesmo que estejamos presos dentro de um animal mortal, é exatamente a situação do anjo caído, isto é, de um ser humano inteiramente consciente.” É desse paradoxo que brota a grandeza trágica do ser humano, sua vida que é ao mesmo tempo um ser-para-a-morte, a aceitação da finitude que é a marca de sua transcendência. A mesma coisa que faz de nós anjos caídos é o que alimenta aquilo em nós que mais nos aproxima do divino, o dom de criar: “Nossos impulsos mais criativos nos impelem para um confronto com o espelho da natureza, em que contemplamos nossa própria imagem, nos apaixonamos por ela e logo caímos na consciência da morte. Embora eu chame esse angelismo de ‘caído’, ele é a condição inevitável sempre que buscamos criar algo verdadeiramente nosso, seja um livro, um casamento, uma família, a obra de uma vida.”
>> ANOITAN – por Lucio Manfredi


HARRY POTTER vs TOLKIEN

domingo | 19 | outubro | 2008

O sucesso das séries “Harry Potter” e “O Senhor dos Anéis” levou muita gente a colocar os dois no mesmo saco. Afinal de contas, são muitos os pontos que as duas obras têm em comum. Ambas são de autores britânicos, abordam um universo fantástico, têm um poderoso apelo junto aos jovens, vendem milhões de livros no mundo inteiro, deram origem a filmes que também tiveram enorme sucesso. Isto faz com que muita gente raciocine como certa vez vi alguém dizendo: “Está faltando quem faça literatura de boa qualidade, e isso cria um vácuo por onde acabam entrando essas coisas tipo Harry Potter, Senhor dos Anéis…”

Peço licença para discordar. Peguemos os livros de J. K. Rowling. Ela não é uma grande estilista, sua imaginação é vulnerável a clichês (mas só percebe isto quem lê muita Fantasia inglesa), e parece ter uma tendência a escrever de forma cada vez mais prolixa. Tirando isto, seus livros são excelentes aventuras para garotos na faixa dos 8 aos 14 anos (estou falando garotos europeus, pois nem todo garoto brasileiro de 8 anos lê um livro sem figuras daquele tamanho). Têm histórias bem imaginadas (dentro das convenções do gênero), um protagonista interessante. E têm um forte senso de finalidade: o leitor sabe que cada um dos sete livros previstos irá narrar um dos sete anos necessários para a formatura de Harry como feiticeiro na escola de Hogwarts. A própria Rowling, na TV, mostrou certa vez um caderno onde ela diz ter a sinopse de todos os livros. O final já existe. Todos esperam chegar lá um dia.

Harry Potter é um entretenimento agradável, que não faz mal nenhum a um garoto, pelo contrário, dá-lhe a bendita e inesquecível experiência de “ler um livro grosso até o fim”. Li apenas os dois primeiros, e não tenho nada contra.

O Senhor dos Anéis é outra história. Tolkien é um erudito, um estilista, um poeta, e um indivíduo de pensamento profundo, com idéias vastas e complexas sobre o mundo, e que escolheu o gênero da Fantasia Heróica para exprimir estas idéias. Compará-lo com J. K. Rowling é como comparar Ingmar Bergman com George Lucas. Tolkien é um autor do mesmo time de (no Brasil) Guimarães Rosa, Ariano Suassuna e Euclides da Cunha. Pertence a uma linhagem literária de enorme valorização da tradição, do nacionalismo, e da firme convicção de que o Mundo é um campo de batalha onde se defrontam o Bem e o Mal. Seu estilo é um tanto pesadão mas clássico; os poemas que ilustram seus romances são obras impecáveis. O mundo fantástico que criou não tem paralelo. Pode-se discordar dele, mas não negar sua estatura.

Rowling e Tolkien não surgem num vácuo de ausência de boa literatura. Surgem num contexto em que a literatura fantástica vem sendo reavaliada e recriada por escritores e leitores, bem à frente, com a crítica tentando alcançá-los pouco a pouco. O mais notável deste processo é que ele seja simbolizado por autores tão distantes e tão diferentes quanto estes dois.
>> MUNDO FANTASMO – por Bráulio Tavares


ANDRÉ VIANCO E “O CAMINHO DO POÇO DAS LÁGRIMAS”

sábado | 18 | outubro | 2008

O novo livro de André Vianco está chegando.
Nessa fábula o leitor conhecerá Jonas, o pai, Ingrid, a filha mais velha e Bosco, o caçula.
Esse trio enfrentará uma jornada que levará o leitor a reflexão.
Em novembro de 2008, nas livrarias.

Trecho de “O Caminho do Poço das Lágrimas”

Jonas abriu os olhos, incomodado com a claridade. O sol brilhava e os raios chegavam filtrados pelos galhos e folhas das árvores. Tentou mover-se e então a realidade lhe foi arremessada como um balde dágua sobre a cabeça. Não conseguia se mexer porque estava preso. Preso por teias de aranha, num casulo inacreditável. Torceu a cabeça e viu Bosco e Ingrid lá embaixo. Sorriu, os filhos estavam soltos. Ia gritar para chamá-los no fito de que as crianças ajudassem a ele se libertar daquela armadilha quando notou a expressão em seus rostos. Eles pareciam com medo e se ajoelhavam no chão. Jonas balançou-se um pouco e remexeu os braços conseguindo livrar as mãos. Foi quando percebeu aquela imensa mancha negra através das folhas.
Era a aranha gigante se aproximando das crianças! Melhor posicionado, pôde vê-la por cima. Consideraria a criatura um inseto encantador e impressionante, não fosse ela o algoz de sua família. Viu a aranha abaixar o corpo, preparando-se para um bote. Precisou de todo seu autocontrole para não gritar como louco ao pressentir o perigo da situação. Os filhos só teriam alguma chance se ele conseguisse apanhar a criatura desprevenida, pelas costas, de forma tão sorrateira quanto ela fazia. Notou que, por sorte, o casulo estava completamente frouxo, talvez por conta do peso de seu corpo pendendo dentro dele a noite toda, tornando relativamente fácil sua fuga. Posicionou-se num galho grosso e conseguiu descer mais um pouco, temendo que os ramos estralassem e dessem o alarme de sua chegada. Seus olhos iam da aranha para os galhos e dos galhos para as crianças a todo instante. Pensou corretamente que, se pulasse de jeito, não conseguiria fazer o bicho explodir e fazer meleca voar para todo lado. As aranhas eram resistentes e o tamanho ampliado daquela ali certamente teria também ampliado a força de seu exosqueleto.
Tenso e nervoso, caçava um galho seco que pudesse ser retirado e usado como lança ou porrete. Talvez, se acertasse os olhos do monstro… cogitava coisas quando notou que a fera se aproximou ainda mais, movendo as presas assustadoras perigosamente para perto de Bosco. Não tinha tempo. Era agora ou nunca. Preparou o salto, fazendo mira, quando, de rabo de olho, viu o caçula tomando uma atitude que poderia distrair a criatura por mais alguns preciosos segundos. O menino levantou-se num repente e correu para a casca da árvore, escalando com agilidade o tronco e agarrando-se a uma corda de teia, se balançando, feito o Tarzan num cipó, terminando por saltar sobre as costas da aranha. O inseto correu para o lado, com as risadas de Ingrid e Bosco enchendo o ar. Jonas, tão abobado ficou, errou a mão quando ia se apoiar e despencou do esconderijo, se estabacando na graminha verde.
– Papai! – gritaram as crianças, uníssono.
– Ai, diacho! Que dor da bexiga! – reclamou o homem recolocando-se em pé.
Bosco e Ingrid vinham um de cada lado da aranha.
Jonas endireitou o corpo e ficou olhando cabreiro para aquele monstro de pêlos negros, seis olhos em forma conchas vermelhas que piscavam de vez em quando.
– Nós finalmente a entendemos, papai.
Jonas passou a mão no ombro onde tinha sido picado pela criatura.
– Ela sempre nos pareceu feia e assustadora, mas não é, papai. – continuou Ingrid.
– É, papai! Ela só veio para libertar a gente. Eu nem tenho mais medo. – falou o entusiasmado Bosco, acariciando as enormes e finas pernas peludas do inseto.
– Ela é nossa amiga, vem.
Jonas atendeu ao apelo da filha e aproximou-se da aranha. O bicho permaneceu imóvel, fixando os olhos no homem que seguia calado, respirando lentamente.
“Calma, Jonas. Já está acabando.”
Jonas deu um salto para trás.
– O que foi, pai? Tá com medo dela?
– Vocês não ouviram?
“Eles não podem me ouvir, papai Jonas. Só você”.
– Mas… mas… o quê…
Ingrid e Jonas riram.
– Acho que o papai bateu com a cabeça quando caiu, Gui.
– Pode crer, mano. Ah! Ah! Ah! Nosso velho tá ficando lelé.
“Você sabe que precisam seguir em frente. Não se distraiam mais, isso não fará bem a nenhum de vocês.”
Jonas controlou-se para que as crianças não notassem sua surpresa. Desviou os olhos da aranha para os filhos.
– Quer saber, ótimo que essa aranha esteja aqui! Vamos continuar. Ainda não chegamos ao fim do caminho.
– Esse caminho do poço das lágrimas nunca acaba, papai? Já estou cansado de tanto andar. – resmungou o menino.
Jonas apanhou Ingrid e sentou-a em cima da aranha. Depois pegou Bosco e colocou-o no cangote, levando-o de cavalinho.
– Tá melhor assim?
– Muito melhor. – concordou o menino.
– E você?
Ingrid sorriu e apontou para o caminho.
– Vamos, crianças.
Jonas começou a andar e deu uma olhadinha para trás.
– Vamos, aranha.
Sorriu ao perceber que agora o inseto também o seguia.


CARLOS RUIZ ZAFÓN: “A LITERATURA É UM ESPORTE DE ALTO RISCO”

sábado | 18 | outubro | 2008

Em entrevista a ÉPOCA, o escritor catalão Carlos Ruiz Zafón afirma que não é possível prever o sucesso de um livro e que, depois de terminar mais um romance, quer é ficar em casa. “O mundo pode esperar”, diz

Carlos Zafon: "Não sei exatamente qual é o traço comum que define a literatura de hoje em dia."

O escritor catalão Carlos Ruiz Zafón procura repetir com O Jogo do Anjo o sucesso de seu livro anterior, A Sombra do Vento, que vendeu 10 milhões de exemplares e foi traduzido em 45 línguas. Seu novo romance, que traz a história de David, um escritor fracassado e doente que recebe de um interlocutor misterioso a encomenda de escrever uma história, já está na lista dos mais vendidos do Brasil. Apesar da repercussão mundial de seus trabalhos, o romancista afirma que nunca espera nada especial de suas obras. “Ainda que eu deseje que elas tenham uma boa acolhida por parte dos leitores, a literatura é um esporte de alto risco”, diz em entrevista.

Como surgiu a idéia do livro O Jogo do Anjo?
Carlos Ruiz Zafón – A idéia do romance vem de tempos, de quando estava trabalhando em A Sombra do Vento e decidi criar um ciclo de quatro histórias independentes ambientadas nessa Barcelona gótica e misteriosa.

Por que recorrer ao ambiente do início do século XX?
Porque me interessa muito o período histórico que vai desde a revolução industrial à Segunda Guerra Mundial e me parece que ele oferece uma enorme riqueza de temas e de recursos dramáticos para o escritor.

O Jogo do Anjo pode ser classificado como um livro histórico?
Ele é muitas coisas ao mesmo tempo: uma novela histórica, um suspense, uma novela gótica, uma história de amor…

Tanto em A Sombra do Vento como em O Jogo do Anjo, o senhor trabalha com uma trama linear, com personagens muito bem definidos e um estilo de narrativa mais tradicional. Isso faz de sua literatura algo distinto daquela que vemos hoje em dia. Isso é consciente?
A Sombra do Vento não tem uma trama linear, mas, sim, composta de diferentes histórias que se complementam entre si e de relatos paralelos. Em O Jogo do Anjo emprego um arco narrativo em três atos. Sinceramente, não me parece que nenhuma das duas se ajuste ao conceito de narrativa tradicional, mas a um emprego de elementos clássicos da narrativa reconstruídos com o uso de outras técnicas. Não sei exatamente qual é o traço comum que define a literatura de hoje em dia. Minha impressão é que há de tudo e, em qualquer caso, não pretendo nem me parecer nem me diferenciar, mas, sim, encontrar meu próprio caminho e segui-lo. E, claro, sou consciente de tudo que faço: não faço nada por acaso.

O senhor se considera um escritor realista? Como define seu estilo?
Não sou um escritor realista, ou sujeito à estética do realismo, embora utilize recursos realistas onde o relato necessita. Defino-me simplesmente como um romancista, um contador de histórias. O realismo é um dos muitos perfumes que um escritor usa para narrar uma história e chegar ao leitor.

Quais são suas maiores influências literárias?
São muitas, muito numerosas para eu citar todas. Desde os grandes romancistas do século XIX, de Charles Dickebns a Alexandre Dumas e Victor Hugo ao romance negro, à literatura fantástica e à narrativa do cinema, de Orson Welles e Billy Wilder a Steven Spielberg e Ridley Scott. Tudo o que leio, vejo ou absorvo me influencia e me provoca uma reflexão. Creio que isso acontece com todos os autores, estejam conscientes disso ou não.

Barcelona é um cenário constante em suas histórias. É natural a intenção de buscar o universal em sua própria cidade? Ou Barcelona é um cenário ideal para as fantasias de um escritor?
Barcelona é a cidade onde nasci e me criei e, em algum momento, interessei-me em dar meu próprio enfoque ao imaginário literário da cidade. No entanto, se tivesse nascido em outro lugar, provavelmente o teria empregado da mesma maneira.

Como o senhor vê a literatura contemporânea de língua espanhola?
Muito diversa e em constante movimento, como todas as literaturas.

O senhor conhece as literaturas portuguesa e brasileira?
Conheço alguns autores, de Jorge Amado a José Saramago a autores mais jovens. Mas reconheço que meu conhecimento é superficial pode melhorar infinitamente.

Quais são os seus planos agora? Escrever um novo livro ou viajar o mundo promovendo o livro?
Acabo de terminar um romance e, agora, meus planos são, se possível, ficar em casa. O mundo pode esperar.

Como o senhor concilia sua vida de escritor com a de personalidade pública conhecida no mundo inteiro?
Tenho um dublê. De fato, esta entrevista está sendo respondida por ele. Diga-me se ele está fazendo um bom trabalho ou arranjarei um substituto.

O senhor esperava a repercussão mundial que A Sombra do Vento vem desfrutando?
Nunca espero nada em especial para nenhum de meus livros ainda que, claro, deseje que tenham uma boa acolhida por parte dos leitores. A literatura é um esporte de alto risco.

Um conselho ou sugestão para que uma pessoa alcance êxito como escritor…
A verdade é que não há fórmulas ou receitas fáceis. Resta-me aconsenlhar que a pessoa trabalhe duro, que persevere e que se assegure de que aquilo que entrega é o melhor que é capaz de fazer. Em última instância, essa é uma das questões em que a vida, gostemos ou não, decide por nós.
>> ÉPOCA – por Luis Antonio Giron


PAULO COELHO FESTEJARÁ EM FRANKFURT OS 100 MILHÕES DE LIVROS VENDIDOS NO MUNDO

sábado | 18 | outubro | 2008

Representando o Brasil, o imortal Paulo Coelho vai receber na feira o diploma oficial do livro Guinness de Recordes, como o escritor vivo mais traduzido do mundo. Ele também foi convidado a fazer o discurso inaugural do evento, no qual elogiou as novas possibilidades que a internet abre à literatura.

O escritor brasileiro Paulo Coelho é um dos convidados da 60a. edição da Feira do Livro de Frankfurt, onde vai comemorar os 100 milhões de exemplares de seus livros vendidos no mundo.

Além de Paulo Coelho, que também receberá um Livro Guinness dos Recordes Mundiais especial por seu romance “O Alquimista” como o mais traduzido no mundo (67 idiomas), Frankfurt contará com nomes como os Prêmios Nobel de Literatura turco Orhan Pamuk e alemão Guenter Grass.

A Feira do Livro de Frankfurt, principal encontro mundial da indústria editorial, que abre suas portas nesta quarta-feira, espera poder enfrentar a crise financeira internacional que afeta o setor (uma queda de 3,1% do faturamento nos primeiros nove meses do ano) com o sucesso do livro eletrônico.

Neste ano os livros “clássicos” só representarão 42% dos títulos expostos no salão, pois o resto se dividirá entre gravações de áudo e vídeo.

Os livros eletrônicos serão a estrela do encontro, que divulgará as obras baixadas da internet para serem lidas em telas portáteis do tamanho de um livro de bolso.
>> FRANCE PRESSE


“O LIVRO DOS CONTOS ENFEITIÇADOS”, DE MARTHA ARGEL

sexta-feira | 17 | outubro | 2008

A bruxa como personagem fantástico habita o imaginário humano há muito tempo, sendo o vilão principal dos contos de fadas. A partir dos anos 60, contudo, a bruxa deixou de ser apenas vilã para lutar ao lado de fadas e magos, exercendo um novo papel na literatura, tiradas do ostracismo com a crescente liberação das mulheres.

Dentro desta perspectiva transcorre esta série de contos, em O Livro dos Contos Enfeitiçado (Landy, 166 páginas), de Martha Argel. Tem em comum também que, na maioria deles, algumas mulheres nascem bruxas e são despertadas.

Em “Amarelo, Amarelo”, uma mulher tem que tomar conta da sobrinha por alguns dias, justamente quando tem que ir à Festa (assim mesmo, em maiúsculo). O gosto extremamente exagerado da menina pela cor amarela dá (literalmente) o tom ao conto. Nele notamos a habilidade da autora em contar a história desvendando pouco a pouco tanto o caráter da tia como da sobrinha e dando um desfecho bastante bom que pode surpreender alguns leitores

Em “Eu detesto futebol”, temos uma narrativa bem humorada de um problema comum para maioria das mulheres: o rival futebol. Numa convenção de bruxas, que também tinham este problema, elas resolvem com um feitiço poderoso suprimir o futebol da história do mundo, obtendo resultados inesperados.

Em “O Verdadeiro Poder”, a autora conta uma legítima história de bruxas e bruxos, com batalhas contra entidades malignas. Neste conto, Martha Argel demonstra conhecer bem, pelo menos em teoria, a Grande Arte.

O humor volta em “O Olho vermelho”, onde um alarme baseado em um sensor de movimento leva o hospede de um quarto a imaginar coisas apavorantes.

Ainda no viés humorístico, temos “Final Feliz”, que nos mostra um conto de fadas, contado de outro ponto de vista: será que casar é viver feliz para sempre?

O conto que dá nome ao livro, “O Livro dos Contos Enfeitiçados”, entra pela ótica do terror. Um livro escondido dentro da biblioteca de uma escola, segundo lenda que os estudantes contam, pode prender o leitor para sempre, vivendo seu pior pesadelo.

Fechando o livro, temo o conto “Sofia”, onde uma jovem fica sozinha no fim de semana de seu aniversário e terá muito que contar depois, se alguém acreditar. Um clássico de batalhas entre bruxas, muito bem escrito.

O livro é de leitura agradável e de fácil leitura, garantindo bons momentos de prazer para quem gosta de literatura fantástica.
>> HOMEM NERD – por Álvaro A. L. Domingues


RECRIANDO-SE EM LINHAS TEMPORAIS PERPÉTUAS

sexta-feira | 17 | outubro | 2008

A desgatada anedota do viajante do tempo que indaga, muito ingênuo, se deixaria de existir se matasse o próprio avô décadas antes de ter nascido, pode não causar efeito hoje. Mas histórias de paradoxos levaram à criação de um universo partilhado de Ficção Científica Brasileira, concebido por Octavio Aragão, que conjurou os melhores escritores de gênero do país e transcendeu limites midiáticos e internacionais. “Intempol – Uma Antologia de Contos sobre Viagens no Tempo” – até que essa linha temporal seja modificada – foi publicado em outubro de 2000. Lúcio Manfredi, Jorge Nunes, Osmarco Valladão, Carlos Orsi Martinho, Gerson Lodi-Ribeiro, Paulo Elache e Fábio Fernandes apresentaram suas próprias versões de uma realidade em transformação. E o drama agora é se, ao viajar para o passado, você pode ter o coração dilacerado por uma femme fatalle que nunca disse adeus num 1953 que ainda virá, receber um telefonema de Elleny Macintosh, arrancar a arma – na verdade, as duas – de seu desafeto, e ainda ter o cérebro dilacerado por um tiro de impacto fulminante. Sendo que o autor do disparo seria você mesmo, após algumas revisões temporais.

Versões de como tudo começou continuam a se manifestar em todos os arquivos de registro histórico. Um autor de nome Poul Anderson teria criado uma força policial de agentes temporais, a qual se bifurcaria entre indivíduos lineares, dragões brancos, Hip Slayers e dois sujeitos numa cabine telefônica – um destes salvador da humanidade. A loteria foi decidida num jogo de futebol, em 1982 ou 2184, quando o Brasil parou em frente às telas para vibrar. Paixão nacional é algo com a qual não se brinca. Octavio Aragão decidiu mudar os rumos da história, e os resultados foram além do que senhores do tempo poderiam supor. O Agente Anderson marca presença, alternando alcunhas familiares, não dá boas-vindas a ninguém e os fatos parecem não resolvidos. Mas Rucka O´Malley pode solucionar tudo. As pistas estão aí – basta seguir duas palavras mágicas: Jeitinho brasileiro.

Inserindo em sua narrativa mutável e contraditória todo o espírito do canalha, do velho malandro e de quem não hesita em usar métodos rothianos na hora de extrair informações de um prisioneiro, Intempol definiu uma metodologia de ação brasileira a ser seguida pelo universo. Os próprios escritores dessas alucinações reais e metódicas marcam presença nos contos um dos outros e esfacelam o tecido de qualquer sacralidade literária. Entre múmias em museus, visões em parallax e ampulhetas sedentas de sangue, não se permite ao leitor um milionésimo de segundo para respirar quando nomes de sociedades secretas milenares que não podem ser pronunciadas são aclamadas aos quatrocentos cantos de um quarto escuro, a Empresa o domina, Lobinho chama tigre, tigre, e um trovador que nunca esteve sozinho já nem sabe mais se o tempo pode ou não parar.

Dan Simmons, Lovecraft, Asimov, Borges, William Gibson e Bradbury a tudo observam. Foi dado um passo à frente nos caminhos da Ficção Científica Brasileira, e agora não somos apenas o país do Futuro, como também um povo que não se envergonha de mostrar a cara e detonar quem aparecer pela frente. O brasileiro que precedeu a recriação de cada realidade alternativa em agosto, dando nome de mágico a detetive e mostrando como Ela é capaz de deixar um homem muito preocupado com a possível remoção de suas partes íntimas também já foi reinterpretado e existe como discípulo teimoso de Will Eisner. E cada leitor de Intempol é capaz de se exterminar consecutivamente com requintes de crueldade progressiva, no exato momento que definiu sua vida, para ressurgir assistindo à cena, distante de qualquer eternidade e se julgar ainda mais perdido.
>> INTEMBLOG – por Marcus Vinicius de Medeiros


MÍDIA ESPECIALIZADA INTERFERE NA FORMA COMO O PÚBLICO VÊ QUADRINHOS

sexta-feira | 17 | outubro | 2008

A mídia especializada em quadrinhos – jornalística ou não – interfere na maneira como o leitor enxerga determinada obra em quadrinhos. A interferência teria reflexos também nas vendas e na produção dos trabalhos. Essa leitura é de Diego Figueira, pesquisador da Universidade Federal de São Carlos, no interior de São Paulo. Ele desenvolve lá um mestrado ligado à área de quadrinhos. “A mídia especializada, como formadora de opinião, é responsável por consolidar valores sobre o que é uma boa história em quadrinhos e quais são as obras e autores importantes”, diz, por e-mail.

“Hoje, uma historiografia e um cânone dos quadrinhos são definidos muito mais pela mídia do que pelos estudos acadêmicos. E isso tem influência artística e econômica na produção.”

Figueira aborda no mestrado na área de Lingüística o que chama de “cultura do fã”. O estudo busca saber como as opiniões que circulam na mídia especializada e em veículos mantidos por fãs têm interferido na criação de histórias de super-heróis calcadas na metalinguagem. É o caso de “DC – A Nova Fronteira”, seu principal objeto de estudo na dissertação. A história, já lançada no Brasil pela editora Panini, põe os super-heróis em confronto com situações reais conhecidas pelos colecionadores de quadrinhos norte-americanos.

Natural de Jaú, também no interior paulista, Diego hoje mora na mesma cidade onde faz a pesquisa. E onde vai qualificar o estudo – um estágio anterior à defesa final. A relação com quadrinhos vem de anos atrás. Em 2004, começou a colaborar com resenhas sobre a área para o “Universo HQ, site especializado em quadrinhos. Dois anos depois, criou uma página virtual própria, o “Pop Balões”, mantida em parceria com Zé Oliboni, amigo de infância. Paralelamente, desenvolve o mestrado e publica artigos, em livro ou em congressos.

Um dos estudos, “O Papel do Autor nas Histórias em Quadrinhos”, também lança uma reflexão sobre a área. O texto integra o livro “O Espelho de Bakhtin”, lançado no ano passado pela editora Pedro & João. No artigo, ele ensaia uma aproximação entre os quadrinhos e a leitura que Antonio Candido faz sobre a formação da literatura brasileira.

Na interpretação do professor emérito da Universidade de São Paulo, a literatura se forma por meio de um sistema formado entre autor, leitor e obra, unida por elementos estéticos e sócio-históricos (caso do arcadismo, por exemplo). Caberia à crítica literária articular esse processo. Para Figueira, tanto o mercado atual de quadrinhos do Brasil quanto a produção da área em si poderiam estar passando por esse sistema, devidamente adaptado.

O contato com Diego Figueira, de 24 anos, teve início numa série de conversas informais durante um congresso de Lingüística, realizado em julho deste ano em São José do Rio Preto, no interior paulista. O contato verbal se verteu em trocas virtuais e estas, na entrevista a seguir:.

No artigo, você cita, de forma rápida, um trecho de Antonio Candido. Você vê hoje no mercado de quadrinhos brasileiro o mesmo raciocínio feito por ele para a literatura como sistema?
Diego Figueira: A idéia de sistema literário apresentada por Antonio Candido refere-se a um estágio da produção literária de um país, por exemplo, em que as obras começam a ser articular a ponto de constituir uma tradição, um conjunto reconhecido como um todo orgânico. Trata-se mais de uma forma de percepção pública desse conjunto do que características inerentes às obras. Acredito que o modelo de Candido pode explicar a produção de quadrinhos em geral, pois hoje já existe, nos diferentes gêneros de quadrinhos, essa “consciência” de que a temática de uma obra ou o estilo de um autor tem semelhanças e diferenças com outros. Também podemos usar esse raciocínio para o mercado nacional, mesmo que aqui predominem obras produzidas em outros países, com um contexto artístico e econômico diferente.

Na sua leitura, qual é o papel da mídia especializada nesse processo?
A mídia especializada, entre outras coisas, tem feito o papel da crítica literária nos quadrinhos. Isso é importante para estabelecer os laços entre obras e autores na memória dos leitores. Uma obra como Sandman ou a fase de Frank Miller no Demolidor não se torna um “clássico” sozinha, mas depende de um público que a legitime como tal e para isso o espaço da crítica é importante. No caso dos super-heróis, fica difícil pensar os usos que os roteiristas têm feito da cronologia sem a colaboração da mídia especializada para construir a memória dos quadrinhos.

Quando você menciona mídia especializada, refere-se a qual mídia especificamente? A virtual ou a impressa?
Com certeza a mídia que fala de quadrinhos prosperou muito mais na Internet nos últimos dez anos, tanto no Brasil como em outros países. O número de sites sobre quadrinhos é muito maior do que o de revistas e o público da Internet também é muito maior. A internet também é mais diversificada, pois muitos veículos são blogs (como este) e até fóruns de discussão, em que o leitor pode interagir com o articulista. Na minha pesquisa, porém, eu abordo bastante a mídia impressa em diferentes momentos, desde os anos 70 com a explosão dos fanzines sobre quadrinhos. Além de serem a semente da mídia que temos hoje, estes fanzines foram o caminho para fãs que se tornaram profissionais de quadrinhos e esse novo perfil de autor trouxe muitas mudanças sentidas até hoje no mercado. Em sua origem, a mídia que falava de quadrinhos era praticamente a voz do fã. Isso contribuiu para deixar essa indústria mais sofistica e mudar a percepção públicas das HQs em vários aspectos.

Até que ponto a mídia especializada influencia na compra de uma obra, no seu entender?
Primeiramente, boa parte da divulgação dos quadrinhos hoje é feito pela mídia especializada. Como só existem propagandas de gibis dentro de outros gibis, os anúncios de lançamento e previews são um veículo importante para atrair leitores, ainda se limitem àquele público específico que já é colecionador. Logo em seguida vêm os reviews e as críticas, que podem interferir na aceitação de uma revista. Mas creio que o maior poder que a mídia especializada conseguiu foi poder ditar a moda na indústria, criando um interesse muito maior em determinados autores, personagens ou mesmo em determinados gêneros de história. Assim, a sua influência não se dá apenas sobre as vendas no mercado, mas também na produção, quando autores e editores decidem que tipo de obra levar ao leitor.

Em que estágio está seu mestrado? A que conclusões chegou até agora?
O exame de qualificação de meu mestrado está marcado para outubro. Após isso, espero concluí-lo e defendê-lo entre o final de 2008 e início de 2009. Neste trabalho, estudo como uma “cultura de fã” sobre os quadrinhos, que circula na mídia especializada e outros veículos em que os colecionadores se expressam, tem favorecido a produção de obras marcadas pela metalinguagem e pela criação de alegorias com a própria história das histórias em quadrinhos, como “Reino do Amanhã”, “Planetary”, “Promethea” e “DC: A Nova Fronteira”. É sobre essa última que trato mais detalhadamente na dissertação. Além da confirmação desta hipótese inicial, a principal conclusão a que cheguei é que justamente por não se inserir na cronologia oficial da DC, esta série pode oferecer de forma mais clara para qualquer leitor a imagem da grandeza que este universo possui e só é percebido pelos colecionadores fanáticos, pois existe de forma muito abstrata, nos textos que circulam as revistas em quadrinhos e que compõem a mídia especializada de forma geral.
>> BLOG DOS QUAADRINHOS – por Paulo Ramos


“O NECRONAUTA”: SUCESSO NOS QUADRINHOS INDEPENDENTES

sexta-feira | 17 | outubro | 2008


HQ indie com tom sobrenatural alia roteiro ágil com projeto editorial bem resolvido

Existe um apuro estético evidente na HQ O Necronauta, de Danilo Beyruth, lançado de forma independente em setembro. Antes de mais nada, chama atenção a edição bem cuidada com que o autor – o faz-tudo da revista – reserva à obra. Este mesmo esmero chega aos desenhos, à primeira vista muito próximo aos comics americanos. Este quinto número da publicação volta a ser assinado também pelo próprio Beyruth, que chamou nas últimas três edições escritores convidados.

A premissa da série aborda aventuras do Necronauta, entidade sobrenatural que tem a função de conduzir a alma dos mortos ao além. Para todos os efeitos trata-se de um super-herói (ou anti-herói, depende da perspectiva), mas a construção da personalidade tende a se tornar mais complexa. No entanto, as histórias ainda se encontram focadas no fato abordado, ainda que a história seja bem contada. A riqueza do personagem está mesmo nos detalhes (o necrodisco é ao mesmo tempo uma homenagem às comics como uma tirada bem-humorada) e em como ele interaje com as situações.

Nesta edição, o Necronauta encontra o cientista Nikola Tesla, um dos maiores estudiosos da energia elétrica, preso num plano intermediário pós-morte por conta de sua obsessão. Sem se apoiar apenas em referências, o roteiro é ágil e tem mais ação que as edições anteriores. Aos poucos, Beyruth pode criar um personagem de sucesso nos quadrinhos brasileiros, já que desenvolve com cuidado o Necronauta e todo seu universo – ainda que limitado pelo pouco espaço, já que as edições anteriores tinham apenas 8 páginas.

Ainda focando na edição do material, este número 5 aderiu ao formato americano e trouxe mais qualidade no papel de capa. No entanto, percebe-se um projeto editorial sólido, desde o primeiro número. Não deveria demorar muito para que editores percebam que o Necronauta é um dos cases de maior sucesso nos quadrinhos independentes nos últimos anos.
>> O GRITO – por Paulo Floro

NECRONAUTA 5
Danilo Beyruth (texto e arte)
[Independente, 16 págs, R$ 2,50]
À venda no site www.evilking.net