‘CREPÚSCULO’ LIBERTA VAMPIROS BRASILEIROS

sábado | 19 | dezembro | 2009

Nem só de Bento Carneiro, o Vampiro Brasileiro (foto ao lado) , personagem criado pelo humorista Chico Anysio nos anos 1980, se faz o catálogo vampiresco nacional. Motivados pelo sucesso de séries fantásticas como a do bruxo Harry Potter, criaturas nacionais têm deixado as gavetas de seus criadores e colocado os caninos para fora. “Quando comecei a trabalhar com livros, em 1995, havia um consenso de que literatura fantástica não vendia no país. Aí, veio Harry Potter, em 2000, e mudou tudo”, diz Luciana Villas Boas, diretora editorial da Record. Confira abaixo o perfil de quatro autores nacionais – e seus vampiros.

Ivanir Calado é testemunha dessa mudança. Seu livro O Mundo de Sombras: o Nascimento do Vampiro, que deve ser o primeiro de uma trilogia, foi publicado em 2007, mas rascunhado há 20 anos. “Harry Potter mostrou que o livro infantojuvenil pode ser grande, que a molecada está disposta a ler.”

A saga Crepúsculo, de Stephenie Meyer, ajudou o gênero a explodir no Brasil. “Os livros de vampiros sempre tiveram leitores cativos, mas a demanda aumentou com Crepúsculo”, conta Nilda Vasconcelos, diretora da Novo Século. A editora é uma das que mais aposta na área. Já publicou diversos autores nacionais, entre eles o best-seller André Vianco – com mais de 438.000 exemplares vendidos. E prepara para 2010 o lançamento de uma paródia da saga de Stephenie Meyer, Opúsculo.

Uma outra análise, de fundo sociológico, se soma às explicações para o sucesso do gênero fantástico. É a do professor de teoria literária Carlos Berriel, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). “Esses monstros são antigos e arquetípicos. Como vivemos um período de inseguranças abstratas e não localizadas, é natural um retorno dessas figuras”, diz. O sucesso de Crepúsculo, segundo Berriel, revelaria ainda algo sobre os EUA. “É uma série de um vampiro de classe média, um mauricinho com hábitos corretos, quase vegetariano. Uma espécie de governo Obama, que tem poderes malignos mas não pretende usá-los.” 
>> VEJA – por Maria Carolina Maia

O vampiro gay admirador de Álvares de Azevedo


Kizzy Ysatis ‘morde’ uma fã

Foi depois de assistir a filmes de terror de madrugada que o pequeno Cristiano Marinho – nome real de Kizzy Ysatis – se afeiçoou a criaturas sombrias. Ler Edgard Allan Poe (1809-1849, autor de O Corvo), apresentado por sua mãe, também o ajudou a enveredar por esse caminho.

Em O Clube dos Imortais, romance vencedor do prêmio Rachel de Queiroz, Ysatis apresenta um vampiro homossexual: Luar, um anagrama de Raul, seu nome real – clique aqui para ler um trecho do romance. No século XIX, em um baile de máscaras, Luar se apaixona pelo poeta Álvares de Azevedo (1831-1852, autor de Lira dos Vinte Anos). Mais de cem anos depois, crê reencontrá-lo, reencarnado, no jovem Luciano, a quem tenta seduzir numa longa noite de diálogos intelectuais em um cemitério.

Nessa conversa à sombra de lápides, são citadas algumas outras referências de Ysatis: o francês Honoré de Balzac (1799-1850, autor de As Ilusões Perdidas) e o irlandês Oscar Wilde (1854-1900, O Retrato de Dorian Gray), ambos presentes em seu primeiro romance.

O caldo intelectual está presente também em O Diário da Sibila Rubra, segundo romance do autor, em que reaparece o vampiro Luar. Ysatis estima que seus dois romances, juntos, tenham vendido cerca de 5.000 exemplares. O número não é dos mais expressivos, mas ele não se importa. “Não quero ser rico”, diz o escritor.

Em O Diário da Sibila Rubra, além de Luar, há bruxa (sibila). Vale destacar que o próprio Kizzy Ysatis é um “personagem”: ele costuma andar de capa, cartola e unhas negras, e tem caninos de resina, fabricados por uma dentista.

Vampiro inspirado em aborígene australiano


Vianco: lenda inspira vampiro

Para escrever Bento, um de seus 12 livros já publicados, o paulista André Vianco se inspirou numa lenda aborígene australiana, em que seres fantásticos bebem o sangue de suas vítimas e depois as engolem – clique aqui para ler um trecho do romance.. Os vampiros de Bento não chegam a deglutir seus alvos, mas os caçam do alto das árvores, como faziam seus ascendentes da Austrália. Só mais adiante no livro, um calhamaço de 520 páginas, os vampiros sofrem mutações, transformam-se em dragões e passam a devorar os que encontram pela frente.

Na nona edição, com 30.000 exemplares vendidos, Bento é uma amostra do potencial comercial de Vianco. Sua obra mais comprada, o romance de estreia Os Sete, já atingiu a marca de 90.000 exemplares aproximadamente. Parte desse volume – cerca de 15.000 livros – foram vendidos de forma independente, quando o autor ainda não tinha editora.

Foi um período de batalha. Vianco ia de livraria em livraria, pedindo que vendessem seu livro e, se possível, arranjassem um lugarzinho para ele na vitrine. Deu certo. Ele chamou a atenção da Novo Século, que relançou Os Sete e editou os livros seguintes do escritor. Hoje, ele vive de direitos autorais provenientes das obras.

Pelas páginas do escritor, não passam só vampiros. Lá, se encontram assombrações, lobisomens e figuras do folclore nacional, como o Curupira (ser mítico que protege a floresta) e o Boitatá (cobra de fogo). “O que me atrai no sobrenatural é o mistério”, diz Vianco, que travou contato com temas fantásticos a partir dos seis anos, vendo filmes de terror pela televisão. “Fantasia e ficção científica sempre me prenderam a atenção.”

Liz Vamp, a filha de Zé do Caixão


Liz Marins posa como Liz Vamp

Personagem e autora se confundem no caso de Liz Marins. Filha do cineasta José Mojica Marins, criador do Zé do Caixão, ela usa seus dotes como atriz e diretora para dar vida a Liz Vamp – personagem que seria filha de Zé do Caixão com uma errante e tresloucada vampira inglesa.

A história deve dar origem a duas trilogias: a saga de Liz Vamp será narrada em três romances e três filmes, o primeiro deles previsto para ser lançado em 2011. O longa, provisoriamente intitulado Liz Vamp, a Princesa Vampiro, terá a participação de Mojica Marins – embora ele não aprove a personagem da filha, por achar que “não se trata de uma figura nacional, e sim de uma importação cultural”.

Além dos seres de caninos pontiagudos, Liz escreve poemas e contos sobre o universo sombrio de mortos-vivos, assombrações e outros representantes das trevas – clique aqui para ler o conto Mais uma Noite. Algumas de suas narrativas curtas viraram curta-metragens, como Aparências, abaixo. A autora, que não sabe dizer quantos livros já vendeu, integrou o volume Crônicas de Terror do Zé do Caixão, escrito por ela, o pai e o irmão, Crounel, e Livro Negro dos Vampiros, uma reunião de contos de autores diversos.

Assista a seguir a um vídeo com a personagem:

Vampiro brasileiro também pode ser clássico


Calado: vampiros e amigos 

O vampiro do fluminense Ivanir Calado, de 56 anos, é talvez o mais tradicional de todos. Ele não come alho, não se vê no espelho e foge da cruz como o diabo. Mas obedecer às regras do gênero não é obstáculo para o autor.

Calado gosta de contar histórias, muitas vezes com pitadas autobiográficas. Em O Mundo de Sombras: o Nascimento do Vampiro, dois amigos de infância se afastam na adolescência, quando um deles se torna vampiro – clique aqui para ler um trecho do romance. Quando publicou o livro, em 2007, o escritor o indicou a um antigo amigo, de quem se afastara ainda adolescente. A mensagem funcionou. A amizade foi reatada.

A relação com a atmosfera de mistério vem da infância, quando o autor morava em Nova Friburgo. A casa da família tinha como vizinho o barraco de uma senhora negra, que desfiava histórias fantásticas com seriedade. “Eu ficava impressionado”, lembra o escritor. Mais tarde, a leitura de Stephen King ajudou a consolidar o gosto pelo oculto. “Não vejo a menor graça no realismo. Acho uma forma pobre de descrever a realidade, que tem muitas camadas.”

Adotado por escolas, O Mundo de Sombras: O Nascimento do Vampiro contabiliza 26.000 exemplares comercializados. Caverna dos Titãs, outro livro de Calado lançado pela Galera Record, selo infantojuvenil da editora, vendeu 6.000. O Mundo de Sombras deve ter continuidade: o desejo de Calado é fazer dele uma trilogia.
>> VEJA – por Maria Carolina Maia


‘ROBIN WOOD’: PRIMEIRO TRAILER E NOVAS FOTOS

sábado | 19 | dezembro | 2009

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O site australiano The Courier Mail divulgou novas fotos de Robin Hood, novo filme dirigido por Ridley Scott. As novas fotos mostram Russell Crowe e Cate Blanchett como Robin Hood e Marian.

A Universal Pictures também acabou de disponibilizar o primeiro trailer do filme, que pode ser conferido abaixo.

A produção também traz no elenco William Hurt como Earl de Pembroke, Vanessa Redgrave como Eleanor de Aquitânia, entre outros. O roteiro do longa-metragem é de Brian Helgeland. O filme narra como Robin Hood se tornou um fora-da-lei e como ele e seus companheiros foram parar na floresta de Sherwood. A previsão de estreia é 14 de maio de 2010 nos Estados Unidos e no Brasil.

Robin Hood é um personagem mítico inglês, um fora-da-lei na época do Rei Ricardo Coração de Leão. Era hábil no arco e flecha e vivia na floresta de Sherwood, acompanhado por amigos como João Pequeno e Frei Tuck. Não se sabe se ele existiu de fato. Uma das primeiras referências a Robin Hood é em um poema escrito por William Langland em 1377. Já ganhou diversas versões no cinema, nos quadrinhos e na televisão. Nos quadrinhos, serviu também de inspiração para a criação do Arqueiro Verde.
>> HQ MANIACS – por Carlos Costa – 3/04/2008

Divulgadas as primeiras fotos do 'Robin Hood' de Ridley Scott | Notícia | Robin Hood | Filme | Cinema | SaladaCultural

Assista ao vídeo:


‘SPARTACUS’: EPISÓDIOS CAEM NA REDE

sábado | 19 | dezembro | 2009

Ansioso para conhecer a nova série estrelada por Lucy Lawless, de “Xena” e “Battlestar Galactica”? A estréia está prevista na televisão americana para o dia 22 de janeiro de 2010, mas os dois primeiros episódios já caíram na Internet.

Ao ser apresentada à imprensa através de trailers, “Spartacus: Blood and Sand” causou um certo burburinho tendo em vista as cenas de ação, violência e sexo com um visual à lá o filme “300”. Com produção de Rob Tapert, Sam Raimi e Joshua Donen, a série tem 13 episódios iniciais encomendados pelo canal a cabo Starz. Filmada na Nova Zelândia, a série conta a história de Spartacus, ou Espártaco (Andy Whitfield), escravo que se torna um gladiador na arena de Batiato e sua esposa Lucrécia (Lawless).

Também no elenco estão Erin Cummings, vista em participações em “Dollhouse”, como Sura, esposa de Spartacus; Peter Mensah, visto recentemente em “Terminator: The Sarah Connor Chronicles”, como Doctore, leal escravo de Batiato; Manu Bennett, da série canadense “Street Legal”, como Crixus, importante gladiador da escola; Antonio Te Maioha, visto recentemente em “Legend of the Seeker”, como Barca, segurança e faz tudo de Batiato; Craig Parker, também visto recentemente em “Legend of the Seeker”, como Glaber, militar romano, e Nick E. Tarabay, de “Crash”, como Ashur, ex-gladiador.

Em outubro a produção lançou uma publicação em quadrinhos pela Devil´s Due. O gibi, com quatro edições, narra uma história diferente à que será apresentada na TV. Ele conta as aventuras de Arkadios, ex-guerreiro grego que foi escravizado pelos romanos e que agora busca por vingança.
>> TV SÉRIES – por Fernanda Furquim

Assista ao trailer oficial:


DOCTOR WHO – ICONE DA FICÇÃO CIENTÍFICA BRITÂNICA

sábado | 19 | dezembro | 2009

Icone cultural britânico como Sherlock Holmes ou o rock inglês como Beatles ou o espião do cinema James Bond-007. A Série de ficção-científica britânica, produzida e exibida pela BBC, “Doctor Who”, mostra as aventuras de um viajante alienígena pelo tempo e o espaço, sempre acompanhado de uma companhia terrestre.

Foi criado pela equipe de teledramaturgia da BBC, para a princípio, ser uma série didatica, onde os jovens poderiam conhecer a história da Terra, na companhia do Doutor, o viajante. Mas, como as estórias com outras raças e seres, atraiam mais a atenção do público, a série passou a ser mais focada para a ficção-científica.

Exibida inicialmente e ininterruptamente entre 1963 a 1989,somando-se a um telefilme em 1996 e com o retorno da série apartir de 2005, com “canon” original sempre mantido, ela entrou para o Guinness Book, como a série de mais longa longevidade da TV mundial.

Gerou mais dois Spin-offs que ainda estão em produção, “Torchwood” e “Sarah Jane’s Adventure”. O seriado se tornou bastante popular no Reino Unido e alguns outros países como Japão e Coreia. Nos States, tem uma base de fãs pequena.

No Brasil, só foi exibido no canal a cabo: PEOPLE+ARTS, com as novas temporadas de 2005 para cá. O seriado clássico nunca passou aqui…infelizmente somos acostumados a enlatados americanos.

PERSONAGENS:
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DOUTOR:
O viajante temporal, Doutor (só é conhecido assim, seu nome real nunca foi revelado), veio do Planeta Galafrey, onde havia uma raça muito avançada de Senhores do Tempo. O Doutor, viaja em uma nave chamada de TARDIS, abreveatura de “Time and Relative Dimension(s) in Space” (Tempo e Espaço em Dimensões Relativas). Nos anos 60, onde a série começa, o Doutor estava vivendo com sua neta em Londres. Ele escolheu a Terra para morar, pois gostou da história do planeta e de seu povo. O TARDIS, é uma nave camuflada,que pode levar seus passageiros para qualquer lugar no tempo e espaço, embora seu exterior pareça com uma cabine de polícia de Londres devido a um defeito irreparável no sistema de camuflagem, seu interior é muito maior do que o exterior, contendo inúmeras salas.

COMPANHIAS:
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O Doutor sempre viaja em companhia de uma ou mais pessoas, geralmente jovens e em sua maioria do sexo feminino com raras exceções. Em cada temporada da série, varia muito estas companhias. Uma das mais famosas, foi a Sarah Jane, que foi companheira do Doutor por quase 5 anos. Recentemente, ela ganhou sua propria série, com a mesma atriz, que a representou nos anos 70. Do seríado Doctor Who de 2005, para cá, a personagem Rose Tyler, foi uma das mais populares. Mesmo fora do elenco, após a terceira temporada, a atriz, Billie Pipper, a Rose, sempre faz algumas pontas na série.

VILÕES:
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A série apresentou inúmeros vilões. Três são os mais populares:

MESTRE: Personagem da mesma raça do Doutor, originário de Galafrey. Nutre um ódio enorme contra outras raças. Tem desavenças com o Doutor por causa disto.

DALEKS: Seres criados geneticamente e vivendo em casulos robos que se voltaram contra seus criadores humanos e tentam “EXTERMINAR” todas as raças que não seja Daleks.

CYBERMAN: Seres cibernéticos, que tentam “ASSIMILAR” outras raças, para melhoria das espécies.

REGENERAÇÃO E ATORES :
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Sendo um “Senhor do Tempo”, o “Doctor” tem a capaciade de regenerar o seu corpo, como forma de evitar a morte. Este conceito foi introduzido em 1966, quando os argumentistas se confrontaram com a partida do ator principal William Hartnel, como forma de prolongar a série. Desde então tem sido uma característica definidora da série, sendo utilizada sempre que é necessário substituir o ator principal. Contudo, foi estabelecido num episódio que um Senhor do Tempo apenas pode regenerar 12 vezes, a um total de 13 incarnações (apesar de ser possível contornar a situação). Até à data, o “Doctor” passou por este processo nove vezes, tendo cada uma das suas incarnações o seu estilo e particularidades, mas partilhando as memórias, a experiência e o seu sentido de moral:

Doutor e os atores vividos:
Primeiro Doutor, interpretado por William Hartnell (1963–1966)
Segundo Doutor, interpretado por Patrick Troughton (1966–1969)
Terceiro Doutor, interpretado por Jon Pertwee (1970–1974)
Quarto Doutor, interpretado por Tom Baker (1974–1981)
Quinto Doutor, interpretado por Peter Davison (1981–1984)
Sexto Doutor, interpretado por Colin Baker (1984–1986)
Sétimo Doutor, interpretado por Sylvester McCoy (1987–1989)
Oitavo Doutor, interpretado por Paul McGann (1996)
Nono Doutor, interpretado por Christopher Eccleston (2005)
Décimo Doutor, interpretado por David Tennant (2005–presente)
O 11° Doutor, será apresentado em 2010, será o jovem ator Matt Smith.

Uma caracteristica interessante, é que os atores são cada vez mais jovens. Assim, a série começou com o William Hartnell com mais de 60 anos, e agora terá o Matt Smith, com 27 anos. Nos EUA, a série clássica, foi exibida em meados dos anos 70, o que fez o ator Tom Baker, ser o mais popular por lá. Os Simpson, já mostrou o Doutor em Springfield, o conhecido Tom Baker.
A popularidade da série foi tanta, que dois filmes para o cinema, foram produzidos na Inglaterra, com o ator Peter Cushing, representando estórias desgarradas do canon. “Dr. Who and the Daleks and Daleks”(65) e “Invasion Earth 2150 AD”(66). Muitos fãs colocam Cushing, como sendo representação do Primeiro Doutor.

CONTEÚDO
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A série começou a ser exibida na TV britânica no ano de 1963, com o formato Preto&Branco. Os Episódios de cada temporada, eram dividas em estórias que formavam um arco de 4, 5 e até 6 episódios. Uma temporada poderia ter mais de três arcos de estória. A atual produção apartir de 2005, mantem um padrão americano sem arco ou alguns episódios sendo duplos. Em geral, a atual produção mantem 13 episódios por temporada com até dois especiais de Natal. Em 2009, não houve temporada, mas apenas 4 especiais. Em 2010, voltarão as temporadas normais.

O TELEFILME DE 1996
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Sendo pouco popular nos States, durante os anos 80, a Disney, comprou os direitos americanos da série, da BBC, para tentar produzir algo parecido no canal de TV Disney. Eles chegaram a convidar o Steven Spielberg para produzir a nova série, só que após longo estudo, foi visto que não haveria a mesma audiência que nas terras inglesas. A Disney desistiu, mesmo por que o relacionamento entre Spielberg e Disney esfriou no final dos anos 90.

Durante os anos 90, Spielberg novamente,depois de ter achado a série interessante, tentou comprar os direitos para a Amblin, junto a BBC. Houve alguns problemas legais, e ele acabou desistindo. A BBC, acabou negociando com a Universal e com a FOX, que estava lançando uma nova tv a cabo. Em 1996, depois de muitas idas e vindas, o telefilme Doctor Who, foi lançado na FOX TV, que não teve a audiência esperada e por que eles já tinha seu ARQUIVO X. O telefilme seria o piloto de uma nova série que acabou novamente sendo não acontecendo.

Este Telefilme, apresenta o ultimo ator que fez o Doutor Who, Sylvester McCoy, se regenerando no ator Paul McGann, que segue a estória. Como produção americana, foi filmada nos States e o Doutor tem uma companheira americana. O vilão, é o Mestre, interpretado pelo ERIC ROBERTS, irmão da Julia Roberts. Apesar dos pesares, ainda é consierado parte do canon. O ator Paul McGann, apesar de nunca mais ter sido convidado para ser Doctor Who, até hoje grava as telenovelas do Doutor pela rádio BBC e para os Audio books da série.

NOVA SÉRIE – 2005
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A BBC, com o fim da série em 1989 e o fisco do telefilme co-produzido com a Fox em 1996, só retornou as produções de TV após o ano 2000. Desta vez, a BBC, encarregou sua unidade menor, que fica em CARDIF, no país de Gales, para produzir a nova série. Ela é toda filmada lá, por um custo menor. O novo seriado, produzido apartir de 2005, tem alcançado grandes audiências no Reino Unido, levando a série a ter nova popularidade na America também, através de uma co-produção com o Canadá. Está sendo exibido pelo canal Sifi nos States, onde a série não era muito popular e está ganhando novos fãs a cada dia.

O único revés ficou por conta do ator principal escalado para ser o Doutor, Christopher Eccleston(de Exterminio), que apesar da grande audiência, descidiu não permanecer ao fim desta primeira temporada. Eccleston, mudou-se para os States, onde participa do seriado HEROES, como Claude , o homem invisível. Recentemente está na mega-produção, G.I.JOES, como Destro, chefe dos Cobras.

O ator David Tennant (Harry Potter e o Cálice de Fogo), foi contratado para ser o Doutor com a saída de Eccleston, e a popularidade só aumentou. Infelizmente, após 5 anos, Tennant, já acha que é hora de ir embora, em 2010 entra o jovem Matt Smith.

A popularidade da nova série, que traz todos elementos originais e respeita o canon estabelecido em 1963, também trouxe prêmios e reconhecimentos a série. Por três anos seguidos, ela ganhou como melhor série de TV de ficção-cientítifica do ano, laureados pelo HUGO AWARD, batendo séries americanas como as consagradas Star Trek, Star Gate e a nova Galactica.

SPIN OFF
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TORCHWOOD :
O sucesso do retorno de Doctor Who, fez com que a BBC, expandisse o universo, aproveitando um personagem criado durante a nova temporada de Doctor Who, o Capitão Jack, foi criado o Spin-off, “Torchwood”, que é um instituto que investiga atividades paranormais e alienígenas no Reino Unido. Seria uma versão Arquivo X da BBC. A série tem um apelo mais sério e adulto e pode chocar algumas pessoas, com alguns relacionamentos sexuais que aparecem na série. Já está em sua terceira temporada.

SARAH JANE’S ADVENTURE:
Um novo spinoff, só que desta vez, mais infantil, foi criado pela BBC. “Sarah Jane’s Adventure”, apresentando a ex-companheira do Doutor, Sarah Jane, em seu retorno a ação, mais de 20 anos depois de ter aparecido em Doctor Who.
>> UNIDADE DE CARBONO NO PÁLIDO PONTO AZUL


LUÍS FILIPE SILVA: ENTREVISTA PARA A REVISTA DAGON

sábado | 19 | dezembro | 2009


Luís Filipe Silva ganhou em 1991 o prémio Caminho de Ficção Científica pela coletânea “O Futuro à Janela”. É autor dos romances “Cidade da Carne” e “Viganças”, e colaborou com João Barreiros no “Terrarium -Um Romance em Mosaicos”. Tem contos publicados em diversas revistas e jornais portugueses, bem como no Brasil, Espanha e Sérvia, e na antologia luso-americana «Breaking Windows». Colaborou na área do Fantástico como crítico literário no Diário de Notícias, como editor de romances na Devir Portugal e como organizador nos Encontros de FC&F da Associação Simetria. As suas publicações mais recentes incluem a novela «Aquele Que Repousa na Eternidade» na antologia comemorativa de temas Lovecraftianos “A Sombra sobre Lisboa” e na antologia “Galeria do Sobrenatural” (Terracota). Edita o site TecnoFantasia.com

Com que idade começou o seu interesse pelo fantástico? Bem sei que é uma pergunta difícil mas… sabe porque começou este interesse?
O despertar terá ocorrido algures nos primórdios da leitura, quando
tudo o que existia era a banda desenhada e as séries televisivas. Era
impossível afastar-me do ecrã quando começava um Espaço: 1999, uma Galáctica, um Twilight Zone, um Conan – O Rapaz do Futuro… (por
sinal, já então o Star Trek não despertava grande interesse).
Lembro-me distintamente de desenhar álbuns inteiros de odisseias
espaciais com personagens inspiradas na Disney (queria então que o meu futuro fosse participar na criação de longas metragens de animação). Ou seja, algures a partir dos 8, 10 anos comecei vincadamente a gostar de Ficção Científica, e o salto para a leitura em prosa foi mínimo.

Quanto ao motivo do interesse, sem dúvida o sentido do maravilhoso e o deslumbramento da ciência. Não seria um pensamento consciente, mas por base estaria a admiração profunda por o universo não só ser mais complexo e admirável do que éramos capazes de conceber na nossa imaginação como ser passível de entendimento. Quantos livros de física e astronomia devorei na adolescência…

Que livros o despertaram para a literatura Fantástica?
TEMPESTADE NO TEMPO de Gordon R Dickson foi sem dúvida o que me
impeliu a escrever a sério, aos 12 anos. Até então tudo o que conseguia encontrar a nível da colecção de bolso da Europa-América foi
imprescindível para o meu amadurecimento progressivo e a percepção que a FC era muito mais do que viagens e aventuras no espaço. Não há como fugir ao encontro com NO BLADE OF GRASS e UBIK e AVATAR, e outros, que me fizeram expandir, em poucos meses, a minha ideia do que a literatura – em particular a fantástica – era capaz de alcançar.
Nesses tempos, até as “novelizações” de séries e filmes eram
inteligentes, e em particular, o trabalho de Robert Thurston com os
primeiros quatro livros da série Galáctica são bons exemplos de como
se pode enriquecer o material de base em termos de profundidade
temática e complexidade dos personagens (que decididamente a série
televisiva não tinha).

Depois estaria atento aos autores do género, e isso levar-me-ia
rapidamente a descobrir um Heinlein em capa cinzenta pequena, e por
este saber que existia algo chamado Argonauta. O resto, como dizem, é
enredo…

Quais são os autores que mais o influenciaram?
Penso que esta é uma simpática pergunta de algibeira… Isto porque na verdade serão múltiplas e variadas as fontes de influência de quem procura escrever, e não se limitam necessariamente a autores ou obras – por vezes, no meio do filme mais disparatado, surge uma fala ou um truque de enredo que brilha como um diamante deitado para o lixo. É uma questão de estar atento, de ter um problema ou uma interrogação em mente (“como é que tiro o herói deste “enrascanço”, “como é que a aldeia vai reagir à confissão do miúdo”, “que tempo narrativo usar para uma história de saltos no tempo”). E nem sempre o que influenciará uma história servirá para outra. Lembro-me que um conto em particular, já lá vai o tempo, a “Série Convergente”, que recorre a uma forma entrecortada a nível temporal para apresentar um enredo simples resultou da influência mista de várias bandas desenhadas, dois filmes e um conto, cada qual contribuindo com uma sugestão distinta para o resultado final. Efectivamente não há nada debaixo do sol, excepto as sombras que traça na paisagem, e estas contam muitas histórias.

A nível global, os críticos ajudaram-me tanto quanto os autores. Os bons críticos explicam o que funciona e o que está desenquadrado, apontam para exageros ou faltas de ambição. Tudo o que se escreve resulta de opções, e por vezes é preciso alguém que está atento entender que rumo o autor pretendia seguir e porque não conseguiu lá chegar. Como em tudo, Portugal tem também falta de bons críticos, embora tenhamos alguns excepcionais, momento em que gostava de destacar o bom trabalho do João Seixas nesta área.

Não quero com isto afirmar que não tenho os meus autores preferidos, e que eles não me influenciaram. Em diversos graus de importância, o meu modo de pensar e escrever seria bastante diferente se não tivessem existido Ursula LeGuin, Theodore Sturgeon, Bruce Sterling, William Gibson, Lucius Shepard, João de Melo, Sartre, Ellery Queen, Ruth Rendell, Frank Herbert, James Tiptree Jr, Frank Miller, só para retirar alguns da tômbola.

Acha que os escritores portugueses podem rivalizar em qualidade com os escritores estrangeiros?
Perfeitamente. Todas as línguas têm os seus escritores de destaque, e a nossa tem uma forte tradição a nível literário, além de ter uma riqueza suficiente para permitir a qualquer autor exprimir-se no limite da sua capacidade.

Claro que para isto acontecer é preciso que se criem as condições necessárias para o autor poder crescer e aprender. Não é à toa que equacionamos os escritores estrangeiros com qualidade.

E não se trata propriamente da questão estatística dos números – a quantidade ajuda, obviamente, mas se têm muitos bons escritores, têm escritores maus e horríveis em maior número… O que está em causa é que os melhores de entre eles estão acima dos melhores de entre nós – é isso que deve ser comparado.

Aqui entra a questão das condições – condições de mercado que permitam a um autor profissionalizar-se, ou seja, viver da escrita e da profissão de autor (incluindo palestras, entrevistas televisivas, etc., que são pagas no estrangeiro mas aqui não); ao viver da escrita, ser-lhe-á possível dedicar-se à literatura a tempo inteiro, e logo escrever mais ou trabalhar melhor o que escreve.

As condições não são só financeiras, mas de discurso literário. Quando muitos autores, leitores e críticos se juntam nasce um movimento. Um movimento é o que resulta de uma prática que se vai melhorando. Os críticos constroem um padrão e estabelecem normas, os autores quebram as normas e enriquecem o conjunto, os leitores divertem-se no processo e incentivam à continuação. Este tipo de discurso tem possibilitado à FC no estrangeiro evoluir de meros contos pulp de máquinas, monstros e enredos imberbes para uma especulação efectiva sobre o futuro e o movimento das civilizações e o significado do ser humano quando confrontado com o Outro.

A nós falta-nos esse discurso, e se aprendemos com a manifestação alheia, e por ela conseguimos avaliar a nossa escrita e utilizar algumas das lições ditadas pelos outros, a verdade é que não é um processo que consiga desenvolver-se com alguma autonomia – os nossos críticos regem-se pelos ditames alheios, os leitores em grande medida desconhecem a história nacional do género, e os autores, por falta de tempo, jeito ou vontade, não tentam sequer entender que não podem começar do zero e que há que passar a um nível de sofisticação elevado por estarem numa competição internacional que dura há décadas… Não digo que se deva virar as costas ao que se faz lá fora nem isso seja minimamente benéfico, mas a condição permanente de estarmos constantemente a espreitar a festa pela janela e a tentar imitá-la no meio da rua torna difícil, ou mesmo impossível, o surgimento de uma abordagem nacional, de uma literatura fantástica de cariz lusitano.

O mundo não precisa de FC americana escrita em português (já existem afinal tantos americanos a fazê-lo) mas sim de autores que consigam aproveitar a distância cultural e, livres dos vícios históricos e conjunturais dos seus colegas além-mar, reinterpretem o género, renovem as fundações em que assenta e o transportem, no seio da própria língua, para o século XXI. Dessa forma conseguiremos ter autonomia e legitimidade para contribuir para o panorama mundial do fantástico, com autores que assumam orgulhosamente que pertencem ao género.

Como vive o actual “boom” de literatura fantástica em Portugal? Ou será este “boom” uma ilusão?
O boom é um facto: a literatura fantástica impôs-se como mercado e preenche uma boa percentagem das prateleiras disponíveis. Existem secções dedicadas ao género nas principais livrarias e tem-se assistido a uma agradável disputa entre as editoras para conquistar leitores pela introdução rápida das mais recentes obras internacionais, algo que até há poucos anos acontecia por acaso. Ora, edição (permanente e crescente) não existe sem interesse, e interesse implica leitores. Pelo que se pode afirmar que o boom da edição é na verdade um boom da leitura, o que só pode ser positivo. Por arrastamento, vem a contribuição dos autores portugueses, pois as editoras começam a procurar a prata da casa para complementar o catálogo…

O boom é uma ilusão: quantidade não implica variedade, e nunca representou necessariamente qualidade. Não existe um boom de literatura fantástica, mas um crescimento de alguns temas dentro do vasto universo da literatura fantástica. Abundam os livros de vampiros, goblins, jovens mágicos a quem é prometido o universo sem ainda terem tido oportunidade de demonstrar o seu valor. Ficam no caminho os romances, outrora preferidos, de exploração espacial, contacto com alienígenas, sociedades futuras, hiper-tecnologia. Ficam esquecidas as temáticas surrealistas, o terror, o sobrenatural não urbano. É dado destaque desmesurado a jovens autores que ainda agora começaram a escrever, que não apresentam ideias novas e originais sobre os temas que abordam – como dita a regra do bom senso, para um punhado de bons haverá muitos que não mereciam igual atenção. E para o lado foram afastados autores de outras gerações, ou que não abordam exactamente o assunto do momento, mas que teriam mais para dizer (e fascinar).

Colocando-lhe uma questão semelhante à colocada ao Jorge Candeias, acha que os blogues sobre literatura fantástica apresentam qualidade suficiente para conquistar novos públicos?
Depende. Há vários tipos de blogues – alguns mais pessoais e de ocasião, outros com aspirações de maior formalismo. Entre a opinião e a crítica experiente e fundamentada existe um espectro de variações. Creio que o grande ponto a favor é que, mais importante que o factor de qualidade é a mera diversidade, que por um lado demonstra o tal interesse atrás referido e por outro possibilita que cada gosto particular encontre o que procura.

O que me parece que falte serão blogues interessados no passado da literatura fantástica, em particular o passado nacional. A história é a grande lacuna da internet – quem entrasse no nosso mundo e se limitasse a analisar esta biblioteca virtual ficaria com a ideia que a sociedade humana teria nascido há poucas décadas, tal é o interesse (relativo) que se confere aos acontecimentos do dia-a-dia. A memória é importante para cada ser, para cada cultura. Depois de nós virá quem nos tenha esquecido. Se nos cumpre manter o registo de quem somos e o que fizemos, também nos cumpre lembrar quem nos antecedeu. De destacar o excelente trabalho que João Seixas fez no seu blogue Blade Runner em Novembro passado, durante o qual foi buscar às prateleiras edições de antanho e as apresentou, ao ritmo de uma por dia, aos leitores.

E que blogues portugueses destaca neste momento?
Sigo com muito interesse os blogues de quem mais de perto contribui para a literatura fantástica – entre autores, críticos e editores. Sem prejuízo dos restantes, faço notar os blogues do David Soares, da Safaa Dib, do João Seixas, da Cristina Alves, do Nuno Fonseca. O Rui Pedro Baptista tem, recentemente, apresentado recensões a um ritmo invejável, que espero possa manter. Blogues colectivos como o Correio do Fantástico são imprescindíveis mas têm uma semi-vida curta (sendo a «Trilha de Moebius» talvez o caso mais flagrante). Existem outros que entretanto se afastaram um pouco do tema, mas cujos autores vão mantendo presença assídua em fóruns de discussão. E outros ainda que gostaria que iniciassem ou regressassem a uma presença bloguística.

A nível dos “portugueses” de além-mar, que segundo uma notícia do Google, são o segundo país que mais contribui para o fenómeno bloguista, refiro, de entre as dezenas de sítios interessantes, o Universo Fantástico, a Cristina Lasaitis, o Fábio Fernandes, Hugo Vera, Bráulio Tavares, Ana Cristina Rodrigues, Tibor Moricz, Fernando Trevisan, a Maria Helena Bandeira, o Octávio Aragão, e tantos outros.

E será que a literatura fantástica tem hoje maior incidência nos leitores através da internet ou continua a mensagem a passar através dos livros? Ou seja, será que o “Boom” foi criado pela internet?
Bem, só uma análise estatística poderia responder com legitimidade à pergunta. Mas a internet sem dúvida que contribuiu, pela facilidade de comunicação e divulgação de qualquer tema. E contribuiu em grande medida a nível do fantástico português, permitindo que se oncretizassem projectos que de outra forma seriam quase impossíveis de chegar ao fim (veja-se, a título de exemplo, o exercício que tentei construir à volta da elaboração alternativa da antologia “Por Universos Nunca Dantes Navegados” num universo sem internet, publicado na Bang! 4).

Estará o futuro do fantástico nas artes em Portugal assegurado, contando com valores tão importantes como o próprio Luís Filipe Silva, como o David Soares ou o Jorge Candeias, entre outros?
O futuro do fantástico nas artes em Portugal estará assegurado desde que se consiga garantir o sagrado triângulo da criação: aquele que tem por cantos o autor, o leitor e o crítico, cada qual a contribuir com a sua função, de forma equiparada e em dinâmico equilíbrio.
>> CORREIO DO FANTÁSTICO – por Roberto Mendes – Dagon nºzero


JOVEM AUTORA DE ‘A FADA’ PREPARA NOVOS PASSOS

sábado | 19 | dezembro | 2009

Carolina Munhoz embarca para Londres em busca de
oportunidades no mercado europeu: site tem obra autografada


A autora Carolina Munhoz: “Quero seguir os passos de Paulo Coelho e ficar conhecida na Europa” (foto: Estevam Scuoteguazza/AAN)

Uma história envolvendo fadas, bruxas e magia. Uma jovem que se tornou escritora influenc’iada por Harry Potter. Uma editora campineira apostando em literatura fantástica. A mistura destes ingredientes resultou no romance de ficção A Fada, que a estudante Carolina Munhoz lançou em fevereiro pela editora Arte Escrita. O livro pode ser considerado um dos maiores sucessos recentes do mercado editorial de Campinas: desde que ganhou as lojas, a obra tem conquistado o público infanto-juvenil.

A autora, que está cursando o terceiro ano da faculdade de jornalismo na Universidade Paulista (Unip), não sabe precisar quantos exemplares da obra foram vendidos até o momento, mas conta que a repercussão foi maior do que o esperado. “Recebi vários convites para participar de palestras e eventos literários”, comemora. Dentre outros, Carolina palestrou no 1º Festival Internacional de Leitura de Campinas e fez tarde de autógrafos no evento de anime FanMixCon.

Em entrevista ao Caderno C, a jovem escritora revela que está de passagem comprada para Londres, onde irá passar 45 dias. Ela embarca no próximo dia 28 e diz que vai em busca de uma oportunidade no mercado literário europeu. “Quero seguir os passos de Paulo Coelho e ficar conhecida na Europa, onde o reconhecimento é maior”, avalia. Carolina acredita que o fato de A Fada ser ambientada em Londres poderá ajudá-la a conseguir que alguma editora londrina publique a obra em inglês.

A Fada, conforme a autora, foi escrita quando ela tinha 16 anos de idade e acabara de voltar de uma temporada nos Estados Unidos. “Morei um ano em São Francisco e pude conhecer outros países, dentre eles a Inglaterra, onde me inspirei para escrever a história”, conta.

Carolina que se diz apaixonada pelos livros da série Harry Potter, revela que o personagem serviu de base para a construção de Melanie, a fada criada por ela. “Sentia falta, no Brasil, de uma literatura na linha da autora J. K. Rowling”, justifica.

A Fada, cujo exemplar autografado pode ser comprado on-line pelo site do Sebo Porão (www.seboporao.com), gira em torno da história de Melanie Aine, uma garota que completa 18 anos no mesmo dia da morte de seu pai. A data ficará marcada também por uma revelação que mudará sua vida: ela descobre que não é humana, mas uma princesa vinda de outra dimensão. A partir de então, Melanie tem que aprender a lidar com várias situações inusitadas decorrentes de sua descoberta.
>> COSMO ON LINE – por Agência Anhanguera de Notícias


GIULIA MOON EM ENTREVISTA PARA A REVISTA SAMIZDAT

sábado | 19 | dezembro | 2009

Giulia Moon, autora do romance Kaori: Perfume de vampira, e de mais uma porção de contos tendo como protagonistas as criaturas mais badaladas da atualidade, fala à SAMIZDAT sobre ela mesma, sobre a diferença de escrever um conto e um romance, sobre os clichês da literatura de horror – e como não cair em suas armadilhas, e, é claro, sobre vampiros. Saiba mais sobre Giulia Moon em seu blog Phases da Lua (http://phasesdalua.blogspot.com). Sobre o romance Kaori, visite a página da obra na Giz Editorial.

SAMIZDAT — Fale-nos um pouco de você, enquanto cidadã paulistana: quem é você, enquanto não está escrevendo ficção? Conte-nos um pouco de sua trajetória até publicar seus primeiros livros.
GIULIA MOON — Eu sempre tive habilidade para desenhar, herança do meu pai, seu Kazuo, que pintava à mão os painéis nas fachadas de cinemas paulistanos lá pelos idos dos anos sessenta e setenta. Com o tempo, esse tipo de atividade foi desaparecendo, pois os cinemas passaram a usar apenas letreiros luminosos nas fachadas. Lembro-me perfeitamente de meu pai pintando enormes painéis com as imagens do 2001: Uma Odisséia no Espaço, Sol Vermelho, O Dólar Furado e muitos e muitos filmes. Ele ampliava, com a ajuda de um episcópio, as imagens dos posters oficiais e depois os coloria no galpão que ficava nos fundos da minha casa. E deixava que eu pegasse pincéis velhos e restos de tinta para brincar.

Quando era adolescente, desenhei mangás e quadrinhos que serviam apenas para divertir os amigos. Nessa época comecei também a escrever contos, que também ficaram engavetados, pois nunca imaginei que poderia um dia publicá-los. Depois entrei numa faculdade de Comunicações, a FAAP, e me especializei em Publicidade e Propaganda. Fiz estágio em algumas agências e acabei trabalhando como diretora de arte na área de Promoção e Merchandising durante muitos anos. Nesse período fiz alguns trabalhos interessantes, como a criação dos personagens da Marisol, Lilica Ripilica e Tigor T. Tigre. Como publicitária, exerci várias funções: direção de arte, ilustração, direção de criação.

Em 2000, eu me encontrava meio entediada com os rumos da minha vida profissional. Havia conseguido um certo sucesso, mas não via muitas perspectivas além disso. Eu lia muito, principalmente livros de FC, Fantasia e Horror, e estava fascinada pelos livros da Anne Rice. Havia escrito, ainda como um simples passatempo, um conto de vampiros compridão, chamado A Dama Branca. Numa noite, navegando à toa pela internet, coloquei num buscador a palavra “vampiro”. Surgiu um site brasileiro chamado Mundo Vampyr de fãs de vampiros. Comecei a explorar o site e, entre outras coisas, encontrei uma seção de contos. Resolvi então escrever um conto, “Um Tédio de Matar”, uma história curtinha, do tamanho dos que estavam publicados lá, e enviei para o webmaster. Recebi quase em seguida um convite para participar de um grupo de discussão no Yahoo, a Tinta Rubra, composto de escritores amadores de contos de vampiros, pois o webmaster era o moderador do grupo. Foi assim que comecei a escrever regularmente nas minhas horas vagas. A Tinta Rubra trouxe também a oportunidade de mostrar o meu trabalho para um público mais amplo, fora do círculo de familiares e de amigos, e percebi então que talvez eu pudesse ambicionar algo maior do que simples passatempo na área literária. Acabei lançando o meu primeiro livro, uma coletânea de contos chamada Luar de Vampiros (Scortecci, 2003) graças ao incentivo dos participantes do grupo e, de lá para cá, tenho mantido uma produção constante, com mais dois livros de contos: Vampiros no Espelho & Outros Seres Obscuros (Landy, 2004) e A Dama-Morcega (Landy, 2006). Este ano lancei o meu primeiro romance, Kaori: Perfume de Vampira pela Giz Editorial.

SAMIZDAT — Giulia Moon é, segundo fontes seguras (rsrs) um nome artístico. Como é o seu nome de batismo, e por que a opção pela adoção de um pseudônimo? Você publica textos como “você mesma”, diferentes dos textos escritos como Giulia Moon?
O meu nome real é Sueli Tsumori. “Giulia Moon” é um nickname que adotei quando entrei na Tinta Rubra. Ao invés de escolher, como os outros, um nome romeno vampiresco com títulos de nobreza como “condessa” e “lady”, reuni dois nomes curtos que tivessem algum tipo de significado para mim. Eu sempre gostei do nome “Giulia”, porque soava sensual, gracioso e fácil de ser pronunciado. E “Moon”, porque sou uma apaixonada pela lua, adoro ficar devaneando sob uma lua cheia ou ler histórias que envolvam noites de luar – além de achar a grafia de “moon” muito legal, com os “o”s lado a lado, lembrando dois olhos arregalados de espanto. Quando lancei o primeiro livro, não havia razão para assinar de outra forma, já que a maioria dos meus leitores me conhecia como “Giulia Moon”. E assim ficou. Nunca publiquei nada como Sueli, pois Giulia continua sendo, pelo menos para mim, o meu lado vampiresco, noturno, aventureiro – enfim, o meu eu que passava as noites teclando com amigos soturnos e escrevendo contos cruéis na Tinta Rubra.

SAMIZDAT — Os vampiros são um dos temas que, de tempos em tempos, voltam a ser moda. A que você atribui este fascínio que temos por estas criaturas?
Acho que as pessoas gostam de vampiros porque são, em primeiro lugar, vilões com um bom layout. São parecidos com os seres humanos, têm as vantagens da juventude eterna, imortalidade, dons psíquicos, força física. É um monstro que tem um arsenal de armas variado: a força, o poder psíquico, a sedução, a esperteza. Pode agir com a “mão pesada” ou com sutileza, dependendo da situação. Mas também pode ser sentimental, frágil, enfim, pode ter todas as fraquezas da mente humana, pois já foram humanos um dia. Para o autor, é um personagem muito estimulante, e isso faz com que o produto da criação tenha grandes chances de ficar bom. E, para o leitor, é aquele vilão (ou vilã) bonitão, sacana e malvado que adoramos odiar. Vilões assim sempre fizeram sucesso, pois adoramos esses contrastes: beleza com maldade, delicadeza com crueldade, e assim por diante.

SAMIZDAT — Com tantos autores, nacionais e estrangeiros, abordando o vampirismo, é possível fugir de certos clichês do gênero, ou ao fazê-lo corre-se o risco de descaracterizar o tema?
GIULIA — Bem, não existe uma lei que diga que tais e tais características são obrigatórias para um personagem vampiro. Acho que depende do bom senso de cada autor. Um bom senso que o faça reconhecer que, sem algumas características básicas, o seu personagem não é um vampiro, mas alguma outra criatura. Os vampiros do meu livro Kaori são os vampiros clássicos: predadores, bebem sangue (e só sangue), não andam a luz do dia, têm muita força e capacidade de se regenerar de ferimentos. Mas já escrevi contos em que os vampiros são seres microscópicos, por exemplo. Os clichês ruins são apenas aqueles que são mal trabalhados pelo autor.

SAMIZDAT — Muitos autores da nova geração encantaram-se com os vampiros por causa dos jogos de RPG, especialmente “Vampiro: a Máscara” (publicado no Brasil pela Devir). Você pertence a este grupo ou seu interesse é anterior? Qual foi sua inspiração inicial?
A minha inspiração inicial veio da literatura, do cinema e dos mangás. Só joguei RPG uma única vez, com alguns amigos. Eu adorei! É um jogo incrível, que faz uso de imaginação, de atenção, de perspicácia e é, antes de tudo, uma grande diversão. Mas mesmo àquela época eu não tinha tempo para frequentar as sessões de RPG e por isso não me tornei uma praticante. Tenho muitos leitores RPGistas e alguns deles estão até usando personagens dos meus livros para jogar. Deve ser bem interessante assistir Kaori, Kodo, Mimi e Missora inseridos num jogo de RPG

SAMIZDAT — Em seu Kaori: perfume de vampira, você narra a história paralelamente em duas épocas e lugares diferentes: no Japão da Era Tokugawa, e na São Paulo contemporânea. É evidente que a porção moderna do enredo depende muito dos eventos narrados na parte do século XVIII. Mesmo assim, como foi o processo de escrita? Como você montou o romance? Foi escrito da forma como se apresenta, ou foram feitas duas tramas, e amarradas posteriormente?
Na verdade, eu tinha duas histórias na cabeça desde o início, e fui escrevendo as duas ao mesmo tempo, para que os detalhes de ambas fossem se entrelaçando. Pois mesmo que a história atual dependa mais da trama do passado do que o contrário, a forma de narrar o passado dependia também do que o leitor já sabia que ia acontecer no futuro. Por exemplo, todo mundo sabia que Kaori não morreria, pois ela reaparece na São Paulo de 2008. Mas a narrativa tinha que manter o leitor em suspense quando ela corria perigo no passado.

Às vezes, eu escrevia dois ou três capítulos no presente para depois voltar ao passado e vice-versa. Noutras vezes eu reescrevia alguns trechos para que se moldasse melhor à trama paralela. Foi um trabalho de verdadeiro artesanato, tecendo, cortando, costurando.

SAMIZDAT — Os protagonistas Kaori e Samuel aparecem em uma outra narrativa – um conto – segundo uma nota do romance. Quem veio primeiro: o conto ou o romance? Há outros personagens reincidentes, em outros contos? Você se sente tentada a escrever uma saga de três, quatro ou sete romances?
Inicialmente, o conto “Dragões Tatuados”, com Kaori e Samuel, fazia parte do esboço de romance que eu estava planejando. Quando recebi o convite de Ednei Procópio, editor da Giz Editorial, para fazer parte da coletânea “Amor Vampiro”, tive a idéia de usar esse trecho para um conto, pois ele mostrava de uma forma interessante algumas facetas do amor de uma vampira. O conto fez sucesso e acabou abrindo caminho para a publicação posterior do romance.

Kaori já havia aparecido antes em dois ou três contos, alguns apenas como coadjuvante. A idéia dos famélicos já tinha sido lançada num conto chamado “Parasitas!”, o vampwatcher já havia aparecido no conto “Mil e Trezentos Vampiros”, ambos publicados na minha coletânea Vampiros no Espelho & Outros Seres Obscuros. Enfim, eu já estava delineando o universo de Kaori há algum tempo.

Quanto à saga, não sei se haverá tantos romances, mas estou escrevendo mais um livro dentro desse universo, pois sinto que ainda há muito nele a ser explorado.

SAMIZDAT — Sabemos que você era, essencialmente, uma narradora de contos. Como você define a diferença de escrever em um e em outro gênero?
A diferença mesmo é de fôlego. Assim como num conto a sua capacidade de síntese é posta à prova, num romance você precisa se dedicar a pesquisar, a se aprofundar e a detalhar. Um romance é um trabalho árduo, braçal, e de imensa concentração. Mas também é a ponte para uma ligação mais intensa e apaixonada com o leitor. Os contos são um exercício de imaginação, de criatividade, de habilidade. Um romance é, além de tudo isso, uma prova de resistência, de persistência e de foco.

SAMIZDAT — Você já tem um público fiel? Como seus leitores receberam o romance? Você tem algum feedback de seus leitores? É importante saber a opinião de quem nos lê, mas até que ponto você escreve para seu público, e em que medida você se mantém fiel ao que você quer escrever?
Os meus leitores receberam Kaori com festa. Acho que todo mundo que me conhece já me perguntou, em algum momento, por que eu não escrevia um romance, pois muitos dos meus contos tinham aquele jeitão de pedaços de algo maior. Senti, por parte desse público, uma grande alegria com a chegada de Kaori, uma recepção tão calorosa que até me surpreendeu. Por outro lado, com a publicação de Kaori, o número de leitores aumentou muito. Tenho recebido mensagens entusiasmadas comentando sobre o livro e os personagens. O engraçado é que eles leram Kaori, em média, em três dias, o que é surpreendente para um livro com quase quatrocentas páginas. Isso é um forte indício de que o livro cumpre bem a sua função de divertir e entreter o leitor, e estou bastante satisfeita com isso.

Quanto a escrever para o leitor, tenho a sorte de pertencer à grande fatia da população que adora se divertir com a leitura. Não acho que sou muito diferente da maioria dos leitores, por isso, sempre escrevo para mim mesma. Se não estou gostando do que escrevo, eu me entedio e não consigo ir adiante.

SAMIZDAT — Há um evidente trabalho de pesquisa sobre o folclore japonês em Kaori. Quanto tempo levou esse processo? A que fontes você recorreu? Há um ponto onde entra alguma “licença poética”, ou você se manteve fiel à tradição?
A maior parte da minha pesquisa concentrou-se na História do Japão, que eu pouco conhecia, nem tanto para colocar dados no romance, mas para situar os personagens, seu comportamento, o ambiente em que vivem, na minha própria cabeça. As criaturas míticas de Kaori são bastante conhecidas pelos japoneses, é como se usasse Saci e Iara do folclore brasileiro, portanto não foi preciso muita pesquisa. Eu já conhecia os tengus e o nekomata de livros japoneses, mangás e filmes e só procurei me certificar de alguns poucos detalhes. Para isso recorri a consultas a sites que tratam do folclore japonês na internet. Quanto à fidelidade às lendas, no caso dos tengus de Kaori, usei apenas a forma visual original e brinquei com a idéia de uma criatura fantástica fazer uso da imagem de outra, pois eles não são tengus de verdade, e sim vampiros que se apropriam dessa lenda para incutirem temor às pessoas ingênuas da região. Quanto ao nekomata, mantive a maioria das características originais como as duas caudas, a possessão de cadáveres, etc.

SAMIZDAT — Você tem algum projeto em andamento? Pode nos falar um pouco a respeito?
Afora alguns convites para coletâneas, estou começando a escrever um novo romance dentro do universo de Kaori. Não posso detalhar muito a respeito, pois as idéias ainda estão se formando na minha cabeça, e tudo o que eu disser aqui pode mudar no instante seguinte. Pretendo mergulhar completamente nesse projeto a partir do início do ano, por isso devo “desaparecer” durante alguns meses para dedicar todo o meu tempo ao novo livro. Em 2010, completo dez anos como escritora, por isso quero iniciar o ano com força total!
>> SAMIZDAT


Os Guardiões do Tempo, de Nelson Magrini

terça-feira | 15 | dezembro | 2009

Uma aventura no Tempo e no Espaço

Onde mil perigos espreitam

Uma busca desesperada

Para desvendar um mistério

E salvar o Império Galáctico.

Os Guardiões do Tempo é uma fantasia de ficção voltada ao público de todas as idades, repleta de aventura e humor, com muito suspense, mistério e uma pitada de terror, na dose certa.

Venha conhecer e se encantar com Duda, sua irmã, Ciça, e o amigo Rogério, e juntos viver uma aventura fantástica no Tempo e no Espaço.

Transporte-se mais de dois mil e seiscentos anos no futuro e participe de uma corrida através da galáxia, para desvendar um mistério e encontrar as pistas escondidas de um enigma, com mil perigos à espreita. Entre passagens por planetas exóticos e as vastidões do Espaço, os três garotos são a única esperança para salvar a Terra e o Império Galáctico.


‘STARGATE UNIVERSE’ E SANCTUARY’ GANHAM NOVAS TEMPORADAS

terça-feira | 15 | dezembro | 2009

O canal SyFy americano renovou duas de suas séries para novas temporadas. “Stargate Universe”, terceira produção da franquia, foi renovada para uma segunda temporada com 20 episódios.

A série estreou este ano conquistando uma média de 2.6 milhões de telespectadores, sendo que apenas os 10 primeiros episódios foram exibidos até o momento. A série está em recesso para o natal e midseason, devendo retornar ao ar em abril (sem dia definido ainda). Os episódios da segunda fase da primeira temporada deverá apresentar uma história mais serializada que os dez primeiros exibidos, introduzindo, inclusive, raças alienígenas.

Produzida na esteira do sucesso de “Battlestar Galactica”, a nova série de “Stargate” busca uma narrativa e um desenvolvimento mais próximo desta, que das produções anteriores de sua franquia, as quais exploravam mais a narrativa de aventura.

Agora, com um grande elenco, abordando um clima mais tenso e sombrio, que trazem personagens dúbios em suas intenções, a série tem o objetivo de renovar a franquia levando-a a um novo rumo, proporcionando um potencial diferenciado. A mudança não agradou aos fãs da franquia, acostumados ao clima anteriormente explorado.

Já “Sanctuary”, que está finalizando a primeira parte de sua segunda temporada no dia 18 de dezembro, retornando no dia 8 de janeiro com os 3 últimos episódios de um total de 13. A série foi renovada para uma terceira temporada, também com 20 episódios.

“Sanctuary” se tornou a primeira série de TV bem sucedida com base em uma websérie. A primeira temporada teve uma média de audiência de 2.3 milhões de telespectadores, sendo que os primeiros 8 episódios da segunda temporada já conquistaram uma média de 2.2 milhões (já calculada a audiência de DVR – pré-gravados).

A série é mais voltada à histórias com base em ciência, ficção e aventura, tendo pouco desenvolvimento de personagens, embora eles tenham uma história para contar. Cada episódio apresenta uma aventura nova, com diferentes raças de alienígenas, tendo uma situação contínua de fundo que alinhava os episódios.
>> TV SÉRIES – por Fernanda Furquim


‘WOLF CANYON’: A NOVA SÉRIE DE KEVIN SORBO

terça-feira | 15 | dezembro | 2009

Fãs de Kevin Sorbo, que fez sucesso nos anos 90 interpretando Hércules na série de mesmo nome, estão torcendo pelo retorno do ator. Ele estrela a sitcom canadense “Wolf Canyon”, já mencionada aqui, que terá o episódio piloto exibido pelo canal APTN no dia 25 de dezembro para testar a audiência.

Criada por Michael Markus e Tim Stubinski, a história apresenta o dia-a-dia de uma louca equipe de produção de uma série de quinta categoria chamada “Wolf Canyon”. Isolados do contato urbano, eles passam a maior parte do tempo filmando em uma reserva nativa no interior do Canadá. Tendo apenas os trailers como residência, membros da equipe e de atores tentam evitar o estresse e a vontade de matar uns aos outros.

Produzida pela Really Real Films, responsável por séries como “The 4400” e “Andromeda”, que foi estrelada por Sorbo, “Wolf Canyon” também traz no elenco os atores Lorne Cardinal, Nikki Payne, Barbara Tyson, Jessica Harmon, Ali Liebert, Matty Finochio, Casey Manderson, Evan Adams, Brendan Beiser e Jesse Wheeler, entre outros.

Criada em 2007, a série tem encontrado dificuldades para ser produzida e exibida. O problema é que os canais canadenses não acreditam que uma produção que fale sobre os bastidores de uma série de TV possa vingar, apesar de terem referências atuais como “Entourage”, “30 Rock” e “Extras” que abordam o mesmo tema.

Após dois anos tentando vender a série, Allan Harmon, diretor e um dos produtores, conseguiu convencer o canal APTN em investir na produção. Mas, ainda assim, a série não tem sinal verde.

Os roteiristas desenvolveram uma história para 22 episódios iniciais em um total de, pelo menos, 65 episódios; no entanto o canal só encomendou 6 roteiros, os quais somente serão produzidos e exibidos caso a audiência do episódio piloto seja boa.

Kevin Sorbo interpreta Rick Denham, um ator que já foi famoso e agora convive com o ostracismo. Apelou para a bebida e agora só consegue trabalhos em peças montadas no interior. Até que, um convite para estrelar uma série que está entrando em sua segunda temporada, substituindo o ator principal que trocou a produção por um filme independente.

Assim, ele parte para uma reserva indígena no interior do Canadá, onde a produtora tenta conseguir mais dinheiro para manter a série. Entre os novos colegas de Rick está o dublê Hoyt Talbot Jr. (Cardinal), que já caiu tantas vezes de cabeça, que agora tem dificuldades de compreender as situações, além de misturar suas falas e confundir suas cenas.

Na história da produção fictícia, Rick (Sorbo) interpreta o delegado de uma pequena cidade, que em noites de lua cheia se transforma em lobisomen.
>> TV SÉRIES – por Fernanda Furquim


‘O LOBISOMEM’: NOVO PÔSTER E VÍDEO

terça-feira | 15 | dezembro | 2009

A Universal mostrou neste final de semana um novo pôster francês de O Lobisomem, que você confere ao lado. 

A produtora mostrou também um vídeo com cenas do filme. Este você confere abaixo.

O Lobisomem traz Benicio Del Toro no papel principal, interpretando Lawrence Talbot, um nobre que retorna à mansão de sua família após o desaparecimento de seu irmão. Lá, ele reencontra seu pai, vivido por Anthony Hopkins.

Talbot aceita o pedido da noiva de seu irmão, Gwen Conliffe (Emily Blunt), para que procure o noivo desaparecido. No processo, ele descobre que aldeões vêm sendo mortos por algo feroz e sanguinário. Um inspetor da Scotland Yard, chamado Aberline (Hugo Weaving), chega à cidade para investigar os crimes. Conforme as peças do quebra-cabeças vão se encaixando, Lawrence descobre uma antiga maldição que transforma suas vítimas em lobisomens, nas noites de lua cheia. E para proteger a mulher por quem se apaixonou, Talbot deve destruir a criatura que se oculta no bosque de Blackmoor.

A direção é de Joe Johnston e o filme tem estréia marcada para 10 de fevereiro de 2009 nos EUA e 12 de fevereiro no Brasil.
>> HQ MANIACS – por Artur Tavares


‘FÚRIA DE TITÃS’: NOVO TRAILER E PRIMEIRA APARIÇÃO DO KRAKEN

terça-feira | 15 | dezembro | 2009

Um novo trailer de Fúria de Titãs (Clash of the Titans), está online. A prévia inclui o teaser lançado há uma semana, mas tem novidades: uma introdução que explica um pouquinho mais da história e um final que traz ninguém menos que o Kraken – e o bicho está bem bacana (imagine só o monstro enchendo a tela do IMAX). 

Louis Leterrier dirige a produção da Legendary Pictures (300, Batman – O Cavaleiro das Trevas). O filme estreia em 26 de março de 2010.
>> OMELETE – por Érico Borgo

Confira o trailer:


‘THE SUPERGIRLS’: AS GAROTAS SUPERGLAMOUROSAS DAS HISTÓRIAS EM QUADRINHOS

segunda-feira | 14 | dezembro | 2009

Mike Madrid analisa o papel histórico das mulheres nas HQs
e vê mudanças sociais e comportamentais

Botas insinuantes, malhas justas, tops estupendos, braceletes vigorosos, bustiês apertados, coxas torneadas, cintos em cinturas muito finas com grandes fivelas dividindo corpos ao meio, seios fartos, discursos de emancipação feminina. Leitores ordinários de quadrinhos não terão prestado muita atenção nisso, mas os mais atentos sabem: as superpoderosas dos comics sempre deram um banho de estilo e sensualidade.

Agora, um livro publicado nos Estados Unidos, , de Mike Madrid, debruça-se sobre esse universo pouco explorado das histórias em quadrinhos. Mike Madrid é editor de cultura pop da Exterminating Angel Press, pequena editora de São Francisco, e produziu talvez o mais interessante ensaio até agora sobre o tema. E é um sucesso: em outubro, o livro era o número 1 em compras na Amazon, na categoria comics, e o número 2 no tema “feminismo”.

Mulher Maravilha, Supermoça, Batgirl, Mulher Gato, Mulher Invisível: partindo do início das HQs, o grande mérito de Madrid é mostrar como as heroínas dos quadrinhos se vestem e se deslocam pelo mundo conforme a moral e os costumes de suas épocas. E continuam mudando: a nova Spider-Woman (Mulher-Aranha) é uma agente secreta caçadora de alienígenas, membro dos Novos Vingadores, e a Batmoça é uma lésbica de ascendência judaica.

O mundo do herói macho, nos quadrinhos, é de fato mais conservador, no estudo de Madrid. Década após década, as roupas e os personagens femininos modificam-se conforme as mudanças sociais e morais, mas os personagens masculinos permanecem praticamente os mesmos.

No início, por conta do Comics Code Authority (CCA) do Senado americano, as supergarotas dos quadrinhos tinham de seguir uma imagem palatável de mãe e esposa. São daí a laboriosa Mulher Invisível (membro do Quarteto Fantástico) e a Marvel Girl. “Eu não respondo a ninguém”, dizia a vilã Madame Medusa, que o Quarteto Fantástico enfrentou em 1965. Era assim que a mulher liberada era vista, como uma malfeitora.

Mas a consciência social começava a mudar. Em 1966, a vilã encarnada pela atriz Julie Newmar no seriado Batman, a Mulher Gato, impulsionou a felina maldosa para um patamar inédito de popularidade. Nos anos 70, com a explosão dos movimentos pelos Direitos Civis, tudo virou de pernas para o ar – e de microssaia. Em 1969, chegava com tudo uma anti-heroína de biquíni vermelho que faria o sangue dos rapazes ferver: tratava-se de Vampirella, uma revisão dos gibis de terror criada pelo editor James Warren.

Foi nessa época, em 1975, que Tempestade entrou para os X-Men, e a revolução sexual começou a dar as caras por baixo das máscaras e das malhas. As novas integrantes dos X-Men mostravam apetite para algo mais do que papéis coadjuvantes. A jovem Kitty Pryde, de apenas 14 anos, durante uma missão, em 1986, revela que está de olho nos bíceps do gigante Colossus, de 19 anos.

“Nos anos 90, tivemos uma explosão de personagens femininos e todos tinham suas próprias revistas. Mas eram incrivelmente sexualizados. Personagens como Lady Death tinham seios descomunais e eram mostrados tomando banhos em piscinas de sangue”, analisa o autor. Apesar dessa explosão de heroínas com “implantes de seios” dos anos 90, Madrid também vê avanços no mundo do comic book feminino. O maior deles, em sua opinião, foi o lançamento de um gibi intitulado Birds of Prey, uma espécie de “Thelma e Louise do mundo dos quadrinhos”.

Birds of Prey é a união de duas heroínas, Oracle (que antigamente era conhecida como Batgirl, e hoje vive em cadeira de rodas) e Black Canary. Oracle é uma espécie de irmã mais velha e treinadora de Black Canary. Em 2003, elas adicionam ao time outras duas lutadoras, Huntress e Lady Blackhawk (uma esquecida heroína dos anos 1950). Elas põem o combate ao crime em segundo plano, e discussões de questões como amor, solidariedade e sexo em primeiro.

Outra heroína típica dos novos tempos é Jenny Sparks, líder de The Authority. Jenny bebe e fuma, é bissexual e “conserta” o mundo na porrada. Mulheres violentas e mulheres vítimas de violência. Em 2006, quando a primeira Robin mulher, Stephanie Brown, foi brutalmente assassinada nos quadrinhos, comunidades de fãs feministas começaram a discutir o tratamento dado aos personagens femininos. Eles acusavam os editores de preconceito, já que outros Robins que passaram pela Batcaverna tinham memoriais na saga de Batman, e Stephanie foi imediatamente esquecida. A pressão surtiu efeito. Este ano, a DC Comics lançou uma nova série em que Stephanie ressuscita e se torna a nova Batmoça.

“As pessoas me perguntam por que as mulheres não leem quadrinhos. Eu acho que elas leriam, mas os gibis de super-heróis são todos sobre brigas e as mulheres estão procurando por algo mais que isso”, diz Mike Madrid. De olho nesse universo e no crescimento do leitorado feminino, as editoras começaram a pensar com mais atenção no que pode ser atrativo para o mundo das supergarotas.
>> O ESTADO DE SÃO PAULO


‘ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS’: VEJA O PREVIEW

segunda-feira | 14 | dezembro | 2009

 

A Dynamite Entertainment divulgou no final de semana um preview especial do início da minissérie The Complete Alice in Wonderland, escrita por John Reppion e Leah Moore, com arte da brasileira Érica Awano (Holy Avenger). Para ver, clique aqui. A HQ chega às lojas americanas no dia 16 de dezembro.

Alice no País das Maravilhas é o livro mais famoso de Lewis Caroll, considerado um dos clássicos da literatura inglesa. Carregada de nonsense, a história começa quando a menina Alice, perseguindo um coelho branco, cai em um buraco e se descobre em um lugar fantástico, povoado de criaturas peculiares.

A obra já ganhou diversas adaptações, incluindo uma versão animada de sucesso criada por Walt Disney. A Disney também é a responsável pela produção de um filme para os cinemas dirigido por Tim Burton previsto para estrear em março de 2010, com Johnny Depp, Anne Hathaway, Helena Bonham-Carter, entre outros no elenco.
>> HQ MANIACS – por Artur Tavares

 


‘GHOST IN THE SHELL’ DE VOLTA AOS MANGÁS

segunda-feira | 14 | dezembro | 2009

Ghost in the Shell

Para quem assistiu ao filme The Matrix sabe que uma das influências dos irmãos Wachowski – diretores da trilogia – foi o mangá e anime Ghost in the Shell, que volta as bancas em 14 de dezembro desse ano, publicada pela revista semanal Young Magazine.

Lançado pela primeira vez no Japão em 1989, narra as investigações de Kusanagi Motoko, líder tática da Comissão Nacional Japonesa de Segurança Pública – abreviada para Seção 9 – num futuro próximo, mais exatamente em 2029, onde mente e tecnologia estão interligados a rede mundial de computadores. O autor Masamune Shirow, que criou esse universo embasado no cyberpunk, misturando temáticas filosóficas, éticas e sociais dessa interligação homem/máquina, não será o escritor dessa nova publicação, passando o lápis para Yu Kinutani, mas será supervisionado por ele.

Essa não é a primeira sequência da série. Em 2002 foi publicada uma nova série intitulada Ghost in the Shell 2: Man/Machine Interface. Dessa vez, a volta de Ghost in the shell tem uma simples explicação: a briga por números das revistas especializadas no público adulto Young Magazine, da editora Kodansha – que irá publicar a história de Yu Kinutani – e Young Jump, da Shueisha (responsável por sucessos como  Yu Yu Hakusho e One Piece).
>> REVISTA O GRITO! – por Andreia D’Oliveira


‘ESTRELA DISTANTE’: ROBERTO BOLAÑO ATESTA VIGOR LATINO-AMERICANO

segunda-feira | 14 | dezembro | 2009

Romance curto mas denso satisfaz temas e obsessões de autor chileno, com imaginação que lembra Cortázar e Borges

A ficção do escritor chileno Roberto Bolaño, que experimenta uma espécie de “boom” literário, especialmente nos Estados Unidos, é exemplo do vigor com que se firma nos dias de hoje a literatura latino-americana.

A exuberante imaginação de Bolaño, vazada em estilo límpido e rigoroso que lembra Cortázar e Borges, alimenta o curto mas denso “Estrela Distante” (Companhia das Letras, 144 págs., R$ 33), no qual o leitor familiarizado com o autor (falecido aos 50 anos em 2003) vai reencontrar satisfeito muitos de seus temas e obsessões: o mergulho no universo dos poetas e escritores marginais e de vanguarda, a incursão por vezes jocosa pelo macabro, a ligação com o romance policial.

O argumento de “Estrela Distante” está em “La Literatura Nazi en América” (a literatura nazista na América, ainda sem tradução no Brasil), na qual Bolaño projeta uma breve enciclopédia imaginária sobre escritores reacionários da América do Sul e do Norte.

Poesia aérea
O ponto de contato é a biografia de um certo poeta e piloto da Força Aérea Chilena, cuja trilha de fumaça deixada no céu em sua exibição de poesia aérea contrasta com o rasto de sangue de seus inúmeros assassinatos.

O narrador de “Estrela Distante” está convencido de que Alberto Ruiz-Tagle, um poeta talentoso, estranho e evasivo que costumava frequentar oficinas literárias em Concepción, no sul do Chile, e depois desapareceu com a derrubada de Allende em 1973, seria na realidade Carlos Wieder, o poeta-tenente que, durante a ditadura, empolga o país com suas exibições aéreas.

Como em outras obras, Bolaño não se atém a um único foco, e também acompanha a trajetória de outros personagens, como os fundadores das duas oficinas de poesia que Ruiz-Tagle/Wieder visitava. Há, como de hábito, uma mistura de referências a autores reais (Nicanor Parra, Octavio Paz, Georges Perec) e inventados, além de discussões alentadas sobre a forma poética.

O primeiro texto deixado por Wieder nos céus são versículos do “Gênese” (depois, ele passa a apresentar composições mais pessoais), mas seu projeto havia começado antes com o homicídio e a tortura de vários outros poetas, sobretudo mulheres; o registro fotográfico desses crimes ensejaria mais tarde uma monstruosa instalação poética.

Nos anos 1960, os artistas de vanguarda sonhavam em aliar a esfera da arte à da vida, ou seja, buscavam estabelecer uma conexão orgânica entre ética e estética. Wieder faz a ligação pelo avesso, introduzindo a morte ao invés da vida como esteio da arte, numa fundamentação antiética que põe em xeque a ligação de alguns artistas com as ditaduras (como ocorreu no Chile ou Brasil, por exemplo).

Mas seus atos sugerem outras consequências. Como diz o narrador, os estetas neófitos e empenhados que compareciam às oficinas de poesia esqueciam que os sonhos muitas vezes se transformavam em pesadelo. O que Bolaño insinua é que, de par com muitas das transgressões da época, já se podia encontrar a barbárie que viria a florescer numa sociedade consumista e niilista, carente de utopias, como a atual.
>> FOLHA DE SÃO PAULO – por Marcelo Pen

Leia um trecho de “Estrela Distante”  em pdf


OS FILHOS DE HÚRIN OBRA PÓSTUMA DE TOLKIEN FOGE DE HERÓIS E FINAL FELIZ

segunda-feira | 14 | dezembro | 2009

Herói de “Os Filhos de Húrin” é guerreiro
culpado de incesto, traição e assassinato

Filho caçula e testamenteiro literário do autor transformou as versões incompletas de “Os Filhos de Húrin” em narrativa coerente

Não há o menor sinal de finais felizes ou hobbits ingênuos e heróicos em “Os Filhos de Húrin” (WMF Martins Fontes, 338, pags., R$ 69), obra póstuma de J.R.R. Tolkien (1892-1973) que acaba de chegar ao Brasil. A “nova” saga tolkieniana se passa 6.500 anos antes de “O Senhor dos Anéis”, livro mais famoso do autor, e tem como herói um guerreiro culpado de incesto, traição e assassinato.

Tolkien, filólogo da Universidade de Oxford e especialista nas línguas e literaturas da Europa Medieval, mergulhou no ambiente trágico das sagas escandinavas para escrever o livro.

As primeiras versões da trama vieram à tona quando o autor servia o Exército britânico na Primeira Guerra.

Após décadas de revisão, o texto (ou melhor, o complexo de textos, já que o filólogo nunca decidiu explicitamente qual era a versão final) continuava engavetado quando o escritor morreu.
Coube a Christopher Tolkien, 85, filho caçula e testamenteiro literário do autor, a tarefa de transformar o labirinto de versões numa narrativa coerente.

O resultado funciona, embora quem só conheça “O Senhor dos Anéis” provavelmente sinta a estranheza de um texto que foi deliberadamente construído para não parecer moderno. “Sem dúvida, “O Senhor dos Anéis” é mais acessível ao público.

E mesmo assim há aqueles que não o compreendem, vêem o livro como um fracasso como romance. Imagine então essas pessoas tendo o primeiro contato tolkieniano com essa obra, cuja complexidade e caráter de “não romance” são gritantes”, diz o tradutor Gabriel Oliva Brum, especialista na obra de Tolkien que verteu as cartas do autor para o português.

Uma das cartas, aliás, explicita os modelos mitológicos que inspiraram a criação de Túrin Turambar, herói da narrativa (e um dos “filhos de Húrin” do título): o grego Édipo, o finlandês Kullervo e o escandinavo Sigurd, um matador de dragões.

A sombra de Morgoth
O trio de personagens inspiradores é, em parte, empurrado pelo destino rumo a um fim trágico, mas também dá uma mãozinha à má sorte ao não controlar seus piores instintos e esse é justamente um dos temas centrais de “Os Filhos de Húrin”.

Na trama, Húrin, patriarca da malfadada família, é um guerreiro da raça humana que se alia aos monarcas dos elfos na luta contra Morgoth, o Inimigo do Mundo. Morgoth é, literalmente, o Demônio encarnado como imperador na Terra (Tolkien, católico praticante, via sua mitologia como uma recriação das “verdades” teológicas cristãs), e seus exércitos triunfam, capturando Húrin.

O guerreiro se recusa a trair seus aliados élficos, zomba de Morgoth e, por isso, ele e sua família são amaldiçoados. O interessante, porém, é que Tolkien mantém o tempo todo a ambiguidade sobre as desgraças que dilaceram o clã de Húrin. A maldição pode até ser poderosa, mas a cabeça-dura e o gosto pela violência de Túrin são essenciais para que a profecia de perdição se realize.

A contraparte da maldição, no entanto, é a determinação de resistir, mesmo sem a menor esperança de triunfar, outro tema da mitologia escandinava caro a Tolkien. É que, para os antigos escandinavos, no fim dos tempos as forças das trevas, e não os deuses “do bem”, é que iriam triunfar.

Os deuses sabiam disso, mas mesmo assim se preparavam para a batalha final. Tolkien chamava esse conceito de “teoria da coragem do Norte”, e o opunha à obsessão pelo realismo político que, para o autor, tinha desembocado nas grandes tragédias do século 20. “Os Filhos de Húrin” talvez seja a expressão definitiva da “teoria da coragem” em sua obra.
>> FOLHA DE SÃO PAULO – por Reinaldo José Lopes


‘OS DIAS DA PESTE’, DE FÁBIO FERNANDES

segunda-feira | 14 | dezembro | 2009

Na ficção científica, o debate mais quente tem sido o do experimentalismo formal versus foco no conteúdo. É uma falsa oposição, mas é um tanto aborrecido notar que muitos especialistas do gênero fiquem tão tímidos diante de certos desafios, como os propostos por Nelson Oliveira em As três leis. O que Nelson vem propondo em seus artigos é extremamente alvissareiro para escritores de FC, ao menos para os que querem sair do nicho e ganhar atenção de um público e de uma crítica que ultrapassem os limites do gênero. Assim como Rubem Fonseca não é estimado apenas por fãs de romance policial, a ficção científica pode ir mais longe do que tem ido. Aliás, no exterior a sci-fi tem se repensado, o Brasil é que está atrasado – e que graça pode ter uma ficção especulativa que não olha para a frente? Olhar para a frente não significa pegar 1984 e jogar para 2084 – também pode ser, mas há outros links a se fazer.

Sob o pseudônimo de Luiz Bras, Nelson aponta que a literatura mais aceita pela crítica, herdeira de Clarice, Guimarães ou do mesmo Rubem Fonseca, tem se repetido demais. Por maior que seja o apuro formal dos escritores contemporâneos, estes têm sido pouco inovadores, especialmente no conteúdo. Podem monopolizar os elogios dos críticos com uma escrita consciente e madura, porém têm propiciado inevitáveis sensações de déjà vu.

A ficção científica, por outro lado, sempre se esmerou pela inteligência inventiva, lidando com um vasto repertório de possibilidades narrativas. O conteúdo tem sido o forte da sci-fi; a forma, o triunfo da literatura considerada “séria”: por que um não pode aprender com o outro?

Há resistências dos dois lados, preconceitos, posições identitárias, preguiça. Por isso que uma das minhas maiores alegrias literárias do ano foi Os dias da peste, de Fábio Fernandes. Antes mesmo de abrir o livro, a conversa que eu tive com o autor no lançamento já me sinalizou que os intercâmbios são possíveis. Leitor atento de Leminski e Borges, Fábio defendia o cuidado com a linguagem e atacava o purismo de ambos os lados. No bar da Bela Cintra, ressaltava que há tecnologia em tudo, até mesmo na camisa que vestimos, portanto, por mais humanista que se queira ser, não há como se livrar dos aparatos, recusar a ciência, ignorar as máquinas.

Isto não significa que todo escritor deva escrever sci-fi ou ser expert em mecatrônica, apenas evitar a negaçao de um fato consumado. Aliás, Fábio diz estar mais interessado na reação das pessoas à tecnologia do que nos gadgets em si.

Neste exato momento, estamos recorrendo à internet. É consenso que tal ferramenta vem transformando nossa maneira de comunicar, de interagir com os outros, e consequentemente nossa maneira de pensar. Os Dias da Peste faz um excelente retrato do pensamento internético. Brincamos ao apelidar o Google de Deus, já o tomamos como uma entidade, um cérebro gigante, mas até o momento cremos tê-lo sob controle, afinal nos asseguramos de ter alma e os computadores, não. Mas por quanto tempo teremos esta certeza? As primeiras páginas do romance são a apresentação de Lucida Sanz, uma curadora que em 2109 resgata os antecedentes da chamada Convergência, a partir da qual, nós suspeitamos, a inteligência dominante passará a ser pós-humana. O que isto significa, vamos decifrando aos poucos, em notas de rodapé preparadas pela curadora.

O livro se organiza em torno das anotações de Artur, blogueiro de nossos tempos, em diários virtuais que começam em abril de 2010. Artur tenta desvendar o súbito comportamento anormal que acomete os computadores de todo o planeta. Trata-se de uma peste digital com consequências caóticas – aeroportos parados, economia estagnada, população em pânico. Não parece um vírus comum, pois cada máquina responde ao usuário de maneira única, recorrendo às informações arquivadas para dialogar e pedir para não ser desligada.

Se a história avança por posts e podcast, é pelos rodapés que compreendemos, paulatinamente, para que novo mundo apontam. Para os leitores pós-humanos de 2109, nosso presente é visto com estranhamento, pois mesmo a ideia de um mundo físico causa dificuldades de compreensão. São cômicas as interpretações não muito lúcidas desses historiadores do século XXII. Eles sofrem com as gírias, com as piadas e com as ambiguidades.

Por exemplo, quando o blogueiro diz que se fodeu “em verde e amarelo”, o rodapé comenta que “não foi encontrada na BioWeb nenhum registro de relações sexuais envolvendo tintas”. Muito se perde, não se tem mais registro nem de Napoleão Bonaparte, embora a maior perda pareça ser a de nossa subjetividade. Estamos diante de uma nova mentalidade, mais limitada em alguns aspectos, mas turbinada em outros. Desde as vitórias de Deep Blue sobre Kasparov, os computadores nos humilham, no entanto fomos nós que os programamos, eles amplificam possibilidades de nossas próprias mentes.

Para Lucida Sanz e seus leitores, a narrativa linear é coisa do passado, os links e o hipertexto oferecem sempre uma camada a mais, numa continuidade incessante de referências onde a obra fechada não mais se sustenta. A convergência de Fábio, vamos notando, é a do universo da ficção científica com a semiótica, ambas imbricadas em pesquisas com inteligência artificial. É difícil ler Steven Pinker( Como a mente funciona), e não concordar que a inteligência humana, até certo ponto, pode ser elucidada pela informática, pois muitos de seus processos são semelhantes. A hipótese de que um dia se possa criar máquinas com volição não é de todo fictícia, pois a linguagem humana também recorre a procedimentos que podemos considerar automáticos. Não é preciso esperar por 2019 para se inquietar com isso.

Os artigos – muito bem escritos, por sinal – de Oliver Sacks também nos mostram o quanto somos maquínicos, pois basta um defeito no cérebro para fazer com que um homem não distingua sua mulher de um chapéu, não retenha memória recente ou perca completamente sua personalidade sem deixar de realizar tarefas lógicas. Onde está, portanto, a subjetividade? Tomamos um comprimido contra a depressão e nos tornamos outra pessoa – nossa “alma” era melancólica ou tínhamos um problema na recaptação da serotonina? A ciência nos propõe questões tão ou mais perturbadoras que o existencialismo ou a psicanálise. Correr para a igreja para não enfrentá-las não nos salva dos comportamentos automáticos, apenas reforça o determinismo psíquico. O otimismo do livro – também o meu – é o de que o homem ultrapassa os aspectos artificiais da inteligência ao usar o humor, a palavra poética e ao se deixar levar pelos afetos. Contudo, do Deep Blue aos computadores “artistas” de Bill Seaman, estamos ameaçados a menos que enfrentemos nossos padrões pré-programados com uma vida criativa.

A linguagem coloquial, “espontânea” de Artur é colocada sob suspeita pela lógica da inteligência artificial, no entanto esta não dá conta – os sentimentos mais simples são os mais herméticos para as Inteligências Construídas, para as máquinas que tentam inutilmente compreender o homem. Não é por exibicionismo que Foucault, Deleuze ou Umberto Eco são citados no livro, pois devemos nos preparar para desafios à nossa própria humanidade.

Entre as inúmeras citações, ganham destaque os diálogos de Artur com um escritor consagrado, Sant’Anna (livremente inspirado em Sérgio Sant’Anna). Sant’Anna não disfarça seu desprezo pela literatura de ficção científica, no que representa a opinião majoritária da academia. Artur tinha feito uma oficina literária com o mestre em sua juventude (assim como o próprio Fábio) e tenta, inutilmente, convencê-lo de que há boa sci-fi, desde que se separe o joio do trigo.

São mundos distantes, Sant’Anna permanece refratário a esse universo, no entanto o blog de Artur, de maneira didática, convida o leitor a deixar de lado seus preconceitos e conhecer o que a sci-fi tem a oferecer. Os embates de Artur com Sant’Anna, me parecem, são a tentativa do próprio Fábio de ser reconhecido como escritor competente, não só entre os aficcionados pelo gênero. Não seria o primeiro brasileiro a ganhar esse status, uma vez que Bráulio Tavares, merecidamente, recebeu elogios de ninguém menos que José Paulo Paes. Em minha opinião, Os dias da peste é um livro essencial, não só para leitores de sci-fi, mas para qualquer um que acompanhe literatura contemporânea.

Lamento apenas alguns falhas na edição – erros de datilografia, na cronologia e outros pequenos lapsos. Nada que não possa ser resolvido numa segunda tiragem, mas são detalhes que mereciam melhor cuidado. No mais, torço para que o livro tenha a longevidade de muitas edições, por mais que não saibamos o que o futuro (do livro em papel, da literatura, da humanidade, das Inteligências Construídas) nos reserva.
>> L’INFANT LE TERRIBLE – por Ivan Hegenberg


‘FUTURO PRESENTE – DEZOITO FICÇÕES SOBRE O FUTURO’: O FUTURO A DEUS PERTENCE

domingo | 13 | dezembro | 2009

Conheci Nelson de Oliveira em 2008, quando participamos de uma mesa do evento Invisibilidades, no Itaú Cultural, que reuniu diversos autores relacinados à produção de ficção especulativa. Tive uma ótima impressão do Nelson e sedimentei a expectativa de que estava diante de um escritor talentoso, o que se confirmou quando terminei a leitura de Naquela Época Tínhamos Um Gato, coletânea de contos ágeis com um quê surreal que muito me agradou. Foi com satisfação que antecipei alguns de seus projetos, como os Portais Stalker, Solaris, Fundação e Fahrenheit, revistas de contos que funcionariam como um campo de testes para Nelson mostrar ao mercado editorial que havia um número razoável de autores dedicados ao gênero e que não seria uma má idéia dar vazão a esse material. Um dos resultados dessa empreitada foi a antologia Futuro Presente, lançada pela editora Record este ano.

O quadro de autores reunido nas 415 páginas perfaz um mosaico de intenções e origens que vão da cultura blogueira tão em voga nos últimos anos à chamada Primeira Onda da Ficção Científica brasileira, da década de 60. A intenção – não assumida, mas pressentida – parece correr em direção a uma “validação” da qualidade do gênero, que sofre muito preconceito no Brasil, por intermédio dos participantes no livro, alguns deles vencedores dos mais respeitados concursos e prêmios literários, incluindo o da Biblioteca Nacional e o Jabuti.

Essa estratégia, porém, não é novidade. Gumercindo Rocha Dórea, editor de algum renome nos anos 60, fez coisa parecida convidando gente do porte de Dinah Silveira de Queiroz, Rachel de Queiróz, Antonio Olinto, Ruy Yungman, Leon Eliachar e Alvaro Malheiros entre outros, cada um dono de obra de valor inquestionável e de alta qualidade literária para se aventurarem em contos de ficção científica. Infelizmente, apesar do surgimento de autores de inegável talento, como José dos Santos Fernandes, e algumas histórias sensacionais – A Organização do Dr. Labuzze, de André Carneiro, por exemplo – tal iniciativa não conseguiu agregar ao gênero o respeito e a admiração devida aos escritores, e os motivos talvez sejam os mesmos pelos quais a antologia Futuro Presente não é satisfatória em sua totalidade.

Em primeiro lugar, a maioria dos envolvidos parece não ter intimidade com o braço literário da ficção científica, desenvolvendo suas idéias a partir de conceitos explorados e massificados pelo cinema, uma mída que, em termos temáticos, está cerca de 20 anos atrasada. Ou seja, enquanto a literatura de gênero hoje está ocupada com históras regadas a bioengenharia e física quântica, que pensam o desenvolvimento de novas linguagens e universos adjacentes, os escritores parecem longe de arriscar uma carícia ao gato de Schrodinger, menos por medo de se arranhar e mais por sequer perceber que o bichano pode estar vivo dentro da caixa. Assim, referências a termos popularizados pelo cinema e por seriados de TV como “replicantes” referindo-se a andróides (pg 313), “mísseis fotônicos” (pg. 79), ou temáticas usadas a exaustão desde os anos 50, como as naves geracionais e a “terra devastada”, como diria Mary Elizabeth Ginway, campeiam pelas 18 histórias.

Outro ponto digno de nota é a desinformação científica, que faz com que um autor acredite que um asteróide do tamanho da ilha de Chipre, ao cair na Terra, cause a desintegração da Malásia e não o fim do planeta (pg. 79). Esse engano é apenas um dentre inúmeros e concordemos que em contos que se vendem como ficção científica, o desconhecimento da ciência leva ao fracasso inescapável.

Por último, mas não menos importante, um ponto que me causou estranheza. Seria de se esperar que um livro coalhado de autores premiados e de reconhecido mérito literário não apresentasse um número surpreendente de ecos, repetições e períodos aparentemente mal construídos. Afinal, a grande acusação ao gênero sempre foi sua baixa qualidade literária, seu enfoque na “peripécia” em detrimento do “personagem”, e, pelo que entendi, uma das intenções da antologia era mostrar que, além de “viajantes”, os ficcionautas poderiam ser literatos de primeiro time. Posso estar enganado, pois não sou um crítico literário, mas a frase “abotoou os dois botões de cima do camisão de algodão” não me caiu bem.

No mais, acrescento que há boas peças de ficção e fantasia, algumas com bossas surrealistas, outras rachando uma FC hard, mas no cômputo geral, enquanto leitor, autor e aficcionado que acredita que o futuro do gênero no Brasil reside no sucesso de cada um, esperava mais e melhores blues.

***

Seguem agora notas que escrevi durante a leitura de cada conto. Não tive a pretensão de criticá-los profissionalmente, apenas elencar impressões.

Aníbal, de Andréa Del Fuego, é um festival de imagens instigantes que provocam um maravilhamento muito particular e especial, mas percebe-se que a autora possui pouco ou nenhum embasamento científico para sedimentar suas propostas dentro da ficção científica;

Luiz Bras, em Nostalgia, apresenta um texto mítico, rítmico, cacofônico e que, com algum esforço complementar, daria um bom romance, ou vários. A parte dois, especificamente, produziu em mim o efeito de uma epifania, dando uma virada de qualidade em relação à parte anterior, coalhada de repetições aparentemente não intencionais de termos (pg 29) e fonemas (pg 30);

Brand New World, de Luiz Roberto Guedes, pode ser qualquer coisa, menos “brand new”. Utiliza clichês do gênero sem muita intimidade ou paciência para descortinar os motivos pelos quais temas batidos como a diáspora humana pelo espaço são fascinantes. Mais do mesmo num conto moralista e que delata e defende os gostares do autor com citações pouco sutis, tais como a IA com o rosto de Isabelle Adjani, o que quebra o envolvimento, gerando desinteresse por parte do leitor;

O uso da semiótica como âncora narrativa em Gobda, de Maria Alzira Brum Lemos, é o ponto forte deste conto, mas o final apressado e superficial compromete o que poderia ser uma boa história no estilo de Richard A. Lovett.

Ausländer remete a contos de Stephen King e Ray Bradbury, mas com diálogos pouco críveis. Ainda assim, Mustafá Ali Kanso constrói um bom conto sobre alienígenas transmorfos e paranóia adolescente;

Final auto complacente para uma criação de cenário sensacional impede que O Vírus Humano 2, de Maria José Silveira, seja “O” gande conto de ficção científica do livro. Falhou;

O decano da FC brasileira, André Carneiro, comparece com Paralisar Objetos. A história vai para um lado, vai para outro e termina fechando de maneira insólita e inesperada, num círculo que, se não é perfeito, ao menos é enlevante na forma e no método literário. Infelizmente, não traz novidades para quem conhece a obra do mestre, insistindo no tema da obsessão por uma mulher misteriosa envolvida em atividades aparentemente paranormais;

Descida no Melström, de Roberto de Sousa Causo, é, talvez, o conto mais assumidamente pulp de toda a coletânea, cheio de cenas de ação e aventura. Pena que o vocabulário rebuscado e, em alguns momentos, improvável prejudica a imersão do leitor. Outro ponto fraco é a construção psicológica dos personagens, por vezes rasa, principalmente no que diz respeito ao protagonista, um supersoldado íntegro, cercado de superiores incompetentes e encarregado de uma missão suicida, em contraposição ao cenário rebuscado e detalhado;

O Motim, de Edla van Steen, tem belas imagens, mas é prejudicado por um final ingênuo. Tem jeito de fábula, porém os teores morais foram atenuados pela falta de impacto;

Certamente Deonísio da Silva divertiu-se imaginando este Depois da Grande Catástrofe, no qual lista referências e espelha o cenário sociocultural do Brasil contemporâneo. O problema é que o texto se assemelha àquelas piadas que inebriam o intérprete a tal ponto que faz seus risos afogarem o humor da audiência;

Tremenda bola na trave é Espécies Ameaçadas, de Márcio Souza. O que poderia ter sido um “Dr Moreau no Brasil” vira uma historinha ruim sobre nazistas imortais. Fraco, mas com uma energia que remeteu, nem sei bem por quê, ao excelente romance A Mãe do Sonho, de Ivanir Calado;

História de Uma Noite é uma crônica? Tem sabor de crônica, mas se pretende um conto de FC e, como tal, escorega num grave defeito: Charles Kiefer não exorciza o “presente”. A exemplo de Brand New World e Depois da Grande Catástrofe, este é outro conto que polui sua visão de futuro com referências constantes a ícones culturais contemporâneos. Mas o pior, cá entre nós, é que não há a tal história citada no título. Isso até pode funcionar bem em outros gêneros, mas não na FC;

As Infalíveis H, de Paulo Sandrini, é mais uma idéia interessante, mas com final anticlimático, indigno do potencial do conceito. A construção do texto, cheio de “obvio” e “claro que”, também não ajuda. A impressão que dá é que foi pouco revisado;

Hilton James Kutscka apresenta um conto que teria fôlego para muito mais do que apresenta. Requiescat in Pace só não é tocante porque é curto demais para suas ambições. Pulando séculos de duas em duas páginas, variando famílias tipográficas para emular vozes distintas, tentando truques metalinguísticos para dar vida ao texto, a única coisa que o autor não consegue é manter um ritmo agradável e pertinente à história. Mas valeu a intenção, pois é perceptível que Kutscka tem talento e, principalmente, histórias para contar. Em tempo: o termo “replicante” já é oficialmente sinônimo de andróide? Porque, para mim, replicante ainda é aquele que replica a alguma assertiva;

Numa sociedade telepática é possível que se estabeleçam regras para uma utilização ética da leitura das mentes, mas será que até os criminosos condenados se ateriam a elas? O cenário de Vladja é pífio se comparado ao texto bem trabalhado (apesar de algumas construções que soam forçadas) de Ivan Hegenberg e o maravilhamento que seria de se esperar perde-se nos meandros do conto;

Ataíde Tartari é, talvez, um dos melhores de sua geração. Forma, conteúdo, humor, A Máquina do Saudosismo tem tudo. Só não tem tamanho, merecia mais páginas.

Carlos André Mores e seu Ponto Crítico são uma dupla mais que digna. O conto é ótimo em tudo e por tudo, na descrição das peripécias interdimensionis do protagonista, no desenvolvimento do ambiente, nas personalidades dos coadjuvantes. Boa história, com final poético;

E, para finalizar, Onde Está o Agente?, de Rinaldo de Fernandes, volta à temperatura morna de outras histórias do livro, com uma diferença: esta tem a pretensão de ser um exercício estilístico. Não fosse o completo desinteresse que seus personagens despertam, até poderia funcionar, mas não dá vontade de acompanharmos o narrador em sua corrida paranóide contra o tempo. Depois de tantas siglas e códigos salpicados pelo texto, o envolvimento fica irremediavelmente comprometido e aí não há cena de ação que salve a Pátria e sentimos vontade de fechar o livro na cara do herói, sincronizando com a porta ao final do conto.
>> OCTÁVIO ARAGÃO


‘BRINCA COMIGO E OUTRAS ESTÓRIAS FANTÁSTICAS COM BRINQUEDOS’

domingo | 13 | dezembro | 2009

Parece que foi ontem, mas passaram já quatro anos desde que as Edições Chimpanzé Intelectual se apresentaram ao mercado com um livro de contos de Ficção Científica e Fantástico. Foi um passo ousado para uma pequena editora recém-nascida, e cambaleante como costumam ser as primeiras incursões no inclemente mundo exterior. Mas os pés firmaram-se e foram ganhando força, os projectos foram-se acumulando e ganhando cada vez mais ousadia, interesse e qualidade.

Em 2009, a Chimpanzé Intelectual metamorfoseia-se em Escrit’orio Editora, um projecto mais ambicioso, e a designação que todos fomos aprendendo a apreciar serve agora de chancela a uma colecção de literatura fantástica que estreia sob o melhor dos auspícios com este BRINCA COMIGO E OUTRAS ESTÓRIAS FANTÁSTICAS COM BRINQUEDOS, uma breve antologia de contos temáticos que reune sob a mesma capa os melhores autores nacionais do género. João Barreiros, David Soares, Luís Filipe Silva e João Ventura assinam as quatro narrativas que nos propõem uma exploração em tons negros e cáusticos do mundo encantado dos brinquedos.

A antologia foi cuidadosamente pensada por Miguel Neto em torno da soberba narrativa titular (a única não inédita do volume), e todos os autores foram convidados a trocar ideias entre si para que não ocorressem repetições ou sobreposições temáticas acidentais. Chega-nos, assim, às mãos um precioso mosaico de contos perfeitamente apropriados a este período natalício, sempre enxameado de delicodoces brinquedos que não se comparam aos formidáveis companheiros de brincadeiras que estes quatro autores nos apresentam com inigualável mestria.

Certamente um dos livros do ano, e a prenda ideal para pedir ao Black Peter.
>> BLADE RUNNER – por João Seixas


ZUMBIS VS. ROBÔS

domingo | 13 | dezembro | 2009

Parece que antes da onda de histórias de zumbis terminar ainda teremos algumas boas histórias do tema para ler, como as de Zombies vs. Robots Aventure, uma série da IDW Publishing que traz um cenário no qual os humanos já foram extintos e zumbis e robôs estão em guerra.

Zombies vs. Robots Aventure (sem “d” mesmo, e não “adventure”) será uma série de 4 edições escrita pelo editor-chefe da IDW, Chris Ryall, e retomará o conceito criado por ele e o desenhista Ashley Woods. A série será a terceira neste cenário, pois antes dele vieram Zombies vs. Robots e Zombies vs. Robots vs. Amazons.

Zombies vs. Robots Aventure trará 3 histórias de 8 páginas por edição que serão desenhadas pelos novatos Menton Matthews III, Paul McCaffrey e Gabriel Hernandez, mas as capas serão de Woods.

A série começa do fim“, explica Ryall. “Este era um mundo infestado de zumbis com somente alguns robôs deixados para trás para tentarem lidar com a situação. E uma pequena criança humana que os robôs tentaram proteger a todo custo para ela reiniciar a raça humana – e eles falharam! Nós começamos a construir a partir daí“, diz o autor.

As 3 histórias que compõem a série são Kampf, Masques e Zuvembies. A primeira, ilustrada por Menton Matthews III, será a grande história de guerra da série, conforme explicou o escritor em entrevista concedida ao Comic Book Resources. “É ambientada nos primeiros dias da guerra, quando os militares reuniram um esquadrão de humanos e robôs para encarar a ameaça. E ela  dá uma reviravolta muito mais terrível do que qualquer outra história que já fizemos para Zombies vs. Robots“.

Masques, que será desenhada por Paul McCaffrey, será a mais divertida das três histórias e mostrará um dos prequels da série. Nesta história um traje robótico havia sido construído por uma equipe de cientistas para uma finalidade que acaba não dando certo. Um empregado da manutenção, porém, acaba encontrando os planos de construção do traje e faz um para si. Por fim, vestindo aquela roupa de combate acaba se engalfinhando com os zumbis.

A última história, Zuvembies, será ambientada no Haiti e mostrará um pequeno grupo de sobreviventes humanos valendo-se de magia negra para manterem-se a salvos. A arte será de Gabriel Hernandez.

Sobre quem será o vencedor desta batalha Ryall faz uma ótima colocação: “O mais interessante desta série para mim não é saber quem irá vencer, pois quando chegamos ao ponto em que zumbis e robôs foram deixados brigando entre si os humanos já perderam“. Segundo ele o ângulo mais interessante desta série será ver como o plano dos humanos em derrotar os zumbis deram errado.

Inegavelmente a série terá alguma pitada de humor, mas, conforme explicou Ryall, o que teremos será zumbis lutando contra robôs basicamente.

Na verdade acho que uma série desta deve ter muito mais humor do que o autor está dizendo, pois somente assim para um cenário tão absurdo quanto este funcionar. Aliás, cenários totalmente inesperados como Zombies vs. Robots Aventure sempre são bem-vindos, pois saem da mesmice dos quadrinhos e transportam os leitores para mundos sequer antes imaginados. E não é mesmo essa a função dos quadrinhos?
>> REVISTA O GRITO! – por Gustavo Vícola


NATALIE PORTMAN É CONFIRMADA EM “ORGULHO E PRECONCEITO E ZUMBIS”

domingo | 13 | dezembro | 2009

 Atriz protagoniza e produz o filme para a Lionsgate

natalie portman

Em fevereiro, depois de noticiarmos que Hollywood estava interessada em transformar o livro-paródia Pride and Prejudice and Zombies em filme, especulou-se que Natalie Portman poderia estrelar a adaptação. Pois a atriz foi confirmada.

Portman não apenas estrelará como também produzirá a versão trash de Orgulho e Preconceito. Ela vive a heroína inglesa do século 19 Elizabeth Bennet, que se distrai da sua missão de erradicar os zumbis quando chega à região o belo e arrogante Mr. Darcy.

O livro de 1813 de Jane Austen, hoje em domínio público na Inglaterra, ganha em abril de 2008 uma paródia na mão do escritor Seth Grahame-Smith. No livro, publicado pela pequena editora Quirk Books, Grahame-Smith aproveitou, diz ele, cerca de 85% do original de Austen – o resto são os desmortos que ele introduziu.

Richard Kelly (Donnie Darko) será um dos produtores. O financiamento e a distribuição ficarão com a Lionsgate. Ainda falta escolher um diretor.
>> OMELETE – por Marcelo Hessel


‘FALLEN’: DISNEY LANÇA FILME SOBRE ANJOS

domingo | 13 | dezembro | 2009

Disney adquire os direitos autorais da coleção de livros “Fallen”,
que conta a história de uma menina que se apaixona por um anjo caído.

fallenNos últimos tempos, as salas de cinemas estão sendo bombardeadas por filmes com bruxos, reinos mágicos, lobisomens e vampiros. Agora é a vez dos anjos tentarem abocanhar um pedaço do público jovem.

Os estúdios Disney apostaram na série de quatro livros escrita por Lauren Kate. O primeiro título se chama “Fallen”. As obras contam a história da jovem Lucinda que, ao mudar para uma nova escola, se sente totalmente perdida entre os colegas novos.

Entretanto, é nesse ambiente pouco confortável que ela conhece Daniel, por quem se apaixona a primeira vista, sem saber que ele é, na verdade, um anjo caído.

Para se diferenciar dos contos de fadas criados pela produtora norte-americana, “Fallen”  vai ter um clima sombrio. A produção será de Mark Ciardi e Gordon Gray, por meio da Mayhem Productions. O valor da compra e a data de estreia da obra não foram divulgados.
>> CINEMA COM RAPADURA – por Natália Baggio


HARRY POTTER E O CRISTIANISMO

sábado | 12 | dezembro | 2009

A princípio, o mundo da religião não ficou particularmente entusiasmado com a chegada do menino Potter. Por vários anos, a série Harry Potter, de J. K. Rowling, esteve no topo das listas da Associação Americana de Bibliotecas de livros mais desafiadores (razões citadas em 2001: “antifamília, ocultismo/satanismo, ponto de vista religioso e violência”). Protestantes evangélicos questionavam: a representação positiva da bruxaria desencaminharia crianças? E alguns católicos também estavam preocupados. Do cardeal Joseph Ratzinger (hoje Papa Bento XVI), que alertou que “seduções sutis” no texto poderiam “corromper a fé cristã”, ao reverendo Ronald A. Barker, sacerdote de Wakefield que arrancou os livros da biblioteca escolar de sua paróquia.

Mas, nos últimos anos, escritores e pensadores religiosos passaram a se entusiasmar por Harry – tanto a Christianity Today, uma revista evangélica, quanto L’Osservatore Romano, o jornal do Vaticano, elogiaram o último filme. O Christian Broadcasting Network, canal de Pat Robertson, apresenta em seu website uma seção especial sobre A Controvérsia de Harry Potter, que reconhece que “importantes pensadores cristãos têm opiniões muito diferentes sobre os produtos Harry Potter e como os cristãos devem responder a eles”.

Ético, positivo e tolerante
Ao mesmo tempo, estudiosos da religião começaram a desenvolver uma abordagem com maiores nuances sobre o fenômeno Potter, com alguns argumentando que a extremamente popular série de livros e filmes contém mensagens éticas positivas e um arco narrativo que vale a pena ser examinado academicamente e até teologicamente.

Os acadêmicos estão interessados sobretudo no que os livros têm a dizer sobre os dois grandes temas de preocupação das pessoas de fé – moralidade e mortalidade -, mas alguns também investigam o que a série diz sobre tolerância (Harry e seus amigos são notavelmente abertos a pessoas e criaturas diferentes), intimidação, a natureza e presença do mal na sociedade e a existência do sobrenatural.

O interesse acadêmico nos livros de Harry Potter começou bem antes do fim da série e não dá sinais de diminuir. Pipocaram livros acadêmicos com títulos tão diversos quanto The Ivory Tower and Harry Potter: Perspectives on a Literary Phenomenon (A Torre de Marfim e Harry Potter: Perspectivas Sobre um Fenômeno Literário) e Harry Potter’s World: Multidisciplinary Critical Perspectives (O Mundo de Harry Potter: Perspectivas Críticas Multidisciplinares).

No último outono, a Academia Americana de Religião teve em sua convenção anual uma mesa chamada A Forma Potteriana de Morte: A Concepção de Mortalidade de J. K. Rowling. E há uma grande quantidade de artigos em periódicos religiosos com títulos como Procurando Deus em Harry Potter eEnvolvendo-se na Espiritualidade de Harry Potter ou mesmo mais complexos como Harry Potter e o Batismo da Imaginação, Harry Potter e o Problema do Mal e Harry Potter e Bibliotecas Teológicas.

Religião & Cultura Pop
“Existe todo um campo explosivo de religião e cultura popular buscando não apenas paralelos exatos, seja concordando ou contestando crenças religiosas, mas também considerando essas histórias um reflexo das sensibilidades espirituais ou religiosas da cultura”, afirma Russell W. Dalton, professor-assistente de educação cristã na Escola Brite Divinity, no Texas e autor de Faith Journey through Fantasy Lands: A Christian Dialogue with Harry Potter, Star Wars, and The Lord of the Rings (Jornada da Fé Através de Terras da Fantasia: um Diálogo Cristão com Harry Potter, Guerra nas Estrelas e O Senhor dos Anéis).

“Quando histórias se tornam tão populares quanto as de Harry Potter, elas deixam de refletir apenas as opiniões religiosas do autor, mas se tornam artefatos da cultura, dizendo algo sobre a cultura que as abraçou”, diz Dalton. “E esse é certamente o caso de Harry Potter.”

O interesse acadêmico no menino que sobreviveu ao mal faz parte de uma busca maior de escritores e estudiosos da religião por sinais da fé, e em particular por repercussões da narrativa cristã, na cultura. A busca não é nova, embora esteja historicamente concentrada na grande arte – como pintura e literatura. Mais recentemente, jornalistas de religião se voltaram para a cultura popular, escrevendo livros como O Evangelho Segundo os Simpsons, de Mark Pinsky, e The Gospel According to the Coen Brothers (O Evangelho segundo os irmãos Coen), de Cathleen Falsani, enquanto pesquisadores examinam o papel da religião em clipes da Madonna e em séries de TV como Jornada nas Estrelas eLost.

“Precisamos nos envolver no diálogo que ocorre entre as pessoas”, defende Jeffrey H. Mahan, professor de ministério, mídia e cultura da Escola Iliff de Teologia, no Colorado, e um pioneiro no estudo da relação entre religião e cultura popular.

Também existe um longo histórico do uso da literatura infantil como forma de pedagogia religiosa. Amy Boesky, professora-associada de inglês do Boston College, afirma que o uso da literatura infantil para o ensino de valores morais remete a, pelo menos, Erasmo, que escreveu durante a Renascença, e inclui clássicos que vão de O Peregrino, de 1678, a Uma Dobra no Tempo, de 1962. O exemplo mais conhecido são os sete volumes de As Crônicas de Nárnia, escritos no início da década de 1950 pelo apologista cristão C. S. Lewis, que, além de servirem como divertida literatura fantástica, são frequentemente lidos como uma alegoria cristã, sendo o heróico leão Aslan obviamente uma metáfora de Cristo.

Embora alguns acadêmicos agora enxerguem Cristo em Harry Potter, os paralelos são mais sutis e, sem dúvida, amplamente ofuscados por uma torrente estonteante de feitiços mágicos, criaturas estranhas e jogos de quadribol. Harry em si é um complexo herói adolescente, assombrado pelo assassinato de seus pais, por vezes em conflito com seu papel no mundo e confuso, como qualquer um estaria, por sua estranha conexão mental com seu antagonista Voldemort.

“Os livros de Potter não são explicitamente religiosos como as narrativas de Nárnia, mas há a forte presença do mal, e temas do bem e do mal não são apenas filosóficos, mas também questões teológicas¿, observa Gareth B. Matthews, professor de filosofia na UMass Amherst.

Versões de Cristo e Deus
Alguns pesquisadores levam a busca por temas do Evangelho na série Harry Potter bem longe. Oona Eisenstadt, professora-assistente de estudos religiosos do Pomona College, faz uma análise extremamente elaborada, sustentando que Rowling explora a natureza complexa de personagens bíblicos apresentando duas versões de cada nos livros de Potter. os bruxos Severo Snape e Draco Malfoy, argumenta, representam interpretações concorrentes de Judas – ambos buscando a morte de Dumbledore, mas um porque está servindo o mal e o outro porque essa é uma exigência do destino. Eisenstadt enxerga Dumbledore e Harry, cada um à sua maneira, como figuras de Cristo – talvez Harry representando Jesus humano e Dumbledore o divino. E ela acredita que a descrição de elementos da comunidade judaica segundo o Novo Testamento ocorre através dos duendes (banqueiros repulsivos) e do Ministério da Magia (legalista e bitolado).

“Ao invés de oferecer uma alegoria direta, que obriga leitores juvenis a engolir a teologia, Rowling oferece representações dúbias, que são um convite à reflexão para jovens e todos nós”, escreve Eisenstadt.

Crítica ao fundamentalismo
Alguns estudiosos de religião parecem mais interessados na série Potter como um comentário social – em particular, eles focam na recusa de Harry em participar da discriminação aos trouxas demonstrada por alguns bruxos e feiticeiros de sangue puro, assim como na hostilidade a gigantes e fantasmas, entre outras criaturas mágicas ameaçadoras, que alguns personagens manifestam. “Um dos temas gerais da série Harry Potter tem a ver com perseguição com base na raça”, afirma Lana A. Whited, professora de inglês do Ferrum College, na Virgínia, e autora de The Ivory Tower And Harry Potter. Já Dalton, da Escola Brite Divinity, leva o argumento mais além, sugerindo que a associação de tolerância a personagens heróicos é uma crítica ao fundamentalismo.

“Para Dumbledore e Harry e seus amigos não importa se você nasceu trouxa ou gigante”, diz Dalton, “enquanto está claro que os Comensais da Morte, os malvados, são intolerantes às pessoas diferentes deles”.

Vozes divergentes
Nem todos os acadêmicos são tão entusiásticos. Elizabeth Heilmant, professora-associada de pedagogia da Universidade Estadual de Michigan e editora do livro Critical Perspectives on Harry Potteraponta que, diferente de Hermione, que abraça a causa dos elfos domésticos, “você nunca vê Harry Potter dedicando-se a uma causa em favor dos oprimidos. Ele é na verdade um herói relutante e não estou convencida de que a narrativa o faz efetivamente ir além de seus motivos pessoais”.

O interesse dos estudiosos de religião na série Potter se intensificou com o muito esperado lançamento do sétimo e último livro, Harry Potter e As Relíquias da Morte, publicado em 2007. A questão sobre a possível morte de Harry foi muito debatida antes do lançamento do livro, e não é preciso ter um diploma em divindade para ver temas de sacrifício e ressurreição na resolução dessa questão.

“Lembro-me da espera pelo livro sete e das conversas com meus filhos sobre se Harry Potter iria morrer e muitas dessas conversas envolviam até que ponto Rowling faria dele um livro cristão: será que Harry vai morrer e salvar o mundo?”, diz Stephen Prothero, professor de religião da Universidade de Boston.

O desfecho da história (alerta de spoiler!) é o ponto de partida para muitos estudiosos de religião, porque nas cenas finais, Harry compreende “que sua função era caminhar calmamente em direção aos braços acolhedores da Morte”, escreve Rowling. Harry permite que ele seja morto – ou pelo menos atingido por uma maldição fatal – para salvar o mundo da feitiçaria, mas depois retorna à vida, encorajado por uma visão de Dumbledore que lhe diz: “retornando, você pode garantir que menos almas sejam mutiladas, menos famílias sejam destruídas”. Harry então vence Voldemort e, segundo a descrição do livro, é visto pela multidão que testemunha a batalha final como “seu líder e símbolo, seu salvador e seu guia”.

“No final do último livro, temos um Potter agonizante que ressurge – ele precisa ser morto para livrar o mundo do mal personificado por Voldermort”, diz Paul V. M. Flesher, diretor do programa de estudos religiosos da Universidade de Wyoming e autor do artigo sobre Harry Potter para o Journal of Religion and Film. “Existe um padrão cristão nesta história. Não é apenas o bem contra o mal. Rowling não está sendo evangélica – isso não é C. S. Lewis -, mas ela conhece tais histórias e está claro que ela junta as peças de uma maneira que faz sentido e que ela sabe que os leitores vão acompanhar.”

Escritora confirma analogia religiosa
A própria Rowling, após a publicação do livro final, disse acreditar que os temas religiosos haviam “sempre estado óbvios”, e os acadêmicos observam pelo menos duas citações não nomeadas do Novo Testamento na série, uma no túmulo da mãe e irmã de Dumbledore (”Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração”, Mateus), e uma no túmulo dos pais de Harry (”Ora, o último inimigo a ser destruído é a morte”, 1 Coríntios).

A última batalha de Harry com a morte consolidou o romance entre acadêmicos de religião e a série de Potter, com as controvérsias iniciais a respeito de varinhas e bruxaria sendo ofuscadas pela discussão do caráter de Harry e suas escolhas de vida.

“Ao invés de condenar certos elementos da série como malignos – algo que muitos cristãos fizeram -, devemos convidar nossas comunidades a apreciar mais profundamente tanto as similaridades quanto os contrastes entre as histórias e nossa fé cristã”, Mary Hess, do Luther Seminary de Minnesota, escreve no periódico Word & World.

De fato, Leonie Caldecott, escrevendo no Christian Century alguns meses após a publicação do sétimo livro, opina: “Como é revelado em Relíquias da Morte, longe de enganar a morte, Harry deliberadamente abraça a morte quando finalmente entende que isso é necessário para salvar os outros, e não apenas aqueles que ele particularmente ama.”

Dumbledore, no início da série, deixa claro suas próprias visões sobre o tema, dizendo: “Para uma mente bem organizada, a morte é apenas a próxima aventura.”

Na conferência da Academia Americana de Religião, os participantes exploraram a cena final, bem como outras ilustrações da morte na série de Potter, buscando por significados. Paul Corey, professor de estudos religiosos da Universidade McMaster, do Canadá, retoricamente perguntou: “Qual é a diferença entre um cristão e um Comensal da Morte?”. Este foi o ponto de partida para refletir sobre como a busca de Voldemort para vencer a morte poderia diferir de, ou se assemelhar, ao desejo cristão pela vida eterna no paraíso. E Lois Shepherd, especialista em bioética da Universidade da Vírginia, disse que encontrou na série um argumento contra o prolongamento da vida física a todo custo – uma rejeição ao que ela chamou de “busca para evitar a morte” que, segundo ela, foi representada pelo debate sobre Terri Schiavo no mundo real.

“A morte, na filosofia da série, não deve ser temida”, Shepherd diz. “Na verdade, são aqueles que mais temem a morte – Voldemort sendo o exemplo supremo disso – que se envolvem em atos inomináveis de maldade.”
>> IGREJA BATISTA NOVA ESPERANÇA – por The New York Times e Terra/Gospel+ via Pavablog


LOURENÇO MUTARELLI: PRODUZINDO ARTE COM EFEITO

sexta-feira | 11 | dezembro | 2009

Reprodução

Lourenço Mutarelli nasceu em São Paulo, mas seu destino o leva para o mundo. A porta de entrada para as artes e as idéias foi a Faculdade de Belas Artes. E com o tempo os pincéis foram trocados por canetas, para dar vida às palavras – no papel, no computador, nas telas de cinema. Um caminho de interação entre as artes é o que ele anda traçando. Quatro romances publicados – Jesus Kid, O cheiro do ralo, O natimorto e A arte de produzir efeito sem causa –, além de algumas graphic novels como O dobro de cinco, atraem muitos admiradores. O dobro (…), inclusive, transformou-se em um teaser que muito lembra Sin City, mas não deve chegar às telonas. Infelizmente. Pois o detetive Diomedes (veja em algumas fotos que ilustram a matéria) está impagável.

Mutarelli carregou um fardo pesado. Uma história idiota, absurda, não fosse a realidade capaz de superar, para o bem e o mal, a ficção. Parece ter se livrado dela. Ou continua se libertando em espasmos, através de outras histórias que cria, desenhando ou escrevendo, onde retrata um mundo atormentado, ou melhor, pessoas que vivem e agonizam nessa tormenta. Ela foi contada em Réquiem, com narração do próprio.

Mesmo assim, o que poderia ser um martírio, na verdade nos aproxima dessas pessoas no limite do desespero, muitas vezes através de um humor sutil e irônico, como é o caso do mais recente romance do escritor, A arte de produzir efeito sem causa, o primeiro a sair pela Companhia das Letras.

O livro recorta um trecho da vida de Júnior (ou Nuno, ou Bruno, segundo o porteiro do prédio do pai), o momento de um elipse crucial, que junta revelações cruéis sobre seu trabalho, sua mulher, seu amigo. Junto à tormenta externa, acompanhamos também outra, interna, onde Mutarelli consegue, de maneira particular, recriar uma mente alterada por devaneios, repetições, crises compulsivas, paranóias, “uma coleção de sintomas, entre os quais avultam alterações do pensamento, alucinações (sobretudo auditivas), delírios e embotamento emocional com perda de contato com a realidade, podendo causar um disfuncionamento social crônico”.

Mas ele faz isso de um modo que nos aproxima e cria até certa empatia para com o Júnior, que passa a viver então no sofá da casa de seu pai, acompanhado do “futum” da cachorra já falecida, e de uma universitária que aluga um quartinho no mesmo apartamento. Retrato de uma classe média baixa, típica, empobrecida, ordinária. O texto é seco, direto, praticamente um roteiro (por sinal, os direitos já foram adquiridos para uma adaptação). Entre o cigarro, o café e os passeios de volta ao bairro onde cresceu, acompanhamos essa imersão do personagem, através de diálogos que retêm de forma precisa esse embotamento emocional, a falta de compreensão progressiva pela qual ele passa.

Mutarelli, quadrinhista dos bons, volta ao grafismo com os devaneios que ocupam a cabeça do Júnior depois que ele começa a receber misteriosos pacotes de sedex ( ou “sedec”, como diz o porteiro…) com recortes de jornal em torno da morte (acidental, dizem) da mulher do escritor pré-beat William Burroughs, quando este, ao brincar de Guilherme Tell, meteu-lhe uma bala na cabeça. Com uma bic, a compulsão do Júnior vai transparecendo em ideogramas, gráficos, anotações em cima do diário da universitária, da lista telefônica, dos bilhetes que recebe. Burroughs não está à toa neste enredo, já que a tentativa do escritor norte-americano em destruir a linguagem, de certa forma, se concretiza na cabeça de Júnior, e na crescente dificuldade que todos têm em se comunicar, bem expostas nos diálogos que conduzem o livro.

Resumindo, Lourenço Mutarelli conquistou um espaço especial na literatura brasileira. E merece ser lido.

Quando e como começou a desenhar?
Lourenço Mutarelli: Desenho desde criança. Foi a maneira que encontrei de me relacionar, a minha expressão.

Sua formação é em Belas Artes. Como se deu a troca do nanquim pelas palavras?
Estudei Belas Artes e foi muito importante, a faculdade dá um rumo para seguir o caminho. Quando comecei a trabalhar, passei a fazer os meus quadrinhos de noite. Depois fui correr atrás da editora para conseguir um espaço. Sempre tive um respeito muito grande pela literatura, então eu pensava que eu não podia ser um escritor.

Você criou a arte do filme Nina, dirigido por Heitor Dhalia, e escreveu o romance O cheiro do ralo, adaptado para o cinema também por Heitor. Seu romance O natimorto foi adaptado para o teatro pelo dramaturgo Mário Bortolotto, e agora para o cinema por Paulo Machline. Outro projeto seu também está sendo adaptado, O dobro de cinco. Como é essa interação com outras linguagens? No que estes projetos se aproximam e no que eles se distanciam um do outro?
Sou muito reservado. O ator acaba atrapalhando esse meu lado. Tenho que repensar esse assunto. Embora eu me sinta protegido no set, tem uma exposição que tenho que repensar. Em O cheiro do ralo, as pessoas não sabiam que eu fazia o segurança. Mas com O natimorto, sou o protagonista e isso muda um pouco. Não tenho problemas quanto ao trânsito entre essas linguagens. É importante estar aberto a todas as manifestações: teatro, cinema, literatura e quadrinhos. Desde que possamos nos expressar de maneira sincera.

Na sua literatura, os seus personagens estão sufocados pela depressão urbana. Como é a sua relação com São Paulo? De que maneira a cidade interfere na sua literatura?
São Paulo está muito mais na minha literatura do que eu consigo perceber. São Paulo está em mim, por mais que eu me distancie dela.

Temas como a perda, a deformação, o desespero, o limite e a angústia são incessantemente abordados em seu trabalho. Por quê?
Nos personagens há muito de mim e também da minha observação. Eu estudo muita psiquiatria, isso acaba refletindo nos meus personagens.

Uma grande inadequação e deslocamento permeiam a sua obra, seja nas graphic novels, nos romances. Como é o processo de criação desses personagens sofridos, perturbados?
É um mergulho fundo. Tive de afastar os personagens da minha vida, mas minha vida acaba se envolvendo com os personagens.

A arte de produzir efeito sem causa tem uma linguagem direta, seca. Praticamente um roteiro. Pensa nisso quando concebe uma história?
Hoje em dia, por algum momento, eu penso que a história pode ser adaptada. Mas quando escrevo não penso nisso. Fico voltado para a criação da história sempre.

Sobre a união dos desenhos, ideogramas do Júnior com a narrativa neste livro, elas surgiram juntas?
Fui fazendo os gráficos e enviando para a Companhia das Letras, a escolha foi feita por eles.

Como foi a experiência de viajar para Nova York pelo projeto Amores Expressos?
Foi muito boa, pude vivenciar a cidade. Mas é muito difícil escrever um livro sobre uma determinada cidade. Pretendo voltar a Nova York e sentir mais a história.

Você foi obrigado a escrever num blog. Como é a sua relação com as tecnologias?
Sim estava no contrato. Mas foi bom durante a viagem. Depois pensei em manter o blog, mas não dá. Sou muito fora dessas tecnologias. Minha mulher que responde os e-mails. Com um tempo eu acostumo, espero.

Você lê seus contemporâneos? Arriscaria algum nome? O que tem lido ultimamente? E nos quadrinhos, acompanha o que tem sido lançado ou refugia-se nos clássicos?
As primeiras influências foram Kafka, Dostoiévski, Machado de Assis e Augusto dos Anjos. Literárias, acho que foram essas minhas experiências fortes. Não leio os contemporâneos, fico muito focado em estudos teóricos sobre determinados temas.

Seu filho Francisco tem interesse em literatura? Ele escreve?
Meu filho não lê nada, nem sabe como abrir um livro. Mas ele gosta muito de cinema, principalmente dos filmes de que não participo – ele fica mais à vontade. Mas ele desenha muito bem, tem desenhos expressivos.
>> PORTAL LITERAL – por Bruno Dorigatti e Ramon Mello


SEXO E SANGUE: PREDADORES E OS VAMPIROS NOS QUADRINHOS

sexta-feira | 11 | dezembro | 2009

Predadores retoma concepção clássica dos vampiros, mas participação desses personagens nas HQ’s é extensa e antiga

A Devir completou a coleção Predadores [64 págs, R$ 29,90] , escrita pelos italianos Jean Dufaux (texto) e Enrico Marini  (arte). A série conta a história de vampiros e sociedade secretas milenares, envolta numa conspiração que inclui ainda dois detetives num jogo de sedução. Numa Nova York gótica, a raça humana está em vias de extinção e a aparição de um misterioso assassino vampiresco causa uma reviravolta na trama. Lançado em 2003 pela Dargaud, na Europa, a série fez um enorme sucesso e só agora, com vampiros saindo pelo ladrão na cultura pop chega ao Brasil.

Predadores retoma uma tradição vampiresca mais clássica e até mesmo conservadora. Sedutores, belos, elegantes, exalando sexo e sofisticação, eles estão presentes nos principais círculos de poder. Desinteressados pela moral ou mesmo sentimentos humanos, veem as populações das cidades como gado, comida. Aqui, não há espaço para romances interespécies, a não ser para motivos puramente sexuais. O mito do vampiro aqui é utilizado como mote para uma saga erótica, coisa que os sanguessugas sempre estiveram ligados seja na literatura ou mesmo no cinema. Até mesmo Crepúsculo, com um enredo celibatário e repressor coloca o sexo como centro das inquietações dos personagens, mesmo que subjetivo.

Fetichistas, os dois irmãos vampiros de Predadores abusam do couro vermelho, saltos altíssimos, visual extravagante, como se estivessem saídos de um clube sadomasoquista. Por mais que os clichês gritem, o texto de Jean Dufaux contextualiza tais personagens como seres desconectados do tempo, antiquados, lutando contra um novo panorama que se avizinha no mundo. Com isso, ele subverte outro lugar-comum, que é o ser imortal que vive na esteira da modernidade, das inovações. O que os irmãos fazem bem é matar e trepar, como exímios predadores do topo da cadeia alimentar, mesmo que esse reinado esteja cada vez mais ameaçado.

Os desenhos, seguindo a escola europeia liderada por Milo Manara pesa a mão nas cenas picantes, nos corpos perfeitos – nenhuma mulher tem pernas gigantes como aquelas – e nas cenas de combate, decapitações, mutilações e esquartejamentos. É uma experiência por vezes chocante, mas na verdade, Enrico Marini, artista e Dufaux utilizaram uma narrativa por demais conservadora, mas que funciona bem. É cinematográfica, como um thriller, mas sem inovações de estilo.

Através do tempos
Mesmo quem não lê quadrinhos, sabe que esse é o meio onde os vampiros mais se sentiam à vontade, depois do cinema. Desde Zé Vampyr, da Turma do Penadinho, que dá expediente nas revistinhas da Turma da Mônica até Vampirella, que, mesmo praticamente inédita por aqui fez muito sucesso entre os marmanjos. Com diversos mitos vampirescos disponíveis, os autores adaptavam à vontade origens e características dos sanguessugas e cada um a seu modo conseguiram algum sucesso. Atualmente, a Panini lançou a HQ mensal de Buffy – A Caça Vampiros, baseada no famoso seriado de TV dos anos 1990.

Parece claro que Buffy voltou às bancas para pegar carona no sucesso de Crepúsculo, mas na década passada, vampiros eram comuns nas HQ’s, mesmo sem nenhum fenômeno midiático. O mais famoso deles, Drácula já chegou a estrelar várias sagas contra os super-heróis Marvel, publicados por aqui em saudosos almanaques da editora Abril. O mais famoso teve roteiro de Marv Wolfman, em 1970. Mais tarde, uma não muito feliz volta colocou o conde para lutar contra o vilão apocalipse, dos X-Men. A Dark Horse, editora de personagens como Hellboy chamou Wolfman e Gene Colan para uma minissérie em 1998, The Curse Of Dracula.

Chamado de “Osama Bin Laden dos vampiros”, a Image Comics (Gen 13, Spawn), relançouu o mito em 2003 com Sword Of Dracula, mas a série não fez muito sucesso. Ele seria utilizado como coadjuvante em outras séries e histórias da editora. Já Batman, encontrou o famoso vampiro em suas histórias alternativas do “Túnel do Tempo”. Criado em 1897 num romance de Bram Stocker, Dracula é ainda hoje ícone entre os vampiros ocidentais e referência para criação de qualquer produto relacionado a sugadores de sangue.

O mais famoso personagem em quadrinhos recentes que representa a classe vampírica é Cassidy, presente na HQ Preacher. Politicamente incorreto, beberrão, ele segue a garota Tulipa e seu namorado padre pelos EUA em busca de vingança contra Deus. Criação de Garth Ennis, a série é hiper-violenta e foi um dos maiores sucessos da Vertigo quando lançada. Depois de diversas editoras, ainda permanece inédita no Brasil, mas a Panini já prometeu concluir.

No Brasil, Mirza é a vampira mais famosa. Criada por Eugênio Colonnese para revistas baratas de terror dos anos 1970, ela é anterior à Vampirella, norte-americana mais conhecida. Ainda não teve o devido reconhecimento no país, tendo apenas algumas histórias publicadas pela editora Sampa, em papel jornal e péssima edição. Suas aventuras se baseavam em um roteiro erótico e muito modorrento, mas hoje é inegável seu valor histórico para as HQ’s nacionais. Já Vampirella também não logrou êxito. Nem sua tentativa de inserção no Universo DC deu muito certo. Sendo vendida como uma das gostosas no boom do gênero popozuda nos anos 90, Mulher-Gato e outras acabaram fazendo mais sucesso.

Outras experiências em diversas editoras já aconteceram em todos esses anos, e não deixarão de acontecer. Como histórias de máfia e western, vampiros começam a nova década como um gênero.
>> O GRITO!


‘SLÁINE – THE HORNED GOD’: O DEUS GUERREIRO

sexta-feira | 11 | dezembro | 2009


“Em um tempo que não é tempo, em um lugar que não é um lugar, eu escrevo. Sobre um grande rei, Sláine Mac Roth, que governou um império que não era um império, em um passado que não era o passado, nem mesmo o futuro, mas a eternidade. Por que as lendas são imortais.”

Com estas palavras tem início uma das mais fantásticas sagas já vistas no mundo das Histórias em Quadrinhos. Sláine – O Deus Guerreiro (Sláine – The Horned God), escrito por Pat Mills e desenhado primorosamente por Simon Bisley, tornou-se um marco na carreira destes artistas, além de alcançar grande sucesso ao redor do mundo.

Sláine, o guerreiro irlandês de eras mitológicas, foi criado por Mills e sua esposa Angie Kincaid em 1982 para a revista britânica 2000 AD.
Durante seus primeiros sete anos, o personagem teve uma carreira modesta nas páginas em Preto & Branco daquela publicação. Contudo, Sláine já demonstrava um grande potencial artístico, superando a impressão inicial de que ele era apenas mais uma imitação de Conan, o bárbaro criado por Robert E. Howard e sensação dos quadrinhos na década de 1970.

Profundamente inspirada na mitologia Celta, especialmente na pseudo-história da Irlanda contida no “Livro das Invasões” (Lebor Gabála Érenn), a criação de Mills e Kincaid explorou diversos aspectos da literatura fantástica, chegando até a incluir um pouco de Ficção Científica nas tramas. Estes anos iniciais mostraram o jovem Sláine sendo exilado de sua tribo, viajando como ladrão de gado e mercenário e, finalmente, retornando para a sua terra natal onde se torna rei.

Então, em 1989, surgiu a primeira história colorida do personagem. Os painéis foram pintados por Bisley, uma tendência que vinha ganhando força na época. Este primeiro ciclo colorido durou cerca de um ano e evidenciou o talento literário de Pat Mills.

The Horned God (no Brasil O Deus Guerreiro) narra a épica aventura de Sláine na tentativa de unir as tribos da Irlanda contra a ameaça dos Lordes Drunes, malignos sacerdotes que deturparam a religião da Deusa Terra. Os Drunes contam com os monstruosos fomorianos como aliados, e são muito mais poderosos. Para derrotar estes inimigos, Sláine deverá juntar os quatro objetos sagrados da Irlanda e, tendo a Deusa Terra Danu como guia, trilhará o caminho para se tornar o novo “Deus de Chifres”.

Personagens excepcionais e magnificamente desenvolvidos permeiam a história. Alguns até poderão achar que The Horned God tem muito texto e pouca ação, mas sem esta característica, Sláine seria apenas mais um bárbaro cortando cabeças. Um dos grandes destaques fica para o personagem Ukko, o anão. Ukko, um sujeito pouco honesto, muito malandro e pervertido é o grande companheiro de aventuras de Sláine. Atuando como narrador da trama, ele tem a oportunidade de reescrever a sua participação na história e, não raro, o vemos exaltar suas virtudes enquanto os desenhos mostram exatamente o contrário.

Com texto e arte de primeira linha, The Horned God tornou-se um clássico instantâneo. Sláine continua a ser publicado atualmente, mas a parceria entre Mills e Bisley nunca foi superada. A extinta editora Pandora Books publicou The Horned God no Brasil em uma série de 7 revistas. Mais tarde, lançou uma versão encadernada com o ciclo completo. Este encadernado ainda pode ser encontrado na loja Comix Shop por míseros R$ 14,90! Sem sombra de dúvida, uma leitura obrigatória para os fãs de Quadrinhos e literatura fantástica.
>> SONO DA RAZÃO – por César Almeida


QUADRINHOS PARA ADULTOS

sexta-feira | 11 | dezembro | 2009

Big Comic

Está sendo lançado no Brasil um material obrigatório: Golgo 13, de Takao Saito. Desnecessário dizer que essa é uma das melhores notícias em muito tempo dentro de nosso mercado de mangás. Golgo 13 foi a obra que tem o mérito histórico de estabelecer o que vamos definir como quadrinho para adultos mainstream, lá pelo final dos anos 60, no Japão – e continua até hoje: é a segunda série de mangá mais longa de todos os tempos, com mais de 150Golgo volumes. E merece mesmo sua fama, podem acreditar.
Quando falo de quadrinhos adultos, nada de cabecices aqui: é quadrinho de massa, escarrado, cuspido, assumido, refletindo o gosto do entretenimento do cidadão comum que passou da adolescência e vai ao cinema, assiste televisão e gosta de seriados de tv – nesse sentido, é mais certeiro do que o conceito de quadrinho adulto da Vertigo, por exemplo (mesmo um quadrinho potencialmente bacana como Alvo Humano, que poderia ter um tratamento similar a Golgo, se perdeu por algum ranço de se “mostrar maturidade” típico dos quadrinhos do selo. Será que um adulto não quer apenas se divertir?). Golgo é simples como seu conceito: Assassino profissional tem missão e a cumpre. Não sabemos seu passado e mesmo seu nome oficial, Duke Togo, pode muito bem não ser seu nome verdadeiro. Mas matar pode não ser tão fácil e por isso ele vai ter que passar por cima de muito mais gente no caminho. Simples. Nesse sentido, ele se aproxima muito dos quadrinhos italianos – conhecidos como fumetti – que são campeões de longevidade em nossas bancas. Assim como as histórias do cowboy Tex, suas histórias são fechadas e não exigem continuidade.
Golgo 13É quadrinho de fórmula, como os bons seriados costumavam ser, antes de ter surpresas de fim de temporada e meta-tramas intermináveis. De certa forma, ele lembra a receita de bolo dos livros da Gold Eagle – o braço masculino da Harlequin. Enquanto as heroínas românticas desses livros querem ser seguradas pelos braços cabeludos de algum marmanjo, os protagonistas dos livros da Gold Eagle tem sempre um trabuco na mão e detonam mafiosos, terroristas, gangues de motoqueiros…
Em miúdos, Golgo existe para a alegria do Charles Bronson que existe dentro de você, sem frescuras. E representa um caminho precioso para a percepção do que é quadrinho adulto no país. A editora JBC vai começar aparentemente pelas coleções de coletânea, e desconfio seriamente que eles vão trazer ou o Best 13 of Golgo 13, ou o Golgo 13 Anime Selection, que pinça justamente as histórias que foram escolhidas para ser adaptadas em anime. Por isso mesmo, não vou falar demais sobre o personagem: estou postando aqui o artigo “de adultos para adultos”, originalmente publicado na revista Neo Tokyo, aonde eu falo um pouco sobre Golgo, a história de sua criação, sua importância e sobre o contexto maior ao qual ele pertence. Leva um pouco de tempo até chegar até lá – mas divirtam-se, assim mesmo.
>> MAXIMUM COSMO – por Lancaster


MARATONA HQ: EVENTO DE 42 HORAS DE QUADRINHOS EM SÃO PAULO

quinta-feira | 10 | dezembro | 2009

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A Devir realizará a quinta edição da Maratona HQ, um evento que reúne fanáticos por quadrinhos, desrespeita horários, incomoda a vizinhança e deixa acordada até a mais sonolenta das criaturas.

O evento começa na sexta-feira, 11 de dezembro, às 22:00 e vai, sem interrupção, até as 16:00 do domingo, 13 de dezembro. São 42 horas ininterruptas dedicadas a os fãs de quadrinhos, tanto os que acordam cedo, quanto os que dormem tarde.

Este é um evento que acontece apenas uma vez por ano, e é somente nesta data que leitores de todas as partes tem acesso a milhares de títulos de quadrinhos importados (TPs, livros e graphic novels) além de uma gigantesca seleção de quadrinhos nacionais, centenas de títulos de RPG nacionais e importados, romances e … muito, muito mais!

Entre as atividades programadas teremos gincanas de quadrinhos e desenho de caricaturas no estilo mangá.

Para quem gosta de RPG haverá mesas de RPG (mestres, tragam suas aventuras e conheçam novos jogadores!). Além disso, na maratona você encontrará vários títulos de RPGs importados e todos os RPGs da Devir.E ainda, a Feira de Jogos Usados que ganhou fama no Encontro Internacional de RPG , agora é presença certa na Maratona!

PROGRAMAÇÃO

­ As pessoas que se pré-inscreverem nas atividades indicadas ganham desconto especial de 40% (válidos para qualquer horário no dia da atividade) + um brinde

As inscrições podem ser feitas até as 16:00 do dia 10 de dezembro, pelo telefone (11)2127-8787.

    Dia 11 de dezembro (sexta-feira)

22:00 – mesas de RPG traga seus amigos de jogo, conheça novos jogadores e divirta-se. Lembre-se que as aventuras têm que ser abertas para principiantes!

22:00 – O coletivo de quadrinistas do Quarto Mundo abre a sua banca de HQs independentes. Acompanhe a criação de mais uma edição do Contos da Madrugada , uma história em quadrinhos criada da meia-noite às seis da manhã, aberta aos autores e desenhistas presentes e que quiserem participar!

23:00 – Palestra com Marcelo Campos da Quanta Academia. Marcelo Campos fala sobre os novos projetos da parceria Devir/Quanta

00:00 – Stand Up Comedy, com Fernando Caruso .

00:00 – Começam os super-descontos da maratona, acompanhados de café da manhã!

03:00 – Gincana HQ uma gincana na qual super-nerds põe à prova seus conhecimentos sobre o mundo dos quadrinhos, podendo ganhar vários prêmios!

    Dia 12 de dezembro (Sábado)

14:00 – oficina de mangá e caricaturas – com Área E Escola de Mangá (Faça sua inscrição antecipada)

15:00 – workshop Da Página em Branco a Página Impressa com Rogério Vilela ( Fábrica de Quadrinhos ) O processo completo da criação de um trabalho gráfico! – Esse workshop terá 3 horas de duração (Faça sua inscrição antecipada)

19:00 – Palestra Arte-Final Ao Vivo , com Mario Cau . A arte-final com pincel e outras ferramentas, feita ao vivo em páginas da futura edição de Pieces , trabalho solo do autor e Nanquim Descartável , do roteirista Daniel Esteves . A diferença entre arte-finalizar seu próprio trabalho e o trabalho de outra pessoa. Dicas e macetes de como usar, e quais são, os materiais adequados. (Faça sua inscrição antecipada)

21:00 – bate-papo com Mario Cau . O autor falará do seu processo de trabalho, em especial de sua série Pieces , cuja segunda edição foi lançada em outubro no FIQ . Os porquês que o levaram a essas histórias. Os autores que influenciaram e o processo de publicação da primeira edição. Perguntas serão bem-vindas!

22:00 – O Sonho de viver de quadrinhos no Brasil – Bate-papo e autógrafos com autores publicados recentemente, falando sobre os seus livros e do sonho de viver de quadrinhos no Brasil, com Marcatti ( Frausio – Ares da Primavera ), Marcela Godoy ( Fractal ), Laudo Ferreira ( Yeshuah Assim em Cima Assim em Baixo ) Guilherme Fonseca ( Estação Luz ), Eduardo Rodrigues & Paulo Stocker ( Túlipio Humor de Botequim ) e Eduardo Ferrara ( Taikodom – Eterno Retorno Vol. 2 ). O bate-papo terá mediação de César Freitas (jornalista dos programas Metrópolis e AllTV)

00:00 – Começam os super-descontos da maratona, acompanhados de café da manhã!

Dia 13 de dezembro (Domingo)

02:00 – Gincana HQ, uma gincana na qual os super-nerds põe à prova seus conhecimentos sobre o mundo dos quadrinhos e têm a chance de ganhar dezenas de prêmios!

11:00 – oficina de mangá e caricaturas com Área E – Escola de Manga ! (Faça sua inscrição antecipada)

16:00 – Encerramento

Descontos

1 – Desconto de no mínimo 20% em todo o evento

2 – Desconto especial de 40% + brinde para Inscrições antecipadas nas atividades indicadas!

3 – A partir da Meia-Noite (entre 0:00 e 6:00) – Desconto especial de no mínimo 40%

No caso de descontos diferentes será aplicado sempre o maior desconto. Descontos não são acumulativos. Os descontos valem, como indicado, para todo o material em exposição, com exceção do material da Feira de Jogos e Quadrinhos Usados que já têm preços promocionais.

Mais informações no site www.maratonahq.com.br .


‘APRENDIZ DE FEITICEIRO’: ASSISTA AO PRIMEIRO TRAILER

quinta-feira | 10 | dezembro | 2009

Nicolas Cage e Alfred Molina trocam magias na Nova York de hoje

A Disney divulgou o primeiro trailer de Aprendiz de Feiticeiro (The Sorcerer’s Apprentice). Tem ali uma ou outra criatura digital, mas o grande efeito especial é sempre o cabelo fulgurante de Nicolas Cage.Jerry Bruckheimer (Piratas do Caribe) produz o filme, que terá direção de Jon Turteltaub (A Lenda do Tesouro Perdido). Na história, escrita por Lawrence Konner e Mark Rosenthal, sem ligação com a clássica animação do Mickey, um feiticeiro (Cage) procura na Nova York dos dias de hoje um sucessor, vivido por Jay Baruchel.
Monica Bellucci, Alfred Molina e Teresa Palmer também estão no elenco. O filme estreia em 16 de julho de 2010 nos EUA e em 6 de agosto no Brasil.
>> OMELETE – por Marcelo Hessel

Assista abaixo:


‘OUTER SPACE ASTRONAUTS’: NOVA SÉRIE ANIMADA DO SyFy

quinta-feira | 10 | dezembro | 2009

Sem grandes alardes, o canal SyFy americano estreou na segunda-feira, dia 8 de dezembro, a série “Outer Space Astronauts” que mescla atores com animação em 2D e 3D. Criada e produzida por Russell Barrett, literalmente no porão de sua casa, a comédia tem cinco episódios iniciais encomendados.

Situada no futuro, a história gira em torno de oito militares que viajam pelo espaço à bordo da nave O.S.S. Oklahoma explorando a galáxia em busca de conhecimento e de aventuras.

A tripulação é formada pelo Capitão Bruce Ripley (Russell Barrett), o pior da frota com a melhor das reputações. Desiteressado e com uma postura folgada, ele preferia estar em uma praia bebendo algo bem forte. Mas, por acaso, sempre consegue dar um jeito de realizar suas missões; ao seu lado está o Comandante Dick Amos (Adam Clinton), que apesar de suas credenciais e postura, não consegue se tornar capitão; a Tenente Sunny Hunkle (Stephanie Clinton) é o tipo de pessoa que se dá bem com todo mundo, mas mantém uma relação secreta com o Comandante Dick.

Jimmy Peck (Peter Burns) é o melhor amigo do Capitão Ripley desde os tempos do colégio e agora atua como seu braço direito. Ingênuo, quase simplório, ele é uma “mão na roda” nos momentos necessários. Já o piloto Johnny Boothe (Benjamin Nurick) nunca deveria ter conseguido permissão de pilotar qualquer nave, em função de sua folha corrida que bate o recorde de imprudência da frota; algo que ele sustenta com orgulho.

O Chefe de Armas é Andy Matheson (Laura Valdivia) que já salvou as vidas de todos a bordo da nave inúmeras vezes. Ainda assim, consegue intimidar quase todos na nave. Seu auxiliar é o oficial de armas Chad Brimley (Tony Bravo), a quem não consegue intimidar. O passatempo de Brimley é descobrir o ponto fraco de cada um para poder tirar o sarro depois.

A oficial de operações Donna Kennedy (Dana Kirk) sofre de tecnofobia, algo que ela tenta esconder dos demais da nave. O chefe de mecânica Pinto (Steve Millunzi) é capaz de concertar qualquer coisa que estiver quebrada, o que o torna um tripulante indispensável e atarefado.

Kyle 14 (voz de Jay Wendorff) é o primeiro humano artificial a ter um posto em uma nave espacial. Por fim, temos Ka’ak (Jacey Margolis), ser de outro planeta expert em todas as áreas necessárias para uma viagem espacial.
>> TV SÉRIES – por Fernanda Furquim


‘AVATAR’: COM YOUTUBE, FOX LANÇA FILME MUNDIALMENTE

quinta-feira | 10 | dezembro | 2009

Vídeo de tela inteira sobre o filme tomará conta da home
o portal em 15 localidades do globo, inclusive Brasil

Com sua maior aposta de fim de ano – a ficção científica Avatar – a Twentieth Century Fox está levando a sério a expressão “lançamento mundial”. O estúdio firmou parceria com o YouTube para estrear o filme nesta quinta-feira, 10, com um trailer que será apresentado em tela inteira na home do portal em quinze territórios: Reino Unido, Irlanda, Alemanha, França, Espanha, Itália, Holanda, Rússia, Suécia, México, Austrália, Japão, Coréia do Sul, Hong Kong e Brasil.

Para completar a estratégia, três usuários superpopulares do YouTube (DaveyBoyz, Paperlilies e WhatAboutAdam) desfilarão no tapete vermelho da première global do longa-metragem de James Cameron, mesmo diretor de Titanic. A ação tem apoio exclusivo da LG Electronics, que deve entrar com patrocínio da sua nova marca, o celular LG Chocolate. A ideia é associar as quatro polegadas de largura do aparelho com as inovações tecnológicas da produção cinematográfica.

As empresas esperam um recorde de visitação páginas iniciais do YouTube nos países participantes, com milhões de internautas no mundo todo assistindo ao trailer de 3 minutos e meio. Toda a cobertura da pré-estreia tamém será transmitida pelo YouTube. A tecnologia do Google Maps estará disponível para membros do Twitter e do Facebook,
para mostrar onde ficam os cinemas mais próximos.

Avatar conta a história do paraplégico Jake Sully, um ex-fuzileiro naval que tem a chance de voltar a andar quando se inicia uma expedição à lua Pandora, em busca de um precioso mineral. A experiência é feita através de uma projeção da mente dos exploradores no corpo de um nativo do satélite, que, infiltrado entre os demais extraterrestres, precisa convencê-los a permitir o extrativismo do minério pelos terráqueos.
>> MEIO E MENSAGEM – por Gabriel Navarro


‘AVATAR’: ASSISTA AO MAKING OF LEGENDADO

quarta-feira | 9 | dezembro | 2009

Um Making of de 10 minutos de ‘Avatar’ foi divulgado. O vídeo é legendado por Kablam Trailers.

‘Avatar’ será o primeiro filme a ser exibido em 3D legendado nos cinemas nacionais. Além das cópias legendadas, também haverá exibições de cópias dubladas. O filme será lançado em 3D e 2D.

‘Avatar’ é um dos filmes mais aguardados do ano. O longa, que tem foco na história de um soldado paraplégico (Sam Worthington) que transpõe sua mente para o corpo de um alienígena, usa recursos de alta tecnologia em 3D.

A nova produção do diretor de ‘Titanic’ teria custado absurdos US$ 500 milhões, entre orçamento do longa as ações de marketing.

‘Avatar’ estreará nos cinemas do mundo todo em 18 de dezembro de 2009.
>> CINE 7

Assista agora:

Este é um especial da Fox Movie Channel, que traz os bastidores de Avatar, mostra o processo de criação dos personagens digitais Na’vi, interpretados por Sam Worthington e Zoe Saldana. Este especial traz as mais modernas técnicas utilizadas para a captura dos movimentos e expressões faciais dos atores, para interpretar os alienígenas Na’vi.

Comentários de James Cameron (produtor, roteirista e diretor), Jon Landau (produtor), Joe Letteri (supervior de efeitos especiais) e elenco.


‘MOON’: FICÇÃO CIENTÍFICA LEVA PRÊMIOS NO BRITISH INDEPENDENT FILM AWARD

quarta-feira | 9 | dezembro | 2009

Um astronauta em viagem de longa duração à Lua tem uma rotina monótona e, em sua última semana no satélite antes da viagem programada para voltar à Terra, ele começa a sentir algo estranho que revelará uma conspiração bastante cruel. Com esse plot, o filme Moon levou dois grandes troféus no British Independent Film Awards, premiação que consagra as melhores produções independentes do Reino Unido.

Com direção de Duncan Jones, o filme levou os prêmios de Melhor Filme e Melhor Estreia na Direção (para Jones). A Melhor Direção ficou para Andrea Arnold, por Fish Tank, que foi exibido na 33ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.
>> TERRA – por Redação Cinema & DVD


BRAD PITT SE UNE Á PRODUTORA DE “CREPÚSCULO” PARA FILME SOBRE DRÁCULA

quarta-feira | 9 | dezembro | 2009
     
O ator Brad Pitt está planejando filmar a vida de Drácula em conjunto com a produtora da saga "Crepúsculo"
O ator Brad Pitt está planejando filmar a vida de Drácula em conjunto com a produtora da saga “Crepúsculo” (Shizuo Kambayashi/AP)

O ator Brad Pitt se uniu a Summit Entertainment, produtora dos filmes da saga “Crepúsculo”, para criar um novo projeto baseado no mais famoso vampiro de todos os tempos, Drácula.

Pitt está planejando junto com a Summit a filmagem de Vlad, que retrata as crônicas de Drácula como um jovem príncipe, segundo informou nesta segunda-feira o site da revista “The Hollywood Reporter”.

Caso aconteça este projeto, não será a primeira vez que Pitt se envolve com o universo vampiresco. O ator interpretou Louis de Pointe du Lac, um vampiro no filme “Entrevista com o Vampiro”, de 1994, estrelado também por Tom Cruise e Kirsten Dunst.

A saga “Crepúsculo” obteve tanto sucesso em bilheterias, que a Summit estuda separar em dois o último filme da série, “Breaking Dawn”.
>> FOLHA DE SÃO PAULO


‘OS FILHOS DE HÚRIN’: EVENTO DO NOVO LIVRO DE J. R. R. TOLKIEN NA FNAC PAULISTA (SP)

quarta-feira | 9 | dezembro | 2009


‘GÊNESIS’ ENTRE OS INDICADOS DA EDIÇÃO 2010 DO FESTIVAL ANGÔULEME

quarta-feira | 9 | dezembro | 2009

Adaptação da Bíblia é o quadrinho mais vendida
segundo New York Times

GênesisA adaptação do livro bíblico Gênesis aos quadrinhos por Robert Crumb (Conrad, 216 págs., R$ 49,90), está entre os escolhidos da seleção oficial do festival Angoulême 2010 de quadrinhos. O evento que começou em 1974, é considerado uma referência mundial no que é feito de maior qualidade na arte seqüencial de todo o mundo.

Crumb, que é considerado um dos mais geniais quadrinistas de todos os tempos, fez uma interpretação desse livro que talvez seja um dos mais influentes da cultura ocidental. Durante mais quatro anos, o revolucionário Crumb se dedicou a um estudo profundo nas pesquisas mais atuais a respeito do texto bíblico, à iconografia clássica e em um material fotográfico imenso da chamada Terra Santa.

Apesar de o autor não se afastar das polêmicas, retratar cenas de nudez, sexo, incesto e violência –trechos que afinal estão presentes no texto original- não se trata de uma obra satírica, mas de um retrato respeitoso e sincero de um dos maiores quadrinistas vivos de um dos livros fundamentais da cultura ocidental.

Em entrevista à Folha em setembro, Crumb declarou ter tido um sonho em que viu Deus, que o inspirou no livro. Diz que hoje, após ter se tornado um especialista no Gênesis, vê Deus como um personagem “duro, severo, patriarcal e tribal”. Crumb, autor de “Fritz the Cat” e “Mr. Natural” , é um símbolo da contracultura dos anos 60.
>> FOLHA DE SÃO PAULO

 Trechos de “Genêsis”, a história bíblica retratada fielmente
segundo o cartunista Robert Crumb

 


MAURÍCIO DE SOUSA: MÔNICA, CEBOLINHA E BIDU ENFRENTAM TEMPORAL EM SÃO PAULO

quarta-feira | 9 | dezembro | 2009

"São Paulo, hoje", postou Mauricio de Sousa no Twitter; estúdio do desenhista ficou ilhado na Lapa

São Paulo, hoje”, postou Mauricio de Sousa no Twitter;
estúdio do desenhista ficou ilhado na Lapa

Mônica, Cebolinha e Bidu enfrentaram a chuva em São Paulo em um barco, que atolou em um monte de lixo. Foi a ilustração que o desenhista Mauricio de Sousa postou, nesta terça-feira, no Twitter (@mauriciodesousa).

Devido ao temporal na capital paulista, ele ficou impedido de trabalhar em sua empresa na Lapa. O desenhista aproveitou para propor uma campanha de conscientização, a fim de evitar que moradores joguem lixo nas ruas.

“As reportagens na televisão e internet demonstram que é preciso haver mais campanhas de conscientização para exercitar solidariedade e cobrar responsabilidade não só das autoridades mas, principalmente, da população da cidade”, disse Mauricio.
>> FOLHA DE SÃO PAULO


‘ANNO DRACULA’: SUMMA VAMPIROLÓGICA

quarta-feira | 9 | dezembro | 2009

“Um pequeno detalhe”, diz Benjamin Franklin numa frase que o dr. Seward cita em algum ponto de Anno Dracula, romance de 1992 de Kim Newman recém-publicado no Brasil pela Aleph, “pode mudar o curso da história.” É desses pequenos – e às vezes não tão pequenos – detalhes que vivem tanto a história alternativa quanto a ficção alternativa, dois subgêneros da ficção especulativa que têm muita coisa em comum.

A diferença é que, enquanto a primeira se ocupa de eventos que poderiam mudar o curso da história, a segunda se concentra em pontos de divergência que alteram o enredo de uma obra de ficção. O que aconteceria se o Eixo tivesse ganhado a II Guerra Mundial? Se o Sul derrotasse o Norte durante a Guerra da Secessão? Se o Brasil tivesse perdido a Guerra do Paraguai? Responder a essas perguntas é fazer história alternativa. E se os Elder Ones de Lovecraft dominassem a Londres de Sherlock Holmes? Ou se o Phileas Fogg de Júlio Verne fosse um agente secreto alienígena? Nesse caso, trata-se de ficção alternativa.

Anno Dracula pertence a ambos os subgênereos ao mesmo tempo. Nele, Kim Newman muda o desfecho do romance de Bram Stoker e, com isso, também modifica irremediavelmente a história da Inglaterra e do mundo.

Em vez de ser derrotado, estaqueado e decapitado pelo pequeno exército de Van Helsing, Drácula vence seu arquinimigo, casa-se com a rainha, a quem transforma em vampira, e torna-se o Príncipe Consorte, instaurando vampiros nos postos-chave do governo e instituindo uma distopia vampiresca na Inglaterra vitoriana. A cabeça decapitada de Van Helsing fica exposta em frente ao Palácio de Buckingham, numa advertência muda mas eloquente aos opositores do novo regime. Isto é, aqueles que não foram mandados para campos de concentração.

A sociedade se divide em quentes (vivos), renascidos (vampiros recém-convertidos) e anciãos (vampiros antigos, de plena posse de seus poderes). Ser transformado num morto-vivo deixa de ser uma maldição e torna-se o bilhete de ingresso numa nova forma de aristocracia. Prostitutas se especializam em vender seu sangue e, à custa de serem mordidas vez após vez, eventualmente também acabam se transformando em um tipo degenerado de vampiros, quando passam a oferecer seus serviços a qualquer um que queira, senão a imortalidade, pelo menos a honra de ostentar caninos pontiagudos e a distinção de se alimentar de sangue.

É quando um misterioso serial killer, que a imprensa apelida de Faca de Prata, começa a assassinar as prostitutas de Whitechapel. No mundo ficcional construído por Newman, Faca de Prata é o equivalente de Jack, o Estripador, mas com uma pequena, porém fundamental distinção.

Suas vítimas são todas vampiras.

Anno Dracula, contudo, não é um whodunit. Embora a trama principal do romance gire em torno da investigação dos crimes cometidos pelo Faca de Prata, sua identidade é revelada ao leitor logo nas primeiras páginas. O que interessa a Kim Newman não é fazer suspense sobre quem matou quem, mas explorar em minúcias, e com uma profusão saborosa de detalhes, todas as possíveis consequências que o vampirismo teria sobre a sociedade numa época em que se fabricou boa parte da mobília que, como diz o psicólogo James Hillman, ainda atravanca os quartos, porões e sótãos da mentalidade contemporânea.

Para isso, o autor mobiliza uma quantidade impressionante de personagens, tanto ficcionais quanto históricos, os primeiros saído das páginas de praticamente todos os romances e contos sobre vampiros escritos ao longo dos séculos XIX e XX, além da participação especial de personagens criados por Conan Doyle, Robert Louis Stevenson, H. G. Wells e vários outros autores, bem como de filmes que vão do Nosferatu de Murnau ao relativamente obscuro Blacula, sem esquecer de A Dança dos Vampiros, de Roman Polanski, e das cultuadas séries Dark Shadows (na verdade, uma soap opera) e The Night Stalker.

Um destaque especial vai para Lorde Ruthven, de The Vampyre. Publicado originamente em 1819 e concebido por John Polidori durante o mesmo fim-de-semana em Genebra que deu ao mundo o Frankenstein de Mary Shelley, Lorde Ruthven é um dos primeiros vampiros da literatura. No universo ficcional de Anno Dracula, ele se torna uma figura-chave da nova ordem criada pelo Príncipe Consorte.

Num certo sentido, pode-se dizer que Anno Dracula é o romance definitivo sobre vampiros que o século XX produziu, não necessariamente por ser o mais bem-escrito (embora seja muito bem escrito, com um final que é um soco no estômago), mas porque sintetiza todas as características que o mito assumiu ao longo dos 173 anos que medeiam entre o The Vampyre de Polidori e o livro de Kim Newman. Estão lá desde os predadores quase irracionais do folclore centro-europeu às masterminds frias e calculistas que se dedicam a intrigas políticas entre as diferentes linhagens de vampiros, popularizadas por Vampire: The Masquerade, sem faltar sequer os vampiros lânguidos e decadentes de Anne Rice. O livro antecipa até mesmo a moda recente de vampiros apaixonados, felizmente sem a pieguice emo dos romances de Stephenie Meyer. E propõe, implicitamente, o desafio de escrever uma história de vampiros que escape a esses paradigmas, resgatando a figura dos sugadores de sangue de sua banalização atual.

A tradução de Susana Alexandria é bem-cuidada e não se deixa contaminar pelos anglicismos e falsos cognatos tão comuns em tempos de traduções fast food. O glossário de personagens no final do livro é uma mão-na-roda, se bem que incompleto (deixa passar, por exemplo, George Bernard Shaw e Annie Besant, companheiros nas convicções socialistas e na fundação da Sociedade Fabiana, ainda que Shaw fosse um ateu irreverente e Besant uma teósofa convicta). A edição da Aleph traz ainda um posfácio de Octavio Aragão, ele próprio um mestre da ficção alternativa, que mata a cobra e mostra a estaca, contextualizando o gênero de um modo conciso mas rico, e lembrando que um dos pioneiros em pegar personagens de diferentes obras e colocá-las em um novo contexto, como Newman faz em Anno Dracula, foi ninguém menos que o nosso Monteiro Lobato.

Anno Dracula merece muito ser lido, tanto pela originalidade da premissa e pela ousadia do escopo quanto pela competência com que a ideia é executada.

Mesmo se você, como eu, anda meio pela tampa com vampiros.
>> EPISTEMONIKE PHANTASIA – por Lúcio Manfredi


‘O TURNO DA NOITE’, DE ANDRÉ VIANCO

terça-feira | 8 | dezembro | 2009

O autor André Vianco já é bastante conhecido dos amantes da literatura fantástica por suas impressionantes histórias com vampiros. Após o sucesso dos livros Os Sete e Sétimo, a saga dos sete vampiros do Rio D’Ouro continua agitando a mente dos leitores e trazendo novos personagens para o espetáculo mais bizarro da Terra.

Em O Turno da Noite, Vianco dá sequência a saga que iniciou em Os Sete. Desta vez não temos os sete vampiros portugueses aterrorizando as noites da população brasileira, mas temos seus descendentes. Alguns personagens dos dois livros anteriores ainda continuam presente em O Turno da Noite, como o capitão do exército Brites, aliás, personagem recorrente em todos os volumes da trilogia.

A história inicia logo após a grande guerra que encerrou o livro Sétimo, entre vampiros e exército. Quatro sobreviventes, filhos do poderoso vampiro Sétimo, se veêm perdidos em meio a vida noturna e são recrutados por um vampiro ancião chamado Ignácio. O ancião oferece uma oportunidade incomum, um emprego em sua agência “Jugular”, para formarem O Turno da Noite.

A proposta que Ignácio oferece inicialmente é uma “limpeza” por parte do Turno da Noite, onde os quatro teriam que matar bandidos, políticos corruptos, traficantes e outros homens dessa categoria. Mas aos poucos, Patrícia, Alexandre, Raul e Bruno, vão descobrindo que o ancião não é tão bonzinho assim.

É nesse momento que surge outro personagem importante da saga, o vampiro Samuel, que tenta alertá-los sobre Ignácio. Samuel é um vampiro original, ou seja, um vampiro que foi transformado diretamente por um demônio. Quem já leu o livro O Senhor da Chuva vai se identificar com Samuel, que surge na história juntamente com seu irmão, que é um anjo.

O ancião Ignácio é auxiliado por duas sedutoras vampiras, Calíope e Isabela. A vampira Calíope é uma das personagens principais do segundo volume do Turno da Noite, onde conta toda sua história até ser transformada em vampira. A sedutora Calíope também torna-se o maior problema do capitão Brites, fazendo com que ele quase coloque o trabalho do exército a perder por inúmeras vezes. Isabela, a vampira ruiva, é o braço direito de Ignácio e durante os três livros inferniza a vida dos protagonistas.

Durante a trilogia mais algumas informações sobre o passado dos sete vampiros do Rio D’Ouro são reveladas E durante essas revelações que o autor nos apresenta o vampiro Jó, temido por Ignácio e sendo considerado o vampiro mais poderoso ainda existente.

Jó é o personagem principal do terceiro volume da trilogia, que leva o seu nome “O Livro de Jó”, apesar de aparecer apenas no final do livro. É surpreendente (e também surreal) as cenas que Vianco descreve da metade do terceiro volume até o final, bem no meio de São Paulo.

Além dos novos personagens, O Turno da Noite conta com caras antigas, como os caçadores Tobia e Dimitri e os vampiros Tiago e Eliane, protagonistas dos livros Os Sete e Sétimo.

Toda a trilogia é composta de muita ação, já característica dos livros de André Vianco. O rítmo acelerado está presente nos três livros e quanto mais o leitor se aprofunda em suas páginas, mais deseja saber o final desta incrível saga.

Em determinado momento da trilogia, André nos apresenta a personagem Dandara, uma bruxa que ainda não sabe de sua real natureza. Apesar de ter uma rápida passagem no terceiro volume de O Turno da Noite, Dandara é uma personagem importante para o autor, e de acordo com o próprio André, ganhará um livro só seu em breve (*informação passada pelo autor durante sua palestra no evento Fantasticon de 2009).

Enquanto o exército brasileiro tenta destruir os vampiros, Ignácio tenta impedir que o vampiro Jó desperte e os quatro membros do Turno da Noite tentam impedir os planos do vampiro ancião, o leitor encontrará momentos de muita adrenalina nas páginas dos livros.

O espetáculo mais bizarro da Terra torna-se ainda mais bizarro nessa trilogia, imperdível para os fãs de uma boa literatura fantástica.
>> UNIVERSO INSÔNIA – por Tiago Castro


‘ALMA E SANGUE – O DESPERTAR DO VAMPIRO’, DE NAZARETHE FONSECA

terça-feira | 8 | dezembro | 2009

Uma das febres temáticas mais recorrentes no que diz respeito à literatura – e aos filmes, jogos, quadrinhos e cultura pop em geral – é o mito dos vampiros. É também uma febre cíclica: iniciou-se, agora, com a explosão chamada Crepúsculo, mas já houve outros ciclos de vampiros antes – e haverá outros depois. E, claro, nós, os autores brasileiros não poderiam ficar de fora dessa.

Como já disse antes em outras oportunidades, o mito do vampiro é sedutor por várias razões: primeiramente, pela universalidade, estando presente na grande maioria das culturas de uma forma ou de outra; segundo, pelos conflitos que acaba por levantar – o morto que não está morto, o monstro que tenta ou não recuperar sua humanidade e por aí afora; terceiro, a sensualidade inerente à sedução e à luxúria (luxúria não apenas em seu sentido sexual, mas no sentido amplo de “busca pela satisfação de um desejo/prazer”), afinal vampiros são criaturas movidas pelo desejo de sangue.

Tudo isso para demonstrar a versatilidade do vampiro, que pode ter tanto seu aspecto de besta ressaltado quanto o de criatura com ainda traços e desejos humanos, ainda que dotado de características inumanas.

Cá entre os patrícios, naquilo que se trata de vampiros como personagens e protagonistas de aventuras com muita ação, pancadaria, poderes mágicos e lutas, nada melhor do que citar André Vianco. É um autor com várias séries vampirescas, todas elas com os elementos acima citados, que possui uma legião de fãs ávidos.

Mas, como disse, o mito do vampiro tem muitas faces… E para o leitor, ou leitora, que deseja ver um universo em que os seres da noite lidem com as questões mais existenciais, como o dilema entre o homem e o monstro, e que esteja mais focadas em seus sentimentos? E para o leitor/a que deseja ver aqui o romance sobrenatural vampiro?

Dentre as várias autoras brasileiras que enveredam por essa trilha, destaco hoje Nazarethe Fonseca e seu Alma e Sangue – O Despertar do Vampiro, que recentemente ganhou nova edição pela editora Aleph. É para quem quer ver romance entre humana e vampiro, com todos os elementos que podem temperar essa relação.

Acompanhamos então, em primeira pessoa, a saga de Kara Ramos, uma jovem restauradora residente em São Luís do Maranhão, que já passou por muita coisa na vida apesar da pouca idade. Um belo dia ela é fisgada por uma oportunidade de ouro: fazer o projeto de restauração de um antigo casarão abandonado, que era a obsessão de seu falecido pai. O que ela não sabe é que no interior da casa jaz um vampiro, Jan Kman.

Esqueça Crepúsculo e os vampiros pasteurizados. Aqui, a besta dorme no coração dessas criaturas, que não tem pudores em matar para se alimentar, ou demonstrarsua força e selvageria sobrehumanas. A humanidade, após a mordida fatal, se foi, restando apenas as portas abertas da noite eterna – bem como seus mistérios e habitantes.

Kara e Kman, os protagonistas, jogam um jogo de gato e rato. A protagonista se divide entre o desejo e a repulsa, a paixão e a rejeição, o amor e o ódio. Quase ao ponto da bipolaridade, às vezes. E isso vai se tornando um pouco irritante com o tempo.

E, claro, como não poderia ser diferente, conviver com vampiros atrai companhias desagradáveis e riscos de vida para nossa protagonista – e também expõe relacionamentos humanos viciados. Há contas do passado a serem acertadas, e Kara acaba por ser o pivô de uma batalha começada há séculos.

A narrativa flui bem – e o romance de Kara e Kman é BASTANTE mais carnal do que o de Bella e Edward, para ficarmos no exemplo fácil. Só há alguns problemas em algumas cenas, em que o cenário desaparece e muda, causando aquela sensação de “mas onde ela estava mesmo? Por que essa cena foi cortada?”.

E o cenário é um dos pontos fortes da trama. A história se passa em São Luís – MA, terra natal da autora, e percorre suas ruas, prédios e cultura. Para alguém que mora no sudeste, como eu, é um cenário exótico – somos todos o mesmo Brasil, mas as características regionais diferem, e essa diferença é algo bonito e interessante de ser visto. E, inclusive, outro ponto fortíssimo, usar das nossas características como elementos da história, e não meramente como cenografia.

Um ponto da história que foi apenas tangenciado e que poderia ser melhor explorado é que não necessariamente o monstro é o vampiro. Pode ser também o humano sem nenhum freio moral em busca de seus objetivos.

Como ponto fraco, como já disse, alguns pontos em que a prosa se torna confusa e as cenas parecem cortadas e coladas sem muita coerência, mas é algo suportável. Outro ponto, quando Jan fala de seu passado: eu sou até bastante enjoada com alguns detalhes – e, no caso, os nomes dos personagens quebram o sense of wonder. Um detalhe bobo, mas que se estivesse presente, a história ficaria mais redonda.

Enfim, é uma história para quem quer ver romance sobrenatural, vampiros, beijo na boca e química, tudo isso com um tempero nacional bem interessante.
>> LEITURA ESCRITA – por Ana Carolina Silveira


‘KAORI – PERFUME DE VAMPIRA’: BOOK TRAILER – UMA FORMA VIRAL DE DIVULGAÇÃO DE LIVROS

terça-feira | 8 | dezembro | 2009

A escritora Giulia Moon está na sua terceira carreira, pois a sua primeira foi de diretora de arte e segunda de redatora. Apesar de muita experiência está investindo numa carreira de escritora onde existe um gap enorme entre os autores famosos e os demais autores.

Mas, com o universo de meios existentes hoje, ela aproveita as suas habilidades de comunicação para divulgar seu último trabalho, o romance “Kaori – Perfume de Vampira”. Trata-se de entrevistas via web, blog, twitter, site e agora o book trailler – uma forma de veicular um trailler de livro pelo You Tube, para provocar um efeito viral e atrair novos leitores que vivem neste mundo virtual em convivência pacífica. O lançamento do book trailler foi na Livraria Cultura do Market Place e pode ser visto abaixo.

Neste book trailler vocês podem assitir e conferir os personagens desenhados por ela. É muito legal ver em imagens, os personagens que no livro é descrito e desenhados no imaginário de cada um que já leu o livro.

E, para terminar, extraí um trecho da matéria que saiu na Revista da Cultura para que saibam um pouco desta autora e seus trabalhos:

…”começou o trajeto na literatura fantástica na adolescência. Ela leu Drácula, de Bram Stoker e Carmilla de Sheridan Le Fanu, e se apaixonou pela grande carga de sedução e fascínio que esses personagens lhes transmitiram. Passei a prestar atenção nos livros sobre o tema e acabei descobrindo O vampiro Lestat de Anne Rice. Aí, os vampiros morderam de vez a minha jugular, diverte-se. Inspirada por este livro, Giulia escreveu seu primeiro conto de vampiros e, depois disso, já lançou quatro livros sobre o assunto: Luar de vampiros, Vampiros no espelho e outros seres obscuros, A dama-morcega e neste ano, seu primeiro romance, Kaori – Perfume de vampira, no qual Giulia resgata suas origens nipônicas. Conto a saga de uma bela vampira japonesa, desde o seu nascimento para a vida imortal na Era Tokugawa, até as suas aventuras na palpitante São Paulo contemporânea.”

Se gostarem, passem adiante.
>> INFINITOS APONTAMENTOS – por Elza Tsumori


O GUIA DE SOBREVIVÊNCIA AOS ZUMBIS – PROTEÇÃO TOTAL CONTRA OS MORTOS-VIVOS

terça-feira | 8 | dezembro | 2009


Lançado há três anos nos Estados Unidos, The zombie survival guide chegou recentemente ao Brasil pela editora Rocco. Valeu a espera. O livro, batizado por aqui O guia de sobrevivência a Zumbis – Proteção total contra os mortos-vivos, é um dos mais curiosos e divertidos lançamentos do ano.

Escrito pelo roteirista do Saturday Night Live Max Brooks (o sobrenome não é coincidência, ele é filho do gênio Mel), o texto discorre com cínica seriedade sobre a ameaça dos mortos-vivos e como fazer para preparar-se contra a iminente praga dessas criaturas. O autor usa uma linguagem técnica, porém totalmente acessível, para esmiuçar todos os aspectos da “zumbinidade” aos preocupados leitores, desde táticas de defesa e armas mais efetivas até a misteriosa morfologia zumbi, passando pela psicologia e comportamento dos mortos-vivos. Há ainda pérolas como o capítulo que ensina a preparar a casa contra um longo cerco dos mórbidos seres.

Tudo isso, é claro, baseado na ficção – especialmente nos filmes de George A. Romero -, mas com a crítica social que geralmente é atrelada ao gênero. A paranóia anti-terrorista estadunidense é facilmente notada em diversos trechos, bem como a incapacidade de entender as motivações alheias – eles nos atacam, mas quem são eles, por que nos atacam?

Ao apontar seus holofotes sobre cantos escuros pouco explorados dessas criaturas (literal e figurativamente), como a digestão zumbi (!), Brooks também é bem-sucedido na criação de um poço de idéias para futuras produções do gênero. Não por acaso, o livro gerado a partir deste – World War Z: An Oral History of the Zombie War, uma compilação de relatos da grande guerra dos humanos contra os mortos -, entrou na mira de Hollywood antes mesmo de seu lançamento. A Paramount Pictures adquiriu há alguns meses os direitos de filmagem, com produção de Brad Pitt através de sua empresa Plan B.

Alguns trechos do Guia, porém, se estendem demais, como as diferenças entre os zumbis gerados a partir do vodu e os zumbis “naturais”, infectados com o Solanum (o vírus que reanima a carne, grande contribuição “científica” de Brooks à ficção zumbi), mas nada que não possa ser pulado. Afinal, trata-se de um guia prático, técnico até, que dispensa a leitura linear de um romance. Não que o Omelete recomende uma leitura leviana do texto. Longe disso. Afinal, pular um capítulo pode significar apuros no futuro. Ou de que outra maneira você saberia que um zumbi vodu tem medo de fogo e um zumbi infectado não? Todo cuidado é pouco e conhecer seu inimigo é necessário.

Aliás, caso você esteja precisando imediatamente de auxílio, confira abaixo as dez principais dicas desse indispensável volume e coloque-as em prática agora! Não queremos perder leitores.

  1. Organize-se antes que eles despertem!
  2. Eles não sentem medo. Por que você deveria?
  3. Use sua cabeça: corte a deles.
  4. Lâminas não precisam ser recarregadas.
  5. Proteção ideal: roupas apertadas, cabelos curtos.
  6. Suba a escada, mas destrua ela depois.
  7. Saia do carro, suba na moto.
  8. Mantenha-se em movimento, fique escondido, fique quieto, fique alerta!
  9. Nenhum lugar é seguro, apenas ainda mais seguro.
  10. O zumbi pode ter ido embora, mas a ameaça permanece.

>> OMELETE – por Érico Borgo


MÚSICAS INSPIRADAS NO FANTÁSTICO!

segunda-feira | 7 | dezembro | 2009

Para hoje uma compilação de músicas dos Ayreon, um projeto musical profundamente inspirado na ficção científica! Recomendo que tomem especial atenção a “beyond the last horizon” e “the fifth extintion”.
>> CORREIO DO FANTÁSTICO – por Roberto Mendes


‘O HOBBIT’: PETER JACKSON DIZ QUE ESTREIA NÃO DEVE ATRASAR

segunda-feira | 7 | dezembro | 2009

Produtor também falou sobre o lançamento do blu-ray de O Senhor dos Anéis
Na semana passada, circularam informações na Internet sobre o adiamento das filmagens do O Hobbit, o que, segundo um suposto executivo ligado ao projeto, poderia atrasar o lançamento do filme. Originalmente prevista para dezembro de 2011, a primeira parte da adaptação poderia ficar para 2012.

Durante nossa entrevista de Um Olhar do Paraíso (The Lovely Bones), o novo filme de Peter Jackson, aproveitamos para perguntar ao cineasta – produtor de O Hobbit – sobre esses boatos.

“Nada mudou até agora, que eu saiba. Alguém escreveu isso na Internet e um monte de bobagem começou a aparecer. Eu acho que falei em uma entrevista que passamos as filmagens de abril para junho e as pessoas começaram a dizer que o filme seria adiado. Eu não sei de adiamento algum. Não tenho sequer certeza sobre quando vamos começar a filmar… Entregaremos os roteiros logo depois do Natal e a ideia é começar a rodar assim que possível. Mas precisamos de um tempinho antes para terminar a pré-produção”, esclareceu Jackson ao nosso correspondente, Steve Weintraub, editor do site parceiro do Omelete, Collider.

Assim, O Hobbit – Parte 1, segue marcado para dezembro de 2011. “É exatamente esse o plano neste momento”, completou o produtor.

Jackson também falou sobre o lançamento dos blu-rays de O Senhor dos Anéis. “A data fica mudando. Não sei o por quê disso. Acho que ano que vem sai. Eu vi os blu-rays que eles me mandaram pra aprovar e achei fantásticos. Mas não sei a data”. Pra completar, Jackson comentou que acredita que a Warner Home Video lançará primeiro a versão de cinema – e só depois as versões estendidas.

Em outra notícia relacionada ao universo da Terra-média, o IGN conversou com o cineasta durante uma festa sobre os possíveis candidatos ao papel de Bilbo Bolseiro em O Hobbit. O site pediu a ele que dissesse se Daniel Radcliffe, Martin Freeman, James McAvoy e David Tennant são mesmo candidatos a viver o protagonista. Jackson explicou que alguns nunca foram uma opção, mas se recusou a dizer quais. Preferiu dizer que o diretor de elenco está testando também desconhecidos para o papel.

A pré-produção de O Hobbit continua na Nova Zelândia.
>> OMELETE – por Érico Borgo


STAR TREK ONLINE TEM NOVO TRAILER

segunda-feira | 7 | dezembro | 2009

O site Game Trailers divulgou mais um trailer do game Star Trek Online, no qual novamente podemos ver diversas naves de combate de variadas raças. Basicamente não há novidades em relação ao trailer anterior. Clique aqui para conferir.

Star Trek Online é um jogo multiplayer baseado no universo de Jornada nas Estrelas. A trama se passa em 2409, e o jogador poderá optar em jogar como capitão da Federação ou como um Klingon. Extima-se que mais de 50% do tempo do jogo seja destinado ao controle de naves, mas os jogadores também poderão explorar planetas e batalhar em terra.

O jogo foi desenvolvido pela Cryptic Studios, mesma empresa que produziu City of Heroes. O lançamento será em 31 de março de 2010, exclusivamente para computadores.

Criada em 1966, a série Jornada nas Estrelas conta a história da nave Enterprise e de seus tripulantes, que exploram o espaço sideral. São liderados pelo Capitão James T. Kirk, pelo oficial de ciências alienígena Spock e pelo médico de bordo Leonard McCoy.

Jornada nas Estrelas se tornou uma das séries de ficção científica mais reverenciadas no mundo, tendo gerado quatro spin-offs, um série animada, inúmeros livros e quadrinhos, além de uma série de onze filmes, sendo o último uma renovação de toda a franquia.
>> HQ MANIACS – por Émerson Vasconcelos


“CORALINE E O MUNDO SECRETO” LIDERA INDICAÇÕES AO ANNIE AWARDS 2009

segunda-feira | 7 | dezembro | 2009

A ASIFA – Hollywood (Associação Internacional de Filmes de Animação) divulgou a lista com os indicados aos Annie Awards 2009, a maior premiação do mundo da animação nos EUA. O prêmio é concedido desde 1972 e também homanegeia pessoas que tiveram grande contribuição à arte da animação. 

Neste ano, as maiores inicações ficaram com “Coraline e o Mundo Secreto” (8), “UP – Altas Aventuras” (9) e “A Princesa e o Sapo” (8). A maior surpresa foi a indicação de “The Secret of Kells” na categoria de Melhor Filme de Animação.
>> ANIMATION-ANIMAGIC – por Celbi Pegoraro 

Confira os indicados ao Annie Awards 2009

Confira os indicados ao Annie Awards 2009
A ASIFA – Hollywood ( (Associação Internacional de Filmes de Animação) divulgou a lista com os indicados aos Annie Awards 2009, a maior premiação do mundo da animação nos EUA. O prêmio é concedido desde 1972 e também homanegeia pessoas que tiveram grande contribuição à arte da animação. 

Neste ano, as maiores inicações ficaram com “Coraline e o Mundo Secreto” (8), “UP – Altas Aventuras” (9) e “A Princesa e o Sapo” (8). A maior surpresa foi a indicação de “The Secret of Kells” na categoria de Melhor Filme de Animação. 

Confira abaixo a lista completa de indicados: 

JURIED AWARDS (Prêmios Especiais)
Winsor McCay Award – Tim Burton, Bruce Timm, Jeffrey Katzenberg 
June Foray Award – Tom Sito 
Ub Iwerks Award – William T. Reeves 
Special Achievement – Martin Meunier and Brian McLean 
Certificate of Merit – Myles Mikulic, Danny Young and Michael Woodside 

CATEGORIA DE PRODUÇÃO

Melhor Filme de Animação
Tá Chovendo Hambúrguer
Coraline
O Fantástico Sr. Raposo
A Príncesa e o Sapo
The Secret of Kells
Up – Altas Aventuras 

Melhor Animação (Doméstico) – Direto para DVD
Curious George: A Very Monkey Christmas
Futurama: Into the Wild Green Yonder
Green Lantern: First Flight
Open Season 2
SpongeBob vs. The Big One 

Melhor Curta Animado
Pups of Liberty
Robot Chicken: Star Wars 2.5
Santa, The Fascist Years
The Rooster, The Crocodile and The Night Sky
The Story of Walls 

Melhor Comercial para Televisão de Animação
Goldfish: In The Dark
Idaho Lottery “Twiceland”
Nutty Tales
Spanish Lottery “Deportees”
The Spooning 

Melhor Animação para Televisão
Glenn Martin, DDS “Korean Opportunities”
Merry Madagascar
Prep and Landing
The Simpsons “Treehouse of Horror XX” 

Melhor Animação para Televisão para Crianças
The Marvelous Misadventures of Flapjack “Candy Casanova”
Mickey Mouse Clubhouse
The Mighty B! “Catatonic”
The Penguins of Madagascar “Paternal Eggstinct”
SpongeBob SquarePants “Pineapple Fever” 
CATEGORIA INDIVIDUAL 

Afeitos de Animação
Alexander Feigin “9”
Eric Froemling “Up”
James Mansfield “A Príncesa e o Sapo”
Scott Cegielski “Monsters vs. Aliens”
Tom Kluyskens “Tá Chovendo Hambúrguers” 

Animação de Personagem para Produção de Televisão
Kevan Shorey “Merry Madagascar”
Mark Donald “B.O.B.’s Big Break”
Mark Mitchell “Prep and Landing”
Phillip To “Monsters vs. Aliens: Mutant Pumpkins from Outer Space”
Tony Smeed “Prep and Landing” 

Animação de Personagem para Longa-Metragem
Andreas Deja “A Príncesa e o Sapo”
Eric Goldberg A Príncesa e o Sapo”
Travis Knight “Coraline”
Daniel Nguyen “Up”
Bruce Smith “A Príncesa e o Sapo” 

Design de Personagem para Produção de Televisão
Bryan Arnett “The Mighty B! – Catatonic”
Ben Balistreri “Foster’s Home for Imaginary Friends”
Craig Kellman “Merry Madagascar”
Bill Schwab “Prep and Landing” 

Design de Personagem para Longa-Metragem
Daniel Lopez Munoz “Up”
Shane Prigmore “Coraline”
Shannon Tindle “Coraline” 

Direção para Produção de Televisão
Bret Haaland “The Penguins of Madagascar – Launchtime”
Pam Cooke & Jansen Yee “American Dad: Brains, Brains & Automobiles”
Jennifer Oxley “The Wonder Pets: Help The Monster”
John Infantino, J.G. Quintel “The Marvelous Misadventures of Flapjack: Candy Casanova”
Rob Fendler “Popzilla” 

Direção para Longa-Metragem
Wes Anderson “O Fantásico Sr. Raposo”
Pete Docter “Up”
Christopher Miller, Phil Lord “Tá Chovendo Hambúrguer”
Hayao Miyazaki “Ponyo”
Henry Selick “Coraline” 

Música para Produção de Televisão
Guy Moon “The Fairly OddParents: “Wishology- The Big Beginning”
Kevin Kiner “Star Wars: The Clone Wars “Weapons Factory”
Michael Giacchino “Prep and Landing” 

Música para Longa-Metragem
Bruno Coulais “Coraline”
Michael Giacchino “Up”
Joe Hisaishi “Ponyo”
John Powell “Ice Age 3” 

Design de Produção para Produção de Televisão
Mac George “Prep and Landing”
Andy Harkness “Prep and Landing”
Janice Kubo “Foster’s Home for Imaginary Friends” 

Design de Produção para Longa-Metragem
Christopher Appelhaus “Coraline”
Ian Gooding “A Príncesa e o Sapo”
Tadahiro Uesugi “Coraline
Christopher Vacher “9” 

Storyboarding para Produção de Televisão
Sunil Hall “The Mighty B!: Catatonic”
Brandon Kruse “The Fairly OddParents: Fly Boy”
Robert Koo “Merry Madagascar”
Joe Mateo “Prep and Landing”
Adam Van Wyk “The Spectacular Spider-Man: Final Curtain” 

Storyboarding para Longa-Metragem
Sharon Bridgeman “Astro Boy”
Chris Butler “Coraline”
Ronnie Del Carmen “Up”
Tom Owens “Monstros Vs. Alienígenas”
Peter Sohn “Up” 

Dublagem para Produção de Televisão
Danny Jacobs – Voice of King Julien – “Merry Madagascar”
Nicky Jones – Voice of Chowder – “Chowder: The Dinner Theatre’”
Tom Kenny – Voice of SpongeBob – “SpongeBob SquarePants – Truth or Square”
Dwight Schultz – Voice of Mung Daal – “Chowder:The Party Cruise”
Willow Smith – Voice of Abby – “Merry Madagascar” 

Dublagem para Longa-Metragem
Jen Cody – Voice of Charlotte – “A Príncesa e o Sapo”
Dawn French – Voice of Miss Forcible – “Coraline”
Hugh Laurie – Voice of Dr. Cockroach Ph.D. – “Monstros Vs. Alienígenas”
John Leguizamo – Voice of Sid – “Ice Age: Dawn of the Dinosaur”
Jennifer Lewis – Voice of Mama Odie – “A Príncesa e o Sapo” 

Roteiro para Produção de Televisão
Daniel Chun – “The Simpsons: Treehouse of Horror XX”
Kevin Deters, Stevie Wermers-Skelton – “Prep and Landing”
Valentina L. Garza – “The Simpsons: Four Great Women and a Manicure”
Billy Kimball and Ian Maxtone-Graham – “The Simpsons: Gone Maggie Gone”
Billy Lopez – The Wonder Pets – Save the Honey Bears” 

Roteiro para Longa-Metragem
Wes Anderson and Noah Baumbach – “O Fantástico Sr. Raposo”
Pete Docter, Bob Peterson, Tom McCarthy – “Up”
Timothy Hyde Harris and David Bowers – “Astro Boy”
Christopher Miller and Phil Lord – “Tá Chovendo Hambúrguer”


ENTREVISTA COM FÁBIO MOON & GABRIEL BÁ

segunda-feira | 7 | dezembro | 2009

Depois de colecionar prêmios HQ MIX, essa dupla de quadrinistas transpôs barreiras, fronteiras e preconceitos, publicando histórias de cunho autoral nos EUA e, contrariando os paradigmas que estabelecem que brasileiro na América do Norte é apenas ilustrador de aluguel da Marvel ou da DC Comics, acabaram indicados ao prestigioso prêmio Eisner, o Oscar da indústria dos comics. Fábio Moon e Gabriel Bá, numa entrevista de 2004: os artistas que provaram que todo mundo gosta de pãezinhos e quadrinhos brasileiros.

***

OCTAVIO ARAGÃO – Já li comparações do trabalho de vocês com o de Brian Azzarelo e Eduardo Rizzo, na série 100 BALAS. Particularmente, discordo. Vejo possíveis afinidades com o David Lapham, criador de BALAS PERDIDAS, mas, além disso, há uma indiscutível “brasilidade” na iconografia de vocês – a começar pelo nome da série 10 PÃEZINHOS.
Há alguma preocupação em manter uma identidade nacional ou isso já está tão impregnado que é automático? Se é assim, a recente notícia da publicação de MEU CORAÇÃO, NÃO SEI POR QUÊ nos EUA, sob o codinome “URSULA”, será uma injeção de brasilidade iconográfica nas veias do comic americano?

MOON & BÁ – Todos artistas têm suas influências e seus gostos particulares. Nós gostamos muito do jogo de luz e sombra e da plasticidade de histórias urbanas, tramas que usam elementos reais um pouco distrorcidos, mesclados com um pouco de fantasia. Por essa razão, artistas que usam bem estes dois elementos sempre chamarão nossa atenção, o que é o caso do Eduardo Risso e do David Lapham, assim como o Will Eisner, Frank Miller e Mike Mignola. Agora, olhando mundo afora, existem semelhanças inexplicáveis nas abordagens de artistas “latinos” nos Quadrinhos, grupo no qual nos encaixamos também, e creio que seja uma forte influência européia em todos nós, tanto os brasileiros quanto os argentinos.
Mas nossa maior influência é o Laerte, pois crescemos lendo suas histórias e a sua relação com São Paulo é muito próxima da nossa, sendo a cidade quase um personagem a mais. Essa bagagem sempre estará presente em nosso trabalho, não importa que história estejamos contando. Antigamente as influências ficavam muito superficiais, limitadas à imagem e à cópia, mas hoje elas são mais profundas e não atrapalham mais nosso trabalho, ao contrário, só ajudam a ressaltar o que ele tem de melhor.

A preocupação de vocês em fazer de seu trabalho um produto misto de conceito e estética transborda para fora das páginas e chega a influenciar suas roupas (digo isso baseado nas indumentárias que vocês usaram numa entrevista para o Jornal da Globo, no ano passado), que fogem a passos largos do visual nerd que campeia entre profissionais da área dos quadrinhos brasileiros. Resumindo: vocês são quadrinistas “fashion”. =).
Como é isso? Vocês são mesmo extensão de seu trabalho nesse sentido? O produto TAMBÉM é a figura de vocês? Faz alguma diferença na hora de negociar com alguma editora ou agente?

– Acho que o caminho é inverso, uma vez que a maneira que vivemos e nos vestimos trasborda em nosso universo imagético. É um desafio muito mais difícil criar um personagem que é o nosso avesso, se veste de forma que nunca nos vetiríamos e age de forma contrária às nossas crenças. Mas esse tipo de desafio é o que faz o seu trabalho crescer. Contamos histórias muito próximas de nós, da nossa geração, do nosso mundinho, mas nos preocupamos em não limitar as histórias somente a isso.
O conceito e a estética que colocamos nas histórias só ajudam a dar mais tridimensionalidade à trama e aos personagens, mais credibilidade. Dessa maneira, o trabalho sozinho dirá tudo que há pra ser dito mas, além disso – e isso vem principalmente da época do fanzine – precisamos acreditar nas histórias que contamos pra convencer o público a comprá-las, por isso tanto esforço no conceito que é injetado nas HQs.
Foi ótimo saber que o livro está concorrendo ao Eisner. Certamente traz alegria a ambos os lados: o do fã e o do profissional. Se já era um grande prêmio ter sido convidado a participar do livro, ser indicado ao Eisner só coroa a experiência. Ainda não rendeu frutos, mas acreditamos que não passará despercebido aos olhos do mercado americano.
A publicação da URSULA foi resultado de um contato feito o ano passado, na Comicon de San Diego, com o pessoal da AIT/Planet Lar.

E o Prêmio Eisner, heim? AUTOBIOGRAPHIX concorrendo a melhor antologia, pau-a-pau com feras do calibre de Neil Gaiman e Art Spiegelmann. Quem recebeu essa notícia? Gabriel e Fábio, os “profissionais”, ou Fábio e Gabriel, os “fãs”? Como foram os primeiros minutos depois de receberem a notícia? A indicação já rendeu frutos ou a publicação de URSULA não tem nada a ver com isso?

Vamos àquela pergunta fatal: quem, no Brasil, leva nota dez: os quadrinistas ou os chargistas? É mais fácil fazer charge ou quadrinhos e por que?
O chargista precisa estar sempre informado e atento ao “hoje” para que sua crítica seja pontual e não genérica. Falta um pouco dessa atenção nos quadrinhistas, dessa pesquisa e aprofundamento.
Por outro lado, fazer HQ dá muito mais trabalho do que charge e precisa de muito mais empenho, uma vez que você fica um ano fazendo a mesma história.
Mas ninguém merece nota dez. Todo mundo poderia se empenhar mais no seu trabalho, seja em quantidade, seja em qualidade, seja no que eles querem dizer ou quem procuram atingir.

E a questão política? Os quadrinhos podem influenciar na vida sócio-política do Brasil ou são “lúdicos demais” para isso?
Nesse ponto existe o maior engano sobre Quadrinhos no Brasil. É possível contar histórias sérias em Quadrinhos, ao contrário do que se vê em abundância por aí, que é o humor. Se os chargistas, por exemplo, lançassem mão do senso crítico e estético que usam nas charges numa HQ, já seria um avanço. O ilustrador é um dos críticos mais cruéis, e as charges atiram para todos os lados, impiedosas, mas fica somente nesse pequeno universo. Continuar com esse discurso numa HQ dá mais trabalho, então precisa de mais apoio financeiro e faz mais crítica, precisando de mais culhão para ser impresso. O que não dá para continuar é usar Quadrinhos apenas para materiais didáticos e manuais de cidadania. Fazer Quadrinhos está muito mais ligado à transmitir opinião do que somente servir como ilustração.
>> INTEMBLOG – por Octavio Aragão


LIVRO COMEMORA 50 ANOS DE ASTERIX E OBELIX

segunda-feira | 7 | dezembro | 2009

Asterix 50 anos bolo de aniversario

Numa tarde quente de 29 de outubro de 1959, René Goscinny e Albert Uderzo criaram os personagens Asterix e Obelix, publicados pela primeira vez na revista “Pilote”. Cinquenta anos depois, Uderzo assina sozinho o lançamento do 34º álbum da dupla. Infelizmente o seu parceiro Goscinny, o cérebro brilhante que escrevia as histórias, faleceu em 1977.

Batizado como “O Livro de Ouro”, o álbum foi lançado simultaneamente em 15 países – no Brasil, pela Record – com uma tiragem total de três milhões de exemplares, segundo Isabelle Magnac, gerente da editora francesa que detém os direitos da graphic novel.

“Queria que todos os personagens que apareceram nos álbuns anteriores pudessem participar nesse aniversário”, declarou Uderzo a uma grande agência de notícias.

Com esta ideia na cabeça, o desenhista e então roteirista criou uma apologia – e retrospectiva – reunindo num só álbum todo o universo de personagens destes 50 anos de aventuras. A proposta: promover uma grande festa aonde todos chegam à irredutível aldeia gaulesa para celebrar o aniversário de Asterix e Obelix, cada um trazendo um presente diferente.

Asterix 50 anos personagens chegando pra festa

O PROGRESSO CHEGA A GÁLIA
As primeiras páginas são as mais interessantes. Começa com os personagens envelhecidos, no ano I D.C. (Depois de Cristo), onde os filhos assumem os negócios dos pais, cujas barbas, cabelos e bigodes estão brancos. Num dos melhores quadros dos últimos tempos, Obelix reclama que só está comendo grão-de-bico por que os javalis desapareceram. “Os romanos espantaram os javalis derrubando as florestas em volta da aldeia para construir cidades”, resmunga. Genial se lembrarmos que seu cão, Ideafix, foi um dos primeiros animais ecológicos dos quadrinhos, chorando toda vez que uma árvore era derrubada.

Asterix 50 anos obelix reclama do progresso

Então o próprio Uderzo surge na história e o leitor entende que tudo não passou de um sonho. Daí em diante sucedem-se episódios soltos, como as páginas em que a esposa de Veteranix promove um desfile de moda (com um hilário final apresentando Obelix como um grafiteiro), e quando Júlio César envia um vinho com laxante mas o tiro sai pela culatra.Há ainda ilustrações com releituras de álbuns anteriores e versões de obras-primas da pintura e da escultura. No momento divertidas paródias como esta abaixo foram afixadas em grades nas ruas do Quartier Latin, em Paris.

Asterix 50 anos parodia com o grito de Munch
O pirata gaguejando “os gau-gau-gau” o numa versão de “O Grito” de Edward Munch

SÓ FALTOU O BANQUETE NO FINAL
O “Livro de Ouro” é, sem dúvida, um álbum atípico de Asterix. No livro que trata justamente de uma festa aniversário, não acontece o clássico banquete no final – com vinho, javali e o bardo Chatotorix amordaçado. Mesmo assim quem coleciona a série não pode deixar de ter este exemplar em sua coleção.

A última impressão é de que um ciclo está chegando ao fim. Uderzo, hoje um senhor de 82 anos, já cedeu os direitos de publicação do personagem, permitindo que as aventuras continuem mesmo depois da sua morte. Responsabilidade que caberá aos irmãos Frédéric e Thierry Mébarki – que, segundo fontes, já trabalhavam diretamente com Uderzo. O desenhista Régis Grébent e o roteirista Arleston devem completar a equipe.

Asterix 50 anos capa do livro

Paralelamente, continuam as inúmeras comemorações no mundo real, como a decoração de pontos de Paris com cenas de álbuns do Asterix, e o dia em que o Google estampou a dupla em sua página inicial em mais de 60 línguas diferentes (confira nas imagens abaixo). Corra para a livraria e compre um belo presente de natal pra você ou para os amigos, por Tutatis!
>> JORNAL DO BRASIL – por Pedro de Luna

Asterix 50 anos asterix no google
asterix 50 anos instalaçao na rue boneparte em paris

JORGE LUIS BORGES & ANDRÉ MAUROIS

sábado | 5 | dezembro | 2009

O último livro foi André Maurois foi De Aragon a Montherlant. Estava escrito quando ele morreu em outubro de 1967. Foi editado em Paris após sua morte. A obra, que teve grande êxito nas livrarias, completa a trilogia dos dois primeiros volumes De Proust a Camus e De Gide a Sarte. A trilogia foi publicada no Brasil pela editora Nova Fronteira. De Aragon a Montherlant foi traduzido por Paulo Hecker Filho. Nesse terceiro volume, André Maurois estruturou o livro com ensaios curtos abrangendo temas variados, não mais se limitando a escrever sobre vida e obra dos maiores escritores franceses do século XX, como fizera nos dois primeiros tomos.

Nesse terceiro volume, André Maurois publicou ensaios da melhor qualidade sobre importantes escritores – não apenas franceses – , dentre eles, Borges, com o título JORGE LUÍS BORGES – LABIRINTOS. Aí, Maurois diz que Borges é um grande escritor, que se restringiu a pequenos ensaios. E acrescenta: esses ensaios bastam para afirmá-lo “grande”; justificando o por quê dessa qualidade: “pelo brilho duma inteligência impressionante, a riqueza de invenção e o estilo cerrado, quase matemático”.

Prossegue Maurois: “Argentino de nascença e temperamento, mas nutrido de literatura universal. Borges não tem pátria espiritual. Cria, fora do espaço e do tempo, mundos imaginários e simbólicos. É um sinal da sua importância que só possa evocar a seu propósito obras estranhas e belas. Aparenta-se com Kafka, Poe, às vezes Wells, sempre Valéry pela brusca projeção de seus paradoxos dentro do que chamaram ‘sua metafísica privada’”.

Adiante, Maurois diz que são inumeráveis e inesperadas as fontes de Borges. E mais: “Borges leu tudo, e especialmente o que ninguém lê mais: os cabalistas, os gregos alexandrinos, os filósofos da Idade Média. Sua erudição não é profunda; ele não lhe pede senão clarões e idéias; mas é vasta. Um exemplo: Pascal escreveu: A natureza é uma esfera infinita em que o centro está em toda parte, a circunferência em nenhuma. Borges parte à caça dessa metáfora através dos séculos. Acha em Giordano Bruno (1584): Podemos afirmar com certeza que o universo é todo centro, ou que o centro do universo está em toda parte e sua circunferência em nenhuma parte. Mas Giordano Bruno podia ter lido num teólogo francês do século XII, Alain de Lille, uma fórmula extraída do Corpus Hermeticum (século III): Deus é uma esfera inteligível cujo centro está em toda parte a circunferência em nenhuma parte. Tais pesquisas, levadas a efeito entre os chineses como entre os árabes ou os egípcios, encantam Borges e lhe oferecem seguidos assuntos de contos”.

Muitos dos mestres de Borges são ingleses. Nutre profunda admiração por Wells, que escreveu um romance que “representa simbolicamente traços inerentes a todos os destinos humanos. Cada obra grande e duradoura deve ser ambígua, diz Borges, pois é um espelho que faz conhecer os traços do leitor, embora o autor deva parecer ignorar o significado da sua obra – o que constitui uma descrição excelente da arte do próprio Borges. E é Borges quem diz: Deus não deve fazer teologia; o escritor não deve anular com raciocínios humanos a fé que a arte exige de nós”.

Borges, como a Wells admira Poe e Chesterton . “Poe escreveu contos perfeitos de horror fantástico e inventou a narração policial, mas nunca combinou os dois gêneros” – diz Maurois -, e acrescenta que Chesterton, por sua vez, tentou e realizou com felicidade essa façanha. “Se Chesterton soube se defender de Poe ou Kafka havia na matéria de que seu eu estava feito algo que tendia ao pesadelo”. Kafka, a seu turno – diz Maurois-, é um precursor direto de Borges. Castelo podia pertencer a Borges, embora esse dele tivesse feito um conto de dez páginas, tanto por altaneira preguiça quanto pelo cuidado da perfeição”. Quando aos precursores de Kafka, a erudição de Borges – ressalta Maurois – se compraz em achá-los em Zenão de Eléia, em Kierkegaard, em Robert Browning. “Em cada um desses autores há algo de Kafka, mas se esse não tivesse escrito, ninguém se aperceberia disso”. De onde este paradoxo bem borgesiano, pergunta Maurois: “Cada escritor cria seus precursores”.

Maurois faz referência a ao inglês Dunne como sendo outro dos escritores que inspiraram Borges. E diz que Donne escreveu um curioso livro “sobre o Tempo, onde sustenta que o passado, o presente e o futuro existem simultâneamente, como o provam nossos sonhos, (Schopenhauer, nota Borges, já escreveu que a vida e os sonhos são páginas dum mesmo livro: lê-las em ordem é viver, folheá-las é sonhar). Na morte reencontraremos todos os instantes de nossa vida e os combinaremos livremente como num sonho. Deus, nossos amigos e Shakespeare colaborarão conosco. Nada mais agrada a Borges que jogar assim com o espírito, o sonho, o espaço e o tempo”.

È mais extenso esse ensaio de Maurois sobre a obra de Borges. Do ensaio, recolhi as partes mais interessantes, acredito. Mas, antes do ponto final, acho importante abordar a forma de Borges, que segundo Maurois lembra a de Swift, com “A mesma gravidade no absurdo, a mesma precisão no detalhe. Para expor uma descoberta impossível, empregará o tom do erudito minucioso e pedante, mesclará escritos imaginários com fontes autorizadas e reais. Antes do que escrever um livro inteiro, o que o entediaria, analisa um livro que nunca existiu. Porque desenvolver em quinhentas páginas – pergunta Borges – uma idéia cuja perfeita exposição oral demoraria alguns minutos?‘”

Maurois dá realce a outros contos de Borges, que “são parábolas misteriosas e nunca explícitas; outros ainda, relatos policiais à maneira de Chesterton. A trama persiste toda intelectual. O criminoso emprega o seu conhecimento de detetive. É Dupin contra Dupin, ou Maigret contra Maigret . Uma das ‘ficções’ de Borges é a insaciável procura dum ser através dos reflexos, apenas perceptíveis, que deixou em outras pessoas. Ou então, por ter o condenado notado que as previsões nunca coincidem com as realidades, imagina as circunstâncias da sua morte. Transformadas assim em previsões, deixarão de ser realidades”. Maurois diz que essas invenções de Borges são mais extraordinárias que as de Poe, escritas num estilo hábil e puro que aliás cumpre relacionar com o de Poe, “que gerou Budelaire, que gerou Mallarmé, que gerou Valéry, que gerou Borges”.

Já no final do seu ensaio, Maurois lembra do parentesco do estilo de Borges com o de Valéry, pelo rigor; às vezes, com Flaubert, pelo acúmulo de passados imperfeitos; com Saint-John Perse, pela estranheza de adjetivos. Mas, não deixa de ressalvar que é altamente original o estilo de Borges, o mesmo ocorrendo com seu pensamento. Termina o ensaio com o que diz Borges sobre os metafísicos de Tlön: Não buscam a verdade, nem mesmo a verossimilhança. Pensam que a metafísica é um ramo da literatura fantástica. O que define bem a grandeza e a arte de Borges – conclui Maurois.
>> PANORAMA – por Pedro Luso de Carvalho