MORRE CLAUDIO SETO, O SAMURAI DOS QUADRINHOS

Fiquei sabendo, há pouco, do falecimento de Cláudio Seto. Eu já sabia, por meio de mensagens trocadas em uma lista da qual participo, que Seto encontrava-se hospitalizado. Ele teve AVC hemorrágico, estava internado na UTI e faleceu nesta manhã de sábado.

Confesso que conheço pouco da obra de Seto, mas sei o suficiente do seu trabalho para lamentar sua morte. Ele foi o primeiro desenhista de mangá do Brasil, publicando desde os anos 60. Autor da clássica HQ Samurai (década de 1960/1970), Seto é considerado um dos grandes Mestres do Quadrinho Nacional. Então, seria um desrespeito não fazer uma breve homenagem a ele no nosso blog.

Chuji Seto Takeguma nasceu em 1944 em Guaiçara, São Paulo. Atuou como jornalista, fotógrafo, quadrinista, chargista, artista plástico e pesquisador da cultura japonesa. Cláudio Seto foi morar no Japão com 9 anos e lá, durante 3 anos, estudou noTemplo Myoshinji, da seita Zen, em Kyoto. Nos finais de semana, visitava em seu estúdio Osamu Tezuka, “o pai do mangá”.

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Depois de oito anos, retornou ao Brasil e trabalhou com publicidade. No final da década de 60, trabalhou na recém-fundada Editora Edrel, onde foi o pioneiro ao utilizar o estilo mangá nos quadrinhos brasileiros e produzir histórias de samurais e ninjas.

Na década de 70 mudou-se para Curitiba. Trabalhou na editora curitibana Grafipar como desenhista e editor de alguns títulos, reunindo grandes argumentistas e desenhistas na editora, dentre eles Flavio Colin, Julio Shimamoto, Mozart Couto, Watson Portela, Rodval Matias e Franco de Rosa.

Com o fim da Grafipar, Seto publicou poucas histórias em quadrinhos, entre elas destaca-se A História de Curitiba em Quadrinhos, publicada em comemoração aos 300 anos da cidade. Também produziu histórias de conteúdo adulto, em pleno período da ditadura militar.

Foi colunista e colaborador do jornal Paraná Shimbun por vários anos e atualmente era editor do jornal Garça da Sorte e Planeta Zen, além de pesquisador no censo da comunidade nipo-brasileira, em parceria com a jornalista Maria Helena Uyeda e o Instituto Bra

sileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Era, tabém, organizador dos matsu ( festivais que têm por objetivo preservar e divulgar a cultura e as tradições japonesas aos seus descendentes e apreciadores).

Em 2007, Seto recebeu várias homenagens em Curitiba. A primeira é o título de Cidadão Honorário de Curitiba, a outra foi um um documentário sobre a sua produção em quadrinhos. O título é O Samurai de Curitiba, um curta-metragem, dirigido por Rober Machado.

Dentre os prêmios ganhos por Seto estão o prêmio homenagem Ângelo Agostini como “Mestre do Quadrinho Brasileiro” em 1990; o HQMix, como “Grande Mestre do Quadrinho Brasileiro” em 1995; além de uma homenagem como “Pioneiro e Mestre do Mangá no Brasil”, da Associação Brasileira dos Desenhistas de Mangá e Ilustradores em 1996.

Um de seus últimos trabalhos foi Lendas do Japão, livro que escreveu e ilustrou. A obra reúne 15 das mais populares lendas que os imigrantes vindos do Japão trouxeram ao Brasil; foram selecionadas entre mais de 200 lendas publicadas no jornal Nippo Brasil, de São Paulo, onde o autor mantinha uma coluna desde 2000.
>> GIBITECA – por Natania Nogueira

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