Marvel, DC e Raj Comics: um inusitado crossover não autorizado

quinta-feira | 28 | agosto | 2008
Nagraj é um dos personagens mais populares dos quadrinhos da Índia. Criado nos anos 1980 por Late Pratap Mullick, o super-herói que “consegue deter dez elefantes com os dentes” continua protagonizando aventuras em gibis mensais e edições especiais publicados pela editora Raj Comics e já ganhou versões para o cinema e desenho animado. Mas somente em 2005 o nome do personagem começou a correr o mundo, menos por suas qualidades editoriais do que pela divulgação de um inusitado crossover não autorizado que protagonizou com Super-Homem, Batman e Homem-Aranha, na década de 1980. Nesta semana, juntamente com novas informações sobre o episódio, voltaram a circular em blogs e sites da internet as imagens das páginas de Nagraj Vs. Shakoora The Magician, HQ na qual o herói indiano contracena com os famosos personagens da Marvel e da DC Comics, que chegam à Índia raptados por um mago alienígena. FONTE: Universo HQ – 28/08/2008 – por Marcus Ramone

1ª Fontes da Ficção

quinta-feira | 28 | agosto | 2008

Convite para o 1º Fontes da Ficção 

Ficção científica, terror, suspense, fantasia, esoterismo e mistério. Todos estes ingredientes não vão faltar em um novo espaço, aberto para compartilhar aventuras, impressões, contos e lançamentos de livros. A partir de agosto a Livraria Martins Fontes, juntamente com a Giz Editorial, promove o 1º Fontes da Ficção. Um encontro de vários mundos, dedicado completamente à literatura ficcional e de suspense, mistério e medo. No primeiro evento, dia 29 de agosto, sexta-feira, os autores discutirão temas como o amor vampiro, as lendas do folclore nacional, os mitos do Renascimento e os apócrifos cristãos. O evento marcará também o lançamento oficial do site Fontes da Ficção, mantido por quatro escritores, que trará semanalmente textos inéditos focados na temática do suspense e do mistério. O evento ocorre na Martins Fontes Paulista (Av. Paulista, 509 – Cerqueira César – Tel.:  11-2167-9900 ), das 19h às 21h, com participação de Sérgio Pereira Couto, J. Modesto, Nelson Magrini e James Andrade.

Mais quadrinhos Disney cancelados na Europa

quarta-feira | 27 | agosto | 2008
Os cancelamentos de quadrinhos Disney que vêm atingindo vários países chegaram à Itália e tiraram de circulação o gibi mensal do Tio Patinhas. Zio Paperone 216, lançado neste mês, foi o derradeiro suspiro de um título publicado há mais de 20 anos e para o qual foram produzidas centenas de histórias do pato mais rico do mundo, muitas delas traduzidas para outros países, incluindo o Brasil. Na última página da edição, os editores divulgaram uma carta de despedida e agradecimento aos leitores que acompanharam as aventuras do Tio Patinhas durante todos esses anos. A partir de agora, o personagem deverá aparecer com menos freqüência, buscando espaço nas outras publicações da turma de Patópolis. As baixas vendas da revista motivaram o cancelamento. O fato preocupa os leitores porque a “Velha Bota”, além de um dos raros países em que continuam a ser produzidas histórias inéditas dos personagens tradicionais da Disney, é onde eles ainda gozam de considerável popularidade. FONTE: Universo HQ – 27/08/2008 – por Marcus Ramone

CONHEÇA A SÉRIE ‘CRUSOE’

terça-feira | 26 | agosto | 2008

 
A NBC se prepara para estrear a série “Crusoe” no dia 17 de outubro com um filme piloto de duas horas de duração. O canal Fox já divulgou que comprou os direitos de exibição da série no Brasil, mas ainda não agendou uma data de estréia.

Com base na obra literária “Robinson Crusoe”, de Daniel Defoe, a série conta com a co-produção da Power, uma produtora inglesa independente, da Moonlighting, da África do Sul, e da Muse, do Canadá. Estão programados 13 episódios iniciais que estão sendo filmados em Londres, York, e na África do Sul. Ao que me consta, esta é a terceira produção de série americana a ser filmada no continente africano, sendo o filme de “24 Horas” e a minisérie “O Prisioneiro”, as outras duas.

Estrelada por Phillip Winchester, Tongayi Chirisa, Anna Walton, Sam Neill, Sean Bean, a série pretende fazer uma adaptação moderna do clássico da literatura. Considerada a história do Século XVIII sob a lente do Século XXI, a produção irá retratar Crusoe em dois momentos paralelos: sua vida na Inglaterra onde conheceu e se casou com Susannah, bem como sua relação com seu mentor, Jeremiah Blacktorp, até sua partida em um navio. O outro momento é sua vida como náufrago em uma ilha.

A comparação narrativa com “Lost” será inevitável, mas os fãs desta produção deverão levar em conta que ela não introduziu esta estrutura nas séries de TV, embora atualmente, seja a mais famosa e com certeza será apontada como referência. Foi “Kung Fu” em 1972 que introduziu a narrativa parelela do passado e presente em uma trama fixa, na qual apresentava dois momentos da vida de Kwain Chang Cane. uma em um templo e outra no velho oeste.

De qualquer forma, a história do personagem se apoiará em uma obra literária publicada em 1719, na qual temos um homem que sofre um naufrágio e se vê perdido em uma ilha tropical por 28 anos. Lá, faz amizade com Sexta-Feira, um nativo que lhe serve de companhia e que o ajuda a manter a sanidade mental. Os produtores divulgaram que pretendem unir elementos de “Profissão: Perigo/MacGyver”, “O Náufrago” e “Piratas do Caribe” para desenvolver as aventuras na Ilha. Isto porque o personagem irá encontrar as mais diversas dificuldades para se manter vivo em uma ilha sem qualquer traço da civilização, além de enfrentar piratas e outros inimigos que deverão surgir ao longo da história.

A história foi escrita com base em várias referências, como a da experiência vivida por Alexander Selkirk, um escocês que se tornou náufrago em uma ilha do Pacífico por quatro anos; o livro “Philosophus Autodidactas”, situada em uma ilha deserta, também é apontado como influência de Defoe para a crianção de “Robinson Crusoe”. E ainda existe um outro livro, “An Historical Account of the Island Ceylon”, biografia de Robert Knox sobre seu período vivido em uma ilha.

De qualquer forma, “Robinson Crusoe” se tornou um clássico apontado como manifesto do desenvolvimento da civilização, da economia individual e da colonização eruopéia. Seu sucesso inspirou um novo gênero, o robinsonismo, que influenciaria o surgimento de outras obras literárias, como “A Família Robinson Suíça/The Swiss Family Robinson”, escrita por Johann Wyss em 1812, e ainda “Viagens de Gulliver/Gulliver´s Travels”, publicada em 1726, que faz referência à Robinson Crusoe.

Na história original, Crusoe é um jovem inglês que embarca em uma viagem no ano de 1651, contrariando sua família que deseja que ele fique em Londres e crie raízes. Ele sofre um naufrágio, mas é resgatado. Ainda buscando novas aventuras, Crusoe embarca em uma outra viagem. Desta vez, o navio é atacado por piratas e Crusoe é feito escravo. Ele escapa juntamente com um garoto e retorna ao continente. Sem desistir de suas viagens, Crusoe conhece o capitão de um navio português na costa africana que está de partida para o Brasil onde entregará alguns escravos. Assi, Crusoe chega ao Brasil onde se torna proprietário de uma plantação. Mas a vida sem aventuras não lhe agrada e ele parte novamente em um outro navio de escravos.

É este que naufraga durante uma tempestade no ano de 1659, tornando-se o único sobrevivente em uma ilha. Depois de conseguir resgatar partes da estrutura do navio, ele consegue construir sua nova morada. Logo aprende a sobreviver com o que a ilha oferece e se torna um homem religioso. Anos mais tarde, ele descobre que não vive sozinho na ilha. Ela é visitada por uma estranha tribo de canibais que realiza ali o ritual de matar e comer prisioneiros. Quando um dos prisioneiros escapa, Crusoe o ajuda a se esconder. Ele o batiza de Sexta-feira, dia da semana em que se conheceram, e o ensina a falar seu idioma, convertendo-o ao cristianismo.

A Família Robinson Suíços

Pelo elenco da série, a história deverá seguir esta linha narrativa, já que está presente o ator português Joaquim de Almeida, que tem feito vários trabalhos internacionais, incluindo Hollywood. Ele interpretou Salazar no terceiro ano da série “24 Horas”.

Esta será a primeira vez que a obra “Robinson Crusoe” será retratada em uma série de TV, ou mesmo minisérie, americana. A história já tinha sido transformada em série pela TV da Bélgica em 1980, com “Robinson Crusoe”; em minisérie pela TV francesa em associação com a TV alemã, em 1964 com “Les Aventures des Robinson Crusoe”, em três episódios.

O mais próximo que a TV americana chegou foi na adaptação da obra “The Swiss Family Robinson”, com a série “A Família Robinson”, produzida por Irwin Allen em 1975 e que ganhou um remake em 1998. Ou mesmo a adaptação da idéia, com séries como “Perdidos no Espaço”, “Terra de Gigantes”, ambas de Irwin Allen”, ou ainda “A Ilha dos Birutas/Gilligan´s Island” todas dos anos 60, chegando aos dias de hoje com “Lost”. Uma obra escrita no século XVIII e que conseguiu sobreviveu ao tempo e às novas mídias.
>> TV SÉRIES – por Fernanda Furquim


GRAPHIC NOVEL POLÊMICA ENSINA A TRAFICAR DROGAS NA EUROPA

terça-feira | 26 | agosto | 2008


O estreante Jason Wilson é o artista da vez no mercado de quadrinhos da Inglaterra. Mas o burburinho em torno de seu nome não está restrito apenas aos círculos de fãs de gibis e já virou tema de discussões entre autoridades da região de Midland West.

E o motivo é o lançamento do álbum de luxo Him & Her’s Smuggling Vacation (algo como As Férias de Contrabando Deles, em tradução livre), escrito e desenhado por Wilson e inspirado em um episódio verídico da juventude de seu pai, Anthony Cyril Spencer, que traficou maconha da Espanha para a Inglaterra fazendo uma ponte por outros países da Europa sem ser incomodado.

Spencer já foi declarado pela polícia inglesa um dos criminosos mais procurados do Reino Unido. Por fabricação e contrabando de drogas e assalto à mão armada, ele havia passado duas décadas na prisão antes de, no início desta década, ser novamente condenado a seis anos de reclusão na Espanha, por tráfico de maconha. Nesse último período de cárcere, o traficante se uniu ao filho para contar sua história na graphic novel.

O problema, porém, é que, mesmo se tratando de uma aventura escrita em tom de pura comédia e misturada a elementos ficcionais, Him & Her’s Smuggling Vacation está sendo apontada como um guia detalhado e completo de como traficar drogas para a Inglaterra.

E não é para menos. Na HQ, há explicações sobre os melhores meios de transporte para esse fim; como levar maconha pelo mar e secá-la em terra; formas seguras de comunicação dos planos; descrição de como os policiais agem nas operações de vigilância; e muitas outras revelações que estão causando desconforto na polícia e entre os políticos.

“Estou absolutamente constrangido. Não quero impedir que criminosos escrevam sobre suas experiências. Mas colocar informações como essas em uma revista em quadrinhos é altamente perigoso, pois só aumentará o conhecimento criminal dos presos”, disse Khalid Mahmood, do partido Labour e membro do Parlamento do Reino Unido, em entrevista ao jornal britânico Sunday Mercury News. “Não podemos transformar nossas prisões em universidades do crime”, completou.

A preocupação de Mahmood se deve ao fato de que a graphic novel já é sucesso entre os detentos da prisão de Winson Green, que receberam alguns exemplares das mãos de amigos e parentes. Para desespero das autoridades inglesas, a intenção de Jason Wilson é a de que sua HQ chegue a todas as prisões da Inglaterra.

Lançada originalmente em seu próprio site, no ano passado, a história em quadrinhos era disponibilizada em capítulos até chamar a atenção da editora Dealer Comics. A publicação online foi interrompida na página 66 e a versão impressa (completa, com 74 páginas) já está circulando há cerca de dois meses.

Além da população carcerária, os fãs de quadrinhos e a crítica especializada também reagiram positivamente à HQ, registrando opiniões em blogs e fóruns de discussão na internet européia e norte-americana.

Isso porque, livre de qualquer preconceito ou moralismo, é fácil encarar Him & Her’s Smuggling Vacation como uma leitura obrigatória para quem gosta do estilo europeu de fazer HQs de humor com arte expressiva e caricatural, diálogos cortantes e diagramação quase caótica dos balões.

E embora Wilson afirme que sua graphic novel não tem a intenção de conferir uma áurea heróica aos criminosos, nas cenas de quase prisão ou de fuga do personagem principal é difícil não torcer a favor daquele que deveria ser encarado como um dos vilões da história e é mostrado como uma simpática vítima diante do leitor.

Segundo o Sunday Mercury News, ainda não há manifestações oficiais da polícia ou do departamento prisional de Midland West sobre o assunto. Por enquanto, não existem impedimentos legais contra a leitura do álbum dentro dos presídios.

E do lado de fora, a publicidade espontânea está garantindo um ótimo resultado de vendas, de acordo com informações de Jason Wilson.

Além disso, o impacto do tema nos leitores vem gerando comentários bem menos acalorados que os das autoridades inglesas. “Já imaginou se o álbum fosse impresso em folha de maconha? (…) Ficaria mais fácil passar pela fiscalização”, brincou um visitante do blog norte-americano The Beat.

As primeiras 66 páginas de Him & Her’s Smuggling Vacation continuam disponíveis para download no site da publicação, que apresenta, entre outras atrações, galeria de esboços e informações adicionais sobre a HQ. >> UNIVERSO HQ – por Marcus Ramone


COMÉDIA MONSTRO

segunda-feira | 25 | agosto | 2008

Clássico da literatura de terror vira piada nas mãos dos palhaços da companhia La Mínima, em cartaz em SP

Cena de "O Médico e os Monstros", que inicia temporada gratuita neste sábado (23), em SP

De monstro todo adolescente tem um pouco. Essa parece ser a máxima ao final do espetáculo “O Médico e os Monstros”, da companhia La Mínima, que acaba de estrear no Teatro Popular do Sesi, em São Paulo.
A peça, adaptada por Mário Viana a partir do romance “The Strange Case of Dr. Jeckyll and Mr. Hyde”, do escocês Robert Louis Stevenson (1850-1894), conta uma história antiga, escrita em 1886, de um jeito bem contemporâneo com uma pegada roqueira na trilha sonora, texto ágil e com gírias e referências ao universo pop (cinema, desenho animado e HQ) e ao noticiário.

Ou seja: se você costuma torcer o nariz para os clássicos, pode ser a hora de rever sua opinião. “O jovem leva um susto quando percebe que o clássico é mais moderno do que ele esperava”, diz Mário Viana, 48, que transpôs o cânone para o palco.

Domingos Montagner atua como Dr. Jekyll em "O Médico e os Monstros"

Esqueça também do clima de suspense do romance sobre o médico Henry Jeckyll, que busca uma fórmula capaz de isolar o mal da alma. Em vez do clima de terror criado para dar o surgimento de Edward Hyde, o terrível monstro que nasce dessa mistura, entra em cena a comédia rasgada.

Não era para menos. Dois palhaços veteranos, Domingos Montagner (o médico) e Fernando Sampaio (o monstro), do grupo circense La Mínima, exploram em cena os paralelos entre o cientista e a criatura, e as figuras do Branco e do Augusto (clássica dupla de palhaços). Outros quatro atores afiados, com destaque para Fábio Espósito como o criado Poole, dividem o palco do Sesi.

Na direção de Fernando Neves (cia. Os Fofos Encenam), a montagem carrega personagens que não existem no clássico de Stevenson, mas foram fazendo fama nas diversas adaptações no cinema. “Há referências até de Pernalonga, o maior palhaço do desenho animado, que tem episódio que trata do médico e do monstro”, diz Montagner, 46.

Sem blablablá
O dramaturgo conta que a preocupação foi “não debilitar o tema, fazer um blablablá bobinho”. “O adolescente está questionando tudo, acha que o mundo é uma droga, e tem que achar isso mesmo. Então ele é mais exigente do que os adultos”, completa o dramaturgo, que já escreveu dois outros textos para jovens, “Carro de Paulista” e “Bolo de Noiva”.

Viana compara o monstrengo Hyde ao adolescente. “O Hyde é feio, é cruel, mas é também o rebelde da história. A primeira coisa que ele fala é: “E aí, quero sair para a balada. Cadê a minha mesada?'”, conta.

“Todo adolescente se sente meio monstro diante do mundo estabelecido. E, fisicamente, é uma fase em que tudo está em transformação no corpo, a voz estranha e a cara cheia de espinhas…”, lembra.
>> Folheteen – por Gabriela Romeu


SCI FI CHANEL ENCOMENDA PRODUÇÃO DE STARGATE UNIVERSE

segunda-feira | 25 | agosto | 2008

Com o anúncio do cancelamento de “Stargate: Atlantis” nesta semana, o canal Sci Fi deu sinal verde para o início da produção de “Stargate: Universe”. Esta nova série da franquia estava prometida desde o ano passado, quando divulgaram o interesse de dar continuidade a este universo que originou-se de um filme produzido para o cinema em 1994.

“Stargate SG1”, a primeira da franquia para a TV, é considerada a mais longa série de ficção científica nos EUA. Iniciou em 1997 e terminou em 2007 com um total de 211 episódios em dez temporadas. Um gênero que tem dificuldades em se manter por tanto tempo, em função da audiência x custo de produção, “Stargate SG1” conseguiu se tornar um marco. “Stargate Atlantis” iniciou sua produção em 2004 e fechará agora em 2008 quando completa os almejados 100 episódios, que lhe permitirão sobreviver em syndication/reprises.

“Stargate Universe” terá um filme piloto de duas horas de duração a estrear na TV americana no início de 2009. A série está prevista para estrear logo depois. Brad Wright e Robert Cooper, co-autores da versão para a TV de “Stargate”, continuam na equipe de produtores e roteiristas.

Cena de “Stargate Atlantis”

A chegada tão rápida de “Stargate Universe” é uma estratégia do canal para seduzir o público, fão do gênero ficção científica que ficará orfão de “Stargate Atlantis” e de “Battlestar Galactica” no ano que vem. Muito embora esteja sendo planejada pelo próprio canal uma spinoff de “Battlestar Galactica”, chamada “Caprica”, ela ainda é apenas um piloto, sem previsão de ser transformada em série. Mesmo que isto ocorra, “Caprica” terá aventuras em terra, ao contrário de “Stargate Universe” que será situada no espaço. Os produtores também pretendem captalizar o interesse que o novo filme de “Jornada nas Estrelas” irá gerar nos cinemas. O qual por sua vez está captalizando o público de “Lost” ao trazer J. J. Abrams para a direção do longa-metragem.

A nova versão de “Stargate” irá trazer um grupo de exploradores que encontram uma nave antiga chamada Destiny. Sem conseguir voltar para a Terra, eles se mantém a bordo da nave que está pré-programada para levá-los ao lugar mais distante do universo. Os produtores procuram por um ator conhecido para interpretar o líder do grupo. Os demais personagens serão vividos por atores desconhecidos do grande público na faixa etária dos 20 e poucos anos para capitalizar a audiência jovem. Não estão descartadas as participações especiais de atores das séries anteriores da franquia.

Quanto à série “Stargate Atlantis”, ela terá continuidade no DVD, tal qual sua predecessora. Já foi encomendado um filme de duas horas de duração.
>> TV SÉRIES – por Fernanda Furquim


EXPOSIÇÃO HOMENAGEIA PRECURSORES DO GRAFFITI EM SÃO PAULO

segunda-feira | 25 | agosto | 2008

"Pantereta", graffiti de Alex Vallauri.

Os desenhos coloridos que tomam grandes muros da cidade e transformaram São Paulo em um dos expoentes da arte urbana hoje mal chegam a lembrar os trabalhos que eram feitos nas ruas nos anos 70. Apesar dessa aparente distância, a exposição “Setenta e oito, setenta e nove: precursores do graffiti em São Paulo” homenageia alguns dos primeiros representantes do movimento no Centro Cultural São Paulo. A mostra apresenta parte da obra de artistas pioneiros da produção contemporânea brasileira principalmente no que diz respeito à intervenção no espaço urbano, apontando ligações entre poesia visual e graffiti.

Nos anos de 1978 e 1979, o Brasil ainda se via as voltas com a ditadura militar. Buscando burlar e driblar os mecanismos de censura e repressão, bem como ampliar o raio de ação da arte contemporânea, esses artistas exploraram formas de expressão experimentais como adesivo, livro de artista, arte postal e estampa em roupas, xerox, videoarte, performance e publicações de poesia visual. Além desses trabalhos, serão expostos ainda importantes peças do arquivo do Centro Cultural São Paulo, muitas das quais foram tratadas e restauradas, e também novas aquisições como o livro Poemobilies de Augusto de Campos e Julio Plaza.
>> ÉPOCA

De 16 de agosto a 14 de setembro
terça a sexta-feira, 10h às 20h
sábados, domingos e feriados, 10h às 18h.
Centro Cultural São Paulo: R. Vergueiro, 1000 – Paraíso
tel.: (11) 3383-3402. Grátis.


AS MÁQUINAS LITERÁRIAS

domingo | 24 | agosto | 2008

Edgar Allan Poe acreditava que, se fosse capaz de criar a beleza e tocar a sensibilidade dos seus leitores, já era o bastante.

Em 1841, Edgar Allan Poe publicou o conto “Os assassinatos da Rua Morgue”, onde o detetive Dupin esclarecia um crime misterioso: duas mulheres barbaramente assassinadas num apartamento cujas portas e janelas estavam todas trancadas por dentro. Não havia sinal do assassino. Por onde ele teria entrado e saído? O conto de Poe teve enorme sucesso, principalmente pelos métodos de raciocínio usados pelo detetive, o qual acabaria anos depois inspirando a Conan Doyle a criação do detetive mais famoso de todos, Sherlock Holmes, cujo modo de pensar imita o de Dupin.

Em 1895, H. G. Wells publicou “A máquina do tempo”, história de um cientista que construía esta máquina e viajava para o futuro remoto, onde passava por uma porção de aventuras e depois retornava a Londres para dar seu testemunho sobre o futuro da humanidade. Até então, histórias de pessoas que viajavam no Tempo usavam sempre meios não-científicos: um sonho, uma poção mágica, uma sessão hipnótica, um distúrbio mental… Coube a Wells ter a idéia de uma máquina, e da teoria por trás dela, a qual deu origem ao termo hoje tão comum de “quarta dimensão” para designar o Tempo. O livro de Wells é um clássico da ficção científica, tendo sido adaptado várias vezes para o cinema, uma delas no ano passado.

O que estas duas narrativas têm em comum? Elas foram tão imitadas que acabaram virando sub-gêneros. Hoje em dia, histórias de máquinas do tempo se tornaram tão comuns quanto histórias de espaçonaves. Desde o seriado de TV “Túnel do Tempo” até filmes recentes como a série “Exterminador do Futuro”, essas histórias fazem parte do vocabulário da literatura e do cinema. Do mesmo modo, histórias de crimes em aposentos trancados de onde o criminoso desaparece misteriosamente são um popular sub-gênero da literatura policial. Em sua pesquisa bibliográfica a respeito (Locked Room Murders, 1991), Robert Adey relaciona um total de 2.019 histórias que usam variantes deste artifício.

Um gênero literário nada mais é do que um conjunto de convenções, temas, situações, etc., que têm poder de atrair a imaginação dos autores e a curiosidade dos leitores. Alguma coisa nos crimes de quarto fechado e nas máquinas do tempo exerce esse tipo de sedução. Poderíamos ampliar muito esta lista: a situação romeu-e-julieta (amantes pertencentes a grupos inimigos) é outra que já foi explorada por todo mundo. Seria curioso se neste século surgissem novos sub-gêneros a partir de outras obras. Por exemplo: têm surgido cada vez mais narrativas cujo elemento central é um manuscrito misterioso (ou livro sobrenatural) que é procurado por todos, e que deixa um rastro de tragédias ou epifanias atrás de si. Em obras de H. P. Lovecraft, Jorge Luís Borges, Garcia Márquez, Umberto Eco, Arturo Pérez-Reverte, Rubem Fonseca, esta interessante idéia começa a florescer. Uma boa idéia literária gera uma reação em cadeia, e um século depois nasceu um novo gênero.
>> MUNDO FANTASMO – por Bráulio Tavares


LANÇAMENTO DE “DESPERTAR DO DRAGÃO”, O NOVO LIVRO DA SAGA “A CAVERNA DE CRISTAIS”

sábado | 23 | agosto | 2008

Sessão de autógrafos na Bienal do Livro de São Paulo do livro “Despertar do Dragão”, da saga A Caverna de Cristais.


TARDE DE AUTÓGRAFOS EM DOBRADINHA NA BIENAL DO LIVRO

sábado | 23 | agosto | 2008

Fábulas do Tempo e da Eternidade (Cristina Lasaitis) & Pelo Sangue e Pela Fé (Claudio Villa)Neste sábado, dia 23/08, das 14:30 às 16:00 no estande da Daemon loja de RPG (rua A, avenida 4) na Bienal Internacional do Livro de São Paulo!


“ELFEN LIED”

sexta-feira | 22 | agosto | 2008


Lançado por Lynn Okamoto, Elfen Lied Conta a historia de uma evolução da raça Humana, os Diclonius. Apesar de nascerem de pais normais, eles possuem poderes como de sexto sentido e chifres, e por causa desse chifre, diferente para as outras pessoas, são excluídos, sofrendo forte preconceito, até mesmo de seus pais. Acabam usando seus poderes (vectors) para o mal, matando todos os que se aproximam deles e tendo prazer com isso.

Se algum deles é capturado, é mantido em segredo em uma instituiução de segurança maxima e submetido a testes, pois eles tem poder suficiente para extinguir toda a raça humana

No centro da historia, está Lucy, uma poderosa Diclonius criada por humanos, que foge do centro de pesquisas, massacrando todos que vê pela frente com seus poderes. Na fuga ela cai no mar ferida na cabeça indo para na praia da cidade de Kamakura.

Na praia Kouta e Yuka encontram Lucy, nua e desacordada. Na queda, Lucy perdeu a memoria e a capacidade da fala – só consegue falar uma coisa: Nyuu. Ela então é apelidada de Nyuu, e é acolhida na casa de Yuka e Kouta.

Nisso toda a guarda especial da instituição estão atrás dela, enviando a polícia e outros Diclonius para recuperar Lucy, desencadeando uma perseguição que irá matá-la se for preciso.

Apesar da música da abertura, Lilium, ser toda em latim, com vocal lírico e baseada em passagens bíblicas, o anime choca muito pelo excesso de cenas fortes de violência explícita e muita nudez.

Apesar de não ser distribuído no Brasil, a obra em DVD é distribuída, nos EUA com extras imperdíveis e muita gente por aí está dando um jeito ou outro jeito de ver os episódios mesmo não tendo saído no país.
>> OUTRA COISA – por Lorena Boyer


QUADRINHOS DE JORNADA NAS ESTRELAS VOLTAM A SAIR NO BRASIL

quinta-feira | 21 | agosto | 2008

Capa norte-americana do álbum "Herança de Sangue", o primeiro a ser lançado no Brasil pela Devir

 
A Devir não tem nenhum lançamento específico para a 20ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo, mas a editora vai distribuir no evento paulistano um folheto anunciando uma novidade: a volta de publicações em quadrinhos baseadas na série de TV “Jornada nas Estrelas” (Star Trek).

Segundo a Devir, estão fechados quatro encadernados com material norte-americano da editora IDW, a mesma da série de terror “30 Dias de Noite”. O primeiro está programado para outubro. O segundo pode ser lançado até o fim do ano.

A obra de estréia é a única que já tem nome em português: “Jornada nas Estrelas – Klingons: Herança de Sangue”. O álbum reúne as cinco partes da minissérie, escrita por Scott e David Tipton e desenhada por David Messina, autores ainda pouco conhecidos no Brasil.

As histórias recontam os encontros entre a Frota Estelar -à qual pertencem o Capitão Kirk e o vulcano Senhor Spock- e os inimigos Klingons. Com um detalhe: a narrativa é do ponto de vista dos Klingons.

Os relatos têm início nas aventuras da chamada série clássica -exibida nos Estados Unidos entre 1966 e 1969- e terminam pouco antes do sexto longa-metragem da franquia, de 1991. Os extras deste volume trazem a primeira parte da história, mas com balões reescritos na língua klingon. O enfoque do segundo álbum, “Space Between”, é na Nova Geração da série, formada por outros atores.

O volume seguinte, “Star Trek – Alien Spotlight”, é uma coletânea de histórias produzidas por diferentes autores. Um deles é John Byrne, que fez fama criando histórias para os principais super-heróis das editoras norte-americanas Marvel e DC Comics. O quarto álbum é “Star Trek Year Four”. A obra narra as aventuras do quarto ano da série clássica, ano que, na verdade, nunca existiu.
O seriado foi cancelado ao final da terceira temporada, em 1969.

As viagens da nave estelar Entreprise, em sua missão contínua de desvendar novos mundos e novas civilizações, já passaram por diferentes constelações editoriais, tanto nos Estados Unidos quanto por aqui. A decolagem em edições brasileiras teve início no fim da década de 1960, época em que o seriado começou a ser exibido na extinta TV Excelsior. A revista foi lançada pela EBAL (Editora Brasil-América) e usava material da norte-americana Gold Key. A publicação teve vida curta. Viajou, na década seguinte, para a Editora Abril, que lançou a série em formatinho, tamanho semelhante ao das revistas infantis vendidas nas bancas. De novo, poucas edições.

A Abril voltou a apostar em “Jornada nas Estrelas” em 1991, ano em que a série comemorava 25 anos. Foi na mesma época em que a extinta TV Manchete voltou a exibir o seriado, com nova dublagem, feita pela VTI, do Rio de Janeiro. É a que consta nos DVDs lançados no Brasil. A versão nacional anterior era da AIC São Paulo.

A revista começou a ser vendida em 1991 e era escrita por Peter David, autor que fazia sucesso na revista mensal do Incrível Hulk. David deu um leve toque de humor para as histórias, que se alternavam com as da Nova Geração. Mais uma vez, vida curta. No nono número, foi cancelada.

A fronteira final editorial ainda não tinha chegado. Em agosto de 2002, a Brainstore publicou o álbum “Jornada nas Estrelas – Dívida de Honra”. A obra se diferenciava das demais por ser produzida no formato das graphic novels norte-americanas. A história era escrita por Chris Claremont, famoso por fazer aventuras dos X-Men, e desenhada por Adam Hughes, hoje um dos principais autores de capas dos EUA. A trama se passava após os eventos narrados no quarto longa-metragem da série.

O retorno da franquia ao Brasil, agora publicada pela Devir, se pauta no novo filme de “Jornada nas Estrelas”, que estréia no ano que vem. O longa-metragem é dirigido por J.J. Abrams, criador das séries “Alias” e “Lost”.

Atualmente, a série clássica pode ser (re)vista em DVD ou na Rede Brasil de Televisão, que traz sinal aberto, inclusive no site da emissora (clique aqui).
>> BLOG DOS QUADRINHOS – por Paulo Ramos


FANTASIA À BRASILEIRA? POR QUE NÃO?

quarta-feira | 20 | agosto | 2008


Passa por um momento interessante a literatura brasileira de ficção científica, terror e fantasia – ou como se diz mais genericamente, ficção especulativa, visto que os híbridos dos três gêneros são cada vez mais comuns. Depois de uma relativa seca que durou a maior parte dos anos 80 e 90, novos escritores e novas obras têm surgido em um ritmo que, mais que firme, mostra alguma tendência de crescimento em quantidade e qualidade. A maior parte dos trabalhos é de autores iniciantes e inexperientes e – como em qualquer ramo da literatura – muita coisa é medíocre. Mas também começam a aparecer textos que merecem ser lidos.

Por trás de boa parte da nova onda está o estímulo à literatura amadora proporcionado pela internet, que facilitou o contato entre autores e a publicação de textos em blogs e fanzines eletrônicos. Boa parte deles começa por produzir fanfics, contos amadores sobre filmes, mangás e seriados famosos, de Star Wars a Pokémon. São textos às vezes desajeitados ou de mau gosto, mas ocasionalmente servem aos mais esforçados como ensaios para vôos mais altos.

Outro é o sucesso nas livrarias e nos cinemas de obras como Senhor dos Anéis e Harry Potter e, mais recentemente, das obras de Neil Gaiman, que passou dos roteiros de quadrinhos e filmes aos contos e romances e, a julgar pelas filas por autógrafos em Parati, talvez seja hoje o maior ídolo literário dos jovens brasileiros.

Este é um fator ambivalente, já que faz pipocar pela internet demasiados candidatos a escritores que nunca leram um livro fora da escola, não aprenderam a alinhavar um parágrafo que faça sentido, mas julgam ter uma fórmula mágica para a mega-heptalogia épica que revolucionará a literatura brasileira e mundial e os fará mais ricos e famosos que J. K. Rowling e os maiores intelectuais do Brasil e do planeta. Proliferam como (paulos) coelhos. Parece exagero? Infelizmente, não é, mas também há os de ambições menos infladas e habilidades mais desenvolvidas que chegam a algo digno de atenção.

Vale anotar também a influência da moda dos role-playing games (RPGs), jogos nos quais os participantes assumem o papel de personagens de ficção, mais freqüentemente da literatura fantástica. Entre os RPGs mais populares dos anos 90, estiveram os baseados em Senhor dos Anéis e fantasias épicas mais ou menos análogas, como o ainda popular D&D; na série vampiresca de Anne Rice iniciada com Entrevista com o Vampiro, da qual saiu a série de RPGs “Mundo das Trevas” da editora estadunidense White Wolf; e na ficção científica de William Gibson, um dos fundadores do subgênero conhecido com cyberpunk com o romance Neuromancer, primeira matriz de jogos como Cyberpunk 2020 e GURPS Cyberpunk, que também tiveram seus momentos de glória.

Não deve ser à toa que, se forem excluídos os clones de Star Trek e Star Wars, os elfos, vampiros ou cyberpunks continuam a surgir em nove entre dez tentativas de escrever ficção especulativa no Brasil – e em uma proporção menos esmagadora, mas ainda significativa, das obras aproveitáveis.

A construção de uma aventura de RPG é necessariamente muito esquemática em termos ficcionais, pois ainda que uma cena ou situação seja proposta pelo “mestre” ou “narrador”, o desenvolvimento e o desfecho dependem muito da iniciativa e dos caprichos dos jogadores. A diversão e a rapidez na improvisação são mais importantes que coerência e uma boa elaboração, de modo que a transcrição de uma sessão raramente é interessante para quem dela não participou, mesmo que seja fã do mesmo jogo. Mas ao menos algumas das pessoas que viveram esses mundos fantásticos sentiram-se tentados a explorar melhor seu potencial literário e estão percorrendo o caminho inverso, do RPG à literatura.

Sintoma disso é que os dois primeiros simpósios de literatura fantástica do Brasil – as Fantasticon 2007 e 2008 – foram promovidos pela editora Devir, originalmente especializada em RPGs de mesa. Foram, ademais, celebrados nos meses de julho, nas dependências do Colégio Arquidiocesano de São Paulo, junto com os Encontros Internacionais de RPG. Mesmo se a iniciativa, segundo o organizador Silvio Alexandre, foi inspirada no Simpósio de Ficção Científica associado ao II Festival Internacional de Cinema no Rio de Janeiro, em 1969.
Destas novas safras, começo pelo que talvez seja o melhor, o recém-publicado Fábulas do Tempo e da Eternidade (Tarja, R$ 25, 176 págs.), resenhado de maneira mais extensa na CartaCapital 509, página 63 (Volta ao Cosmo em Doze Tempos). É o primeiro livro de Cristina Lasaitis, paulista graduada em psicobiologia e especialista em medicina comportamental nascida em 1983, mas ninguém diria: não deixa nada a dever às melhores obras da ficção científica brasileira. Com muita sensibilidade, doze contos exploram personagens ricos e insólitos que se debatem com o tema do tempo sob vários aspectos da ficção científica e fantasia e em diferentes universos imaginários. Neste caso, não se vê influência do RPG, mas sim dos clássicos da ficção científica literária.

Das linhagens aparentemente originadas dos mundos do RPG, a dos vampiros e afins parece ser a mais vigorosa, ao menos em quantidade de obras e leitores. Já conta com um quase-veterano: André Vianco, um dos raros escritores profissionais brasileiros, que publicou treze volumes desde 2000 (todos pela Novo Século) e é bastante popular entre jovens, embora seu trabalho seja literariamente menos satisfatório que o de outros autores e autoras menos conhecidos da mesma vertente, como Martha Argel e Giulia Moon (que publicam desde 2002).

Uma variação curiosa sobre o tema é a série da potiguar Nazarethe Fonseca que já tem dois volumes: Alma e Sangue: o despertar do vampiro (Novo Século, R$ 39,90, 432 páginas) e Kara & Kmam – uma saga de Alma e Sangue (Tarja, R$ 20, 152 páginas). É uma história de vampiros envolvidos em complicadas tramas políticas e dramas existenciais à maneira de Anne Rice que vai de São Luís do Maranhão à Europa, mas também tem elementos de folhetim romântico à maneira da “Coleção Sabrina” e similares, de erotismo carregado e de espiritismo. O sabor exótico dessa mistura de sangue, água-com-açúcar, pimenta e cuxá deveria ser experimentado ao menos por quem se cansou de vampiros convencionais e mulherzinhas idem.

Outra linhagem é a dos mundos medievais ou pseudo-medievais. Um nome relativamente conhecido é Orlando Paes Filho, que publicou seis livros desde 2003, é relativamente bem-vendido e tem um bom punhado de fãs fiéis, mas à sua série de romances pseudo-históricos sobre cavaleiros cristãos não só falta um mínimo de humor, veracidade e senso crítico, como é pavorosamente ruim do ponto de vista literário, apesar da infatigável autopromoção do autor – ainda mais carola, intolerante e presunçoso ao vivo do que nos escritos.

Fuja sem hesitar. Quem quiser sonhar com cavaleiros, ou mesmo com elfos e dragões, conta com alternativas mais divertidas e menos pretensiosas, além de literariamente mais honestas.

Honestidade é uma palavra duplamente adequada no caso de Pelo Sangue e Pela Fé (Espaço Editorial, R$ 40, 528 págs.) do livreiro paulista Claudio Villa. Primeiro, essa obra – por falhas dos editores e revisores – foi publicada em 2007 com um sem-número de erros e defeitos, mas o autor tomou a iniciativa, rara no meio editorial brasileiro, de promover um recall no início de 2008 e substituir os exemplares defeituosos sem custo para o leitor. Segundo, trata-se de uma narrativa simples, declaradamente baseada em aventuras de RPG vividas pelo autor com amigos e até certo ponto uma bricolagem (ainda que não demasiado previsível) de temas tradicionais, envolvendo cavaleiros, elfos e piratas, mas contada com a sinceridade e a paixão de um naïf bem-feito.

Entre as melhores, mais adultas e mais originais histórias em mundos imaginários estão dois pequenos livros da bibliotecária carioca Ana Lúcia Merege, O Caçador: Um Conto de Fadas em Mosaico (Fábrica de Livros, 111 páginas) e Jogo do Equilíbrio, que infelizmente não estão disponíveis nas livrarias, mas podem ser encomendados diretamente à autora (anamerege@ig.com.br). No primeiro livro, o caçador da história da Branca de Neve – aquele que aparece no início e some após desobedecer à ordem da Rainha Má para matar a heroína – inicia uma longa jornada por outros contos de fada (João e o Pé de Feijão, Cinderela, Bela Adormecida…) e cresce construindo seu próprio caráter e tornando-se herói da própria história – como uma criança que forma sua personalidade e seus sonhos a partir de histórias como essa e ao mesmo tempo como o herói de um romance de formação clássico. Jogo do Equilíbrio é mais curto e menos fantasioso, mas ainda mais original e bem contado: um saltimbanco que vive em uma imaginária cidade renascentista de sabor ibérico, mas de problemas bem realistas, faz o diabo para ganhar a vida, cuidar do filho e segurar a mulher que ama.

Entre outras obras comparáveis mais ou menos recentes vale citar Guerreiros de Darinka de 2005, da professora de jornalismo Renata Cantanhede (Novo Século, R$ 39,90, 453 págs), menos bem-sucedida. Imagina um mundo e uma situação política que parece, em princípio interessante e conta sua história de maneira convencionalmente correta, mas falta emoção e ações marcantes a essa história de reis, escravos, guerreiros e princesas rebeldes. A narrativa permanece morna e algo monótona do começo ao que passa por fim – a história se interrompe de repente, sem passar por nenhum momento culminante ou memorável, como se fosse um longo prólogo a um segundo volume no qual a história realmente começaria. É pouco para tantas páginas.

Também de 2005, A Lendária Hy Brasil, segundo livro da bióloga carioca Michelle Klautau (Devir, R$ 25, 320 págs.) é menos elegante e profissional no uso da língua, mas tem muito mais originalidade e senso de humor, bem como personagens mais marcantes. No frigir dos ovos, vale mais a pena ler essa história de elfos que saem de um continente pseudo-europeu para descobrir uma terra de amazonas, cidades de ouro, orixás e magos, tendo como guia nada menos que uma versão particularmente elegante de Zé Pelintra.

A série “Caverna de Cristais”, da jornalista e professora de biologia Helena Gomes, iniciada em 2003 com O Arqueiro e a Feiticeira, (Devir, R$ 24,50, 288 págs.) e continuada em 2007 por Aliança dos Povos (Idea, R$ 49,90, 592 págs.) tem altos e baixos. É uma combinação muito curiosa de temas de fantasia medieval, ficção científica e terror com um bom senso de aventura, mas os personagens são um tanto estereotipados e as citações e empréstimos de outros escritores e universos (de Senhor dos Anéis a Star Wars) óbvios demais (o primeiro livro, por exemplo, é introduzido por um personagem chamado “Tolkien”).

Outra série, “Guerra das Sombras”, do diplomata Jorge Tavares, iniciada em 2006 com O Livro de Dinaer (Novo Século, R$ 39,90, 422 páginas) e continuada no ano seguinte com O Livro de Ariela (idem, R$ 35, 352 páginas) tem alguns altos e um longo baixo. A intriga política é bem construída, as idéias são maduras, mas a prosa, que só ocasionalmente tropeça no primeiro livro, narrado de maneira razoavelmente provocante por uma ambígua divindade, arrasta-se penosamente no segundo, confiado a uma narradora empolada e redundante que mal mereceria ser personagem secundário.

Essas obras nem de longe esgotam o que tem sido publicado, mas talvez bastem como amostra de uma tendência que cresce, ramifica-se e dá frutos, alguns dos quais já suficientemente bonitos e maduros para convidar à mordida. Promete mais para o futuro, principalmente se puder contar com editores que orientem seu crescimento.

Como soube fazer com a ficção científica, nos anos 60, o editor baiano Gumercindo Rocha Dorea, com o qual o gênero chegou a ser realmente popular, pelo menos por algum tempo. Como escreveu o escritor e crítico Roberto Causo, Gumercindo agrupou autores que já tinham compromisso com o gênero (como Jerônymo Monteiro e Rubens Scavone), convidou a escrever FC, como experimento, figuras literárias estabelecidas (Dinah Silveira de Queiroz, Antonio Olinto) e autores iniciantes no gênero que depois vieram a ser mestres (André Carneiro, Fausto Cunha), intercalando-os na sua “Coleção Ficção Científica GRD” com autores internacionais de peso como C. S. Lewis, Robert A. Heinlein, Chad Oliver e outros, com bastante sucesso. A fantasia brasileira do século XXI mereceria um experimento semelhante.
>> CARTA CAPITAL – por Antonio Luiz M. C. Costa


FOX E WARNER CONTINUAM A BRIGAR NA JUSTIÇA PELA PARTILHA DE WATCHMEN

quarta-feira | 20 | agosto | 2008


Segundo os sites Variety e Deadline Hollywood, a batalha judicial entre os estúdios Fox e Warner pelos direitos de produção e distribuição de Watchmen (noticiada pelo UHQ em fevereiro de 2008) ficou mais séria.

O juiz federal Gary Allen Feess decidiu contra o pedido da Warner de invalidar o processo da Fox.

Isso significa que os dois estúdios vão realmente se enfrentar nos tribunais para decidir se a Fox possui algum direito sobre a produção de Watchmen e sobre a distribuição do filme. Tudo isso resultado do complicado histórico da tentativa de transpor esta HQ para o cinema.

A primeira tentativa de adaptação se iniciou em 1986 (quando Watchmen foi publicado) e a Fox adquiriu os direitos da série. Depois disso, uma série de parcerias entre a Fox e várias produtoras e distribuidoras foram feitas nas quais os direitos foram vendidos e transferidos, e é aí que a situação fica confusa.

A Warner Bros. adquiriu os direitos de Watchmen, em 2006, de Larry Gordon, um dos proprietários da Largo Entertainment, que esteve intimamente envolvido com este projeto desde 1986.

O juiz não se pronunciou sobre o pedido da Fox de parar completamente este projeto.

Segundo Nikke Finke, do Deadline Hollywood, embora a Warner tenha divulgado um comunicado oficial padrão (“…é política da companhia não comentar sobre assuntos em litígio.”) sobre esta decisão, parece que os executivos do estúdio estão irritadíssimos com a Fox, que teria tido a oportunidade de readquirir os direitos do filme, deixou passar e agora abriu este processo oportunista para prejudicar o filme.

Já existem até especulações de que o anúncio recente da transferência de datas do sexto episódio de Harry Potter, de 2008 para 2009, seria uma atitude estratégica, visando minimizar uma eventual perda de receita decorrente de um fiasco legal envolvendo Watchmen.

Watchmen, dirigido por Zack Snyder, está previsto para estrear em 6 de março de 2009.
>> UNIVERSO HQ – por Sérgio Codespoti


O GRITO MAIS FAMOSO DO CINEMA

terça-feira | 19 | agosto | 2008

Photobucket

A maioria dos efeitos sonoros dos filmes são adicionados durante a pós-produção, então é normal que alguns efeitos fiquem disponíveis em bibliotecas e sejam reutilizados em vários títulos. O caso mais famoso é o do Wilhelm Scream, originalmente de uma cena em que um cowboy tem o braço devorado por um crocodilo em Distant Drums (1951), um “faroeste na flórida” estrelado por Gary Cooper.

O grito virou uma espécie de piada interna entre os caras que cuidam de efeitos sonoros e já apareceu em incontáveis filmes, incluindo todos os Star Wars e Indiana Jones originais. Veja a compilação dos Gritos Wilhelm e grite com a gente:
>> SUPERINTERESSANTE – por André Sirangelo


O ESTRANHO, O BIZARRO, O INESPERADO

sábado | 16 | agosto | 2008


O que aconteceu no ano de 1919 para que ele se tornasse um “anno mirabilis” nos anais da História Secreta do Mundo? Se você não sabe que História é esta, caro leitor, fique tranqüilo, porque eu também não sei, mas tenho algumas pistas. A primeira delas é a existência, na Nova York daquela época, de um homenzinho atarracado, com um bigode frondoso que lhe dava a aparência de “uma foca tímida”, e óculos com aro de metal. Seu passatempo era freqüentar a Biblioteca Municipal e arquivar informações sobre fatos inacreditáveis que saíam em toda a imprensa: chuva de sapos, objetos voadores não identificados, anomalias magnéticas, meteoritos com inscrições, avistamentos de criaturas monstruosas…

O homem se chamava Charles Fort, e em 1919 publicou “O Livro dos Danados”, o primeiro de vários livros nos quais brandia estes fatos inclassificáveis e desafiava os cientistas a dar-lhes uma explicação convincente. Céticos empedernidos como Martin Gardner (“Manias e Crendices em Nome da Ciência”) descartam Fort como um mero colecionador de excentricidades, mas autores como Pauwels & Bergier (“O despertar dos mágicos”) o tratam como o profeta de uma nova mentalidade a que chamam de “Realismo Fantástico”.

Foi também em 1919 que um indivíduo chamado Robert L. Ripley deu início a uma das séries mais bem sucedidas na imprensa americana: “Ripley’s Believe It or Not”, coletânea semanal de curiosidades, coincidências espantosas, fatos bizarros da História, episódios inexplicáveis, recordes excêntricos. Conhecida no Brasil com o título “Acredite… se Quiser”, a série saiu dos jornais para os livros e a TV. A série antiga era apresentada pelo ator Jack Palance; a atual, apresentada por Dean Cain e Kelly Packard, é exibida aqui no Rio no Canal Multishow.

O mundo de Fort e de Ripley é o mundo das exceções, das anormalidades, de tudo que não está de acordo com os padrões estatísticos. A Ufologia e a Zoologia Fantástica (histórias de yetis, do monstro do Lago Ness, do Pé-Grande, etc.) não existiriam sem eles. É claro que num mercado tão gigantesco a picaretagem campeia: as fraudes, as falsificações, as invencionices, os logros para atrair a credulidade dos incautos. Mas nos interstícios dessa indústria da mentira vão se colhendo informações que de outra forma jamais chegariam ao conhecimento público. Pode ser uma perda de tempo, concordo, mas há maneiras mais bobas de perder o tempo do que olhando o que é noticiado nos saites do programa de Ripley (http://www.ripleys.com/welcome.html) ou da Sociedade Forteana (http://www.forteantimes.com/) ou ainda no saite de Sérgio Russo sobre Realismo Fantástico, com dezenas de links (http://www.dominiosfantasticos.hpg.ig.com.br/id21.htm).  Mas se você é do time dos incrédulos, melhor ainda. O saite que passa-no-rodo essa história toda é o da revista “Skeptical Inquirer” (http://www.csicop.org/si/online.html). 
>> CRONÓPOLIS – por Bráulio Tavares


MONSTROS S.A.

sábado | 16 | agosto | 2008

Gonçalo Jr. reúne na sua Enciclopédia as monstruosidades criadas pela literatura, cinema, TV e HQs de vários países e não esquece da Cuca, de Monteiro Lobato, para defender nossas cores

O ator Lon Chaney (1883-1930) em "O Fantasma da Ópera (1925).

O escuro é a mãe dos monstros e o desconhecido, o seu pai. Basta olhar, à noite, no quarto onde a luz foi apagada, aquela forma estranha embaixo da cama. Ou aquelas luzinhas vermelhas que espreitam pela abertura da porta do guarda-roupa. Sigmund Freud, que andou remexendo na caixa onde jazem as bagunças da mente humana, já sabia disso, conforme cita Gonçalo Jr. em sua Enciclopédia dos Monstros, um livro em que, como a célebre Pandora, solta as monstruosidades criadas pela literatura, cinema, TV, quadrinhos e até mesmo reserva páginas para monstros reais.

Na introdução, Gonçalo Jr. fala de alguns monstros de nosso cotidiano recente, revelados pelas páginas policiais dos jornais e, por extensão, de ditadores genocidas que não faltam por aí. Mas apenas para mostrar que os monstros também estão entre nós, no dia-a-dia e eles podem assumir a forma de um sujeito que vai com a família comer uma pizza ou de um vizinho que passeia sempre com seu cachorrinho peludo pelas ruas do condomínio. Ele não precisa assumir a forma de um zumbi sedento de sangue ou de um maluco de jaleco branco emporcalhado por restos de cérebros.

Situado numa coleção de capas berrantes que abriga “enciclopédias” ao gosto pop, ou seja, muitas ilustrações e pouca informação sobre as décadas passadas ou fenômenos como o rock, o livro de Gonçalo Jr. não faz feio e é uma delícia para os fãs . Fruto de um evidente trabalho hercúleo ou hulkiano de pesquisa, abrange praticamente toda e qualquer espécie de monstro que andou pela Terra (ou pelo espaço). Não é um livro para especialistas, pois tem lacunas, pouca análise sobre seus temas, alguns errinhos que uma revisão para nova edição podem liquidar.

Mas as virtudes desse volume, que traz em cada página a marca de uma paixão do autor pelo tema, surgem do meio das águas, como o Monstro do Pântano: a investigação sobre monstros dos quadrinhos – o terreno de predileção do autor – é bastante completa, dentro dos limites de uma obra desse tipo, e os capítulos sobre monstros dos quadrinhos brasileiros é, simplesmente, uma excelente mostra de um material nunca dantes coletado. Se a área de monstros históricos da vida real merece apenas um breve apanhado, os bicharocos e heróis das séries japonesas fazem com que lembremos com uma nostalgia divertida de seres como Jiraya ou Ultraman.

De repente, o livro passeia com certa ligeireza por destaques como os monstros criados por Stephen King e Edgar Allan Poe. É verdade que, por exemplo, monstros e afins literários demandariam um livro específico, tal sua abundância. Gonçalo Jr. faz um censo razoável, saindo do espectro (sem trocadilho) anglo-saxão com contribuições francesas, japonesas e latino-americanas. A área cinematográfica é bem coberta, com destaque para os usuais suspeitos como Drácula, o Lobisomem, a Múmia, chegando aos personagens infernais como Jason, o Brinquedo Assassino, Alien, o Predador e os serial killers de séries adolescentes.

A Cuca, o Chupa-Cabra, o boom de histórias brasileiras de vampiros (geralmente ruins, mas de boa vendagem) de autores geralmente emergentes de blogs, têm interessantes participações e defendem nossas cores pela primeira vez na olimpíada mundial dos monstros. É um trabalho pioneiro da Enciclopédia que tem dois defeitos editoriais que merecem, pelo bem dos leitores, ser sanados: a má reprodução de muitas das imagens em preto-e-branco, que ocultam os monstros numa penumbra (a não ser que isso seja intencional) e a falta de um índice onomástico.

Sem dúvida, uma folheada pelas páginas de um livro como a Enciclopédia dos Monstros é sempre divertida e suscita descobertas. Mas para quem deseja encontrar alguma referência específica, torna-se difícil a busca, através de tantos tentáculos e caninos afiados.
>> O ESTADO DE SÃO PAULO – por Geraldo Galvão Ferraz


KAFKA E O MONSTRO

sábado | 16 | agosto | 2008


Acho que a maioria das pessoas, a esta altura, conhece pelo menos de ouvir falar a história de Franz Kafka intitulada A Metamorfose, que começa assim: “Certa manhã, ao despertar em sua cama de um sono inquieto, Gregor Samsa percebeu que tinha se transformado em um inseto monstruoso”. Para analisar e interpretar esta história os críticos já gastaram tinta que encheria um Açude Velho. Recentemente tomei conhecimento de uma carta escrita por Kafka em 25 de outubro de 1915 para seu editor, Kurt Wolff Verlag, em que ele diz:

“Prezado Senhor: O sr. mencionou recentemente que Ottomar Starke será o autor de ilustrações para A Metamorfose. Na medida em que conheço o estilo do artista, essa possibilidade me causou um pequeno e talvez desnecessário receio. Ocorreu-me que Starke, como ilustrador, poderia tentar desenhar o inseto propriamente dito. Isto não, por favor, não! Não quero impor-lhe restrições, mas apenas fazer este pedido devido ao conhecimento mais profundo que tenho da história. O inseto não pode ser representado. Não pode sequer ser visto à distância.”

Temos (todo leitor tem) uma capacidade inesgotável de imaginação para o monstruoso. O problema é quando um ilustrador, que também a tem, usa a sua, e acaba por bloquear e inibir a nossa. O pedido de Kafka é mostra de sua sensatez e de seu entendimento profundo de como funciona uma narrativa fantástica ou de horror. E me trouxe à mente o conto lovecraftiano de Jorge Luís Borges “There are more things” (em O Livro de Areia). Nele, o narrador descobre que a mansão que fôra de seu tio tinha sido alugada por um inquilino misterioso, que ninguém até então avistara pessoalmente. Uma série de indícios leva-o a crer que se trata de um ser alienígena e monstruoso. À noite, ele entra às escondidas na casa, quando o inquilino está fora, e descreve o que viu:

“Lembro agora de uma espécie de grande mesa operatória, muito alta, em forma de U, com cavidades circulares nos extremos. Pensei que podia ser o leito do habitante, cuja monstruosa anatomia se revelava assim, obliquamente, como a de um animal ou de um deus, por sua sombra.” Sugerir o Monstro por traços indiretos é mais eficaz do que descrevê-lo com precisão fotográfica: cada leitor julgará entrever (cada leitor, a cada nova releitura) o Monstro que seu medo e seu desejo lhe sugerirem.

No fim do conto, o protagonista prepara-se para deixar a mansão quando percebe que o inquilino monstruoso está de volta, e que a porta da rua fora deixada aberta. E o conto termina assim: “Meus pés tocaram o último lance da escada, quando senti que algo subia pela rampa, opressivo e lento e plural. A curiosidade pôde mais do que o medo, e não fechei os olhos.” A curiosidade sempre pode mais que o medo, e ambos são os maiores estímulos para a imaginação. O autor fornece a situação: nós fornecemos o Monstro, e ele sempre tem algo de nosso próprio rosto.
>> MUNDO FANTASMO – por Bráulio Tavares


STEPHENIE MEYER, DE “CREPÚSCULO”, EM ENTREVISTA EXCLUSIVA

sábado | 16 | agosto | 2008

“Agora meu marido cuida dos filhos enquanto escrevo”

Stephenie Meyer, uma dona de casa mórmon, mãe de três filhos, tornou-se o maior fenômeno da literatura mundial desde J.K. Rowling e seu Harry Potter


Stephenie Meyer é uma escritora de livros sobre vampiros que detesta histórias de vampiros. Nunca leu Bram Stoker, o clássico autor que consagrou o Conde Drácula. De Anne Rice, a autora da seqüência de bestsellers sobre o vampiro Lestat, Stephenie só leu um livro, no colégio: “Nem me lembro direito”. Assiste a filmes e séries de terror? De jeito nenhum porque diz fugir de tudo que seja impróprio para menores de 18 anos. Como, então, esta pacata mãe de família mórmon, com três filhos, que na arte de escrever nunca havia ido além de trabalhos na faculdade e e-mails para amigos, conseguiu escrever o maior fenômeno literário desde Harry Potter?

Literalmente, da noite para o dia. Num verão de junho de 2003, enquanto dormia com o marido e três filhos na sua casa no subúrbio de Phoenix, no Arizona, Stephenie sonhou com o encontro romântico entre uma adolescente e um vampiro num anoitecer chuvoso. Na manhã seguinte ela, então com 29 anos, começou a escrever as 416 páginas de Crepúsculo (Intrínseca, R$ 39,90), primeiro dos quatro volumes da saga Twilight.

Verdadeiro frenesi entre os americanos, os três livros da série já lançados venderam mais de 7 milhões de cópias nos Estados Unidos, e outros 3 milhões no mundo. Figuraram na referencial lista de bestsellers do jornal The New York Times por 143 semanas. O quarto e derradeiro volume da saga, Breaking Dawn, é o mais vendido no site Amazon.com há dois meses – e será lançado apenas em agosto, com tiragem inicial de 3,2 milhões de exemplares.

“Nunca imaginei tanto sucesso”, diz Stephenie. “Só pensei que talvez pudesse pagar algumas dívidas com o dinheiro”. Tamanho furor, que começa a se alastrar pelo mundo, só foi visto antes com Harry Potter. Stephenie, aliás, parece trilhar o caminho aberto pela criadora do bruxinho mais famoso do planeta, J.K. Rowling. Em maio, foi até eleita uma das 100 pessoas mais influentes do mundo pela prestigiosa lista anual da revista Time, assim como J.K. já foi um dia. Nesta entrevista exclusiva a ÉPOCA, Stephenie Meyer fala sobre o estrondoso e involuntário sucesso de saga Crepúsculo, sobre seu afortunado sonho e o frenesi em torno de seus livros.

ÉPOCA – Como você reagiu à estrondosa repercussão dos livros?
Stephenie Meyer – Nunca imaginei tanto sucesso. Acho que tive uma boa editora (risos). Quando mandei alguns capítulos de Crepúsculo para agentes literários, em Nova York, em 2004, pensava, no máximo, em conseguir pagar algumas dívidas. Nunca essa legião de fãs. Até porque não pretendia ser escritora. E, na verdade, acho que sou mais uma contadora de histórias.

Para alguém que não pensava em escrever, como decidiu pôr Crepúsculo no papel?
A idéia partiu de um sonho que eu tive: um vampiro se encontrava numa floresta chuvosa com uma adolescente. Naquele momento, ele dizia que a amava, mas, ao mesmo tempo, sentia um forte desejo de matá-la. Aquele sonho foi tão real que tive de colocar no papel na manhã seguinte. Comecei a escrever para saber o que aconteceria.

Desde o início a idéia era fazer uma saga de quatro livros, ou foi uma exigência comercial?
Fechei um contrato para escrever uma determinada quantidade de livros, mas tinha toda a história mapeada na cabeça desde o começo. Seria impossível contá-la de uma vez. Um livro de duas mil páginas (risos). Mas desde que descobri como é excitante escrever uma história, não consigo parar.

Como explicar tamanho frenesi do público com a série?
A personagem de meu livro, Bella, é uma garota como outra qualquer. Não é uma heroína, não quer ser a garota mais famosa, nem ter roupas descoladas. É uma adolescente normal, com problemas familiares e sentimentais. Acho que isso chama a atenção, porque na literatura existem poucas garotas normais. E ela é boa e genuína. Para mim, os adolescentes são desse jeito. Pelo menos eu costumava ser desse jeito.

Isso tem a ver com sua religião? Você acha que ser mórmon influenciou seus livros?
Sem dúvida eu era comportada graças à minha religião. Cresci num ambiente em que não era exceção ser uma boa moça. Era isso que se esperava. Minhas amigas eram ingênuas como eu. Meus namorados sempre foram respeitosos. E, claro, isso afeta a maneira como escrevo. Não há muitos caras ruins nos meus livros, e até eles têm algo de bom. Os vampiros são, por definição, monstros, caras ruins. Mas meus vampiros escolhem ser uma coisa diferente. Acredito fortemente nessa idéia que, claro, é fruto de minha religião. Porque, para mim, a história é sobre a liberdade de se fazer escolhas. Essa é a metáfora.

Você usa intencionalmente essa religiosidade na sua obra?
Não. Acho que minhas histórias refletem a minha criação religiosa, e parte das coisas que faço e escrevo se deve a isso. Ainda sou uma pessoa muito religiosa. Sempre vou aos cultos do meu templo e crio meus filhos dentro dessa doutrina, a mesma na qual fui criada. Não bebo, não fumo e evito filmes impróprios. Mas as pessoas se enganam com isso. Não é nada fundamentalista. Eu até bebo Pepsi diet às vezes (risos) [Os mórmons recomendam que se evite a cafeína]. Trata-se de se manter livre de vícios. Apenas isso. O ser humano tem liberdade de escolha, um grande presente divino. Acredito nessa idéia de que todos temos o livre-arbítrio, para fazer o que achamos melhor. Nunca haverá uma circunstância em que não tenhamos uma alternativa. Ou seja: não importa o que aconteça na sua vida, você pode escolher outro caminho.

E por que você escolheu o universo dos vampiros? A adaptação para um público juvenil foi intencional?
Não foi algo intencional. Nunca li romances sobre vampiros, Bram Stoker ou Anne Rice, e nem vi filmes de vampiros. Apenas sonhei e precisei pôr no papel. Mas, depois do primeiro livro, preferi continuar escrevendo sobre um universo sobre-humano. Nós encontramos pessoas normais em qualquer lugar. Isso é o interessante da ficção-científica: ela está repleta de pessoas sobre-humanas, mas com dilemas humanos e reais.

Você disse que nunca viu filmes de vampiros? Nem leu Drácula, de Bram Stocker?
Nunca! Eu acho nojento (risos). Vi trechos do filme Entrevista com Vampiro na TV, certa vez, mas não pude ir até o fim. Não assisto a filmes impróprios para menores, o que reduz totalmente a chance de ver filmes de terror. E nunca li Bram Stoker. Pretendo ler um dia, mas acho meio assustador. De Anne Rice só li um romance, no colégio, e nem lembro qual. Prefiro histórias de amor. O drama humano é a parte verdadeira de todos os livros para mim. A verdadeira emoção. Por isso adoro livros de Orson Scott Card e Jane Austen.

Esses são seus autores prediletos?
Sim. Orson [Scott Card] é meu autor vivo predileto, e Austen a minha escritora predileta de todos os tempos. ÉPOCA – Quais as mudanças no seu dia-a-dia depois de Crepúsculo? Stephenie – Bom, basicamente tudo (risos). Antes do livro eu era mãe e dona de casa, cuidava dos meus três filhos. Passei seis anos com algum dos meus bebês nos braços. Minha rotina era essa. Só escrevia recados para amigos em sites de relacionamentos e e-mails. E lia muito. Lia o tempo todo, quase seis romances por semana. Agora, escrevo das seis da manhã até a noite. E meu marido é que cuida das crianças.

Você acha que seus livros podem incentivar os jovens a ler?
É espetacular encontrar mães com filhas vindo dizer que leram meus livros e adoraram. Era assim que eu e meu pai nos conectávamos na minha infância e adolescência: pelos livros. Às vezes, há três gerações – filhos, pais e avós – lendo meus livros. É muito emocionante. E acho que sim, é uma maneira de incentivar a leitura dos jovens.

Você acha que seus livros são fenômenos literários como Harry Potter? O que acha da comparação com J.K Rowling?
Isso é engraçado. Não me preocupo e não me incomodo. Talvez seja natural, pelo tamanho do sucesso e da repercussão dos livros. Mas quando escrevo meus livros, e quando escrevi os volumes da série, nunca pensei nisso. Meu processo criativo tem sido o mesmo, e me dá muito prazer escrever. Não preciso de muito mais que isso.
>> ÉPOCA – por Rodrigo Turrer


MENINA INFINITO

sábado | 16 | agosto | 2008

Fábio Lyra faz das referências pop e do retrato cotidiano a principal força de sua obra.

A editora Desiderata, mais um braço da gigante Ediouro, tem feito um trabalho bastante estimulante na publicação de quadrinhos nacionais. Alguns títulos como a coletânea de adaptação dos contos dos Irmãos Grimm ou mesmo o estiloso O Cabeleira, do qual em breve teremos um texto aqui, são ventos bem-vindos para afastar o terral que muitas vezes sopra para quadrinistas nacionais. E é natural que nesse processo de abrir espaço para a turma mais jovem – e certamente cheia de idéias e personagens novos na narrativa seqüencial – o trabalho de curadoria termine, algumas vezes, errando um pouco a mão na massa.

Estamos falando especificamente da Menina Infinito (R$ 39,90), álbum que, apesar de ter sido lançado em junho, ganha este mês na Bienal do Livro uma nova vitrine. Fábio Lyra, o autor da história, é um carioca de 32 anos que chamou atenção no cenário independente com a revista Mosh!. Dentro dela, se destacava a personagem da Menina Infinito, título para as histórias de Mônica e seus dois amigos, Malu e Pedro. A auto-apresentação de Mônica nas primeiras páginas é um perfil de Orkut: meu nome é fulana, meus filmes preferidos são esses, aqui os meus livros, os quadrinhos e, claro, a lista de músicas que “marcaram a minha vida”, mesmo que a pessoa em questão nunca tenha vivido o tempo em que essas músicas, de fato, marcaram vidas (para esclarecer, Mônica tem neste milênio vinte-e-poucos-anos e cita Iggy Pop, David Bowie e Lou Reed com a autoridade dos outsiders).

Mas o problema, acreditem, não está no perfil da personagem. Fábio Lyra poderia usar da infinidade de clichês que pontuam as gerações e suas tribos para criar um ambiente em que, de fato, se construam identidades. A sensação aqui, no entanto, é de que Fábio é seus personagens e não consegue criar um distanciamento crítico deles. Termina fazendo um álbum que mais parece uma coletânea de musiquinhas indies para conquistar o coração do leitor. Porque tem gente que ainda cai nessa de disco emocionalmente customizado.

Tudo bem, vá lá, Lyra tem um fluxo de idéias interessante e sabe utilizar da seqüencia de quadrinhos para fazer valer seu ponto de vista, seja ele parte de um gueto ou não. Algumas passagens destacam essa habilidade. Mas não há fluxo narrativo que se sustente sem uma construção prévia e muito bem cuidada de personagens. Há algo previsível demais em Mônica, Malu, Pedro e figuras adjacentes. Algo que me faz lembrar em quão fantástico era acompanhar a saga sempre surpreendente dos igualmente “indies” Katchoo, Francine e David, em Estranhos no Paraíso, de Terry Moore.

Só mais uma observação, ou dúvida: por que Mônica e seu namorado vão assistir ao filme Brilho eterno de uma mente sem lembranças na mesma época em que está em cartaz o filme 300? Existe um gap de dois anos entre os dois. Algo me diz que Lyra estava ansioso em colocar todas as suas referências pop-sentimentais num mesmo lugar.

Se Menina Infinito fosse, então, um bolo, ele teria passado um pouco do ponto. E talvez, de alguma maneira esquisita, esse seja até um elogio ao trabalho de editoria que se arrisca em apostas altas. Espera-se que este selo da Ediouro continue a jogar agressivamente daqui por diante. Afinal de contas, sabe-se que o responsável pelos títulos da Desiderata, S. Lobo, saiu da casa no mês passado. Ciente dos movimentos da Ediouro em comprar a editora mais bem-sucedida em publicações de quadrinhos no Brasil, a Conrad, fica difícil imaginar quais serão os próximos passos em um mercado editorial de quadrinhos cada vez mais agitado. E isso, se imagina, é uma notícia boa.
>> ZUPER – por Carol Almeida


AUTÓGRAFOS COM AUTORES BRASILEIROS DE LITERATURA FANTÁSTICA NA BIENAL DO LIVRO

quarta-feira | 13 | agosto | 2008

20º BIENAL INTERNACIONAL DO LIVRO DE SÃO PAULO 2008

20º BIENAL INTERNACIONAL DO <br />LIVRO DE SÃO PAULO 2008

DE 14 A 24 de Agosto de 2008
Parque de Exposições Anhembi
Avenida Olavo Fontoura, Nº. 1209
Bairro Santana – São Paulo – SP

Data

Editora

Autor

Livro

dia 16

sábado

14h

 

Novo

Século

Kizzy Ysatis

Diário da Sibila Rubra

dia 16

sábado

16h

Giz

(Coleção Universo Fantástico)  

Regina Drummond

O Destino de Uma

Jovem Maga (juvenil)

Rosana Rios

Game Over – Uma

Ameaça Virtual (juvenil)

Carlos A. Segatto

Yacamin, a Floresta

Sem Fim (juvenil)

Taciana V. Ottowitz

Maria Sem Sobrenome (juvenil)

Ozeni Lima

A Magia do Pico do

Quilombo (juvenil)

dia 16

sábado

16h

 

Andross

Vários autores

(Org. Cláudio Brites)

 

O Livro Negro

dos Vampiros

dia 16

sábado

18 às 21h

 

Novo

Século

André Vianco

 

dia 16

sábado

18h

 

Andross

Vários autores

(org. Edson Rossatto)

 

Caminhos do Medo –

Contos de Terror

dia 16

sábado

19h

 

Giz

Sérgio Pereira Couto

Renascimento

dia 16

sábado

20h

 

Andross

Vários autores

(org. Helena Gomes

 e Cláudio Brites)

 

Anno Domini –

 Manuscritos Medievais

dia 17

domingo

11 às 12h

 

Rocco

Helena Gomes

Assassinato na

Biblioteca (policial)

dia 17

domingo

16h

 

AudioLivro Editora

Regina Drummond

(audiolivros infantis)

dia 17

domingo

18h

 

Giz

Adriano Siqueira,

André Vianco,

Giulia Moon,

J. Modesto,

Martha Argel,

 Nelson Magrini,

Regina Drummond

 

Amor Vampiro

dia 19

terça

19h

 

Giz

J. Modesto

Anhangá, a fúria do

demônio

dia 20

quarta

19h30

 

AudioLivro Editora

Orlando Paes

Angus – O Primeiro

Guerreiro (audiolivro)

dia 23

sábado

16h30

 

Idea

Helena Gomes

Despertar do Dragão

dia 23

sábado

19h

Alaúde

Alexandre Heredia,

Camila Fernandes,

Eric Novello

Gianpaolo Celli,

Nazarethe Fonseca,

Richard Diegues

 

Histórias de Bruxaria (Necrópole 3)

dia 23

sábado

18h

 

Aleph

Martha Argel &

Humberto Moura Neto

 

O Vampiro Antes

de Drácula

dia 24

domingo

18h

Giz

Sérgio Pereira Couto

Renascimento

 


ENTREVISTA COM A ESCRITORA MARTHA ARGEL

quarta-feira | 13 | agosto | 2008


Ademir Pacale: Como foi o início da carreira de Martha Argel na literatura?
Martha Argel: Escrevo desde criança, mas por muito tempo não mostrei a ninguém meus textos de ficção. Uns dez anos atrás, tomei coragem e deixei alguns amigos lerem uns contos que escrevera havia pouco tempo. Meses depois, uma das amigas me sugeriu entrar em contato com uma amiga dela, que publicava textos pela internet. Eu não sabia, mas ela era dona de uma das primeiras editoras de livros eletrônicos do Brasil, a VBS. Mandei um conto, meio descrente de que daria em algo. Alguns dias depois, me ligaram de volta, e pela primeira vez fui chamada de escritora! Tinham gostado muito de meu conto, e queriam saber se tinha material suficiente para um livro de contos. Eu tinha, e já havia até escolhido um nome: Contos Improváveis. O e-book saiu em 1999, e em 2000 foi publicado em papel, pela Writers. Nunca imaginei uma carreira literária, só queria ter um livro para que meus amigos lessem, mas uma coisa puxou outra: em 2000 saíram, também pela Writers, meu segundo livro de contos, Olhos de Gato, e uma antologia que coordenei, Lugar de Mulher é na Cozinha. Em 2002, saiu Relações de Sangue, meu primeiro romance e primeiro livro por uma editora comercial. Em 2003, publiquei por conta própria O Vampiro de Cada Um. Em 2006, a Landy Editora publicou O Livro dos Contos Enfeitiçados. O ano de 2008 está sendo de antologias: participei de Amor Vampiro, pela Giz Editorial, que reúne sete autores (além de mim, Giulia Moon, André Vianco, Adriano Siqueira, Regina Drummond, J. Modesto e Nelson Magrini) e está para sair uma outra antologia vampírica. Além disso, organizei, junto com Humberto Moura Neto, O Vampiro Antes de Drácula, uma antologia de contos do século XIX, que está para ser publicada.

Quais são suas influências literárias?
Acho que fui muito influenciada pelo que lia quando pequena, principalmente Júlio Verne, Monteiro Lobato, e uma coleção de livros juvenis de suspense e aventura chamada Mister Olho, publicada pela Edições de Ouro (hoje Ediouro). Eu curtia em especial algumas séries brasileiras dentro dessa coleção, que depois descobri serem escritas por Carlos Heitor Cony e por Hélio do Soveral. Aos 15 ou 16 anos cheguei a escrever um livro de aventuras, inspirado nos livros da Turma do Posto Quatro, do Soveral.

Como foi a idéia inicial para criação do seu primeiro romance, Relações de Sangue?
Estava na casa de parentes, no interior, e havia um computador sobre um caixote no quarto onde estava. Liguei-o para ver se funcionava e comecei a escrever qualquer coisa, que acabou virando um conto. Lá pelas tantas, precisei de uma criatura bem sanguinária, e achei que uma vampira viria a calhar. Foi assim, por acaso, que nasceu a vampira Lucila, contracenando com a humana Clara. Gostei tanto das duas que, enquanto voltava para São Paulo, já comecei a bolar uma nova aventura. Imaginei que elas se envolveriam com um “vampiro de programa”, que usava os anúncios pessoais dos jornais para selecionar suas vítimas. O que era para ser um conto virou livro. Relações de Sangue é uma história policial com vampiros, que se passa em São Paulo, nos dias de hoje. O livro está esgotado, mas ainda é fácil encontrar nos sebos virtuais.

 

Como foi o trabalho em conjunto na obra “Lugar de mulher é na cozinha”?
Lugar de Mulher reúne contos de autoras de literatura fantástica, falando sobre mulheres e cozinhas, e os resultados inesperados que essa combinação pode ter. Um dia a frase “lugar de mulher é na cozinha” me passou pela cabeça, e comecei a pensar que tipo de conto poderia escrever com esse título. Bolei uma história que não era ruim, era horrível, e fiquei pensando se seria possível criar algo melhor. Comentei com uma amiga (que nem escritora era), e alguns dias depois ela me mandou uma história ótima. Falei com uma segunda, e aconteceu a mesma coisa. Quando contei tudo para o Bob Paes, que na época era dono da Writers e é meu amigo até hoje, ele disse “organiza uma antologia, que eu publico”. Coloquei mãos à obra e divulguei a notícia pela internet. Na época, 1999, antes do boom da internet no Brasil, um projeto literário organizado por via eletrônica era novidade completa. Em pouco tempo tinha reunido um belíssimo elenco de escritoras, umas mais conhecidas e experientes, outras absolutas desconhecidas, e daí a seis meses o livro ficou pronto. Todos os contatos foram via e-mail, e teve autoras que só conheci depois do livro estar pronto. Tenho grande carinho por esse trabalho, até hoje. Foi a primeira antologia feminina de literatura fantástica publicada no Brasil. Aliás, primeira e única…

"O Vampiro antes de Drácula" foi escrito após uma extensa pesquisa feita em cinco línguas, calcada em substanciosa bibliografia e auxiliada pelos mais recentes estudos sobre o fenômeno do vampiro. Ao final (ou seria apenas para começar?) chegaram a um resultado surpreendente, com informações inovadoras e uma polêmica conclusão.

Poderia falar um pouco sobre a antologia O Vampiro Antes de Drácula?
O Vampiro Antes de Drácula reúne doze contos publicados no século XIX, e que Humberto Moura Neto e eu traduzimos. Entre outras, há histórias do próprio Bram Stoker, de H. G. Wells, Edgar Allan Poe e até mesmo um conto de Alexandre Dumas que parece nunca ter sido publicado no Brasil. Para decidir quais autores e obras incluir, fizemos uma pesquisa extensa, e acabamos entendendo de que modo o vampiro da ficção surgiu e evoluiu no período anterior ao romance Drácula, de Bram Stoker. Foi uma pesquisa fascinante, que durou cerca de três anos e incluiu até um curso sobre literatura vampírica, ministrado na Universidade de Toronto por uma das maiores especialistas no assunto, a doutora Elizabeth Miller. Toda a pesquisa acabou virando um capítulo do livro. Ele vai sair pela editora Aleph, e é o primeiro volume da série “Histórias Arcaicas”, cuja organização está a cargo de Silvio Alexandre. Modéstia à parte, o livro está ótimo!

Quando o site http://www.marthaargel.com.br foi ao ar?
A primeira versão do site, bem tosca, foi ao ar em 2000, hospedada em um provedor gratuito. Ela deu lugar ao site atual em 2004 ou 2005, não tenho bem certeza. Nele, além de contos, os visitantes encontram crônicas, que relatam algumas aventuras pelas quais passei durante minha atividade como bióloga, e também vários textos científicos que produzi em mais de 20 anos de atuação com o cientista. Mantenho também a lista de distribuição de notícias http://br.groups.yahoo.com/group/MarthaArgel , por meio da qual informo sobre meus lançamentos e novidades. Quem se associa tem acesso exclusivo aos arquivos, onde disponibilizo contos e crônicas inéditos.

É verdade que a procura dos leitores por literatura fantástica está crescendo nos últimos tempos? Por quê?
Aparentemente há um maior interesse, sim, por literatura fantástica, tanto fantasia quanto terror. Não sei bem porquê, talvez por influência dos sucessos mundiais de filmes como O Senhor dos Anéis e Harry Potter. Num nível nacional, o sucesso do brasileiríssimo André Vianco tem aberto as portas para um grande número de escritores em nosso país. As editoras parecem menos hesitantes em publicar nossa literatura fantástica. Um bom exemplo é Helena Gomes, que conseguiu emplacar na editora Rocco, uma das grandes no Brasil, um livro de lobisomens (Lobo Alpha), cuja continuação vem por aí. E muitos outros autores têm conseguido publicar regularmente, como Giulia Moon e Roberto Causo, na literatura adulta, e Rosana Rios, Júlio Emílio Braz, Ivan Jaf e Luiz Roberto Guedes, entre outros, na área juvenil, que sempre foi mais aberta ao autores do fantástico nacional. Em anos recentes, várias editoras têm demonstrado especial interesse em literatura fantástica produzida aqui, como Devir, Giz, Aleph, Andross e Tarja.

Você prefere produzir contos ou romances? Por quê?
Comecei como contista, e escrevi algumas dezenas de contos. Adoro a ficção curta, mas nos últimos anos estou fascinada pelos romances. Infelizmente, escrever ficção longa toma muito tempo e exige uma disciplina e uma continuidade de que não sou capaz no momento. Assim, tenho escrito alguns poucos contos longos, enquanto faço anotações para vários romances. Quem sabe algum dia consigo escrever algum…

Poderia dar algumas dicas para os jovens que desejam ingressar para o meio literário?
Muita leitura e persistência. Cuidado para não se entusiasmar demais com sua própria capacidade: não é só porque você acha genial sua idéia, que os outros (em especial editoras) vão concordar com você. Seja crítico consigo mesmo, e revise seus textos à exaustão antes de pedir para alguém ler (tropeços como “ancioso”, “concerteza”, “naum” não fazem bem a nenhum autor, e podem ser evitados com um simples corretor de texto). Escreva baseado em suas próprias idéias e experiências, viva a vida e use-a como fonte de inspiração, em vez de copiar e reescrever pela enésima vez os filmes e livros que todo mundo também está “reciclando”. Por último, escreva porque lhe dá prazer, e não porque quer se tornar famoso ou rico!

Perguntas rápidas:

Um livro: Quando tudo se desfaz, da monja budista Pema Chödrön.
Um(a) autor(a): a canadense Tanya Huff.
Um ator ou atriz: Sean Connery.
Um filme: Garotos Perdidos, de Joel Schumacher.
Um dia especial: hoje.
Um desejo: o fim do sofrimento para todos os seres.

Foi um grande prazer entrevistá-la. Desejo-lhe muito sucesso em suas empreitadas literárias. Um forte abraço!
Eu é que agradeço a gentileza. Um grande abraço e muita felicidade!
>> CRANIK – por Ademir Pascale


‘NATION UNDEAD’: FILME COLABORATIVO DE ZUMBIS

quarta-feira | 13 | agosto | 2008


Mais uma dos americanos: Nation Undead, um filme de zumbis colaborativo. O diretor Patrick Peirson dividiu os EUA em 9 zonas, cada uma com seis a oito estados. Qualquer um pode participar do projeto, é só escolher uma zona e criar um vídeo de até 5 minutos. Para manter a coesão da narrativa, existem instruções específicas para cada zona, além de vários recursos fornecidos pela produção (mp3s, posters, informações sobre os zumbis, elementos de cenário etc.).

A idéia suprema é que as 9 zonas não são apenas geográficas. Cada zona representa também um dos 9 estágios da história – epidemia, pânico, choque, isolamento…. Então os vídeos enviados pelos participantes da zona 2 se passam após os da zona 1 e assim por diante.
>> SUPERINTERESSANTE – por André Sirangelo


GEORGE LUCAS AFIRMA QUE “A MITOLOGIA É A MAIOR FONTE DO CINEMA”

quarta-feira | 13 | agosto | 2008

O diretor americano George Lucas fala a ÉPOCA com exclusividade sobre o filme Star Wars: Clone Wars

George Lucas, criador do Star Wars: "Os novos episódios, em animação digital incorporam, a perspectiva tridimensional e a estética dos mangás japoneses

O diretor George Lucas, de 64 anos, não é um reflexo imediato das aventuras populares que têm encantado gerações de fãs. Pelo contrário, a impressão que dá o sujeto baixo, barbado e de olhar agudo é a de um daqueles críticos de cinema freqüentadores de sessões alternativas. Por telefone, ele se expressa como um professor de cinema bem-humorado. Seu sonho, conforme diz nesta entrevista, é se aposentar para realizar antigos projetos de filmes experimentais. Mas, por enquanto, conta, ele dá seqüência ao seu grande achado: a possibilidae de ampliar um universo paralelo feito de fantasias de futuro.

ÉPOCA – Como surgiu a idéia de criar um novo mundo mitológico?
George Lucas – Não há nada de novo nisso (risos). Pelo contrário. Estudei Antropologia e mitologia na faculdade e acabei sistematizando uma velha paixão. Sempre fui fascinado pelas histórias antigas. Logo me interessei menos pelos detalhes arqueológicos ou de construção de linguagem que pela psicologia que subjaz a cada figura mitológica. São traços que fazem parte da vida cotidiana em todos os períodos da História. De alguma forma, os mitos explicam as características e motivações básicas do ser humano. Dão conta, de certo modo, do funcionamento das sociedades até hoje. Eles são válidos até hoje. A mitologia é a grande fonte do cinema, e, de resto, de todo o conhecimento humano. O que fiz foi transpor os mitos arcaicos para um ambiente de ficção científica.

Você não se sente um pouco como Adão, por ter criado e dado nomes a personagens como Yoda, Chewbacca, Jabba, Palpatine e tantos outros?
É uma sensação incrível ver as pessoas tratando seus personagens com intimidade. Eu me sinto feliz por ter criado novidade a partir de elementos arcaicos e de ter convertido a mitologia em uma situação cotidiana.

Por que você voltou à saga de Guerra nas Estrelas, mesmo tendo dito que a saga estava encerrada?
Porque eu me divirto muito com ela! É como uma caixa de areia que posso explorar eternamente, como se pudesse toda vez me tornar criança de novo. So um menino entretido num mundo que criei para mim mesmo. É maravilhoso explorar esse mundo e notar que milhões de pessoas sentem essa emoção também.

A história de The Clone Wars acontece um pouco antes do terceiro episódio do filme…
Sim, ela faz parte da grande epopéia. E é um momento que faltou mostrar no filme, o da eclosão das guerras clônicas, envolvendo a República e os rebeldes monarquistas. Uma saga como esta permite que a gente se aprofunde em um detalhe – e este detalhe se transforme em uma ótima história. Por isso, convidei Dave (Filoni) para dirigir a animação, porque ele conhece a mitologia de Guerra nas Estrelas até mais do que eu! (risos).

Você naturalmente quis ressuscitar em The Clone Wars o guru Yoda e o gângster Jabba, o Hutt…
Sim, gosto tanto deles… Quis enfatizar o caráter esquisito de Anakin Skywalker, sempre desajeitado em cumprir as ordens de seu mestre, Obi-Wan Kenobi. Mais que todos, gosto de Yoda. Ele é a figura do ancião venerável, um sábio que faz falta no dia-a-dia. Quando pensei nele, a idéia era criar um velho pequeno, na proporção de uma criança. Yoda tem um rostinho de criança. Isso faz parte de seu charme eterno.

Por falar em eternidade, você não acha que, de alguma forma, Guerra nas Estrelas se tornou um universo em expansão infinita?
O mito não tem fim. O que me fascina é poder inspirar as pessoas, especialmente as crianças, a contar suas próprias histórias. Porque Guerra nas Estrelas é menos um fim que um ponto de partida para a criatividade das pessoas. Com o conhecimento que está lá, você pode partir para sua própria viagem por um universo inédito. Por que não?

Você foi o pioneiro na computação gráfica. Como você vê as novas tecnologias no cinema, como o Imax e o 3D. São soluções para a arte cinematográfica?
Sou fascinado por novas tecnologias no cinema – e desde os anos 70 eu trabalho no desenvolvimento de inovações em som e imagem. A tecnologia em IMax, com sua projeção em tela gigante, tem dado um novo impacto de realismo ao cinema. O 3D ganha mais e mais adeptos em Hollywood, e tem me inspirado bastante. A tendência do cinema é ampliar o efeito de realidade, e para isso o som é importante. É o caminho do cinema. Isso não quer dizer que o 2D não seja interessante também. Os novos episódios de Star Wars em animação digital incorporam a perspectiva tridimensional e a estética dos mangás japoneses. São uma combinação intrincada de idéias.

A série continuará na TV. Como estão seus projetos em televisão?
Atualmente tenho me dedicado pessoalmente a dirigir documentários e séries de televisão, um meio cada vez mais fascinante. Minha idéia é desenvolver projetos televisivos.

É verdade que sua inspiração para Guerra nas Estrelas foi Os Sete Samurais, de Akira Kurosawa?
Sem dúvida, o cinema de Akira Kurosawa foi fundamental na construção da saga de Guerra nas Estrelas: os vários personagens, a grande missão, a psicologia de cada figura e a própria narrativa em vários planos são influência de Kurosawa.

E há outras fontes cinematográficas que o influenciaram?
Sou amigo e fã de Steven Spielberg. Ele revolucionou o cinema de ação e aventura e continua a ser a minha grande inspiração. Minhas fontes de inspiração vêm de meu período de estudante. São tantos diretores que não saberia dizer agora. Vi muita ficção científica nos anos 50. E Stanley Kubrick com Dr. Strangelove.

Você continua sendo um fanático por filmes independentes?
Adoro assistir a produções alternativas e obscuras. Faz parte de minha formação. Estou sempre atrás de coisas diferentes no cinema contemporâneo e experimental. Ali estão as grandes idéias.

Como você equilibra seu gosto pessoal, que é de um cinéfilo, com as exigências de produção?
Desde cedo eu me dei conta de que tinha de separar minhas inclinações cinematográficas da realidade da produção! Eu aprendi logo que havia o lado da sobrevivência e o do prazer estético. Para ter sucesso na indústria do cinema, não adianta apenas ter idéias geniais ou querer fazer um grande filme. É preciso trabalhar com orçamento, projetos e metas. Vivo sempre esta duplicidade. Antes de realizar velhos projetos pessoais, tive de trabalhar. E curiosamente quando tive uma idéia lucrativa os grandes estúdios de Hollywood não quiseram bancar. Era Guerra nas Estrelas.

Você sempre diz que quer dirigir seus próprios filmes “autorais”. Quando isso acontecerá?
Quando eu me aposentar, mas, pelo visto, vai demorar um pouco… (risos) Tenho um monte de idéias de filmes pessoais, uns três ou quatro. Espero só ter tempo para realizá-los. Desde o início de minha carreira como cineasta e cinéfilo, me dei conta de que era preciso conseguir dinheiro para expressar suas próprias idéias. Bem, acho que agora eu posso fazer isso!
>> ÉPOCA – por Luís Antônio Giron


MEMÓRIAS DO CÁRCERE EM SANGUE E QUADRINHOS

quarta-feira | 13 | agosto | 2008


Com obra apoiada no novo filme do Zé do Caixão, ilustrador Samuel Casal confirma prestígio nacional

Fruto de devaneios pessoais do criador e ator José Mojica, o personagem Zé do Caixão nunca rendeu tantos frutos. Com estréia do filme na última sexta, A Encarnação Do Demônio, o rei do cinema trash de horror nacional é o tema da temporada e já alcança novas mídias, desta vez em quadrinhos com o lançamento de Prontuário 666 do ilustrador e desenhista de Samuel Casal, que a editora Conrad lançou semana passado em todo o país.

Dono de traços únicos, Casal traz em sua obra a história dos 40 anos de cárcere do Zé do Caixão (desde 1968, no filme Esta Noite Encarnarei No Teu Cadáver até o atual Encarnação do Demônio, fechando a trilogia). Apesar de roteiro original e traços personalizados, o livro surgiu de um projeto do diretor Paulo Sacramento. “A idéia não partiu de mim, mas de Paulo (que dirigiu A encarnação…). Ele queria fazer um link entre os quadrinhos e o filme, aproveitando o momento da mídia. Originalmente seria uma obra com vários autores, mas, por conta do curto prazo da editora e dificuldade de contato com outros artistas, acabei fazendo sozinho”, conta Samuel, em entrevista por telefone. O resultado é no mínimo brilhante: uma obra com roteiro original e aprovação não apenas do dono do personagem, mas de mídia e público.


A forma de produção de Samuel é um caso a ser analisado com muito carinho. Artistas passam meses para terminar um quadrinho, a exemplo de Fábio Lyra, que passou um ano e meio na construção do recém lançado Menina Infinito. Para Prontuário 666, foram dois meses: “Desenho rápido, muito favorável ao tempo que dispunha para a obra. Foram dois meses de trabalho intenso, com desenhos e construção de roteiro paralelamente. Tudo muito louco, sem cronologia: fiz o final primeiro e depois umas partes e fui criando até chegar naquele final que já estava registrado. No fim, deu tudo certo”, conta o autor. O talento conta muito, claro, mas nem tudo é fácil como aparenta. “Trabalhar em cima de um personagem já existente é complicado. Estava preocupado com a caracterização e como colocar a minha assinatura. Queria deixar meu traço, minhas idéias e, ao mesmo tempo, não descaracterizar Zé do Caixão. Acredito que tenha conseguido.”, comenta.

Para entrar no mundo da arte, Samuel “ralou” como todo mundo, mas nada de anormal em sua trajetória. Auto-didata, foi um daqueles famosos adolescentes artistas de sala de aula, com desenhos nas últimas folhas do caderno, aprendendo aos poucos e sempre aperfeiçoando. “Não pensava em ser artista, fazia de tudo: jogava bola, saia por aí com os moleques. Foi tudo muito rápido”, conta Casal. Diferentemente dos desenhistas da pré-adolescência, correu atrás e suas obras não foram parar nos arquivos de infância e, já aos 16 anos, conseguiu seu primeiro emprego na vida: no departamento de arte de um jornal. “Nem sabia que em jornal tinha departamento de arte”, brinca.

Os desenhos? O que para muitos era “viagem”, “coisa de doido”, trouxe a fama que carrega hoje: “Olha, seus desenhos são horríveis, não dá para publicar; mas, suas idéias são muito boas”, foi a resposta que teve do editor-chefe do jornal da RBS, em Caxias do Sul, terra natal. “Eu queria fazer HQ’s mais underground, mas no jornal não rolava. Deviam olhar para mim e pensar: este menino é doente “, conta aos risos. Nada de grandes cursos técnicos em escola de arte, tudo no suor e curiosidade de aprender. Costuma dizer que seus professores foram os artistas colegas de trabalho, dando dicas e analisando o material bruto para melhoras, método permanente até os dias atuais. “Sempre peço opinião, mas, claro, sou muito mais confiante e auto-crítico agora”, diz. Sua primeira HQ teve apenas três capítulos – A “Bicarbonato de Ódio”, um lance alienígena bang-bang e, segundo a definição do próprio autor, horrível.

Com traços únicos e mutáveis de uma obra a outra, Samuel Casal ganhou espaço na mídia independente e hoje tem cacife para fazer o que quer e quando quer. Para ilustrar, então, joga-se nas obras, criando formas e conteúdos os mais variados e autônomos possíveis, como rostos e figuras algumas vezes desconcertantes. Seu estilo, aliás, gera controvérsias nas críticas, que em nada abalam o autor. “Já disseram que sou bucólico, grotesto, expressionista, e até muito parecido com um impressionista alemão. Busco sempre me abster da maior quantidade de referências quanto possível, para não perder minha originalidade e assim, evitar mais comparações.

Não busco referências para produzir”, explica. Referências, aliás, é algo difícil de imaginar em suas obras publicadas, nada interliga-se com nada, exceto pela mão criadora. “Tenho minhas preferências, claro, tudo que tiver originalidade. Curto quadrinhos preto e branco, gravadores mexicanos, pois consigo ver em cada obra um rosto diferente nos bastidores. Aprecio muito a força do desenho, sua representação, sua leitura da realidade. Não curto nada apático”, explica. “O mangá, por exemplo, parece produção de massa, tudo feito pela mesma pessoa aparentemente. Se peço a cinco desenhistas que desenhem cinco cachorros, quero ver cinco cachorros diferentes, cinco leituras de um mesmo objeto, isso é uma obra autoral”, comenta.

Aos 33 anos, o currículo do cara é de derrubar o queixo dos sonhadores com uma vida de ilustrador. Já colaborou com diversas publicações nacionais como Superinteressante, Folha de São Paulo, Viagem & Turismo, Florense, Le Monde Diplomatique, Exame, Tam Magazine, Quatro Rodas entre outras. Foram 16 anos dedicados à redação de jornal, incluindo uma direção de arte no Diario Catarinense, deixada em 2006, mas em nada prejudicando sua busca por novos horizontes. “Trabalhar com o factual é algo estático, preso ao momento social. Infelizmente sua liberdade fica restrita, precisa trabalhar com prazos mais curtos e muita criatividade instantânea”, diz. “Um fator que sempre me ajudou foi produzir rápido. Nunca necessitei utilizar todo o prazo concedido, até mesmo em trabalhos mais autorias de free lance”.

Samuel publicou também histórias em quadrinhos na Argentina, França, Alemanha, Bolívia, Chile e Espanha, e seu trabalho de gravura foi destaque em revistas de arte na Itália. Também ministrou oficinas de desenho vetorial nos encontros internacionais de quadrinhos de La Paz (Bolívia) e Recife. Premiado duas vezes no Salão Internacional de Desenho para Imprensa de Porto Alegre, já recebeu seis troféus HQMIX (Museu de Artes Gráficas Brasileiro e Associação de Cartunistas), sendo dois deles consecutivos como melhor ilustrador nacional e um como melhor desenhista nacional.

Mesmo com vasta experiência, são mais de 15 anos dedicados ao desenho, Prontuário 666 vem como marco em sua carreira: é a primeira obra completa dedicada a apenas um personagem. “Nunca relevei a possibilidade de trabalhar tanto tempo apenas em uma coisa. O processo é muito intenso, já que minha forma de produção envolve dedicação quase exclusiva e perfeccionismo. Costumo dizer que não existe cara mais chato do que eu. Rola um medo de enjoar do personagem. Depois do trabalho pronto, começo a relevar a possibilidade de entrar em novos projetos do mesmo nível”, conta Samuel. Nada marcado ou agendado ainda, tudo em cogitações de uma mente criadora e em eterno trabalho.
 >> O GRITO! – por Lidianne Andrade

MAIS DE SAMUEL CASAL
Site Oficial

CONFIRA O PREVIEW DE PRONTUÁRIO 666


RELANÇADA NO BRASIL OBRA POLÊMICA DE TINTIM

terça-feira | 12 | agosto | 2008

"Tintim no Congo" mostra visão estereotipada do país africano e foi refeita pelo autor, o belga Hergé

Até aqui, tudo bem. Faz pouco mais de duas semanas que “Tintim no Congo” começou a ser vendido nas grandes livrarias e, nesse tempo, não houve protestos, confusões, nem notícias alarmantes na grande mídia. O álbum mais polêmico do personagem do belga Hergé (1907-1983) conseguiu uma façanha: passar quase despercebido no país. É uma situação bem diferente do que ocorreu no Reino Unido, em julho do ano passado.

A Comissão para Igualdade Racial do Reino Unido pediu às livrarias britânicas que deixassem de vender a obra.A entidade entendia que o álbum tinha conteúdo racista e mostrava os congolenses de maneira idiotizada e com traços semelhantes a macacos. “O único lugar aceitável para mostrar o livro é um museu, com uma grande placa dizento ´material ultrapassado, totalmente racista”, disse a comissão na época, em depoimento reproduzido pelo jornal “Folha de S.Paulo”.

Duas das principais livrarias do Reino Unido atenderam parcialmente o pedido. Tiraram a obra da seção infantil. Mas não deixaram de vender o álbum de Hergé. O argumento das livrarias é que caberia ao leitor a decisão da compra. Resultado da polêmica: uma semana depois, a editora Egmond, que publica Tintim na Inglaterra, registrava aumento de 4.000% nas vendas do título.

A obra foi relançada no Brasil pela Companhia das Letras (62 págs., R$ 36). A editora paulista tem reeditado as histórias de Tintim desde o fim de 2004. Esta edição, no entanto, procura antecipar eventuais críticas. Traz uma nota contextualizando o conteúdo da obra ao leitor.

“Neste retrato do Congo Belga, hoje República Democrática do Congo, o jovem Hergé reproduz as atitudes colonialistas da época”, diz a nota. “Ele próprio admitiu que pintou o o povo africano de acordo com os estereótipos burgueses e paternalistas daquele tempo -uma interpretação que muitos leitores de hoje podem achar ofensiva. O mesmo se pode dizer do tratamento que dá à caçada de animais.”

A tal “caçada de animais” é referência às mortes provocadas por Tintim. Nas páginas do álbum, ele atira em jacarés, elefantes, veados e num macaco. “Tintim no Congo” mostra a viagem do jovem repórter ao país africano. Lá, é recebido com honras e é reconhecido por todo canto onde vá. Na tradução brasileira, feita por Eduardo Brandão, é tratado pelos congolenses como “Nhozinho”.

A história foi publicada em 1930 no suplemento infantil do jornal “Le Vintième Siècle”. Nos anos e décadas seguintes, a história foi reunida na forma de álbum. Essa primeira versão acentuava ainda mais o tom colonialista que os belgas tinham do país na época, contexto essencial para que a trama seja entendida.

Hergé fez duas revisões da obra, uma em 1946 e outra em 1970. As mudanças reduziram parte do tom paternalista. Abaixo, um exemplo, extraído na cena em que Tintim ensina alunos congolenses:

Meus queridos amigos, eu vou falar hoje da pátria de vocês: a Bélgica“, diz o repórter no primeiro quadrinho, que aparecia na versão original da obra.

Refeito e colorizado, teve o diálogo mudado para uma conta de dois mais dois. A versão que a Companhia das Letras lança agora no Brasil é a revisada por Hergé.

A última vez que a história tinha sido publicada no Brasil tinha sido em 1970, pela Record. A editora optou por traduzir o título por “Tintim na África”. Essa edição está esgotada.

A viagem do personagem ao Congo tem de ser vista dentro do contexto, algo que os não leitores habituais de quadrinhos costumam se esquecer ao mencionar a obra. Nesses casos, não deixa de ser curioso que o grande mal seja o álbum em quadrinhos, e não as produções do cinema norte-americano das décadas de 1930 e seguintes, que tinham visão semelhante à da obra de Tintim.

Crédito: a imagem das duas versões da obra foi fornecida pelo especialista em quadrinhos Waldomiro Vergueiro, a quem este jornalista agradece a colaboração.
>> BLOG DOS QUADRIHOS – por Paulo Ramos


LIVRO QUE INSPIROU A SÉRIE “DEXTER” CHEGA AO BRASIL

terça-feira | 12 | agosto | 2008


A Editora Planeta lança no Brasil o livro que deu origem à série de TV “Dexter”. Trata-se de “Darkly Dreaming Dexter”, primeira obra de Jeff Lindsay sobre um serial killer que trabalha para a polícia de Miami. A produção do canal Showtime, estrelada por Michael C. Hall, baseou-se na série de livros escritos por Lindsay, sendo que a primeira temporada, refere-se aos fatos ocorridos neste primeiro livro. Com o título de “Dexter: A Mão Esquerda de Deus“, o livro com capa de brochura, 272 páginas, está sendo vendido a um preço sugerido de 44,90 reais.

Dexter Morgan é um jovem que trabalha com análise de sangue para a equipe forense do departamento de polícia de Miami. Sem que ninguém saiba, ele atua como um serial killer para satisfazer suas necessidades de sentir emoção e prazer. Dexter escolhe a dedo suas vítimas. Seguindo um código criado por seu pai, ele mata apenas pessoas iguais a ele. Antes de matá-las, informa a elas e ao público, os motivos pelos quais está cometendo um ato bárbaro e a sangue frio, visto que ele as executa quando ainda estão acordadas, esquartejando-as com uma serra elétrica.

Um tema muito difícil para ser discutido em um livro, quanto mais em uma série, visto que a obra transforma o bandido em herói. Justificando o personagem, ele tem em seu passado um trauma que motivou suas atitudes enquanto adulto. A trama faz uma análise do perfil psicológico do serial killer, suas motivações e desejos, bem como influências. Um ser congelado de sentimentos e afetos que vai, aos poucos, descongelando, conforme descobre mais sobre si mesmo e seu passado, trazendo para ele uma outra consciência. Segundo os produtores da série, “Dexter” irá terminar quando ele finalmente atingir uma consciência comum aos demais, ou seja, quando “descongelar” por completo.

Tal qual a série, no livro Lindsay traz a narrativa na primeira pessoa, possibilitando o leitor a acompanhar suas idéias, opiniões e sentimentos. Oscilando entre humano e não humano, Dexter tenta conviver em uma sociedade da qual não sente fazer parte. Alegando não sentir emoções, ele as demonstra em sua narrativa, ou na forma como vê a si mesmo. Em relação aos demais, suas emoções são explosivas, violentas, visto que ficaram sufocadas por muito tempo. Aos poucos, como uma criança, vai aprendendo a lidar com elas. Uma das diferenças entre a série e o livro é que os demais personagens ganharam maior proporção na televisão do que na obra literária, a qual focaliza Dexter o tempo todo. Para quem é fã da série, é uma ótima recomendação, conhecer a obra que deu origem a tudo.
>> TV SÉRIES – por Fernanda Furquim


AS BRUXAS DE EASTWICK SERÁ TRANSFORMADA EM SÉRIE DE TV

terça-feira | 12 | agosto | 2008

Mais um filme de cinema ganha sua versão para a TV no formato seriado. Desta vez trata-se de uma produção que está tentando a sorte pela terceira vez. Segundo o jornal Variety, a rede ABC americana está com o projeto de transformar o filme “As Bruxas de Eastwick/The Witches of Eastwick” em uma série de TV.

A adaptação está a cargo de Maggie Friedman, que tem em seu curriculo as séries “Once and Again”, “Jack and Bobby”, “Related”, “Wasteland” e “Dawson´s Creek”. Ela fará uma mistura entre o filme e o livro do qual se originou. Produzido em 1987 e estrelado por Jack Nicholson, Cher, Susan Sarandon e Michelle Pfeiffer, o filme teve como base o livro de John Updike.

Trata-se da história de três mulheres que ao terminarem seus respectivos relacionamentos, conjuram, de briancadeira, o homem perfeito que irá satisfazer todas as suas vontades. No dia segunte, chega à cidade Daryl Van Horne, homem misterioso e com uma capacidade de entender exatamente o que cada uma delas precisa. Ao longo da história, conscientes dos poderes de bruxas, elas decidem enfrentar Daryl, que se revela o diabo, ou assim ele se apresenta, quando ele passa a se interessar por uma mulher mais jovem. O livro também gerou a produção de um musical montado nos EUA e na Inglaterra em 2000.

A Warner Brothers está há anos tentando transformar o filme/livro em série de TV. Em 1992 foi produzido um piloto para a rede NBC, estrelado por Catherine Mary Stewart, Julia Campbell, de “O Quinteto/Party of Five”, Ally Walker, de “Tell Me You Love Me”, e Michael Siberri. A versão estava a cargo de Carlton Cuse e Jeffrey Boam. Mas o piloto não rendeu uma série.

Em 2002, um novo projeto teve início, desta vez para Fox, em associação com a Warner. Sob o título de “Eastwick”, foi produzido um episódio piloto, estrelado por Lori Loughlin, atualmente em “90210”, Marcia Cross, de “Desperate Housewives”, Kelly Rutherford, de “Gossip Girl”, e Jason O´Mara, atualmente em “Life on Mars”. Este piloto, roteirizado por Jon Cowan e Robert Rovner, também não conseguiu ser transformado em série de TV.
>> TV SÉRIES – por Fernanda Furquim


MOEDA DE EURO NA ESPANHA VEM COM CARA DE HOMER SIMPSON EM VEZ DO ROSTO DO REI

terça-feira | 12 | agosto | 2008

Moeda de Homer faz paródia com rei Juan Carlos

Uma moeda de um euro com a cara de Homer Simpson no lugar do rei Juan Carlos apareceu na Espanha, disse o dono de uma loja de doces à Reuters nesta sexta-feira.

José Martinez estava contando o dinheiro de sua caixa registradora na cidade de Aviles quando se deparou com a moeda, ilustrada com a cabeça careca de Homer, famoso personagem do desenho norte-americano “Simpsons”, no lugar do rosto sério do rei espanhol.

“A moeda deve ter sido feita por um profissional, o trabalho é impressionante”, disse ele à Reuters. O autor desconhecido do desenho de Homer não modificou o outro lado da moeda, que ainda tem o mapa da Europa. Até agora, nenhuma outra moeda com o rosto do personagem foi achada em circulação.

“Já me ofereceram 20 euros por ela”, disse Martinez.
>> REUTERS – por Por Raquel Castillo


EDITORA DE HARRY POTTER FAZ USO DO TERROR PARA ESTIMULAR LEITURA

segunda-feira | 11 | agosto | 2008


Para atrair jovens garotos para a leitura, a Scholastic, que edita os livros de Harry Potter nos Estados Unidos, aposta no horror, em banhos de sangue e descrições um tanto nojentas de passagens históricas.

A série Wicked History, que traz títulos como Vlad the Impaler: the real Count Dracula e Mary Tudor: Courageous Queen or Bloody Mary?, é recheada de batalhas sangrentas e detalhes de assassinatos e guerras. Os livros já foram adotados em escolas e tem feito bastante sucesso entre os garotos.

A editora pretende aumentar o número de meninos leitores que, hoje, não passam de 2% do público freqüentador das bibliotecas norte-americanas.
>> HOMEM NERD – por Bia Nunes de Sousa


“STARLOST” SAI EM DVD NOS EUA

segunda-feira | 11 | agosto | 2008

Lembra de “Starlost – A Estrela Perdida”? A produção canadense de 1973 será lançada em DVD pela independente VCI Entertainment no dia 21 de outubro nos EUA. Serão quatro discos com os 16 episódios produzidos, pelo preço sugerido de 49.95 dólares.

No material de Extras será disponibilizado o video produzido para ser exibido nas agências de publicidade e conquistar anunciantes/patrocinadores. Este video foi exibido uma única vez na TV quando a série estreou pela rede NBC e pela CTV no Canadá. No video, Keir Dullea e Douglas Trimbell apresentam a idéia de “Starlost” e o tipo de tecnologia que pretendem utilizar para transformar a idéia em realidade.

Criada por Harlan Elison para a 20th Century Fox americana, a série teve sérios problemas de produção que fizeram com que ela fosse parar no Canadá. Tudo começou quando a Fox, que na época ainda não tinha um canal próprio, não conseguiu vender a idéia para nenhum canal. Pensou então em estrear a série em syndication, canais regionais, mas também não teve sucesso.

Assim, ela foi parar no Canadá, onde, na época, era necessário utilizar apenas a equipe técnica e os produtores do país, sem a participação (ou participação mínima) dos americanos. A série foi produzida em parceria com a Fox que ficou com os direitos de distribuição. Mas perderam parte do patrocínio que tinham, forçando cortes de orçamento. Com isso, ao invés de se filmar em película, foi gravada em video. Os cortes também provocaram redução de cenários e figurinos além dos efeitos especiais.

Antes mesmo de estrear pelo canal canadense CTV, e posteriormente pela NBC, Harlan já tinha se desiludido com a série e se afastou da produção. Não conformado, pediu que retirassem seu nome dos créditos o qual foi substituído por um pseudônimo. E, assim, a série foi creditada à Cordwainer Bird. Apesar de nada promissora, o tema era muito bom e extremamente inovador para a época. Talvez por isso não tenha conseguido um canal que apostasse de imediato na idéia.

A história gira em torno de uma espaçonave chamada Ark, ou Arca, de 11 mil quilômetros de comprimento, a qual tem a capacidade de abrigar todos os sobreviventes do planeta Terra que foi destruído. Dentro da nave, povos de cultura variadas que vivem em diferentes ambientes de biosferas alto-suficientes. A Ark inicia sua viagem no ano de 2285, mas, logo no início, ocorre um acidente e toda a tripulação que se encontrava na área de comando é morta, deixando a nave vagando sem rumo pelo espaço.

Séculos se passaram. O ano agora é 2790. Uma nova geração de sobreviventes ignora que vive em uma espaçonave e segue com suas vidas. Um jovem, Devon (Keir Dullea – de “2001, Uma Odisséia no Espaço”), vive em uma comunidade Amish. Ele se apaixona por Rachel (Gay Rowan), que está prometida a Garth (Robin Ward). Mas este não a ama. Quando Devon revela seu desejo em desposar Rachel, ele é expulso da comunidade por tentar destruir suas tradições. Vagando sem rumo, ele acaba encontrando a cabine de comando da nave onde um computador revela a verdade à Devon. Para piorar a situação, ele descobre que seu “mundo”, a Arca, está em rumo de colisão um planeta da classe G, algo como o sol. Ele tenta avisar seu povo, mas apenas Rachel e Garth acreditam nele.

A idéia era apresentar na série as diferenças culturais, sociais e religiosas em contraste com a tecnologia e a ciência. Além dos atores fixos, também fizeram parte da série como atores convidados, Walter Koenig, de “Jornada nas Estrelas”, John Colicos, de “Galactica”, e Barry Morse, de “Espaço:1999” e “O Fugitivo”.
>> TV SÉRIES – por Fernanda Furquim

Veja abaixo a abertura da série:


REVISTA N’ROLL: ROCK E HEAVY METAL EM QUADRINHOS

segunda-feira | 11 | agosto | 2008


A revista N’ROLL, desenvolvida em 2007 por Gustavo Fiali (roteirista que já trabalhou nos Quadrinhos da Disney e nos Estúdios Mauricio de Sousa) e por Renata Benetti (artista gráfica), adaptará para Quadrinhos letras de músicas de rock e heavy metal. O projeto conta com o apoio de gravadoras de todo o mundo e teve um pré-lançamento durante o evento Wacken Open Air em Hamburgo, Alemanha, no dia 31 de julho.

A primeira edição adaptará a canção Time to be Free, do compositor e vocalista brasileiro André Matos, e tem roteiro de Gustavo Fiali, arte de Wagner Nogueira, cores de Daniel Barreto, e design e letras de Renata Benetti. A arte de capa da revista será assinada por Greg Tocchini e haverá tiragens em português, inglês e alemão; o lançamento mundial da N’ROLL acontecerá em setembro deste ano.
>> BIGORNA – por Por Humberto Yashima


DE LIVROS SOBRE CINEMA

segunda-feira | 11 | agosto | 2008


Quando, na década de 60, comecei a freqüentar o Clube de Cinema da Bahia, programado pelo ensaísta Walter da Silveira, e vim a constatar que o cinema, mais do que um simples espetáculo, era, também, uma expressão artística, escassa a bibliografia sobre o assunto para aqueles que queriam se iniciar. Os raros livros existentes, e em selecionadas livrarias, batiam na tecla de que o cinema é uma arte e procuravam dar os rudimentos de sua linguagem. Os estudos semióticos encontravam-se nos seus primórdios na Europa e aqui não se alastraram nesta época.

Os métodos críticos, a crítica estruturalista, textual, etc, precisaram esperar uma década para que fossem publicados, a exemplo dos livros de Christian Metz e Jean Mitry. Quem queria ler sobre cinema tinha que se contentar com as boas críticas dos jornais, principalmente as que saíam no Correio da Manhã e O Estado de S.Paulo, e, mais adiante, no Jornal do Brasil, e contar com os “manuais de sobrevivência”, a exemplo de “O Cinema, sua arte, sua técnica, sua economia”, do célebre historiador francês Georges Sadoul, da Editora da Casa do Estudante do Brasil, traduzido por Alex Viany. Ou com os publicados pela Agir: “Iniciação ao cinema”, de J. P. Chartier e R.P.Desplanques ofereceu um certo embasamento introdutório às coisas do cinema, entre outros desta editora, pioneira no lançamentos de obras sobre a chamada sétima arte, como os escritos do Padre Guido Logger.

Sobre o cinema nacional, havia um livro pioneiro, de pesquisa exaustiva, hoje um clássico já reeditado várias vezes, “Introdução ao cinema brasileiro”, de Alex Viany, cuja primeira edição saiu pelo Instituto Nacional do Livro (INL). Em 1963, Glauber Rocha em “Revisão crítica do cinema brasileiro” causou a polêmica necessária ao atacar o inatacável “O cangaceiro”, de Lima Barreto, dizer que “Limite”, de Mário Peixoto, não passava de um mito, entre outras diatribes peculiares ao controvertido cineasta e animador. Alguns anos se passaram para Jean-Claude Bernardet, como se descobrisse o gênio da lâmpada, afirmasse, em “Brasil em tempo de cinema” (1967), que os filmes do Cinema Novo refletiam a mentalidade classe média de seus autores.

Mas sobre o cinema internacional, sua evolução histórica, havia o indispensável “História do Cinéma Mundial”, de Georges Sadoul, em dois volumes, uma redução dos oito ou nove volumes originais publicados na França pelo historiador, o alentado “Histoire du Cinema Mondial”, numa tradução e “redução” de autoria de Sonia Salles Gomes, e editado pela Martins. Nele se tomou conhecimento da invenção do “cinematógrafo” dos Irmãos Lumière, dos primórdios, de Georges Méliès, da importância de Griffith como pai da narrativa cinematográfica, do expressionismo alemão, do neo-realismo italiano, etc.

Em meados da década de 60, numa iniciativa pioneira da Civilização Brasileira, à frente o intimorato Ênio Silveira, foi criada uma coleção, a Biblioteca Básica de Cinema (BBC), quando se teve a oportunidade de conhecimento de teóricos importantes da arte do filme. Bem editados, com índice remissivo, os livros da BBC fizeram a alegria daqueles que estavam impossibilitados de ler algo mais profundo sobre a linguagem e a estética cinematográficas (e receber livros do exterior era um processo difícil e demorado bem diferente dos dias de hoje, quando a internet “lhe manda” com o pedido feito diretamente de seu computador).

“O processo da criação cinematográfica”, de John Howard Lawson, constituiu-se em acontecimento editorial que veio enriquecer a fraca bibliografia de cinema em português. Assim como “Elementos da estética cinematográfica”, de Umberto Barbaro, “A aventura do cinema”, de Renato May, “Luis Buñuel”, de Ado Kyrou (com prefácio de Glauber Rocha intitulado “A visão do novo Cristo”). Todos estes pela BBC da Civilização.

Antenado com as novidades editoriais, homem culto, o editor Jorge Zahar não perdeu tempo e colocou na praça “O cinema como arte”, de J. R. Debrix e Ralph Stevenson, “Reflexões de um cineasta”, de Sergei Eisenstein, entre outros.

A sede de leitura de livros sobre a expressão cinematográfica foi sendo atendida no decorrer da segunda metade dos anos 60. Mas a Civilização deixou de publicar obras de teóricos para se dedicar, na sua coleção BBC, a roteiros de filmes. Há algumas preciosidades como os roteiros completos e análises e ensaios de obras-primas como “Viridiana”, de Buñuel, “Rocco e seus irmãos” e “Os deuses malditos”, de Luchino Visconti, “A doce vida”, de Federico Fellini. A seguir, a BBC estacionou em Fellini com muitos roteiros seus publicados.

Em 1966, Walter da Silveira lança, em Salvador, pela editora Tempo Brasileiro, o essencial “Fronteiras do cinema”, que reúne vários ensaios escritos ao decorrer do tempo, alguns magistrais como “Crítica e contracrítica”, “Entrevisão a Ingmar Bergman”, “Da oralidade em Alain Resnais”, “Espaço e tempo no cinemascópio”, etc. E um bem equivocado: “As vertigens de Alfred Hitchcock”. Mas obra de referência de um dos maiores pensadores cinematográfico do país em todos os tempos. Foi sua obra de estréia (antes escrevia artigos caudalosos para os jornais e sua obra completa, em quatro grossos volumes, foi, ano retrasado, editada pelo governo do estado: “O eterno e o efêmero”, título de seu discurso de posse na Academia Baiana de Letras em 1968). O segundo livro de Walter da Silveira, publicado pouco antes de sua morte (ocorrida em novembro de 1970), “Imagem e roteiro de Charles Chaplin”, pela editora Mensageiro da Fé, reúne um dos mais lúcidos e brilhantes textos sobre os filmes do hoje quase esquecido Carlitos.

A partir dos anos 70, estudos mais teóricos e aprofundados foram sendo lançados, como a coleção da Editora Perspectiva, que deu a conhecer ao leitor “A significação do cinema”, de Christian Metz e, em seu rastro, vários outros exemplares significativos.

Se a crítica de cinema dava sinais de fastio nos jornais, com estes a limitar o espaço e a determinar mais a feitura de resenhas como “guia de consumo” ao invés das análises perfuratrizes do pretérito, as editoras, pelo contrário, multiplicaram os lançamentos de obras sobre o processo de criação cinematográfica, desde manuais de roteiro, teoria do cinema, linguagem e estética cinematográficas, além da reunião em livros dos ensaios e críticas de renomados críticos de cinema: “Paulo Emílio no Suplemento Literário”, “Cinema e verdade”, de Francisco Luiz de Almeida Salles, e, recentemente, a Companhia das Letras presenteou os estudiosos da sétima arte com as notáveis antologias de “Um filme por dia”, de Antonio Moniz Viana”, “Um filme é um filme”, de José Lino Grenewald, “Um filme é para sempre”, de Ruy Castro. A Aplauso publicou uma pequena coletânea das críticas de Rubem Biáfora (que merecia um volume mais alentado).

Mas o que queria falar era mesmo do avanço que se verifica atualmente na oferta de livros sobre a arte do filme. O estudioso do cinema pode ter, agora, em português, uma biblioteca considerável sem a necessidade de importação de livros. E uma recomendação se faz aqui necessária: “Hitchcock/Truffaut”, que saiu ano retrasado, em reedição, não é apenas uma aula sobre o cinema de Hitchcock, mas uma aula sobre o processo de criação no cinema. Essencial e imprescindível.
>> TERRA MAGAZINE – André Setaro – de Salvador (BA)


O CRIME DO DETETIVE

segunda-feira | 11 | agosto | 2008

Sherlock Holmes em versão literária

 
Exploramos as relações entre o vampirismo e sociedade vitoriana no artigo O neoliberalismo e os neodráculas, mas a obra de Bram Stoker não foi a única a expressar na literatura popular o mal-estar e a insegurança do Império Britânico a caminho da decadência, nem a confortar os leitores com soluções de fantasia.

Se existe um personagem da literatura britânica do século XIX ainda mais popular que o conde da Transilvânia, é o detetive de Baker Street. Já em seu tempo, fazia muito sucesso: seu criador Conan Doyle, quis livrar-se dele para dedicar-se a romances históricos mais sérios e o “matou” em O Problema Final, publicado em 1893, mas os fãs indignados o pressionaram a ressuscitá-lo. Doyle publicou seu último volume das aventuras de Holmes em 1927 e talvez continuasse a escrevê-las se não viesse a falecer três anos depois.

A criatura sobreviveu ao criador. William Stuart Baring-Gould, um entusiasta que em 1962 publicou uma minuciosa biografia do personagem, com base nas narrativas de Doyle e na sua própria imaginação, afirmou que Holmes morreu em 1957, ao completar 103 anos. Foi, porém, mais um alarme falso. O próprio Baring-Gould faleceu em 1967, mas em 1974, o cineasta e escritor Nicholas Meyer, no romance Uma solução sete por cento, confiou a saúde mental do detetive, abalada pelo vício em cocaína, aos cuidados de um investigador igualmente famoso mas real, Sigmund Freud.

Holmes continua a reaparecer quando e onde menos se espera, inclusive nos trópicos, em uma das obras fantásticas do escritor José J. Veiga (O Relógio Belisário) e no primeiro romance do humorista Jô Soares (O Xangô de Baker Street), ambos de 1995. No alvorecer do século XXI, Loren D. Estleman escreveu Sherlock Holmes vs. Dracula, no qual o detetive encontra Van Helsing e impede o Conde é de conquistar a Inglaterra e o mundo. Cinco anos depois, Caleb Carr, em The Italian Secretary, envolveu Holmes em outra trama paranormal. Com bem mais de um século de idade, Sherlock Holmes continua bem vivo e muito ativo.

Ninguém diria que o primeiro livro foi quase um fracasso. A primeira aventura, o romance Um Estudo em Vermelho, de 1887, causou pouca impressão: o sucesso estrondoso veio em 1891, com a publicação dos primeiros contos na Strand Magazine. Como apontou o crítico literário Franco Moretti, entre essas duas datas veio o ano de Jack, o Estripador, 1889 – a sociedade foi angustiada por uma série de crimes não resolvidos, crimes sem um sujeito a quem culpar e punir. A ficção policial veio exorcizar, ao menos no imaginário, o medo de assassinos a circularem desconhecidos e impunes, zombando da justiça e da sociedade.

A principal finalidade da ficção policial criada por Conan Doyle, diz Moretti, é exorcizar qualquer sentimento de que a culpa possa ser impessoal, coletiva, social. “Uma máquina de escrever”, diz Holmes em Um Caso de Identidade, “tem na verdade tanta individualidade quanto a letra de um homem”. Sempre se pode encontrar o culpado e purgar a sociedade – concebida como organismo ou corpo social – de suas exceções patológicas.

Essa ficção é fascinada pelos “mistérios do quarto trancado”: a sociedade, inocente, fica do lado de fora. O assassino e a vítima se encontram do lado de dentro porque, de alguma maneira, são parecidos. Em boa parte das histórias de Conan Doyle, o criminoso foi vítima de um crime anterior e vice-versa. A vítima “pediu aquilo” ao querer manter em segredo um passado sombrio e impedir a “ajuda” da sociedade.

O porcentual de homicídios aumenta gradualmente nas histórias de Sherlock Holmes até se tornarem a norma. A morte nunca aparece como evento natural e universal: é sempre o resultado de um antagonismo e a punição de quem, querendo ou não, ultrapassou os limites da normalidade – como que garantindo ao leitor que, caso se ajuste aos estereótipos, nunca será vítima nem criminoso.

Conseqüentemente, os personagens da ficção policial são inertes, não crescem. Enquanto no romance clássico a meta da narrativa é a evolução do personagem rumo à autonomia, na ficção policial o objetivo é voltar à normalidade do status quo anterior.

A ação se inicia não porque uma pessoa vive e cresce, mas porque um indivíduo morre e isso representa uma anomalia a ser corrigida pelo ritual de identificação e sacrifício do indivíduo criminoso. Daí a ficção sherlockiana ajustar-se melhor à forma literária de conto que à do romance, ainda que sua extensão, em número de palavras, possa dar a impressão de um romance.

O culpado nem sempre é o mordomo, mas é sempre a individualidade, da vítima e do criminoso. Os “inocentes” mostram que o são comprovando que realmente são os estereótipos sem história que parecem ser e cumprem suas rotinas habituais. O criminoso, pelo contrário, é uma consciência autônoma, voltada para uma meta.

Curiosamente, porém o criminoso de Conan Doyle nunca é membro da burguesia. Ao menos na Inglaterra vitoriana, essa classe deixara de ser a encarnação do risco e da inovação para se tornar a defensora da prudência, da conservação e da estabilidade.

Na maioria dos casos, o criminoso é um nobre ou um novo-rico. No primeiro caso, tenta reagir ao desaparecimento de sua riqueza, opor-se ao curso natural do mercado e da história. No segundo, aspira a um salto social súbito. A intervenção do detetive visa garantir que a economia siga sua lógica e não seja violada pela vontade arbitrária do senhor feudal decadente, nem pela brutalidade da acumulação primitiva do passado.

Uma terceira possibilidade é que o criminoso seja o padrasto, o pai adotivo que deseja a herança – pois a ficção policial quer perpetuar a ordem existente, legítima por definição, baseada na autoridade do pai verdadeiro. Em todo caso, o móvel do crime é sempre a riqueza, mas não há nenhuma menção à maneira como ela foi produzida. Assim como a economia liberal, a ficção policial induz a procurar o segredo do lucro na circulação, onde não pode ser encontrado – embora se encontrem roubos, estelionatos e fraudes. A indignação contra a podridão e a imoralidade da economia deve concentrar-se nas anomalias da corrupção, inocentando o funcionamento normal da produção e da exploração do trabalho no campo e na fábrica.

O detetive Holmes, qual anjo imune à corrupção, vive para servir à sua arte: “ela é algo impessoal, algo além de mim mesmo”, diz em As Faias Cor de Cobre; “minha profissão é a sua própria recompensa”, em A Faixa Malhada. Sacrifica a individualidade, a fome, o sono, ao trabalho, mas não deixa de ser um diletante, um intelectual. Sua meta é cultural: o criminoso pode até fugir (e isso chega de fato a acontecer), contanto que sua culpa seja provada.

O papel da ficção policial vitoriana é pôr um problema – o crime – e declarar relevante uma única causa: o criminoso. Deixa de lado as causas sociais e as dúvidas sobre a parcialidade e subjetividade de seus pressupostos. Trata-se de reafirmar a idéia de um interesse geral da sociedade, que consiste em resolver aquele mistério e prender aquele indivíduo, mais ninguém, como solução válida para todos. A sociedade, por definição, é sempre inocente.

Sherlock Holmes é o médico da sociedade vitoriana, feito para convencer o leitor de que a sociedade é um organismo a ser conhecido e tratado de acordo com um senso comum sistematizado. Já o Dr. Watson pode ser um médico na ficção, mas age como mero espectador. Na realidade da técnica literária é, como os futuros ajudantes-de-detetive que o sucederão, um mero recurso prolongar a ação e o suspense, acumulando detalhes inúteis até que a intervenção fulminante do detetive genial não fornece as revelações realmente importantes.

Essa ficção dá a sensação de conhecimento científico e parece satisfazer a aspiração de certeza porque evita com rigor a prova da realidade externa: é a ciência transformada em mito, tornada auto-suficiente ao ter licença para pressupor tudo aquilo que deveria demonstrar.

Ao longo do século XX, bem depois de terem desaparecido a era vitoriana e o poderio britânico, alguns autores e autoras continuariam apegados ao modelo sherlockiano, explorando-o em mil variações acadêmicas e maneiristas. Como Agatha Christie – cujo primeiro livro desenvolve sua ação no ano dos piores massacres da I Guerra Mundial, mas se interessa apenas por um assassinato no segundo andar de uma elegante casa de campo inglesa. Mas essa não é a única maneira de se escrever ficção policial, como veremos no próximo artigo.
>> TERRA MAGAZINE – por Antonio Luiz M. C. da Costa


DIABOLÔ LITERÁRIO

sexta-feira | 8 | agosto | 2008

Os romances de Cortázar inauguraram uma nova forma de fazer literatura na América Latina, rompendo com o modelo clássico mediante uma narrativa que escapa à linearidade temporal e onde os personagens adquirem uma autonomia e uma profundidade psicológica raramente vistas.

Será que as pessoas ainda enfrentam Julio Cortázar? Dormem com suas palavras? O dia é para que os homens sofram com o trabalho, viajem na calçada, confrontem a consciência com os sonhos, parem no café e comprem diabolôs para os meninos. Mas e à noite? Ler à noite, à véspera do sonho, assim é que se lê, porque no escuro esperamos que um dia novo nos redima. É preciso que os livros nos preparem para o que virá, que nos ajudem a transformar o que não mais funciona sob o grande sol.

Ninguém, dizem-me, lê Cortázar como lia antes. O crítico Davi Arrigucci, que sobre ele escreveu “O Escorpião Encalacrado”, acredita que o escritor tenha sempre buscado o sentimento do novo, o homem no limite da decisão, de um aperfeiçoamento, de uma passagem _ o homem no seu rito de adolescência.

Eis por que não seria estranho dizer que Cortázar interessaria sobremaneira aos que jogam amarelinha ou quem sabe, contemporaneamente, o diabolô. Os grandes, estes em situação de comprar livros e, ainda mais, apaixonados por literatura, estariam com Jorge Luis Borges, divertidamente lembrado como oposto de Cortázar, mas a quem ele admirava como a um mestre _ o mesmo Borges que foi o primeiro a publicar Cortázar em uma revista literária, e para ilustrar o conto de estréia, “Casa Tomada”, providenciara um desenho de sua irmã, Nora Borges.

Talvez esta consideração de uma literatura para jovens esconda o fato de que as ansiedades da adolescência sejam aquelas de formação _ e que as pessoas, hoje, formem-se cada vez mais tarde para as decisões. O experimento lhes parece permitido em idade avançada. Vive-se mais nestes dias. No orkut, a comunidade dedicada a Cortázar tem cinco mil membros. Isto é pouco? Nem todos os comunitários são jovens.

Penso como teria andado o escritor argentino por esta São Paulo doente, em 1975, já que desconfiava que o perseguiam. Ele, ainda mais, portador e buscador das palavras, inventara uma leitura livre em “Rayuela”, e a liberdade interessava aos jovens, os revolucionários de então.

Aos 59 anos, Cortázar passeara pelo Instituto Butantã, comera no Mexilhão, no Pingão, no Amigo Leo, vira Maria Bethânia no Tuca, todos eles itens de um roteiro turístico na capital paulista daqueles tempos. Em comunicação com os paramilitares argentinos, a polícia soubera, em abril, que Cortázar se encontrava aqui, que ocupava o Hotel Esplanada, no centro, e que lá depositara suas valises.

A polícia recebeu a informação da presença do escritor entre nós diretamente de um jornal vespertino que dera a manchete “Cortázar está em São Paulo, fingindo que não está”. A polícia, depois disso, revirou o quarto que ele ocupava no hotel, durante sua ausência. Nada, é evidente, encontrou.

O perigoso e subversivo Julio Florencio Cortázar, jurado do Tribunal Bertrand Russell contra os atos de tortura em países da América Latina, queria estar em São Paulo para, entre outras coisas, comprar discos de Gal Costa. Já visitara a mãe e a irmã em Campos do Jordão, sigilosamente, por uma semana. Não poderia voltar à Argentina, ele que morava em Paris. Se pisasse em Buenos Aires, os paramilitares o pegariam.

Antes de deixar São Paulo às pressas, rumo ao aeroporto que o levaria a Paris, em abril, ele jogou na privada o café da manhã. Dormira no quarto revirado antes de tomar a decisão. Que palavras teria carregado pela noite?

Arrigucci diz que, no aeroporto de Congonhas, à espera do ônibus que o levaria a Viracopos, ele lia “Balanço da Bossa e Outras Bossas”, de Augusto de Campos. Fazia sentido. Bossa nova, Caetano ou Gal eram novidades radiantes. Diz o próprio Arrigucci que Cortázar não se cansava de buscá-las, como quem quer abrir a porta a um mundo mágico. Tudo, aliás, poderia ser magia para ele. Um dia viu o desenho de um escorpião na placa de um estabelecimento e se perguntou se aquilo representaria um sinal.

Estive com Arrigucci nesta semana e pude ler alguns trechos de cartas enviadas a ele por Cortázar. Selecionei o que vai a seguir. Cortázar tenta, aparentemente, consolar Arrigucci de alguma espécie de tristeza do crítico, que contava então 34 anos. E diz, em 13 de janeiro de 1977, ao “querido Davi”:

Não reprove meu silêncio, porque também minha vida é difícil, viajo demasiado por razões que nada têm que ver com meus gostos mais profundos, sabe-o bem; há dias em que sinto a boca amarga, vontade de que tudo se vá ao diabo, e eu em primeiro lugar. Mas depois olho para o sol, encontro um sorriso em uma rua, me agrada uma mulher, essas coisas que de repente me dizem que estou vivo e que só o estarei uma vez. Então volto para minha casa e escrevo ou escuto discos ou faço amor ou brinco com um menino, e penso que ao fim e ao cabo valeu a pena ter estado um instante neste sujo, fodido, planeta.

A carta prossegue com seus interesses, depois de Cortázar ter dado fim à “filosofia barata” que acabara de dizer.
>> CARTA CAPITAL – por Rosane Pavam


O MANÍACO DO OLHO VERDE

sexta-feira | 8 | agosto | 2008

ADORÁVEL VAMPIRO
Recluso, Dalton Trevisan lança novo livro de contos e confirma o prestígio entre fãs

Avesso a entrevistas, o escritor curitibano Dalton Trevisan coleciona uma legião de fãs que cresce proporcional a sua aparente timidez. Quanto mais se recusa a aparecer, mais ansiosos por sua próxima obra crítica e público se tornam. E de fato, eles não irão se decepcionar com o inédito O Maníaco do Olho Verde (Record, R$ 28,00, 128 páginas), que chegou às livrarias na última sexta-feira, pela Record.

Para os fãs, o livro é um grato presente. Para os que ainda não são, é uma excelente iniciação à obra de um dos maiores escritores brasileiros. Em 26 contos, com uma linguagem mordaz e diálogos insólitos, o livro reúne o melhor do estilo enigmático e enxuto do autor. Vencedor do Prêmio Portugal Telecom 2003 com Pico na Veia, Dalton prova, a cada novo trabalho, porque é um dos mais renomados contistas brasileiros contemporâneos.

O Maníaco do Olho Verde é composto por textos enxutos que retratam a realidade e a condição humana, onde a miséria, o desemprego e o desespero diante da desesperança provocam humilhações, medo, amargura e exploração sexual. Pelas páginas do livro passeiam noivos pernetas, prostitutas, ladrões, assassinos, pessoas humildes, marginalizadas, sem oportunidade ou opção.

O tal maníaco , que dá nome a um dos contos e ao livro, é um homem normal a não ser por uma estranha fixação: sexo. Doença ou tara, o fato é que bastava ser mulher para atrair seus assustadores olhos verdes: “Me diga. Que culpa tenho eu? Assim fui nascido. Simples capricho do Senhor Deus. Sei lá, o mau sangue dos pais. Uma praga do capeta desgracido. Podem me condenar, babacas e bundões. O que eu faço? Tudo o que vocês gostariam. Eu sou um de vocês”.
>> REVISTA O GRITO!


HISTÓRIAS FEITAS NO LIQUIDIFICADOR: “COISAS FRÁGEIS”, DE NEIL GAIMAN

sexta-feira | 8 | agosto | 2008


Neil Gaiman é referência obrigatória para quem curte quadrinhos. Seu maior sucesso, Sandman, foi lançado em 1989 e ainda é uma das mais comentadas graphic novels. Pouca gente sabe é da lenda de que Sandman foi lançado inicialmente para “preparar o terreno” para Orquídea Negra, uma belíssima criação lançada em 1990, onde se pode curtir a arte de Dave McKean (responsável pelas capas de Sandman) em todas as páginas.

Mas Gaiman tem outros talentos para além da banda desenhada. Seu “Stardust” (1998) virou filme em 2007. O autor também assina, junto com Roger Avary, o roteiro de Beowulf além de outras produções menos conhecidas.

Mas há os livros… Um monte deles! A Conrad tem lançado no Brasil a obra de Gaiman em edições impecáveis. Confira “Lugar Nenhum” (1997), “Deuses Americanos” (2001) e “Filhos de Anansi” (2005).

O mais novo lançamento é “Coisas Frágeis” (204 pp., R$ 38) que é lançado por ocasião da participação do autor na edição 2008 da Feira Literária Internacional de Paraty (FLIP). É a terceira vez que Gaiman vem ao Brasil e desta vez participa da mesa “A mão e a luva” no evento literário mais badalado do país.

“Coisas Frágeis” é um livro de contos em que o autor passeia por climas tão diversos quanto Matrix, Sherlock Holmes ou Nárnia. A “mistura” inclui puberdade, punk rock e ficção científica em “Como Conversar com Garotas nas Festas”, combina Conan Doyle com H. P. Lovecraft em “Um Estudo em Esmeralda” e visita a Matrix em “Golias” (que é inspirado no roteiro original do primeiro filme).
>> OUTRA COISA – por Eduardo Santos

O livro é composto por nove contos e mistura puberdade, punk rock e ficção científica em “Como conversar com garotas nas festas”; combina o Sherlock Holmes de sir Arthur Conan Doyle com o terror de H. P. Lovecraft em “um estudo em esmeralda”, e extrapola o mundo de Matrix em “Golias”, inspirado no roteiro original do primeiro filme.

A publicação é um tratado prático de como escrever boas histórias – histórias que, como diz a introdução do livro, “duram mais que todas as pessoas que as contaram, e algumas duram muito mais que as próprias terras onde elas foram criadas”.

Leia um trecho


VERSÃO ANIMADA DE BUFFY CAI NA INTERNET

sexta-feira | 8 | agosto | 2008


Abaixo está o video de três minutos da versão animada de “Buffy, a Caça-Vampiros”, produção de 2001 que foi abortada pela Fox. Este video foi produzido para ser apresentado a possíveis anunciantes e banqueiros que poderiam se interessar em financiar a produção da série animada.

A animação foi criada por Joss Whedon e contou com as vozes da maioria do elenco da série original, menos Sarah Michelle Gellar, a própria Buffy, que não aceitou participar da versão animada pois preferiu investir em sua carreira cinematográfica. Giselle Loren fez a voz de Buffy neste video e em dois games da série. As demais vozes são de Alyson Hannigan (Willow), Anthony Stewart Head (Giles) e Nicholas Brendon (Xander). Foram escritos entre seis e sete roteiros, mas apesar de terem conseguido financiamento, a produção não conseguiu um canal para ser exibida e foi cancelada.
>> TV SÉRIES – por Fernanda Furquim


TRAILER DE LIVRO DE TERROR NA LISTA DOS MAIS ASSISTIDOS DO YOUTUBE

sexta-feira | 8 | agosto | 2008


A Publisher Weekly informa que a lista de vídeos mais assistidos do Youtube inclui geralmente momentos capturados por amadores em cenas caseiras. Portanto, foi um golpe quando o trailer do próximo livro de Sherrilyn Kenyon, Acheron, entrou para a lista dos mais assistidos na semana passada. Apenas um dia depois de ser publicado no site, o vídeo trailer foi visto mais de 113 mil vezes. Uma semana depois, esse número ultrapassou 175 mil.

A obra, um romance paranormal, vai à venda ainda em agosto com tiragem inicial de 350 mil cópias. O vídeo, que foi produzido por uma equipe de Hollywood, é de 33 segundos de duração e já suscitou comentários dos telespectadores como “eu mal posso esperar para este livro chegar em minhas mãos” e “eu estou tão ansioso pelo livro.
>> PUBLISHnEWS – por Publishers Weekly


O JUSTICEIRO ZÉ DO CAIXÃO QUER SALVAR O MUNDO

sexta-feira | 8 | agosto | 2008


O assunto da temporada. Para um bando de cinéfilos, a estréia de Zé do Caixão é maior do que as Olimpíadas.
Hoje, sexta-feira 08/08/08, entra em cartaz o mais novo filme de José Mojica Marins, o ‘A Encarnação do Demônio’ – filme que reúne todas as referências com que trabalhou ao longo de sua carreira: pornochanchada, animais vivos – aranhas, ratos e baratas -, sadismo, misticismo, alucinações…

Considerando que o roteiro estava pronto desde 1966, esse é o filme que levou 40 anos para sair do papel. Atualizado para os novos tempos, o autor do personagem Zé do Caixão acredita que “atingiu o limite da sua criatividade”, e que esse longa “é a prova de que o gênero terror no Brasil é viável”. Uma quebra de tabu – não sem antes apavorar a equipe de filmagem que assistiu durante nove semanas toda a sorte de danação possível: uma mulher saindo de dentro de um porco morto, uma figurante empolgada que pede para costurarem de verdade sua boca, um ouriço humano com quase mil agulhas cravadas pelo corpo (essa cena não entrou na versão final), suspensão de gente por ganchos cravados na pele e o cheiro horrível que tomava conta do set.
Certamente bem mais assustador que o próprio filme.

Como disse o Mojica na pré-estréia: “Que o cosmo ilumine seus passos e prestem atenção nos diálogos”!

Mojica, porque essa obsessão com o ‘filho perfeito’?
A idéia do filho perfeito é que a mente do Zé acredita em hereditariedade do sangue. Na lógica dele, ele quer alguém que pensa como ele, e crê que através de um filho ele poderá ser eterno.
Por isso ele testa e analisa as mulheres com quem quer ter um filho, para saber se são inteligentes.
Para o Zé do Caixão não importa se 300 pessoas morrem em um acidente – porque se são pessoas inferiores são um estorvo. Para ele basta salvar apenas um ser que seja superior. Porque ele precisa de mais gente para salvar o mundo. E para isso, nesse filme ele deixa sete mulheres grávidas.

Mas como salvar o mundo se ele é o Demônio?
O povo chama o Zé de demônio porque não entendem ele. O Zé é cético, não crê em nada, é ateu.

Mas ele é sádico.
Ele é frio. Como ele não ama, ele também não odeia. É como cobra – se você não passa na frente, ela não pica. No filme ele mata quem atrapalha o caminho dele.
Ele é assim pelo fato de ter sofrido quando volta da II Guerra, tendo lutado como um pracinha, e encontra sua noiva com uma autoridade da cidade. Ele não perdoa e mata os dois. Fica revoltado porque o Brasil não valoriza seus heróis.
Essa é a origem do Zé do Caixão que será lançada em HQ.

Algo a ver com o seu cinema ser considerado trash…
Consideram meu cinema ‘ trash’ aqui, mas não é trash. Conto isso na Europa e nos Estados Unidos e eles ficam revoltados. Lá eles me dão valor. O que antes era chamado de trash hoje pode ser chamado de cult.

Você se considera underground?
Não. Me considero um autodidata. Aprendi tudo sozinho. Morava no fundo de um cinema e procurei fazer uma linguagem própria, que já foi chamada de ‘marginal’, ‘primitiva’, ‘udigrudi’ – são tantos nomes que já me deram. Mas eu digo que faço ‘cinema de invenção’, porque inventei o que já estava inventado de uma maneira econômica, de baixo orçamento, economizando nos negativos por exemplo.

Você fez um terror genuinamente brasileiro.
Sim eu procuro mostrar o Brasil. Luto por isso. Por isso nos meus filmes tem macumba, misticismo, favela… É o que os europeus, americanos e asiáticos querem ver.

Você acredita em Deus?
Acredito em Deus, sou católico, mas não sou praticante. Carrego em minha casa São José, e a Virgem Maria Nossa Senhora, em que me apego e sou socorrido.

É a força do cosmo?
A gente não tem idéia para onde vai quando morre, se é um mundo paralelo, uma outra dimensão, outra galáxia. A luz do cosmo é infinita, é a maior força. Espero que lá tenha vida.

E o lançamento no dia 08/08/08?
Preciso do cinema lotado, no dia 08, 09 e 10. Não deixem de ir. Quis concorrer com as Olimpíadas. E acho que eles estão com medo.
>> TERRA MAGAZINE – por Paula Guedes


Sombrias Escrituras

sexta-feira | 8 | agosto | 2008
Sombrias Escrituras

Sombrias Escrituras

O site Sombrias Escrituras renovou suas funções, dando mais espaço a divulgação de livros nacionais, e lançando fanzines com publicações de contos, poemas e ilustrações de diversos autores contemporâneos.
Tendo à frente o editor Alexandre Souza, que atende pelo pseudônimo “Sr. Arcano”, o site traz seções de Poesia, Fanzines, Entrevistas, Correio, Colunas, etc…

Acesse: www.sombriasescrituras.com.br

Comunidade no Orkut: http://www.orkut.com.br/Community.aspx?cmm=60871905

Dentre as novidades, podemos conferir: Concurso de Poesia com ótimas premiações, Lançamento recente do Fanzine Antológico e Espaço para publicidade de livros.


PÔSTER E TRAILER DO FILME “CTHULHU”

quinta-feira | 7 | agosto | 2008


A produtora Regent Releasing divulgou o primeiro pôster e trailer de Cthulhu, filme que leva o nome da criatura proveniente do romance O Chamado de Cthulhu, de H. P. Lovecraft. O filme, que estreará em 22 de agosto nos EUA, conta com a direção de Daniel Gildark e tem os atores Jason Cottle, Tori Spelling e Scott Green no elenco.

O filme conta a história de um professor de história que retorna a sua cidade natal após a morte de sua mãe. Lá ele reencontra sua antiga melhor amiga e se envolve em uma série de eventos quando descobre aspectos sobre o culto de uma Nova Era de qual seu pai participa e que poderão ocasionar perigosos e apocalípticos eventos.

Cthulhu surgiu no conto O Chamado de Cthulhu na forma de uma estatueta de argila, representando um híbrido de octópode com ser alado. Ele está ligado ao mito dos Grandes Antigos (criaturas gigantescas e monstruosas dos primórdios do tempo), que surgem constantemente em diversas obras de Lovecraft.

Na ficção, há vários cultos que veneram Cthulhu e geralmente consistem em grupos de pessoas primitivas ou isoladas que acreditam que Cthulhu anunciará uma era de caos e violência desenfreada ou que ele exterminará toda a humanidade, mas matará o culto rápida e relativamente sem dor. De acordo com Lovercraft, os seres humanos nunca poderão entender totalmente Cthulhu, pois sua existência vai além da compreensão mortal.
>> HQ MANIACS – por Willian Matos

O trailer pode ser conferido clicando aqui:


DVD DE “PLANETA TERROR” EM PRÉ-VENDA

quinta-feira | 7 | agosto | 2008


Já está em pré-venda o DVD de Planeta Terror, a metade de Grindhouse dirigida por Robert Rodriguez, contanto uma história clássica de invasão zumbi no mundo.

O DVD, que será lançado oficialmente no dia 20 de agosto, terá entrevistas e trailers do filme, além de dois dos trailers falsos filmados para Grindhouse e mais uma novidade: uma versão dublada do filme em MP4, própria para ser assistida em MP3 Players compatíveis.

E enquanto isso, nem sinal de À Prova de Morte, a metade de Grindhouse dirigida por Quentin Tarantino, que vem sendo adiada sucessivamente. Para ver uma crítica de Grindhouse, clique aqui.

O texano Robert Rodriguez é conhecido como um dos grandes diretores da nova geração de Hollywood, tendo dirigido grandes filmes como a trilogia de El Mariachi com Antonio Bandeiras, Sin City e a série Spy Kids. Entre seus próximos projetos estão o filme de Red Sonja, um segundo Sin City e o longa de Madman.

Grindhouse foi uma experiência dos diretores Robert Rodriguez e Quentin Tarantino em reviver as sessões duplas de filmes B, clássicos em suas infâncias. Foram produzidos dois filmes, Planeta Terror, sobre um ataque zumbi, e À Prova de Morte, um thriller sobre um dublê assassino. Os filmes de Grindhouse foram distribuídos separadamente no resto do mundo, sendo que apenas Planeta Terror foi lançado no Brasil.
>> HQ MQNIACS – por Thiago “Dinobot” Colás


CANAL BRASIL EXIBE SÉRIE SOBRE QUADRINHOS

quinta-feira | 7 | agosto | 2008

Estréia em agosto, no Canal Brasil, a série Quadrinhos. Produzida pela Ideograph e dirigida por Eduardo Calvet, ela conta em cinco episódios semanais a trajetória das histórias em quadrinhos no País.

Os temas abordados nesta primeira parte vão de Angelo Agostini à criação da Editora Brasil-América por Adolfo Aizen.

O episódio de estréia tem 26 minutos e será exibido em 26 de agosto, às 21h, com reprises em 27 de agosto às 15h30min e em 30 de agosto às 12h.

Entre as curiosidades do programa, está a indústria de quadrinhos brasileira, que já teve vendas de 5 milhões de cópias de heróis e monstros desenhados em nosso país.

Os heróis terão destaque, como o mascarado verde e amarelo Judoka, de Pedro Anísio, imortalizado no traço de Floriano Peixoto, cuja revista chegou a passar do número 50 e teve um filme trash feito nos anos 70, estrelado por Pedro Aguinaga e Elisângela.

O implacável detetive, o Anjo, herói da Rádio Nacional que virou quadrinhos com arte de Flavio Colin. O personagem também virou filme nos anos 80, pelas mãos do mestre do “terrir” Ivan Cardoso.

Entrevistas com historiadores, pesquisadores, editores, escritores e desenhistas, que viveram a história dos quadrinhos no Brasil, entre eles Ziraldo, Mauricio de Sousa, Angeli, Paulo Caruso, Ivan Reis, Lourenço Mutarelli, Ivan Cardoso, Moacy Cirne, Sidney Gusman, Marcelo Campos e muitos outros.

Confira no blog do Universo HQ um trailer dessa nova série. Abaixo, os temas dos episódios:

A Nona Arte – dia 26 de agosto, às 21h: As editoras e revistas que deram início a tudo, como O Tico-Tico, Suplemento Juvenil, O Globinho, a história da Ebal de Adolfo Aizen e mais.

Os Mestres do Terror – dia 2 de setembro, às 21h: O “boom” das histórias em quadrinhos de terror que ocorreu entre as décadas de 1950 e 1970, com o surgimento de desenhistas e ilustradores como Nico Rosso, Rodolfo Zalla e Júlio Shimamoto. A ligação entre o terror e o erotismo, e a figura mítica de Carlos Zéfiro.

A Turma do Infantil – dia 9 de setembro, às 21h: O universo infantil, que se consolidou como a verdadeira indústria dos quadrinhos brasileiros, com nomes como Guttemberg Monteiro, Ziraldo e Mauricio de Sousa.

Gibis, Drogas e Rock´n Roll – dia 16 de setembro, às 21h: A influência da tradição cartunista na época da ditadura militar e seus reflexos nas gerações posteriores, com artistas como Henfil, Ziraldo e os irmãos Caruso e sua contundente crítica política. Surge a geração da Chiclete com Banana com Angeli, Glauco e Laerte. O trabalho autoral de Mutarelli.

Capitão Brasil e sua Gangue – dia 23 de setembro, às 21h: Os heróis brasileiros, como O Anjo, Capitão Sete, Judoka, Jerônimo e outros que povoaram o imaginário dos leitores de quadrinhos durante as décadas de 1940, 1950 e 1960. E desenhistas brasileiros que fazem o Homem-Aranha, Super-Homem e X-Men nos Estados Unidos.
>> UNIVERSO HQ – por Por Ricardo Malta e Marcelo Naranjo


FÁBIO MOON & GABRIEL BÁ: O QUE VEM POR AÍ

quinta-feira | 7 | agosto | 2008

 
Há pouco mais de uma semana, os irmãos gêmeos Fábio Moon e Gabriel Bá ganharam dois prêmios Eisner cada um, tornando-se, ao lado de Rafael Grampá – o outro premiado da noite -, os primeiros brasileiros a receber aquele que é considerado o Oscar dos quadrinhos.

Por email, Gabriel Bá explica ao Gibizada alguns dos próximos projetos da dupla. O primeiro deles é uma HQ sobre a cidade de São Paulo para a revista Época SP, cujo capítulo inicial já saiu e pode ser conferido logo abaixo. O próximo sai no mês que vem.

“São HQs pra revista Época São Paulo e tratam da cidade, suas particularidades, sempre com aquele diferencial que só os Quadrinhos podem oferecer”, diz Gabriel Bá. Abaixo, ele conta como serão os outros dois trabalhos, previstos para 2009, nos EUA: 

“DAYTRIPPER”: “A nossa própria série na Vertigo [selo de temas adultos da DC Comics], escrita e desenhada por nós. Trata da vida de um cara que ser ser escritor, mas vive sob a sombra do pai, um consagrado romancista. Acompanhamos vários momentos de sua vida e como cada decisão que você toma influencia os caminhos que sua vida te leva. Por ser publicada na Vertigo, acho que é a nossa chance de sermos vistos como contadores de histórias, escritores, não só como desenhistas.”

“B.P.R.D.:1947” (no alto): “O Mignola [Mike Mignola, criador de Hellboy e do B.P.R.D., grupo do qual o demoníaco personagem fez parte] tem acompanhado nosso trabalho (sempre que vamos à Comicon damos nossos mais recentes trabalhos para ele) e mostrou interesse em trabalhar conosco já o ano passado. Refletindo sobre o tipo de arte que ele e o Josh Dysart (co-escritor da série) imaginavam, na verdade dois tipos diferentes e complementares, o Fábio e eu nos encaixamos perfeitamente nisso.”
>> GIBIZADA – por Télio Navega


CURIOSIDADE: PROPAGANDA COM WILLIAM SHATNER

quinta-feira | 7 | agosto | 2008

O video mostra o eterno capitão Kirk, atual Danny Crane, fazendo propaganda do game World of Warcraft.
>> TV SÉRIES – por Fernanda Furquim


CREPÚSCULO, DE STEPHENIE MEYER COMPETE POR LEITORES DE HARRY POTTER

quarta-feira | 6 | agosto | 2008

Crepúsculo marca a estréia da americana Stephenie Meyer na literatura como um fenômeno do mercado editorial. Ela assina uma saga de quatro livros que se tornou uma febre ao vender mais de cinco milhões de exemplares em todo o mundo

'Eclipse' narra aventuras de uma adolescente que se apaixona por um vampiro.

Publicado nos Estados Unidos em 2005, Crepúsculo se manteve por 56 semanas na lista de mais vendidos do New York Times, cinco delas em primeiro lugar. Assim, chegou à marca de dois milhões de exemplares vendidos.

No Brasil, Crepúsculo já encontra fãs que acompanham os personagens desde as primeiras edições estrangeiras, com página na Internet em português, blogs e comunidades em sites de relacionamento. Meyer conquistou não apenas uma legião de leitores, mas a crítica norte-americana, o que fez de Crepúsculo um dos títulos mais comentados de 2005, quando foi lançado e obteve o título de “Livro do Ano” pela Publishers Weekly.

Lua Nova e Eclipse — os dois volumes que dão seqüência a esse primeiro romance ―, já lançados nos Estados Unidos, fizeram trajetória semelhante: Lua Nova esteve por 31 semanas em primeiro lugar na lista do New York Times e Eclipse, que registrou 150 mil exemplares vendidos nas primeiras 24 horas do lançamento. A publicação do quarto volume, Breaking Dawn, que traz o grand finale desse épico de amor sobrenatural e fantasia, mobiliza o mercado americano para o lançamento em agosto. Já está entre os primeiros lugares em pré-venda nas livrarias, que prometem um esquema nos moldes da campanha de Harry Potter, com lojas abertas até a meia-noite.

Com direitos vendidos para 32 países e para o cinema, Crepúsculo ganhará as telas americanas ainda em 2008, em filme assinado por produtores de O Diabo Veste Prada, protagonizado por Robert Pattinson e Kristen Stewart e dirigido por Catherine Hardwicke.

Crepúsculo poderia ser como qualquer outra história não fosse um elemento irresistível: o objeto da paixão da protagonista é um vampiro. Assim, soma-se à paixão um perigo sobrenatural temperado com muito suspense, e o resultado é uma leitura de tirar o fôlego — um romance repleto das angústias e incertezas da juventude — o arrebatamento, a atração, a ansiedade que antecede cada palavra, cada gesto, e todos os medos.

Isabella Swan chega à nublada e chuvosa cidadezinha de Forks – último lugar onde gostaria de viver. Tenta se adaptar à vida provinciana na qual aparentemente todos se conhecem, lidar com sua constrangedora falta de coordenação motora e se habituar a morar com um pai com quem nunca conviveu. Em seu destino está Edward Cullen.

Ele é lindo, perfeito, misterioso e, à primeira vista, hostil à presença de Bella ― o que provoca nela uma inquietação desconcertante. Ela se apaixona. Ele, no melhor estilo “amor proibido”, alerta: Sou um risco para você. Ela é uma garota incomum. Ele é um vampiro. Ela precisa aprender a controlar seu corpo quando ele a toca. Ele, a controlar sua sede pelo sangue dela. Em meio a descobertas e sobressaltos, Edward é, sim, perigoso: um perigo que qualquer mulher escolheria correr.

Nesse universo fantasioso, os personagens construídos por Stephenie Meyer ― humanos ou não ― se mostram de tal forma familiares em seus dilemas e seu comportamento que o sobrenatural parece real. Meyer torna perfeitamente plausível ― e irresistível ― a paixão de uma garota de 17 anos por um vampiro encantador.

STEPHENIE MEYER formou-se em literatura inglesa na Brigham Young University. Sua estréia com Crepúsculo lhe rendeu, além do topo das listas de mais vendidos, a indicação de “Autora mais promissora de 2005” — o que se concretizou no mercado livreiro americano com os outros livros da série, Lua nova e Eclipse. Meyer ganhou status de celebridade e se prepara para o lançamento de The Host, nos Estados Unidos, novo romance que também será lançado no Brasil pela Intrínseca. Mora com o marido e três filhos em Glendale, no Arizona.
>> REVISTA IN ONLINE – por Nobel Tatuapé 

Como todo bom livro, o “Crepúsculo” também irá se tornar uma filme. O lançamento ocorrerá no dia 12 de dezembro deste ano. Confesso que depois de descobrir essa notícia, já estou roendo as unhas pela espera da estréia do filme.
No You Tube já está rolando o primeiro trailer do filme. Veja:


A INDÚSTRIA DOS SUPER-HERÓIS

quarta-feira | 6 | agosto | 2008

O conceito do filme Highlander se originou de uma visita de Greg Winden à Escócia. Ao ver uma armadura, Winden imaginou como seria se o guerreiro desta ainda estivesse vivo. Assim surgiram os Imortais, que lutam entre sí

Como muitos garotos da minha classe social e da minha geração, passei grande parte da minha infância com o nariz enterrado em gibis de histórias-em-quadrinhos. Alguns eram inevitáveis: Superman, Batman, Mandrake, Fantasma. Outros eram menos conhecidos, como “C. B.” (“Crime Buster”, criado por Charles Biro). Ao mesmo tempo, movido pelo entusiasmo de todo mundo lá em casa pelo charadismo e pelas palavras cruzadas, eu devorava com aplicação livros e mais livros sobre Mitologia Grega, desde as aventuras dos personagens do Picapau Amarelo (O Minotauro, Os 12 Trabalhos de Hércules) até o Dicionário da Fábula de Chompré e a Enciclopédia Delta-Larousse.

Não relato isto por mera nostalgia, nem para me gabar da variedade de minhas leituras (e ainda precisa?), mas apenas para comprovar de novo o que vou dizer agora. A indústria cultural é o novo folclore. Aquilo que há 3 mil anos era produzido pelas pessoas em volta das fogueiras, em bate-papos na pracinha, ou em histórias mirabolantes passadas de boca-em-boca no zum-zum-zum das feiras e dos mercados, é hoje uma indústria que movimenta bilhões de dólares e envolve milhões de pessoas. Folclore profissional, remunerado. Criação industrial de mitologias.

Saem de campo Hércules, Ulisses, Perseu, Sansão, Thor e Siegfried, e entram os X-Men, o Homem Aranha, o Demolidor e o Spawn (além dos citados acima). O processo de criação desses tipos continua a ser semi-inconsciente (existe algo mais semi-inconsciente do que a indústria cultural?), feito às pressas, sem preocupação com verossimilhança ou qualidade. Se em nossa vida real precisamos de heróis, em nossa vida imaginária precisamos de super-heróis, de semideuses, só que agora eles têm de ser semideuses com a credibilidade avalizada pela genética, pela energia atômica, pela percepção extra-sensorial, e por outros pretextos que, aos olhos do leitor comum, não se distinguem muito da Magia.

Na cena inicial do filme Highlander (o que deu origem à série sobre espadachins imortais que se enfrentam ao longo dos séculos) vemos um ringue de luta de tele-catch, onde aqueles sujeitões musculosos e peludos se agarram uns aos outros e fingem que estão brigando. Um espectador afasta-se dali, e ao chegar à garagem é atacado por outro: são dois highlanders, e o que vemos em seguida é um duelo mortal, a sério, entre dois guerreiros pra valer. Esta seqüência inicial é a melhor de toda a série, e expressa muito bem esta dualidade entre heróis de mentira (o tele-catch) e heróis de verdade (os highlanders). Vistos daqui de fora, são os highlanders que são os heróis de mentira, os que sabemos que não existem mas que, encenando suas brigas de mentirinha, encarnam nossas aspirações de grandeza e coragem. A diferença é que o que antigamente era feito por um processo espontâneo, pessoal e descentralizado de criação de tipos e de histórias, hoje tem o suspeito perfil de uma indústria lucrativa e deliberada.
>> MUNDO FANTASMO – por Bráulio Tavares


EDITORA MANOLE CRIA NÚCLEO PARA PUBLICAR QUADRINHOS

quarta-feira | 6 | agosto | 2008

Baltimore, ou The Steadfast Tin Soldier and the Vampire, será adaptado para o cinema por Mignola, Golden e o diretor do filme será David Goyer (da série Blade).

Uma das grandes do mercado editorial brasileiro vai entrar no ramo de quadrinhos. A Manole vai publicar obras ligadas à área a partir deste semestre. O livro ilustrado “Baltimore” é o primeiro lançamento confirmado. É uma parceria entre o escritor Christopher Golden e Mike Mignola, criador do personagem Hellboy.

Mignola é quem faz as mais de cem ilustrações da obra norte-americana, que mostra a caça a um vampiro, liberto durante a Primeira Guerra Mundial. Segundo a editora, o livro está na gráfica e deve ser lançado em breve.

A paulista Manole -fundada há 40 anos- ainda define quais serão os próximos títulos a serem trabalhados. Mas demonstrou claro interesse na publicação de álbuns nacionais, tendência seguida por outras editoras também. “A idéia é ter muito material nacional”, diz por telefone Leda Rita Cintra, que cuida da captação de conteúdo para a nova linha da Manole. “A gente quer criar um selo que vença pela qualidade, e não pela quantidade.”

O selo a que ela se refere se chama Amarilys, nome da linha que vai agregar obras literárias e de quadrinhos. Dentro desse selo, que deve ser inaugurado oficialmente em setembro, vai haver uma editoria específica de quadrinhos. O editor será Luis Pereira.

A Manole estuda também a possibilidade de publicar obras teóricas ligadas à área. Na prática, é uma volta à área de humanas, deixada de lado pela editora há alguns anos. O investimento da Manole, desde então, focou-se em produções ligadas à administração, direito, fisioterapia e medicina, áreas pelas quais ficou conhecida no mercado. Agora, volta a investir em literatura e quadrinhos, reiniciando do zero. “Quadrinhos estão vendendo de novo”, diz Leda. “A quantidade está uma loucura. Todo mundo está fazendo.” O objetivo da Manole é vender as publicações do selo nas livrarias.

No final do ano passado, foi noticiado que Baltimore ganhará uma adaptação cinematográfica, produzida pela New Regency e dirigida por David Goyer.

Baltimore conta a história do Lorde Henry Baltimore, um nobre que desperta a ira de um vampiro nos campos de batalha da I Guerra Mundial. O mundo então muda para sempre, pois uma praga é lançada, uma praga que nem a morte pode conter. Enfrentando eternamente as trevas como um solitário soldado, Baltimore convoca três companheiros, homens que devido às suas histórias e atribuições, têm motivos para acreditar que o mal está devorando a alma da humanidade. Enquanto esperam por Baltimore, esses três homens compartilham histórias e contemplam que papéis eles representarão nessa luta sem fim. Antes do final da noite, todos saberão o que é necessário para extirpar o mundo desta praga de uma vez por todas.
>> BLOG DOS QUADRINHOS – por Paulo Ramos